Um Retrato da Fé Salvadora – 1


Este é o primeiro de uma serie de 2 sermões de John MacArthur sobre a Gálatas 4:21-31 a 5:1. Nesta porção da Escritura são usadas as circunstâncias do nascimento de Ismael e Isaque como ilustração do contraste entre a eficácia da obra soberana de Cristo e a inutilidade do esforço humano. Veja no fim do texto os links. 


Gálatas 4:21-31 a 5:1 é uma porção da Escritura pouco compreendida e pregada. Muitos evitam esse texto, e isto é uma vergonha em alguns aspectos. Parece haver muita confusão sobre essa passagem, olhar superficialmente para ela parece ser complexo, mas nessa passagem está contida uma bênção incrivelmente poderosa.

4:21 Dizei-me, os que quereis estar debaixo da lei, não ouvis vós a lei?
22 Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre.
23 Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas, o que era da livre, por promessa.
24 O que se entende por alegoria; porque estas são as duas alianças; uma, do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar.
25 Ora, esta Agar é Sinai, um monte da Arábia, que corresponde à Jerusalém que agora existe, pois é escrava com seus filhos.
26 Mas a Jerusalém que é de cima é livre; a qual é mãe de todos nós.
27 Porque está escrito: Alegra-te, estéril, que não dás à luz; Esforça-te e clama, tu que não estás de parto; Porque os filhos da solitária são mais do que os da que tem marido.
28 Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa como Isaque.
29 Mas, como então aquele que era gerado segundo a carne perseguia o que o era segundo o Espírito, assim é também agora.
30 Mas que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava herdará com o filho da livre.
31 De maneira que, irmãos, somos filhos, não da escrava, mas da livre.
5:1 Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.

Você pode estar confuso, tentando descobrir como tudo isso faz sentido. Abraão, a escrava, a mulher livre, Agar, Sara, o Monte Sinai na Arábia, a Jerusalém que está presente, a Jerusalém que está acima, filhos da carne, filhos da promessa. E, se você ler vários comentários sobre essa passagem, poderá encontrar um nível igual de confusão. Tentaremos agora escavar um pouco das riquezas dessa passagem e terminaremos na próxima vez.

Para você se situar bem, lembro que a Galácia é uma região da Ásia Menor, onde o apóstolo Paulo foi pregar o evangelho. Ali habitavam gentios, pessoas que cresceram no paganismo e não no judaísmo. As pessoas ouviram o evangelho, creram no evangelho e foram convertidas para Cristo.

Igrejas foram estabelecidas e estavam florescendo em várias cidades da Galácia. O Espírito Santo estava operando Sua obra transformadora. Eles estavam florescendo como crentes, até que alguns judeus vieram de Jerusalém, e disseram que criam também em Jesus como o Messias e Salvador. Mas eles diziam que a fé não era suficiente, que todos tinham que guardar a lei de Moisés. E eles não estavam falando sobre lei moral, mas sobre cerimoniais, circuncisão, festivais, festas etc. No capítulo 4, versículo 10, nos é dito que eles estavam sendo pressionados a guardar dias, meses, estações e anos. E isso foi tão forte, que Paulo lamentou, dizendo:

Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós, que não haja trabalhado em vão para convosco. (Gálatas 4:10,11)

Os judaizantes diziam que Deus dera a Moisés a lei para Israel, com o objetivo de identificá-los como Seu povo especial. Sendo assim, havia certas maneiras de viver, agir, comer etc. Não se tratava da lei moral, pois ela é um reflexo do caráter de Deus, que é eterno. Eles estavam dizendo aos gentios convertidos: “Vocês precisam fazer todas as coisas que estão na lei mosaica”.

Quando Cristo veio, a lei foi cumprida, seu papel terminou. Agora não há judeu nem gentio, mas todos são um em Cristo. Portanto, Deus não está identificando uma determinada nacionalidade, comportamentos externos, ordenanças e eventos. Tudo isso foi apenas sombra, mas quando Cristo veio, Ele nos trouxe a substância. Estamos na escola do discipulado com Cristo, não precisamos voltar ao cativeiro daquelas antigas prescrições mosaicas.

Aqueles judaizantes diziam que criam em Cristo, o que lhes dava credibilidade perante as igrejas da Galácia. E ainda diziam que tinham vindo da igreja de Jerusalém, que seria a igreja mãe, e que tinham autoridade dos apóstolos. Eles diziam representar o verdadeiro evangelho. Paulo escreve esta carta com certa indignação. Logo no início da carta, ele diz:

Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema. (Gálatas 1:6,7,9)

De fato, Paulo mostrou sua indignação por causa da adulteração do evangelho. O Evangelho traz a verdade de que a salvação vem pela graça de Deus, somente pela fé em Cristo. Não há mérito de obras humanas. Nos dois primeiros capítulos, ele defende o verdadeiro evangelho por sua própria experiência pessoal e apostólica. E no capítulo 3, ele volta a demonstrar toda sua indignação:

Ó insensatos gálatas! quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi evidenciado, crucificado, entre vós? Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne? (Gálatas 3:1-3)

Ele vai às Escrituras do Antigo Testamento para mostrar que a salvação é somente pela fé. No capítulo 3:6-7,11, ele diz:

Assim como Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão. E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.

A fé é suficiente. Fé é como você recebe a justiça imputada de Cristo. Agora estamos no capítulo 4, e Paulo continua expondo as Escrituras em defesa da fé bíblica. Nos versos de 21 a 31 e no primeiro versículo do capítulo 5, ele conclui o assunto. No restante do capítulo 5 e em todo o capítulo 6, ele trata das implicações e aplicações do verdadeiro evangelho.

Até o verso 21 do capítulo 4, ninguém poderia ficar confuso com o que Paulo quis dizer. Tudo é direto, claro e sem qualquer confusão: a salvação é pela fé, as obras não justificam ninguém. Os crentes estão livres de todas as ordenanças e cerimônias externas do sistema mosaico, rituais etc. Os judaizantes estão errados. Essa é a mensagem dele. Mas, quando chegamos no verso 21 do capítulo 4, muitos ficam confusos, por não entenderem o que Paulo está dizendo.

Há uma coisa que torna essa passagem difícil. O verso 24 diz: “O que se entende por alegoria”, ou seja, “alegoricamente falando”. Alegoria na Bíblia coloca um intérprete da Bíblia em pânico. Uma alegoria seria a mais perigosa de todas as coisas possíveis nas Escrituras. Por que Deus colocaria uma alegoria aqui?

Alegoria é uma história, fictícia ou verdadeira, cujo significado não é encontrado na história. Você entendeu isso? Essa é a maneira mais simples de explicar uma alegoria. Outra maneira de dizer seria dizer que alegoria é uma história que, por si só, não tem sentido, a menos que alguém lhe diga o significado secreto. As alegorias sempre escondem um significado secreto. E para uma alegoria comunicar algo intencionalmente, precisamos saber o significado secreto.

Não há alegoria em nenhum lugar da Bíblia. Ou seja, não há história, fictícia ou verdadeira, que em sua superfície não tenha sentido e que exista algum objeto oculto que seja o verdadeiro significado. Não há nada disso na Bíblia. Aqui é o único lugar da Bíblia em que o verbo grego “allgore” é usado. “Allgore” significa “falar de uma coisa referindo-se a outra”.

Isso não é uma alegoria, é uma ilustração. Você poderia dizer: “Ele corre como o vento”. Isso não é uma alegoria. Você está falando sobre a velocidade de alguém, e está usando uma figura de linguagem para comunicá-la. Em outras palavras, você está explicando sua corrida usando outra coisa. Jesus falou usando figuras de linguagem, analogias, ilustrações e até parábolas. Ele é o único que falou por parábolas. E parábolas poderiam ser vistas como alegóricas, exceto pelo fato de que Ele sempre as explicava, bem como suas ilustrações.

Não há nada na Bíblia com significado secreto, nada oculto que ninguém possa realmente saber o significado. Isso não era verdade entre os rabinos antigos. Os antigos rabinos do judaísmo estavam, literalmente, em suas alegorias. Se você ler literatura judaica antiga, vai encontrar alegorias o tempo todo. Por exemplo:

  • Quando a Bíblia fala sobre o rio Eufrates, os rabinos diziam que não é um rio na verdade. O rio Eufrates, que vai de Ur dos Caldeus, no norte, até a terra de Canaã, no sul, não é um rio. Para eles era uma alegoria da jornada de um filósofo estoico, da compreensão sensual à iluminação espiritual. É uma loucura, ninguém saberia disso. Primeiro de tudo, não é verdade. O Eufrates é um rio, e a água vai de Ur a Canaã. Essa não é a jornada de um filósofo estóico da compreensão sensual para a espiritual.
  • Havia intérpretes rabínicos na cidade de Alexandria, no Egito, de modo que a interpretação alegórica do Antigo Testamento está associada à interpretação alexandrina. Essa interpretação foi capturada pelo sistema católico romano, como você provavelmente sabe, a ponto de os estudiosos católicos romanos terem dito que as duas moedas que o bom samaritano deu ao estalajadeiro não são realmente moedas, seria uma alegoria do batismo e da Ceia do Senhor.
  • Aqui está mais um absurdo: os sete filhos de Jó não seriam realmente seus sete filhos, eles seriam os doze apóstolos. Isso é ridículo, e é uma matemática ruim. E os amigos de Jó eram hereges, e suas sete mil ovelhas eram o povo de Deus, e os três mil camelos eram os gentios depravados. É assim que funciona a interpretação alegórica.

E é por isso que dizemos com tanta frequência: se você é fiel às Escrituras, entende que não há significados ocultos, não há alegorias nelas. Você considera a Escritura pelo seu valor nominal. Você a interpreta historicamente, gramaticalmente, literalmente. Nada é secreto, nada está oculto. Alegorias têm sido usadas ao longo da história para distorcer e perverter, e também para elevar as pessoas a algum tipo de ascensão na vida gnóstica, onde ninguém poderia entender o que apenas poucos privilegiados entendem.

Então, Paulo não está nos dando uma alegoria, ele está dando uma ilustração. Nada é fantasioso, é histórico. Havia significado. É sobre Abraão, Sara, Agar, Ismael, Isaque, o Monte Sinai na Arábia, a atual Jerusalém, a Jerusalém que está acima e as duas alianças. É sobre tudo isso. Mas tudo isso é história, e nessa história sua própria verdade é revelada, como você verá muito claramente.

Esta é apenas uma ilustração poderosa e vívida. Agora, Paulo já fez seu argumento sobre as Escrituras, você não precisa de outro argumento. As escrituras resolvem o problema. As escrituras dizem: “O justo viverá pela fé.” Citando o Antigo Testamento no capítulo 3, versículo 6, “Abraão creu, e isso lhe foi imputado como justiça”. Nos versículos 10 e 11, “O justo viverá pela fé”. Tudo está resolvido, porque é isso que as Escrituras dizem. Portanto, este não é um argumento adicional, é uma ilustração.

Então, com isso, vejamos Gálatas 4:21, que diz: “dizei-me, os que quereis estar debaixo da lei, não ouvis vós a lei?”. Paulo está muito perplexo com o fato de as pessoas terem sido sugadas pelo legalismo. Ele está falando com os judaizantes e com os crentes da Galácia que foram enganados e enfeitiçados, e voltaram-se para a lei mosaica. Em outras palavras, ele diz: “Vocês realmente sabem o que a lei diz? Têm certeza de que desejam voltar a ela?”.

O capítulo 3:10 diz: “Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição”. Ou seja, se você está tentando viver de acordo com a lei para obter sua salvação, está amaldiçoado. E, no mesmo verso, ele cita Deuteronômio 27:26, que diz: “Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las”. Nos versos 11 e 12 do capítulo 3 de Gálatas, ele diz:

E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé. Ora, a lei não é da fé; mas o homem, que fizer estas coisas, por elas viverá.

Em outras palavras, “se você deseja voltar à lei, está se colocando em uma situação impossível, porque ninguém pode cumprir perfeitamente a lei, por isso ninguém será justificado diante de Deus pelas obras da lei”

Os judaizantes, que alegavam crer em Cristo, exigiam que os gentios guardassem a lei mosaica e seguiam Paulo o tempo todo em todo lugar. O legalismo está sempre por perto, nunca desaparece e se esconde, sempre se forçando a entrar em cena.

Certo é que a lei moral de Deus nunca vai desaparecer, pois ela é um reflexo de Sua natureza. Ela é tão verdadeira e duradoura, que Jesus disse que nenhum jota ou til jamais passarão dessa lei até que tudo seja cumprido (Mateus 5:17 a 20). Mas a lei externa, a lei que identificou Israel externamente como o povo único de Deus, se foi. Não há mais leis alimentares, guarda de dias, festas etc. Tudo isso era sombras. A substância, que é Cristo, havia chegado.

O fato de Paulo tratar de elementos abraâmicos, incluindo Sara, Agar, Ismael, Isaque, Monte Sinai e Jerusalém, sem explicações, é uma indicação de que esses assuntos eram familiares para eles. E devem ter sido ensinados por Paulo, já que a única Bíblia da qual Paulo já pregou foi o Antigo Testamento. O Novo Testamento estava sendo escrito. Eram pessoas gentias que foram instruídas sobre o Antigo Testamento. Assim, Paulo pôde usar esses elementos como ilustração.

Eles não precisavam voltar para a lei, para aquilo que os amaldiçoou e condenou. Romanos 8:1 diz que “nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito”. E o verso 3 diz que isso “era impossível à lei”. Ele tratou da obra libertadora de Cristo, e os exortou a não buscarem refúgio em um jugo de escravidão.

A vida cristã não é uma relação com a lei, mas com Cristo. Nós somos de Cristo e Ele está em nós. Obedecemos à lei moral? Claro, porque a lei moral é um reflexo e extensão da natureza daquele que amamos. Obedecemos por amor, não por medo. Mas não faz sentido voltar a viver como os judeus do Antigo Testamento viviam. Isso foi superado pela Nova Aliança.

Paulo, então, ilustrou essa verdade de uma maneira muito poderosa. Ele usa uma ilustração muito poderosa da vida de Abraão. Existem três partes: a ilustração histórica, a interpretação divina e a implicação pessoal.

Veremos agora a ilustração histórica, na próxima vez veremos as demais.

Veja os versos 22 e 23 do Capítulo 4 de Gálatas:

Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre. Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas, o que era da livre, por promessa.

Os judaizantes se gabavam de serem da linhagem de Abraão, de serem os filhos de Abraão. Eles ostentavam sua descendência abraâmica, e assim se consideravam o povo único de Deus. E diziam que se alguém quisesse fazer parte do povo de Deus, teria que se alinhar com o que os descendentes de Abraão fizeram obedientemente, de acordo com as ordenanças mosaicas.

Paulo atacou essa ideia, mostrando que ser descendente carnal de Abraão não quer dizer ser salvo. Ele já havia dito isto:

Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós… Para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo, e para que pela fé nós recebamos a promessa do Espírito. (Gálatas 3:13-14

Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa. (Gálatas 3:28,29)

Então, apenas ser judeu na carne não é suficiente, a realidade tem que estar no interior, no coração, e não no exterior.

Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus. (Romanos 2:28,29)

Jesus tratou do mesmo assunto quando os líderes judeus estavam lhe confrontando:

Responderam, e disseram-lhe: Nosso pai é Abraão. Jesus disse-lhes: Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão. Mas agora procurais matar-me, a mim, homem que vos tem dito a verdade que de Deus tem ouvido; Abraão não fez isto. Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai… (João 8:39-40,44)

Abraão teve dois filhos chamados Ismael e Isaque. Ismael era filho da escrava Agar e Isaque era filho de Sara, uma mulher livre. Ismael, nasceu segundo a carne, mas Isaque, através da promessa. Eles nasceram em circunstâncias muito diferentes.

Em Gênesis 12:2, Deus promete que de Abrão viria uma nação. Em 15:1, Deus reforça a promessa a Abraão: “Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão”. No verso 2, Abrão responde: “que me hás de dar, pois ando sem filhos”Em outras palavras, ele quis dizer: “O Senhor diz que serei pai de uma grande nação, já tenho 86 anos, Sara tem 76 anos e não temos nem um filho até agora, e nem temos mais como gerar filhos.”

Ele chega a propor uma alternativa para Deus: Que o filho de seu mordomo fosse seu herdeiro, pois havia nascido dentro de sua casa. Mas, no versos 4-5, Deus lhe responde:

Este não será o teu herdeiro; mas aquele que de tuas entranhas sair, este será o teu herdeiro. Então o levou fora, e disse: Olha agora para os céus, e conta as estrelas, se as podes contar. E disse-lhe: Assim será a tua descendência.

O verso 6 diz que Abraão creu em Deus, que lhe imputou isto por justiça. Essa é a salvação dele. A justiça foi imputada a Abrão, porque ele creu em Deus. Então, ele agora tem uma promessa: Deus vai dar a ele um filho, mesmo que humanamente fosse impossível.

O tempo passa. Em Gênesis 16:1-2 diz:

E disse Sarai a Abrão: Eis que o Senhor me tem impedido de dar à luz; toma, pois, a minha serva; porventura terei filhos dela. E ouviu Abrão a voz de Sarai.

O desespero de Sara empurra seu marido para o adultério. Era humilhante uma mulher não conceber filhos. Pior ainda quando Sara sabia da promessa de Deus a Abraão, sobre formar a partir da descendência dele uma grande nação. Ela imaginou ter filhos através de Agar. E para completar a humilhação de Sara, o verso 4 diz que Agar a desprezou após dar um filho a Abraão. 

Aqui está a ilustração. Ismael nasceu de Agar. Ismael é uma ilustração da carne. A promessa era clara: Deus daria um filho a Abraão. Teria que ser sobrenatural. Eles não esperaram em Deus e usaram recursos humanos. A carne rejeita a promessa e tenta conquistar por sua própria força. 

Um filho é o filho da carne, o outro filho é o filho da promessa, isso é, Isaque para Sara. No momento em que Isaque nasceu, Abraão tinha 100 anos e Sara 90 anos. Mas Deus criou sobrenaturalmente essa criança no ventre de Sara. Ismael nasceu de acordo com a carne; eles fizeram isso da maneira deles. Isaque nasceu através da promessa de Deus. Ismael nasceu naturalmente, Isaque sobrenaturalmente.

Dois filhos, então, se tornam os padrões da verdade espiritual. Ismael é um filho nascido de forma natural, e, além disso, na carne, de maneira pecaminosa, como se Abrão e Sara pudessem cumprir a vontade de Deus através de seus próprios termos pecaminosos. Ismael é um representante de todos aqueles que acreditam em suas próprias forças, que pensam ser a salvação vinda através de suas obras. Ismael nasceu de uma escrava, era escravo e produziu toda uma linhagem de escravos. Ismael simboliza realizar o que Deus quer por sua própria carne, e isso só resulta em cativeiro.

Isaque, por outro lado, nasceu como resultado da fé de Abraão em Deus. Como uma bênção para Sua fé. Deus milagrosamente permitiu que Abraão depositasse sua semente em sua esposa Sara, e isso levou ao nascimento de Isaque. Isaque, então, era o filho da promessa. Foi o resultado do poder de Deus. Ele foi, você pode dizer, nascido no Espírito. O Espírito Santo fez com que Isaque aparecesse, quando seria impossível para Abraão e Sara ter um filho. Isaque representa, então, a salvação somente pela fé. Abraão creu em Deus. E Deus, sobrenaturalmente, cumpriu Sua vontade em Abraão.

Ismael retrata todos aqueles que tentam agradar a Deus e realizar a vontade de Deus pelos esforços de sua carne. Isso é pecaminoso, é inútil e cria escravidão. Isaque simboliza todos aqueles que fazem a vontade de Deus pela fé em Sua promessa. Deus faz o trabalho, faz acontecer e recebe a glória.

Paulo disse ao Gálatas: “Por que vocês, filhos da promessa, pensam realizar os propósitos de Deus através da carne?”. Bem, isso é apenas o começo. Concluiremos na próxima vez.


Esta é uma série de 2 sermões de John MacArthur sobre as circunstâncias do nascimento de Ismael e Isaque como ilustração do contraste entre a eficácia da obra soberana de Cristo e a inutilidade do esforço humano. Abaixo links dos sermões já publicados.


Este texto é uma síntese do sermão “A Perfect Portrait of Saving Faith, Part 1 ″, de John MacArthur em 14/01/2018.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/48-26/a-perfect-portrait-of-saving-faith-part-1

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


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