A Única Agenda da Igreja

A agenda da Igreja é celestial e não tem nada em comum com as agendas deste mundo, que jaz no maligno

As agendas de diversos movimentos sociais como o feminista, homossexual e antirracismo cruzaram uma linha onde expressamente destilam amargura, rancor, vingança e ódio. E muitos líderes cristãos foram fisgados pela onda devastadora de agendas do mundo, com forte potencial de destruir uma nação.

Tragicamente, parte da igreja abandonou a pregação do evangelho, voltou-se para o falso evangelho da justiça social  e se tornou porta-voz de agendas deste mundo, coisas que nada têm a ver com o Reino de Deus.

Toda essa afronta ao evangelho nada mais é que uma versão da filosofia humanista-iluminista, que floresceu há 300 anos atrás. Um dos ícones da filosofia humanista,  Jean-Jacques Rousseau, tinha uma agenda clara: eliminar Deus e o cristianismo.

Rousseau buscou destruir a doutrina bíblica da depravação humana. Segundo ele, os homens eram livres e bons, até que se uniram para formar sociedades e assim foram corrompidos e aprisionados pela propriedade privada, que teria causado a desigualdade e as mazelas da humanidade.

Defendia a completa liberdade moral dos indivíduos, apenas limitada em alguns aspectos por poucas leis civis. Afirmou que o ser humano só seria feliz quando realizasse as suas vontades, sejam elas quais fossem.

Ele era contrário às instituições tradicionais da sociedade. Era avesso a ideia de monarquia, de hierarquia e de tradição, era contrário à ideia de família como uma instituição boa e necessária.

Tal como os comunistas, defendeu que a sociedade perfeita seria a da soberania popular, com intervenção máxima do Estado, sem a existência da propriedade privada e da família.

Para essa filosofia maligna, o mal procede de fora do homem e não de seu interior. Rousseau declarou: “Não há perversidade original no coração humano”.

Isso é uma afronta direta ao que Jesus disse: “Porque do coração é que procedem os maus intentos, homicídios, adultérios, imoralidades, roubos, falsos testemunhos, calúnias, blasfêmia” (Mateus 15:19).

As ideias de Rousseau influenciaram as monarquias europeias da época, a Revolução Francesa, o pensamento maligno de Karl Marx, o pensamento pervertido sobre o sexo de Freud e serviu como uma das bases para  a visão de mundo do pensamento modernista.

E o engano avançou tanto que parte da igreja não consegue discernir que se envolve em agendas do diabo. Desdobramentos das ideias de Rousseau e outros filósofos invadiram a igreja camuflados por agendas mundanas. Parte da cristandade não consegue entender o que Jesus disse perante Pilatos:

O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui (João 18:36)

O reino de Deus não tem nada a ver com este mundo, ele está completamente separado do mundo. Vamos ver isso de uma maneira muito prática dentro da Escritura.

A lição de Pedro

Jesus e os discípulos estavam caminhando ao longo das estradas empoeiradas de Cesareia de Filipe. Eles estavam em uma espécie de exílio. Os líderes, os religiosos e os poderes políticos, assim como a maior parte do povo de Israel, haviam rejeitado a Jesus e sua mensagem. E queriam matá-lo. O cenário era desanimador para os discípulos.

Então há esse diálogo de Jesus com os apóstolos:

Mateus 16
13 … Quem diz o povo ser o Filho do Homem?
14 E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas.
15 Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?
16 Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.

E Jesus, mostrando a dimensão celestial de seu reino, diz a Pedro: “Não foi carne e sangue que te revelaram isso, mas meu Pai, que está nos céus” (v .16). E disse: “Eu edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (v. 18).

Talvez os discípulos ali tenham se questionado: “Estamos aqui sendo rejeitados e perseguidos por quase todos, e Jesus diz que vai edificar uma igreja vitoriosa? Como Ele fará isso?”

E Jesus prosseguiu a conversa com eles falando que era necessário que ele fosse para Jerusalém, sofresse muito nas mãos da liderança religiosa, fosse morto e, no terceiro dia, ressuscitasse (v. 21).

Aí a situação ficou ainda mais complicada na cabeça daqueles homens. Isso foi muito chocante para eles. Aparentemente, era muito inconsistente com a afirmação que Jesus tinha acabado de dizer, sobre edificar sua Igreja em trunfo. Pedro, em forte desespero, bradou: “Senhor, tem compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso” (v. 22).

E Jesus repreende Pedro: “Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens” (Mateus 16:23).

O mesmo Pedro que havia sido um porta-voz de Deus, tornou-se, em poucos momentos, uma voz de Satanás. Isso é algo que pode acontecer quando tentamos conciliar os interesses de Deus com os interesses do homem.

A cruz fazia parte do plano eterno de Deus, Satanás tentou desviar Jesus diversas vezes da cruz, como na tentação do deserto. A estratégia do diabo é fazer com que muitos que confessam a verdade sejam fisgados pela obra do diabo, fazendo cristãos pensarem que o reino da luz pode avançar sem sofrimento.

O que Pedro quis dizer ali foi:

Senhor, que bobagem é essa, não é necessário a cruz. O Senhor pode estabelecer seu reino sem a cruz. O Senhor não precisa sofrer e morrer, podemos tentar conciliar as coisas com o mundo.

Isso tem se repetido incessantemente através da história da igreja. Muitos que declaram crer na verdade fazem alianças com Satanás.

Muitos têm tentado usar o mundo, as trevas, a carne, os espiritualmente mortos, para, de alguma forma, ajudar Jesus a construir Seu reino, e essencialmente eles têm feito acordos com o diabo.

Todo esforço para avançar o reino por meio de um esquema mundano é uma tentativa de fazer a obra de Deus à maneira do diabo, e evitar sofrimento, rejeição e hostilidade.

Por isso que Paulo disse ao Coríntios: “Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado” (1 Coríntios 2:2). E, posteriormente, Pedro compreendeu muito bem a profundidade da cruz nos planos de Deus. E foi essa mensagem que ele pregou em seu apostolado:

A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, tomando-o vós, o crucificastes e matastes pelas mãos de injustos; Ao qual Deus ressuscitou, soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ele… Saiba pois com certeza toda a casa d’Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo (Atos 2: 23-24,36).

O engano que assola a igreja

Boa parte da igreja moderna esqueceu que perdemos nossas vidas pelo evangelho e que não há coroa sem cruz. O diabo oferece muitas coisas à igreja, exceto a cruz. Ele oferece estratégias humanas para atrair a atenção da sociedade, discursos aceitáveis, o politicamente correto, temas atrativos aos espiritualmente mortos etc.

E muitos são fortemente atraídos por essas propostas, pois há uma coisa em suas mentes: evitar o sofrimento, a oposição raivosa que vem da pregação fiel do evangelho. Dizer ao ímpio que ele é um pecador a caminho do inferno, é algo inaceitável em nossa cultura.

A humanidade foi convencida de que o homem é bom e que a ideia de um Deus supremo foi inventada para oprimir e aprisionar as pessoas. E que o homem deve estar livre para ser e fazer o que quiser. E o ponto mais importante para esses filósofos é a perversão sexual. Eles querem tirar Deus para que possam viver vidas miseráveis.

Como é que a igreja se envolveu nisso, com o marxismo cultural ou qualquer outra coisa? Tentando fazer avançar o reino por lobby político, pragmatismo, evangelho da justiça social, entretenimento, manipulação emocional, aceitação do pecado etc.

Tudo isso é oferecido e aceito, menos a Palavra da Cruz. Isso é o mesmo que lutar para destruir o propósito de Deus e fazer a obra do diabo. Por isso Paulo declarou:

Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus, para destruição das fortalezas; Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo (2 Coríntios 10:4,5)

Temos que lutar contra essas fortalezas ideológicas levantadas contra o conhecimento de Deus, libertar as pessoas que são mantidas cativas por essas coisas e conduzi-las, em todos os sentidos, ao conhecimento de Cristo. Essa é a única forma de a igreja trabalhar e cumprir sua missão. João escreveu:

Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre. (1 João 2:15-17).

O mundo está passando, ele não tem futuro. O reino da luz não precisa de ajuda do diabo. O mundo com sua corrupção está a caminho da destruição total, ele não pode oferecer absolutamente nada para a igreja.

Como nos relacionamos com o mundo separado dele?

Cumprimos nossa missão ao alertá-lo sobre o juízo. Não o cortejamos, não adotamos suas ideias e não assumimos suas causas. Se não for assim, seremos inúteis para o mundo e ainda causaremos destruição na igreja.

Não estamos aqui como agentes de relações públicas para oferecer ao mundo um caminho suave e falso. Nossa proclamação deve ser a mensagem pura do evangelho, com intrepidez. Os apóstolos viraram o mundo de cabeça para baixo apenas com os recursos espirituais, eles não se aliaram com as agendas mundanas.

E isso sempre atrai hostilidade e rejeição, tal como o Senhor enfrentou. O reino maligno das trevas odeia tudo o que ama a Deus e tudo o que Deus ama. O reino das trevas ama tudo o que Deus odeia.

Não há conciliação entre a agenda da igreja e a agenda do mundo

O mundo é um reino sob o poder do mentiroso supremo, Satanás. O mundo odeia a verdade e está sob julgamento. O mundo jaz no maligno (1 João 5:19). Os governantes sem Deus, ao longo da história humana, são pré-visualizações do governante ímpio final, o Anticristo. É por isso que o Novo Testamento diz: “Há muitos anticristos” (1 João 2:18).

Há dois reinos: um é de Deus, o outro é de Satanás; um é marcado pela verdade, o outro pela mentira; um exalta a Cristo, o outro exalta o Anticristo. Esses reinos não podem se misturar. E quando a igreja tenta conciliar agendas desses dois reinos, há um desastre.

Como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele, nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações de graças. Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo. (Colossenses 2:6-8)

Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra. (Colossenses 3:1,2)

Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração. E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai (Colossenses 3:16,17)

Isso é bem simples, não é? É assim que a vida cristã deve ser vivida. Não somos hostis, rancorosos, vingativos e raivosos. Permanecemos do lado da justiça, paz, alegria e gratidão, porque nossos pecados foram perdoados. Quem é você para exigir qualquer coisa de alguém que não se reconciliou com Deus? O mundo não é aliado do evangelho. Há dois reinos.

  • O reino de Deus é marcado pela justiça, luz, Cristo, crentes e o Deus verdadeiro. É celestial, espiritual, fundado na verdade e é vivificante.
  • O reino das trevas é marcado pela injustiça, escuridão, Satanás, ímpios, incrédulos e ídolos. É terreno, material, fundado na mentira e produz a morte. 

Não há possibilidade de se encontrar qualquer coisa um comum entre esses dois reinos. Nenhuma causa lhes é comum. Nada pode unir esses dois reinos em torno da mesma coisa, seja de que natureza for. Esses reinos lutam por interesses e objetivos opostos e inconciliáveis.

Por isso a ordem bíblica é: “retirai-vos do meio deles, separai-vos”. Isso não significa se tornar um monge ou viver isolado numa caverna. Não é isso! Jesus disse: “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal” (João 17:15).

Temos uma grande comissão a cumprir: Testemunhar de Cristo ao mundo (Atos 1:8). Mas para cumprirmos a ordem de Cristo, não podemos ser seduzidos pelas agendas do mundo. Não podemos pensar que o reino das trevas é nosso aliado para atender os interesses de Deus.

Cristãos seduzidos pela agenda mundana

Tragicamente, muitas igrejas, seduzidas pelo reino das trevas ao longo do tempo, foram cedendo aos poucos, e já sucumbiram completamente. Já perderam completamente o rumo e foram tomadas por Satanás. E foi assim que Israel se afastou da verdade. Através do profeta Jeremias, Deus disse:

Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas (Jeremias 2:13)

Israel cometeu a loucura de não considerar Deus suficiente e então buscar os recursos das trevas.

Tudo o que Satanás quer fazer é destruir a obra de Deus. E ele tem duas estratégias básicas para alcançar seu objetivo: semeando o joio no meio do trigo e seduzindo a igreja para se unir à filosofia e a agenda do mundo. A Palavra de Deus faz alertas constantes contra isso.

Tornou-se comum transformar a igreja em um campo de batalha de lutas sociais, tentando unir o reino da luz com filosofias malignas, amargas e vingativas, que são produzidas por quem odeia a Deus, rejeita Cristo, abomina a família e defende todo tipo de perversão sexual. Trazer o reino da luz para qualquer conexão com isso é uma afronta miserável contra Deus.

A filosofia que impera no mundo é a de que o homem é, por natureza, bom, e assim ele não pode sofrer qualquer espécie de restrição quanto à sua perversão sexual. E por isso o cristianismo é o grande inimigo do mundo, e é o grande alvo dos seus ataques. Como o a igreja pode pensar que possui causas em comum com o mundo?

O mundo odeia a Palavra de Deus.

Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura (Marcos 7:21,22)

Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como um vento, nos arrebatam (Isaías 64:6)

Não há justo, nem um sequer […] não há quem faça o bem, não há nem um sequer (Romanos 3:10,12))

Isso é intolerável para a filosofia mundana. Não há como conciliar isso. A igreja não pode descambar para o erro, para o politicamente correto, para tentar unir coisas opostas em sua natureza. O mundo quer total liberdade para pecar e afrontar a Deus, seu reino é inimigo do reino de Deus.

E o que somos? Peregrinos neste mundo (Heb. 11:13; 1 Pe. 2:11 etc.) e embaixadores do Reino dos Céus (2 Cor. 5:21).

Olhando o passado  

Em 2 Coríntios 14:14 diz: Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos”. Vejamos, por exemplo, a Êxodo 23:31-33, que diz:

Porei os teus limites desde o mar Vermelho até ao mar dos filisteus e desde o deserto até ao Eufrates; porque darei nas tuas mãos os moradores da terra, para que os lances de diante de ti. Não farás aliança nenhuma com eles, nem com os seus deuses. Eles não habitarão na tua terra, para que te não façam pecar contra mim; se servires aos seus deuses, isso te será cilada.

Isso é muito sério. Deus conhecia o impacto dos pagãos vivendo no meio de seu povo, e diz: Vocês precisam expulsá-los, não façam aliança com eles, para que eles não te façam pecar. Deus os via como uma ameaça à integridade de Seu povo. Deus disse:

Abstém-te de fazer aliança com os moradores da terra para onde vais, para que te não sejam por cilada. Mas derribareis os seus altares, quebrareis as suas colunas e cortareis os seus postes-ídolos (Êxodo 34:12-13).

Em Deuteronômio 7 Deus dá ordens para que Israel fosse instrumento de Seu juízo, lançasse fora destruísse os povos ímpios que habitavam a terra prometida. Deus proibiu qualquer contato com eles, para que Israel não se contaminasse com seus pecados. E Ele diz:

Porque tu és povo santo ao Senhor, teu Deus; o Senhor, teu Deus, te escolheu, para que lhe fosses o seu povo próprio, de todos os povos que há sobre a terra. As imagens de escultura de seus deuses queimarás; a prata e o ouro que estão sobre elas não cobiçarás, nem os tomarás para ti, para que te não enlaces neles; pois são abominação ao Senhor, teu Deus. (Deuteronômio 7:6,25).

Deus deu aos israelenses leis que os mantinham socialmente separados dos povos a seu redor. Deu leis de vestuário, leis de alimentação, leis de calendário etc. Essas leis foram projetadas, não para algum benefício espiritual, mas para tornar muito difícil a interação de Israel com povos pagãos.

Um dos argumentos usados por Hitler para o holocausto de judeus foi de que eles não se misturavam com as outras pessoas. E Hitler passou a ideia de que se tratava de uma ameaça, como se eles estivessem planejando a destruição das pessoas.

Esse comportamento dos judeus faz parte do legado daquela prescrição original que pretendia ajudá-los a permanecer separados das nações que adoravam ídolos. Portanto, não se apegar aos incrédulos não é algo novo, era muito claro no passado.

2) O presente

2 Coríntios 6
14 Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?
15 Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo?
16 Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente…

Há cinco comparações.

  • a) “Que sociedade tem a justiça com a iniquidade?”. A palavra grega traduzida como “sociedade” tem um sentido de união, parceria. Então ele está dizendo: “Não há parceria possível entre iníquo e o justo”. E a palavra faz clara distinção:

Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo. Aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio. Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo. Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão (1 João 3:7-8, 10).

  • b) “Que comunhão tem a luz com as trevas?”. A Luz é verdade e virtude; a escuridão é mentira e pecado. Não há harmonia possível por causa do caráter. Luz e escuridão se excluem. Não podem conviver juntas.
  • c) “Que harmonia há entre Cristo e o Maligno?”. É impensável que Satanás seja procurado para ajudar na causa de Cristo. A igreja de Cristo não tem conexão alguma com o comportamento, caráter, poder ou meios mundanos.
  • d) “Ou que união, do crente com o incrédulo?” O crente opera pela fé, pelo que é invisível. O incrédulo opera pelo que vê. O crente confia no poder de Deus, o incrédulo no poder da manipulação. O crente opera no espírito, o incrédulo opera na carne.
  • e) “Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos?”. O crente é o templo de Deus, essa é sua identidade inconciliável com mundo.

Não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? (1 Coríntios 6:19)

Naquele dia, vós conhecereis que eu estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu, em vós (João 14:20)

A palavra “templo” aqui refere-se ao Santo dos Santos, não apenas ao pátio. Quando dizemos que somos o templo de Deus, somos essencialmente uma arca viva da aliança dentro do Santo dos Santos onde Deus habita. Se um sacerdote entrasse ali despreparado, seria morto por Deus instantaneamente. O reino das trevas não pode ter parte no templo de Deus.

Ezequiel 8 a 11 mostra a glória do Senhor abandonando o templo e Jerusalém diante da aliança do povo com os ídolos. “A glória se foi”. E há uma visão ali da glória subindo do templo sobre a porta, subindo para o céu, sobre as colinas e desaparecendo. A glória de Deus se foi quando o povo de Deus fez alianças com Satanás.

Nós somos o templo de Deus, e Seu templo é santo. Não podemos nos apegar com nenhuma agenda deste mundo, com a escuridão e com os filhos de Satanás. Não podemos nos associar em nenhuma agenda supostamente comum a igreja e ao mundo, como se houvesse algum propósito e efeito espiritual. Não podemos avançar o reino de Deus dessa maneira.

3) O futuro

2 Coríntios 6
16 … Como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
17 Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei,
18 serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso.

Aqui não é um chamado para a salvação. Ele acabou de dizer que somos o templo de Deus. Ele está falando sobre as promessas do reino milenar vindouro.

É um mosaico de promessas do Antigo Testamento ao povo de Deus, que a maioria dos judeus pensou ser na primeira vinda do Messias, e foi um dos motivos de rejeitarem Jesus.

Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo (Jeremias 31:33)

Dar-lhes-ei coração para que me conheçam que eu sou o Senhor; eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus; porque se voltarão para mim de todo o seu coração (Jeremias 24:7)

Farei com eles aliança de paz; será aliança perpétua. Estabelecê-los-ei, e os multiplicarei, e porei o meu santuário no meio deles, para sempre. O meu tabernáculo estará com eles; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. (Ezequiel 37:26,27).

  • Em Mateus é chamado de regeneração. Em Atos é chamado de tempos de refrigério e tempos de restituição. Paulo o chama de Dia de Cristo. Mas é o reino.
  • Em Apocalipse 19 descreve a destruição descrita nos capítulos 17 e 18, ou seja, a destruição do mundo, tanto de sua religião quanto de sua economia. E então diz:

Então, ouvi uma como voz de numerosa multidão, como de muitas águas e como de fortes trovões, dizendo: Aleluia! Pois reina o Senhor, nosso Deus, o Todo-Poderoso (Apocalipse 19:6)

E então descreve quem reinará:

Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça […] e seguiam-no os exércitos que há no céu, montando cavalos brancos, com vestiduras de linho finíssimo, branco e puro. Sai da sua boca uma espada afiada, para com ela ferir as nações; e ele mesmo as regerá com cetro de ferro… (Apocalipse 19:11, 14-15).

E então, apocalipse 20 descreve a prisão de Satanás para que não enganasse mais as nações, até que os mil anos se completassem. Essa é a duração do vindouro reino terrestre de Cristo quando Ele voltar. E diz:

Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos (Apocalipse 20:6).

Esse é o cumprimento do reino prometido. [Leia mais no sermão O reino milenar]

Isaías descreve:

Nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do Senhor será estabelecido no cimo dos montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão todos os povos. Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e a palavra do Senhor, de Jerusalém. Ele julgará entre os povos e corrigirá muitas nações; estas converterão as suas espadas em relhas de arados e suas lanças, em podadeiras; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra (Isaías 2:2-4)

No reino, haverá justiça perfeita, retidão, verdade, paz perfeita, bênção econômica, segurança etc. Daniel diz que Cristo virá para ser o Senhor daquele reino. Zacarias 14:9 diz que “o Senhor será Rei sobre toda a terra; naquele dia, um só será o Senhor, e um só será o seu nome”.

Não estamos aqui para tentar resolver os problemas de um mundo que jaz no maligno e condenado à destruição. Temos uma ordem para anunciar o evangelho, para alertar sobre a destruição que virá, porque é isso que está por vir.

Não estamos aqui para fazer parte de agendas do mundo. Qual seria o sentido de reorganizar as cadeiras no convés do Titanic? Ele afundaria de qualquer jeito. Este mundo condenado está caminhando para o desastre final e os homens maus ficarão cada vez piores. Não iremos resolver esse problema.

Em 2 Coríntios 6:17 diz: “Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei”. É uma repetição do que está escrito em Isaías 52:11 e 1 Crônicas 17:13.

Estamos indo para o reino! Isso deve produzir em nós imensa alegria. Por isso na sequência Paulo diz:

Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus (2 Coríntios 7:1).

As promessas são aquelas que estão descritas em 2 Cor. 6: 16-18. Com frequência a Bíblia nos ensina a agir conforme as promessas que nos foram dadas (ex. Rom. 12:1, 2 Pe. 1:3).

  • A palavra grega traduzida como “purifiquemo-nos” indica ser algo que cada cristão deve fazer em sua própria vida. E “impureza” aqui registrada tem o sentido de corrupção religiosa ou alianças profanas.
  • Ele diz: “purifique de toda impureza da carne e do espírito”. Ou seja, temos que evitar os perigos dos pecados carnais associados à falsa religião. Mas também não podemos expor nossas mentes ao falso ensino que podem introduzir contaminação com as ideologias e blasfêmias diabólicas.
  • O texto grego traduzido como “aperfeiçoando a nossa santidade” significa “concluir” ou “completar” a separação de tudo que corrompe o corpo e a mente. Ela só possível em Cristo, pois temos que buscá-lo intensamente.

Não precisamos de alianças com o mundo e Satanás para avançar o reino. Não temos um chamado para tornar as pessoas mais socialmente aceitáveis a caminho do inferno eterno. Nossa mensagem é: “Arrependa-se e creia no evangelho”.

A transformação do pensamento de Pedro

Por isso, o mesmo Pedro que não havia entendido o caminho da cruz que Cristo deveria seguir, e tentou afastá-la dele, declarou, de forma tremenda:

1 Pedro 1
18 Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram,
19 mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo,
20 conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós
21 que, por meio dele, tendes fé em Deus, o qual o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu glória, de sorte que a vossa fé e esperança estejam em Deus.
22 Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente,
23 pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente.
24 Pois toda carne é como a erva, e toda a sua glória, como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua flor;
25 a palavra do Senhor, porém, permanece eternamente. Ora, esta é a palavra que vos foi evangelizada.

E ele completa:

Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1 Pedro 2:9).

Isso é o que fazemos. Essa é a nossa missão neste mundo. Não estamos aqui para tentar ajudar a resolver os problemas insolúveis de um mundo que jaz no maligno. Um dia esses problemas serão resolvidos, quando o reino de retidão e justiça de Cristo se estabelecer.

Enquanto isso, não podemos fazer nada no sentido espiritual a não ser levar o evangelho que transforma o pecador.

E Pedro diz:

Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma, mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação. (1 Pedro 2:11,12).

Qual o dia da visitação? No Antigo Testamento significava uma aproximação de Deus a pessoas ou nações para juízo ou bênção (ex. Êxodo 32:34). No Novo Testamento, essa visitação fala de redenção (ex. Lucas 1:68; 7:16; 19:44).

Pedro estava ensinando que, quando a graça de Deus visita o coração de um incrédulo, esse incrédulo responde com fé salvadora e glorifica a Deus porque se lembra do testemunho de cristãos que ele observou. Aqueles que não creem terão a visitação da ira de Deus no juízo final.

Você vive uma vida proclamando as excelências daquele que o chamou das trevas para a Sua luz? Se você vive uma vida piedosa, as pessoas verão essa vida, ouvirão sua proclamação; e um dia, quando Deus os visitar, eles farão parte, juto com você, da família que será levada para a glória. É por isso que estamos aqui. Vamos orar.

Pai, nós Te agradecemos pela clareza com que Tua palavra fala. Nós Te agradecemos porque o chamado que temos é inconfundível. Pedro também disse: Não se deixe levar pelo erro de homens sem princípios e caia de sua própria firmeza; mas cresça na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A Ele seja a glória agora e no dia da eternidade. Amém.


Leia também:


Este texto é uma síntese do sermão “God’s Kingdom Is Not of This World”, de John MacArthur, em 7/2/2021

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/81-103/gods-kingdom-is-not-of-this-world

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


 

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