A Nova Aliança (3)

Zacarias descreveu a Nova Aliança como o nascer do sol do alto nos visitando. Uma grande luz que viria do céu sobre os que estão sentados nas trevas e na sombra da morte. O amanhecer do Filho do Altíssimo, que é a luz divina, que irromperia as trevas profundas do mundo e encerraria a noite da alma.

Continuamos agora o último sermão, e concluiremos nosso estudo sobre a Nova Aliança, mencionada por Zacarias em seu cântico após o nascimento de seu filho João Batista (Lucas 1:67-79).

O início da maior intervenção de Deus na história 

Houve quatro biógrafos de Jesus: Mateus, Marcos, Lucas e João, cada um deles escrevendo sobre a vida de Jesus a partir de uma perspectiva única, cobrindo a mesma história e verdade. Mas quando juntamos todos os quatro evangelhos, obtemos uma imagem composta e perfeitamente harmoniosa do registro de Jesus Cristo.

Um desses quatro escritores, e um escritor maravilhoso, é Lucas, médico de profissão, mas, por vocação divina, um historiador diligente, um biógrafo cuidadoso, um teólogo atencioso e, acima de tudo, um discípulo comprometido com Jesus Cristo.

Lucas começa seu relato antes do nascimento de Jesus, passa pela concepção de Jesus, pelo nascimento de Jesus, pela vida de Jesus, pelo ministério de Jesus, pela morte, sepultamento e ressurreição de Jesus, pela comissão que Jesus deu aos Seus apóstolos e depois na história da propagação do evangelho e do estabelecimento da igreja no mundo, que está registrada no evangelho de Lucas e depois no livro de Atos.

Quando Lucas começa a revelar a maior história já contada, ele começa com dois grandes milagres de concepção:

1) O primeiro é de um velho casal estéril, ambos com cerca de 70 anos de idade, um sacerdote chamado Zacarias e sua esposa chamada Isabel. Deus milagrosamente permitiu Isabel conceber e ter um filho. Esse é o primeiro milagre da concepção apresentado na narrativa de Lucas.

2) O segundo é ainda mais notável, uma virgem que nunca havia conhecido um homem concebe um filho por obra de Deus, que literalmente implantou um bebê em seu ventre. Essa mulher é Maria, a virgem, que estava grávida do Filho de Deus, do Filho do Altíssimo, do Messias, do Salvador do mundo, Jesus Cristo.

Lucas começa a relatar a maior intervenção de Deus na história com dois milagres de concepção. Em ambos os casos há aparição do anjo Gabriel.

Havia 500 anos que ninguém tinha ouvido falar de um anjo, não havia um profeta há mais de 400 anos, não acontecia um milagre há 400 anos e não acontecia múltiplos milagres há muito mais tempo.

Mas Lucas diz que quando o Messias veio ao mundo, apareceram anjos, nasceu um profeta e aconteceram milagres. O notável desenrolar da maior história já contada é construído em torno dessas duas narrativas de milagres de concepção e nascimentos.

A primeira concepção resultou no nascimento de um homem chamado João, o primeiro profeta em 400 anos e o último profeta do Antigo Testamento e, pelas palavras de Jesus, o maior profeta até então que já viveu.

Sua responsabilidade era ser o precursor e arauto do Messias, o anunciador que apontaria e identificaria o Messias, e que prepararia o povo para a chegada do Messias, fazendo com que enfrentassem seus pecados, se arrependessem e estivessem preparados para receber seu Salvador.

O segundo nascimento é o nascimento do próprio Messias, Jesus, que é plantado, por assim dizer, no ventre de Maria para nascer como Salvador e Rei, o Senhor da salvação.

Já vimos anteriormente os dois milagres da concepção e o anúncio do anjo Gabriel em ambos os casos. Conhecemos os pais de João e os pais de Jesus, Maria sendo Sua mãe física terrena, José, uma espécie de pai adotivo que não esteve envolvido no nascimento, mas mesmo assim foi o pai de Jesus por adoção.

O perfeito entendimento do sacerdote Zacarias sobre aquele momento

Como judeu do sexo masculino, João Batista foi circuncidado oito dias depois do seu nascimento. E, provavelmente, naquele dia da circuncisão, quando todos estavam reunidos, uma obra milagrosa de Deus ocorreu na vida de Zacarias. Ele estava mudo durante todo o tempo da gravidez de sua esposa por causa de sua incredulidade, mas sua língua foi solta e então ele profere um cântico de louvor a Deus, registrado em Lucas 1:67-79.

Zacarias era sacerdote em Israel. Ele entendia bem a teologia judaica e o Antigo Testamento. Portanto, o que sai de sua boca é rico em compreensão do Antigo Testamento. Cheio do Espírito Santo, ele profetiza e nos dá uma mensagem vinda diretamente de Deus, embora, certamente fiel aos seus próprios pensamentos. Ele começou dizendo:

Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo, e nos suscitou plena e poderosa salvação na casa de Davi, seu servo (Lucas 1:68,69).

Ele sabia que era o Messias que estava no ventre de Maria. Ele sabia que ele seria o salvador. Ele sabia o papel que seu filho João iria desempenhar. Ele disse: “Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor, preparando-lhe os caminhos” (Lucas 1:76).

Zacarias sabia muito bem o que estava acontecendo. O Redentor estava para nascer. O Messias, o Rei, o Salvador do mundo estava prestes a aparecer. Anjos, mensagens de Deus, milagres e o Messias, ele entendia isso, mas entendia à maneira do Antigo Testamento. Ele entendeu isso dentro de uma perspectiva do Antigo Testamento.

Zacarias fala de três alianças incondicionais

Não podemos entender o fluxo da história redentora e ter uma imagem clara da relação do Antigo Testamento com o Novo Testamento, a menos que entendamos o significado do termo “aliança”.

Deus fez certas alianças com Israel, e elas são muito mal compreendidas. É vital para compreensão da história da redenção a compreensão das alianças.

Zacarias associou aquelas cenas às três grandes alianças do Antigo Testamento: Alianças Davídica, Abraâmica e a Nova Aliança.

Vimos em sermão anterior (1) que Zacarias começou falando da Aliança Davídica (Lucas 1:68-72). Ou seja, o Rei, o Messias e Salvador viria da casa de Davi, seu servo, como Deus falou pela boca dos profetas. Ele estava olhando para 2 Samuel 7; 23:3-5; 1 Crônicas 17, Salmo 89 e outras quarenta referências no Antigo Testamento sobra à Aliança Davídica.

A promessa Davídica falava da restauração plena da nação de Israel, de sua liberdade e soberania. A nação de Israel seria governada pelo Messias, que o livraria de toda opressão dos inimigos. E, de Jerusalém, o Messias reinaria sobre o mundo inteiro com vara de ferro, exercendo grande autoridade e poder.

Como vimos em sermão anterior (2), depois Zacarias tratou da Aliança Abraâmica, (Lucas 1:73-75) a qual ele também esperava seu cumprimento na revelação do Messias.

Essa aliança foi a promessa de uma terra, de uma grande nação, de uma bênção como nenhuma nação jamais conheceu. E através daquela nação, uma bênção para o mundo. Esse foi o coração e a alma da Aliança Abraâmica. Não apenas um reino, mas toda a terra originalmente prometida, abençoando e sendo uma bênção para o mundo.

Mas há outra aliança aqui nesta passagem que é fundamental para tudo. Embora Zacarias não cita nominalmente a Nova Aliança, é dela que ele fala (Lucas 1:76-79).

Na Nova Aliança Deus prometeu dar ao Seu povo o conhecimento da salvação pelo perdão dos seus pecados. Não há menção de perdão dos pecados nas Alianças Davídica e Abraâmica, e sem o perdão dos pecados não haveria o cumprimentos das alianças Davídica e Abraâmica.

E na Nova Aliança que Deus promete o perdão dos pecados e misericórdia, que traz o nascer do sol do alto que nos visitará para brilhar sobre aqueles que estão sentados nas trevas e na sombra da morte. É a Nova Aliança que guia nossos pés no caminho da paz (Lucas 1:79).

Existem três outras alianças no Antigo Testamento. A que Deus fez com Noé, que nunca mais destruiria o mundo pela água. A aliança sacerdotal, fez com que Deus tivesse um sacerdócio permanente pelo qual as pessoas pudessem ter acesso a ele. E a Aliança Mosaica, a Lei de Deus, na qual Deus declarou Sua perfeição moral e Seu padrão santo e justo.

Mas nenhum desses três eram associadas à salvação. E as Alianças Davídica e Abraâmica exigiam salvação, então tinha que haver uma aliança salvadora e essa é a Nova Aliança.

A Nova Aliança é condição para Israel ver cumpridas as alianças Davídica e Abraâmica

Havia a barreira da desobediência, Israel não podia agradar a Deus por obras da lei. Israel tornou-se uma nação escrava do pecado. Mas sempre houve um remanescente fiel que viu a sua incapacidade de guardar a lei, se aproximou de Deus e implorou por misericórdia, graça e perdão. Israel sempre teve um remanescente penitente.

Mas, como nação, Israel está até hoje em rebeldia, e por isso, ainda não recebeu o cumprimento das promessas das Alianças Davídica e Abraâmica. Israel precisa se arrepender e crer.

Muitos judeus reconheceram que são pecadores, vieram a Jesus Cristo em arrependimento e colocaram sua confiança nele como Senhor e Salvador. Mas, como nação, Israel permanece em rebeldia e continua tentando, em vão, conquistar as bênçãos das alianças Davídica e Abraâmica através da autojustiça.

Salvo a Nova Aliança, nenhuma outra aliança tem o poder de quebrar o poder do pecado, perdoar os pecados e criar um novo coração. Por isso, Zacarias disse:

Lucas 1
76 Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor, preparando-lhe os caminhos,
77 para dar ao seu povo conhecimento da salvação, no redimi-lo dos seus pecados,

A Nova Aliança não produz um conhecimento teórico da salvação, mas uma experiência de salvação que vem pelo perdão dos pecados.

Ezequiel 36
26 Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne.
27 Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.

Israel nunca experimentará as promessas feitas a Davi e a Abraão enquanto não chegar à Nova Aliança. E para que o Senhor Jesus estabeleça seu reino milenar, do qual todos os judeus e gentios convertidos tomarão parte, é necessário primeiro a conversão nacional de Israel no período da grande tribulação.

João Batista não apareceu pregando o cumprimento das promessas Davídica e Abraâmica, mas pregando o batismo de arrependimento para o perdão dos pecados. Ele era um pregador da Nova Aliança. Aos fariseus e saduceus que vinham ao batismo, ele disse:

Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento; e não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão. (Mateus 3:7-9)

Israel não desfrutará de nenhuma bênção prometida a Abraão e a Davi, a menos que chegue ao arrependimento e ao perdão dos pecados da Nova Aliança.

A Nova Aliança foi ratificada pela morte de Cristo. A razão pela qual Deus pode perdoar o pecado é porque Jesus pagou a pena. É por isso que Jesus pegou o cálice naquela noite e disse: “Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós” (Lucas 22:20).

Jesus foi “traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Isaías 53:5). Ele pagou a pena. Ele aceitou nossa sentença. Ele foi executado por nós.

A Nova Aliança é uma promessa unilateral e irrevogavel, feita por Deus, é uma promessa eterna de Deus pela qual Ele mudará o coração de pecadores e perdoará seus pecados. Futuramente Ele fará isso com toda a nação de Israel.

A Nova Aliança foi, originalmente, uma promessa feita a Israel, conforme escrito, por exemplo, por Jeremias:

Eis aí vêm dias, diz o Senhor, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito… (Jeremias 31:31,32)

A Nova Aliança é pessoal, tem que ocorrer em cada coração. Um dia os judeus arrependidos “olharão para aquele a quem traspassaram; pranteá-lo-ão como quem pranteia por um unigênito e chorarão por ele como se chora amargamente pelo primogênito”. E “naquele dia, será grande o pranto em Jerusalém” (Zacarias 12:10-11).

A Nova Aliança traz graça, um novo coração, um novo espírito, a habitação do Espírito Santo, o perdão dos pecados e a comunhão eterna com Deus. Zacarias entendeu bem o que estava acontecendo naqueles dias: A chegada do Messias traria o cumprimento da salvação.

A salvação não pode vir pelo mérito do homem, nem através de obras e nem de atividades religiosas. Ela vem apenas pela graça de Deus na justificação dos pecadores.

Somente quando os pecadores se arrependem de seus pecados e clamam por perdão, graça e misericórdia, é que os seus pecados serão perdoados. E somente quando forem perdoados é que terão um novo coração que se torna habitação do Espírito Santo.

Somente assim as promessa de todas as bênçãos prometidas a Abraão e Davi se cumprirão. Isso está disponível para qualquer pecador hoje e algum dia todo Israel abraçará isso. Romanos 11:25-26 diz: “veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a plenitude dos gentios. E, assim, todo o Israel será salvo…”.

A Nova Aliança traz misericórdia, perdão, redenção e libertação das trevas

O sacerdote Zacarias disse:

Lucas 1
77 Para dar ao seu povo conhecimento da salvação, no redimi-lo dos seus pecados,
78 graças à entranhável misericórdia de nosso Deus, pela qual nos visitará o sol nascente das alturas,

A razão pela qual Deus ofereceu a Nova Aliança é a sua profunda misericórdia. O profeta Miquéias escreveu: “Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade e que te esqueces da rebelião do restante da tua herança? O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na benignidade” (Miquéias 7:18).

Daniel disse: “Ao Senhor, nosso Deus, pertence a misericórdia e o perdão; pois nos rebelamos contra ele” (Daniel 9:9). E Zacarias compreendia a terna misericórdia de Deus. 

A Nova Aliança: O amanhecer do alto

Vimos no último sermão que Jeremias 31 e Ezequiel 36 descrevem a Nova Aliança, em que Deus fala do perdão dos pecados. Isso faz parte da Nova Aliança. Em Lucas 1:78-79 Zacarias faz outra declaração sobre a Nova Aliança, ele acrescentou outra dimensão.

Lucas 1
⁷⁸ graças à entranhável misericórdia de nosso Deus, pela qual nos visitará o sol nascente das alturas,
⁷⁹ para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, e dirigir os nossos pés pelo caminho da paz.

Zacarias descreve o cumprimento da Nova Aliança como o nascer do sol do alto nos visitando. Ele quis dizer que a Nova Aliança é o amanhecer do alto. Ele está falando sobre uma grande luz que viria do céu, não o sol ou outro corpo celeste, que brilhará sobre aqueles que estão sentados nas trevas e na sombra da morte. Ele citou Isaías 9.

Ele se referiu à primeira luz do nascer do sol que quebra a escuridão espiritual do mundo. Ele falou do amanhecer do Filho celestial, do Filho do Altíssimo, do Salvador que é a luz divina, que irromperá nas trevas profundas do mundo e encerrará a noite da alma.

O último profeta, Malaquias, deu as últimas palavras de esperança e promessa. Ele disse: “Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas” (Malaquias 4:2).

Já havia se passado 400 anos e o Sol da justiça ainda não havia surgido, tudo estava mais escuro do que nunca. Onde estava o Sol da justiça? O sacerdote Zacarias foi informado pelo anjo Gabriel que seu filho, João, seria o precursor do Messias. Ele sabia que Maria estava grávida do Messias.

Então ele disse que o sol nascente do alto estava próximo. Ele sabia exatamente o que estava dizendo. Ele sabia que estava diante do cumprimento de Malaquias 4:2. Sobre isso, Pedro escreveu:

Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração. (2 Pedro 1:19)

Em Apocalipse 22:16, o próprio Jesus disse: “Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a brilhante Estrela da manhã”. Seja a Estrela da Manhã, o brilho do amanhecer, o nascer do Sol, ou como Zacarias usou a palavra, o nascer, o amanhecer, tudo se refere à mesma coisa.

Zacarias viu a vinda do Messias como o amanhecer prometido que quebraria as trevas da nação de Israel, as trevas do mundo, as trevas dos corações pecadores. Seria uma visita salvadora. O Messias estava vindo e Ele brilharia sobre aqueles que estão sentados nas trevas e na sombra da morte.

O povo, que estava assentado em trevas, viu uma grande luz; aos que estavam assentados na região e sombra da morte, a luz raiou (Mateus 4:16).

A Bíblia fala sobre as trevas de duas maneiras: intelectual e moral. Intelectualmente significa ignorância, moralmente significa pecaminosidade. O homem vive em trevas morais e intelectuais, literalmente sob a sombra da morte eterna.

A escuridão é usada para descrever a ignorância, o erro, o pecado, a maldade, a iniquidade, a presença de Satanás e o inferno, que são as trevas exteriores.

Quando Zacarias disse: “para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte” (Lucas 1:79), ele se referiu ao mundo inteiro de pessoas não convertidas sentadas nas profundezas das trevas e na sombra da morte, e nessa condição esperando que a luz brilhe.

“Deus é luz, e não há nele treva nenhuma” (1 João 1:5). Quando o Messias chegasse, viria a luz. João escreveu: “A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela” (João 1:4,5).

Zacarias sabia que a vinda do Messias era a vinda da luz. Ele conhecia muito bem as profecias sobre o Messias, como por exemplo em Isaias 42:6-7, que diz:

Eu, o Senhor, te chamei em justiça, tomar-te-ei pela mão, e te guardarei, e te farei mediador da aliança com o povo e luz para os gentios; para abrires os olhos aos cegos, para tirares da prisão o cativo e do cárcere, os que jazem em trevas.

O resplandecer da luz na Nova Aliança conforme o profeta Isaías

Isaías via a vinda do Messias como o resplandecer da luz na Nova Aliança. Ele escreveu:

Isaías 59
¹ Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para não poder ouvir.
² Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça.
¹⁰ Apalpamos as paredes como cegos, sim, como os que não têm olhos, andamos apalpando; tropeçamos ao meio-dia como nas trevas e entre os robustos somos como mortos.
¹² Porque as nossas transgressões se multiplicam perante ti, e os nossos pecados testificam contra nós; porque as nossas transgressões estão conosco, e conhecemos as nossas iniquidades,
¹⁵ Sim, a verdade sumiu, e quem se desvia do mal é tratado como presa. O Senhor viu isso e desaprovou o não haver justiça.
¹⁶ Viu que não havia ajudador algum e maravilhou-se de que não houvesse um intercessor; pelo que o seu próprio braço lhe trouxe a salvação, e a sua própria justiça o susteve.
¹⁷ Vestiu-se de justiça, como de uma couraça, e pôs o capacete da salvação na cabeça; pôs sobre si a vestidura da vingança e se cobriu de zelo, como de um manto.
¹⁸ Segundo as obras deles, assim retribuirá; furor aos seus adversários e o devido aos seus inimigos; às terras do mar, dar-lhes-á a paga.
¹⁹ Temerão, pois, o nome do Senhor desde o poente e a sua glória, desde o nascente do sol; pois virá como torrente impetuosa, impelida pelo Espírito do Senhor.
²⁰ Virá o Redentor a Sião e aos de Jacó que se converterem, diz o Senhor.
²¹ Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz o Senhor: o meu Espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua boca, não se apartarão dela, nem da de teus filhos, nem da dos filhos de teus filhos, não se apartarão desde agora e para todo o sempre, diz o Senhor.

Israel tem a promessa Davídica e Abraâmica, mas suas iniquidades o separam de Deus, o povo jaz na escuridão. Como cegos tropeçam por não terem seus olhos iluminados pela luz.

Então o próprio braço do Senhor trouxe a salvação. Ele mesmo fez isso. Ele mesmo desceu do céu para salvar. Ele vestiu Suas roupas de justiça para batalha, “como de uma couraça, e pôs o capacete da salvação na cabeça; pôs sobre si a vestidura da vingança e se cobriu de zelo, como de um manto” (Is. 59:17).

Ele se preparou para ir à batalha para salvar os pecadores. Foi o próprio Deus. Ele disse que não havia homem para fazer isso, ele teve que fazer isso sozinho.

Não havia intercessores (Is. 59:16), então Ele providenciou um intercessor (Is. 53). Ele intercederia pelos transgressores e carregaria os pecados de muitos. Deus providenciou um Salvador, um intercessor, o Servo sofredor, o Messias.

Ele faz referência a Sião e Jacó, dizendo: “Virá o Redentor a Sião e aos de Jacó que se converterem, diz o Senhor” (Isaías 59:20).

O Senhor prosseguiu dizendo: “esta é a minha aliança com eles, meu Espírito está sobre ti, minhas palavras que coloquei em sua boca não se desviarão de sua boca ou da boca de sua descendência, nem da boca da descendência de sua descendência agora e para sempre” (Is. 59:21).

É uma aliança eterna, um novo coração habitado pelo Espírito Santo. Isso é linguagem da Nova Aliança. Isaias prossegue escrevendo:

Dispõe-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória do Senhor nasce sobre ti. Porque eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos; mas sobre ti aparece resplendente o Senhor, e a sua glória se vê sobre ti. (Isaías 60:1-2)

Essa é a ascensão do Messias. Zacarias sabia que o nascimento de João Batista e a gravidez de Maria estavam relacionados com essa promessa.

Ele sabia que a Nova Aliança seria cumprida através do Messias e somente em virtude de seu cumprimento Israel poderia receber as bênçãos prometidas a Davi e Abraão.

Essa é a condição no futuro reino milenar. Quando a luz chegar, Israel será salvo e a glória do Senhor nascerá sobre eles e a luz brilhará deles para que as nações venham para a sua luz e os reis para o brilho do seu nascer. Isaias escreveu:

As nações se encaminham para a tua luz, e os reis, para o resplendor que te nasceu. Levanta em redor os olhos e vê; todos estes se ajuntam e vêm ter contigo; teus filhos chegam de longe, e tuas filhas são trazidas nos braços. (Isaías 60:3,4)

Essa é toda a salvação de Israel. Israel será salvo e entrará no reino milenar e a luz brilhará plenamente sobre eles e através deles. Irá brilhar em todo o mundo.

Isto continuará mesmo depois do reino milenar, que é um reino terrestre de mil anos.

Isaías 60
¹⁸ … mas aos teus muros chamarás Salvação, e às tuas portas, Louvor.
¹⁹ Nunca mais te servirá o sol para luz do dia, nem com o seu resplendor a lua te alumiará; mas o Senhor será a tua luz perpétua, e o teu Deus, a tua glória.
²⁰ Nunca mais se porá o teu sol, nem a tua lua minguará, porque o Senhor será a tua luz perpétua, e os dias do teu luto findarão.
²¹ Todos os do teu povo serão justos, para sempre herdarão a terra; serão renovos por mim plantados, obra das minhas mãos, para que eu seja glorificado.
²² O menor virá a ser mil, e o mínimo, uma nação forte; eu, o Senhor, a seu tempo farei isso prontamente.

Essa é a condição eterna. De acordo com Apocalipse 21 e 22, a Nova Jerusalém não tem sol, o estado eterno não tem estrelas, não tem lua, só precisa do resplandecer da glória de Deus como sua luz. A Nova Aliança está conectada com a vinda da luz, o Filho, o glorioso amanhecer da salvação, da glória milenar e da glória eterna.

De acordo com Isaías 61:1-2, o Messias teria o Espírito do Senhor Deus sobre ele, seria ungido por Deus, traria boas novas aos aflitos, curaria os quebrantados de coração, traria liberdade aos cativos e aos prisioneiros, e proclamaria o ano aceitável do Senhor.

Lucas registrou Jesus falando sobre o cumprimento dessa profecia em uma sinagoga de Nazaré:

Lucas 4
¹⁶ Indo para Nazaré, onde fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler.
¹⁷ Então, lhe deram o livro do profeta Isaías, e, abrindo o livro, achou o lugar onde estava escrito:
¹⁸ O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos,
¹⁹ e apregoar o ano aceitável do Senhor.
²⁰ Tendo fechado o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e todos na sinagoga tinham os olhos fitos nele.
²¹ Então, passou Jesus a dizer-lhes: Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir.

O cumprimento da salvação

O Senhor nos salva imputando sua justiça em nós, ele nos envolve com manto de justiça. Isso é justificação. Isaías 61:10 diz:

Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegra no meu Deus; porque me cobriu de vestes de salvação e me envolveu com o manto de justiça, como noivo que se adorna de turbante, como noiva que se enfeita com as suas joias.

Ele nos cobre com vestes de salvação. E essa promessa se cumprirá em Israel:

Eis que o Senhor fez ouvir até às extremidades da terra estas palavras: Dizei à filha de Sião: Eis que vem o teu Salvador; vem com ele a sua recompensa, e diante dele, o seu galardão. Chamar-vos-ão Povo Santo, Remidos-Do-Senhor; e tu, Sião, serás chamada Procurada, Cidade-Não-Deserta. (Isaías 62:11-12).

Deus prometeu o perdão da Nova Aliança, a luz surgindo para dissipar as trevas, a luz que iluminará a glória milenar da terra e brilhará de um Israel redimido para o mundo e uma luz que brilhará eternamente na glória do eterno novo céu e nova terra, para que não haja sol, nem lua, nem estrelas, mas apenas a luz da glória de Deus brilhando na face de Jesus Cristo e através de todos nós que compartilhamos dessa glória.

Zacarias sabia de tudo isso. Ele sabia que era o cumprimento da Nova Aliança, o perdão, a misericórdia, o nascer do Sol trazendo luz às trevas. Tudo isso veio direto daquelas passagens da Nova Aliança em Isaías

A maravilhosa salvação e a futura redenção de Israel

Isaías descreveu a tenebrosa realidade espiritual de Israel:

Isaías 59
Desconhecem o caminho da paz, nem há justiça nos seus passos; fizeram para si veredas tortuosas; quem anda por elas não conhece a paz.
Por isso, está longe de nós o juízo, e a justiça não nos alcança; esperamos pela luz, e eis que há só trevas; pelo resplendor, mas andamos na escuridão.
¹⁰ Apalpamos as paredes como cegos, sim, como os que não têm olhos, andamos apalpando; tropeçamos ao meio-dia como nas trevas e entre os robustos somos como mortos.

Mas Zacarias sabia que o Messias viria “para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, e dirigir os nossos pés pelo caminho da paz” (Lucas 1:79). Essa é a Nova Aliança.

Que visão imensa, rica e profunda obtemos com apenas três pequenos versículos. Perdão, um novo coração, um novo espírito, o Espírito Santo habitando em nós, o conhecimento de Deus, a lei de Deus implantada, a luz destruindo as trevas e a paz no lugar da turbulência, a paz para sempre, tudo o que Zacarias previu que aconteceria.

Só depois que Israel passar pela Nova Aliança é que eles conhecerão o cumprimento das alianças Davídica e Abraâmica.

Você e eu, quando cremos em Cristo e recebemos a salvação da Nova Aliança, recebemos bênçãos agora que são como aquelas que virão através do cumprimento da aliança Abraâmica, e recebemos pessoalmente o governo e o reinado soberano de Cristo em nossas vidas, como virá no período Davídico e reino terreno de Cristo.

O verdadeiro cumprimento da promessa não acontecerá até que Israel se arrependa e seja salvo. Ore pela salvação de Israel, pois nela está o único caminho para a bênção. Vamos orar.

Pai, obrigado por este tempo meditando na tua Palavra. Sabemos que esta é uma verdade inesgotável, dependemos do Teu Espírito para entender a profundidade e riqueza da Nova Aliança, pela qual o Senhor opera nossa redenção.

Obrigado, Pai, pela maravilha da Tua Palavra e pela grande promessa da salvação da Nova Aliança. Que cada coração se volte para Cristo. Que Tu sejas gracioso com cada pecador e os salve, levando-os à fé em Jesus Cristo, levando-os ao reconhecimento da sua própria pecaminosidade. Dê-lhes vida na morte e luz nas trevas. Salve-os, Senhor, salve os pecadores para a Tua glória, nós oramos. Amém.


Sermões desta série sobre o Cântico de Zacarias:

Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos do Evangelho de Lucas.

Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos sobre escatologia.


Este texto é uma síntese do sermão “Zachariah’s Song of Salvation: The New Covenant, Part 3”, de John MacArthur, em 6/6/1999.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/42-21/zachariahs-song-of-salvation-the-new-covenant-part-3

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno.


 

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