Felizes os Famintos de Justiça

Sermão do Monte – Marcas do Cristão

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos (Mateus 5:6)

Introdução

Mateus 5 a 7 traz o primeiro grande sermão do Senhor no Novo Testamento. O tema geral do Evangelho de Mateus é apresentar Cristo como rei, assim ele escreveu sobre esse manifesto do reino, as verdades sobre o reino deste rei e a natureza desse reino. É isso que diz respeito o Sermão do Monte.

No final do Sermão da Montanha, Mateus escreveu sobre a reação da multidão:

Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas (Mateus 7:28,29)

Os rabinos e os escribas sempre ensinavam citando alguém famoso. Jesus falou sem citar homens, sua autoridade resultava em palavras de um verdadeiro Rei.

O Sermão da Montanha é uma apresentação das condições para entrar no reino de Deus e descreve as características daqueles que estão em Seu reino. É um manifesto do reino.

E em Mateus 5: 1-12 temos o início do Sermão do Monte, as bem-aventuranças, onde ele diz quem são as pessoas que alcançam a plena felicidade. Jesus prometeu felicidade a seus discípulos, não uma felicidade mundana, mas algo profundo e intocável.

A palavra grega “makarios”, traduzida como “bem-aventurados” ou “felizes” refere-se a uma felicidade interior, um sentimento profundo e genuíno de bênção, uma felicidade que o mundo não pode oferecer. É uma felicidade que não pode ser produzida, tocada ou alterada pelo mundo e nem pelas circunstâncias.

Mas suas palavras chocaram a multidão, Jesus estava falando de uma felicidade que eles nunca tinham ouvido falar antes. Dizer, por exemplo, que os que choram são felizes, é ainda hoje algo que choca o senso comum.

Jesus expressou a condição necessária para entrar no reino, mas também são características daqueles que estão no reino. Ou seja, as bem-aventuranças fala de como você entra no reino e como você vive no reino.

Para alguém entrar no reino e enquanto vive do reino, cada um deve:

  • Ser humilde de espírito e continuamente reconhecer sua miséria espiritual.
  • Lamentar seus pecados e continuamente lamentando sua pecaminosidade.
  • Ser manso, não orgulhoso. E quanto mais contempla ao Senhor, a mansidão crescerá.
  • Ter fome e sede de justiça. E à medida que se alimenta da verdade, mais terá necessidade dela.

Esta é uma descrição de entrar e viver em Seu reino.

A 4ª bem-aventurança – A fartura para quem tem fome e sede de justiça

E agora vamos olhar especificamente para a quarta bem-aventurança: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos” (Mateus 5:6).

Essa bem-aventurança fala de um desejo muito forte pela justiça. Trata-se de uma forte ambição, mas de uma ambição saudável e santa.

Normalmente, a ambição está relacionada a desejos fortes pervertidos, como por exemplo:

1) Lúcifer tinha uma ambição destruidora. Ele disse: “Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono […] subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo” (Isaías 14: 13-14). Ele estava com fome e sede de poder. E Deus frustrou suas ambições lhe dizendo: “serás precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo do abismo” (Isaías 14:15).

2) Nabucudonosor foi um rei cheio de poder e conquistas. Ele desejou ser adorado e louvado, dizendo: “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder e para glória da minha majestade?” (Daniel 4:30). E então Deus lhe disse: “A ti se diz, ó rei Nabucodonosor: Já passou de ti o reino. Serás expulso de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo…” (Daniel 4:31,32).

3) Na parábola do rico insensato, Jesus relata a ambição de um homem como fome de riquezas. Esse homem, após construir grandes celeiros, diz: “Então, direi à minha alma: tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te” (Lucas 12:19). Mas Deus lhe disse: “Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lucas 12:20).

Todos eles eram ambiciosos tolos, que estavam famintos pela coisa errada. E o que Jesus ensina no Sermão do Monte é ambicionar a coisa certa, que produz frutos santos e eternos.

Assim como nosso corpo depende de comida e água, nossa vida espiritual depende da justiça. Você não pode viver fisicamente sem comida e água, e nunca viverá espiritualmente sem justiça. Par entrar no reino é necessário desejar a justiça, e essa fome e sede de justiça faz parte de toda a vida cristã.

O novo nascido não é ambicioso de coisas perecíveis, mas de coisas eternas. Ele crê naquilo que Jesus disse: “Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede […] quem comer este pão viverá eternamente” (João 6:35,58). Isaías escreveu:

Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom e vos deleitareis com finos manjares. (Isaías 55:1,2).

O coração do homem foi criado com fome de Deus, mas o homem tenta saciar essa fome com coisas falsas, com o lixo e com as bolotas que os porcos comem, como foi o caso do filho pródigo (Lucas 15:16). Por isso Deus disse a Israel:

Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas (Jeremias 2:13)

É tão triste ver as pessoas famintas e sedentas pelas coisas erradas. Estão famintas e sedentas de realizações, reconhecimento e alegria fugaz. E assim buscam prazeres egoístas, posses, poder e aplausos.

O filho pródigo ansiava pelo prazer, posses e fama, mas a fome e sede em sua alma o faz pensar: “Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome!” (Lucas 15:17). Ele decide ir a seu pai e dizer: “Pai, pequei contra o céu e diante de ti, já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores” (Lucas 15:18-19).

E ele voltou para a casa de seu pai e ele recebeu um banquete, e aquele banquete é uma figura de um banquete espiritual. O mundo em sua vida desenfreada tenta se encher com as bolotas dos porcos, com os prazeres do pecado, e termina absolutamente vazio. Aqueles que respondem ao Espírito de Deus vêm correndo de volta para o Pai e há uma festa para encher o coração vazio, a alma faminta e sedenta. João escreveu:

Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente (1 João 2:15-17).

Como esta bem-aventurança se encaixa com as outras?

Jesus começou as bem-aventuranças dizendo: “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mateus 5:3). Vimos, no sermão sobre essa bem-aventurança, que isso significa reconhecimento de falência espiritual, de que diante de Deus estamos absolutamente despidos e vazios. Que estamos perdidos, sem esperanças e que não podemos fazer nada para sair disso sozinhos.

Em seguida Jesus diz: “Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados” (Mateus 5:4). No sermão sobre essa bem-aventurança, vimos que  esse é o lamento diante de nossa falência espiritual.

E então Jesus diz: “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra” (Mateus 5:5). Vimos no sermão sobre essa bem-aventurança, que o manso diz: “Olhe para mim em comparação com Deus. Eu não sou nada”. O manso esmagou seu ego e tem o autocontrole assegurado pelo Espírito (Gálatas 5:23).

Quando você vê seu pecado, está quebrado e chora, terá uma atitude de mansidão diante de Deus. E em sua mansidão diante de Deus, você percebe que a única esperança que você tem de conhecer a justiça é buscá-la. Assim chegamos à quarta bem-aventurança: fome e sede de justiça.

Se você não tem fome e sede de justiça, você não é um cidadão do reino de Deus. O mundo corre atrás do dinheiro, materialismo, fama, popularidade e prazer. Mas nada disso produz a felicidade.

A real felicidade vem da humildade de espírito, do lamento, da mansidão, da fome e sede de justiça, de um coração misericordioso, limpo e pacificador e de viver plenamente como um cidadão do reino, a ponto de ser perseguido pelo mundo, mas sabedor do galardão eterno.

Os judeus se esforçavam para trazer o reino, mas eles não puderam entender que Jesus estava exatamente tratando da entrada e permanência no reino dos céus. O sermão do monte foi algo que contrariava e continua contrariando o pensamento comum 

Enquanto o mundo corre atrás de tudo, os verdadeiros cristãos estão fundamentados na promessa de Deus, crendo que herdarão todas as coisas. Jesus disse que os mansos herdarão a terra (Mateus 6:5).

Não se apegue às coisas do mundo, não seja possessivo. Diga assim: “Tudo que eu quero, oh Deus, é a Tua justiça, ser manso diante de Ti, ter o Teu reino nos Teus termos”. Por isso Jesus disse:

Não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal. (Mateus 6:31-34)

O que significa ter fome e sede nas bem-aventuranças?

O original grego não diz respeito a fome e sede normais durante o dia, mas de fome e sede desesperadoras, como de uma pessoa perdida no deserto há alguns dias sem água e comida. Jesus está falando de profunda sede e fome.

E essa fome e sede não é somente quando entramos no reino, mas é a nossa condição no reino, em todo tempo. Lucas registrou assim: “Bem-aventurados vós, os que agora tendes fome, porque sereis fartos” (Lucas 6:21). Ele coloca no tempo presente, no agora, mostrando que é algo contínuo no cristão.

A fome e sede de Justiça em Moisés

Moisés, quando esteve no deserto por 40 anos, Deus o chamou. E ele veio e viu Deus em uma sarça ardente. Ele viu a Shekinah de Deus brilhando na sarça e Deus lhe disse: “Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó”. Moisés escondeu o rosto, porque temeu olhar para Deus. (Êxodo 3:6).

Ele viu a mão de Deus nos milagres e nas pragas; Ele viu Deus quando Deus abriu o Mar Vermelho; Ele viu Deus enquanto os hebreus se moviam guiados pela Shekinah de Deus nos céus.

Durante o dia o Senhor ia adiante deles, numa coluna de nuvem, para guiá-los no caminho e, de noite, numa coluna de fogo, para iluminá-los, e assim podiam caminhar de dia e durante a noite (Êxodo 13:21).

Moisés era continuamente saciado de sua fome e sede por Deus, pois “falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala a seu amigo” (Êxodo 33:11).

Mas a fome e sede de Moisés por Deus era contínua, a ponto de ele fazer um pedido especial a Deus: “Rogo-te que me mostres a tua glória” (Êxodo 33:18). E Deus responde:

Farei passar toda a minha bondade diante de ti […] não me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá […] eis aqui um lugar junto a mim; e tu estarás sobre a penha. Quando passar a minha glória, eu te porei numa fenda da penha e com a mão te cobrirei, até que eu tenha passado. Depois, em tirando eu a mão, tu me verás pelas costas; mas a minha face não se verá (Êxodo 33: 19-23).

Quanto mais o cristão contempla a glória de Deus, mas ele vai desejar contemplar essa glória. A fome e sede de justiça é uma marca do verdadeiro cristão.

A fome e sede de Justiça em Davi

Davi, o homem segundo o coração de Deus (Atos 13:22), andou em íntima comunhão com Deus. Ele disse:

O Senhor é o meu pastor; nada me faltará. Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso; refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome. (Salmos 23: 1-3)

No Salmos 63 ele disse:

Ó Deus, tu és o meu Deus, de madrugada te buscarei; a minha alma tem sede de ti; a minha carne te deseja muito em uma terra seca e cansada, onde não há água (v.1)

Paulo escreveu:

E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo […] para conhecê-lo, e à virtude da sua ressurreição, e à comunicação de suas aflições, sendo feito conforme à sua morte (Filipenses 3:8,10).

Pedro escreveu:

Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém. (2 Pedro 3:18)

O cristão genuíno tem mais fome e sede da justiça de Deus à medida que o tempo passa. E no futuro ele terá mais do que no tempo presente. Assim será até o dia da glorificação.

O que é essa justiça da qual temos fome e sede?

Amós disse que o mundo anseia pelo pó da terra (Amós 2:7). Isso é muito estúpido, mas é assim que o ímpio vive. Ele deseja a felicidade.

Isso é como um homem com uma doença terrível e que quer apenas ser aliviado de sua dor, mas não se preocupa com a cura da doença. Assim é a humanidade caída.

Mas a felicidade verdadeira é consequência de ter fome e sede de justiça. A única felicidade real na vida é estar reconciliado com Deus. Primeiro de tudo, salvação e segundo, santificação.

Alguém que tem fome e sede de justiça, antes de tudo, busca a salvação. A justiça que vem quando cremos, que nos é dada em Cristo.

O pecador arrependido vê seu pecado, sua rebelião e sua separação de Deus, assim ele reconhece sua miséria espiritual e lamenta. Torna-se uma pessoa mansa, com o ego esmagado, tendo fome e sede da justiça que vem na salvação.

É um desejo de ser livre de si mesmo, de ser livre do poder, da presença e da penalidade do pecado. É assim que inicia a salvação.

Em muitas passagens do Antigo Testamento justiça é sinônimo de salvação. Por exemplo, Isaías repetidamente iguala justiça com a salvação. Por exemplo, Isaías diz isso nos capítulos 45, 46, 51, 56 e 61. Ele vê a justiça como um dom de Deus que vem na salvação.

Então, o que diríamos então? Podemos colocar “salvação” como uma palavra substituta. “Bem-aventurados os que têm fome e sede de salvação”.

Quando um homem abandona toda esperança de se salvar por sua própria justiça, começa a ansiar por uma salvação que só pode vir das mãos de Deus, então ele conhecerá a felicidade.

Em outras palavras, Jesus disse: “Até que você esteja quebrado com fome e sede de justiça, você nunca saberá o que é ser feliz”. Jesus estava isso aos judeus que pensavam que eram justos, que pensavam que a santidade era um cumprimento de regras. Mas Jesus lhes disse:

Se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus (Mateus 5:20)

As bem-aventuranças olha para o interior e não para o exterior do homem. E quando o homem está desprovido de seus recursos e tem fome e sede de salvação, então ele será saciado.

E uma vez que o pecador é salvo, ele nunca deixa de ter fome e sede. A realidade do verdadeiro cristão é ter fome e sede de santificação continuamente, de forma crescente. Esta é uma marca de um cristão, que deseja chegar ao pleno conhecimento do Filho de Deus e à medida da estatura da plenitude de Cristo (Efésios 4:13).

Os filhos do reino nunca param de ter fome e sede de justiça. Por isso Paulo escreveu:

E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, para aprovardes as coisas excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo, cheios do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus. (Filipenses 1:9-11)

O Cristão busca a totalidade da justiça, e não uma parte dela, para ser como Cristo. O texto grego traduzido como “fome e sede”, não tem o sentido de uma sede que pode ser saciada com um ou dois copos de água ou uma fome que pode ser saciada com uma boa refeição.

O sentido do texto grego é de uma fome e de uma sede que anseia por suprimentos ilimitados, como se toda a água e comida do mundo não fossem suficientes para saciar a sede e a fome. É assim que o cristão deseja a justiça, ele não quer apenas uma parte, mas ao contemplar Cristo, ele anseia ser como seu Senhor. Davi escreveu:

Eu, porém, na justiça contemplarei a tua face; quando acordar, eu me satisfarei com a tua semelhança (Salmos 17:15).

Os judeus ansiavam ouvir: “Bem-aventurados os que possuem justiça”. Eles teriam dito: “Oba! Somos nós”. Mas Jesus os desapontou dizendo: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça”. Em outras palavras, as pessoas que pensam que estão fartas de justiça não são abençoadas, já os desesperados por justiça são bem-aventurados.

Qual é o resultado dessa bem-aventurança?

Primeiro Ele diz: “Bem-aventurados”, e por último Ele diz: “eles serão fartos”. A palavra grega traduzida como “fartos” significa “estar absolutamente satisfeito”. Satisfeito com o quê? Com a justiça.

Não é um paradoxo fabuloso? Você está satisfeito, mas sempre com fome e sede daquilo que satisfaz. Essa justiça é tão desejável que sempre desejamos mais. O Salmista escreveu:

A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos. O temor do Senhor é límpido e permanece para sempre; os juízos do Senhor são verdadeiros e todos igualmente, justos. São mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos. (Salmos 19:7-10)

Desde a salvação o Senhor sempre enche aqueles que o busca e que ama Sua vontade. Quando buscamos a justiça de Deus, Ele a concede.

A primeira vez que buscamos Sua justiça na salvação, você conseguiu. E então todos os dias depois que você buscou Sua justiça, quando você procurou fazer Sua vontade, cumprir o bom prazer de Sua vontade, obedecer, viver Sua justiça, Ele concedeu esse desejo. Ele te enche.

  • [O Senhor] fartou a alma sedenta e encheu de bens a alma faminta (Salmos 107:9)
  • O Senhor é o meu pastor; nada me faltará (Salmos 23:1)
  • … o meu povo se fartará com a minha bondade, diz o Senhor (Jeremias 31:14)
  • Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede (João 6:35)

Há uma bendita insatisfação que somente será satisfeita completamente quando virmos o Senhor Jesus Cristo. Quem está no reino tem uma ambição consumidora, não por poder, prazer, posses ou louvor, mas por justiça.

Como posso saber se estou realmente faminto e sedento de justiça?

1) Você está insatisfeito consigo mesmo? Você está insatisfeito consigo mesmo?

Pergunte a si mesmo isso. Você é capaz de dizer: “Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte” (Rom. 7:24)?

Ou você é tão hipócrita que acha que todo mundo está errado e você está certo? Se há em você algum sentimento de satisfação, eu me pergunto se você sabe o que é ter fome e sede de justiça.

O faminto e sedento de justiça sempre está insatisfeito consigo mesmo. É uma marca de alguém de quem tem fome e sede de justiça. E não importa o quão bom eles possam parecer, eles estão insatisfeitos.

2) Alguma coisa externa o satisfaz?

Pergunte a si mesmo isso. Você acha que as coisas deste mundo têm influência sobre como você se sente? Sente que as coisas vão melhor em sua vida se você comprar algo novo?

A fome de justiça não será saciada com nada mais. Você pode trazer belas flores para um homem faminto, isso não o satisfará, ele quer comida. Você pode tocar uma bela melodia ao sedento, mas o que ele quer é água.

Quem tem fome e sede de justiça não ficará satisfeito com qualquer outra coisa a não ser a justiça. O salmista escreveu: “Se a tua lei não fora toda a minha alegria, há muito que teria perecido na minha angústia” (Salmo 119:92).

3) Você tem um grande apetite pela Palavra de Deus?

Se você está faminto e sedento de justiça, você terá tanto apetite pela Palavra de Deus, que você a devorará. Não é necessário convencer um faminto a comer ou um sedento a beber água.

Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração” (Jeremias 15:16).

Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, o seu prazer está na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. (Salmos 1:1,2)

4) As coisas de Deus são doces desejáveis a você?

Quando Deus está realizando seu propósito podemos passar por provações, disciplinas, processos dolorosos de santificação etc. A Escritura diz: “A alma farta pisa o favo de mel, mas à alma faminta todo amargo é doce” (Provérbios 27:7).

Thomas Watson escreveu: “Aquele que tem fome e sede de justiça pode se alimentar da mirra do evangelho, bem como do mel”. O salmista escreveu que os juízos do Senhor “são mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos” (Salmos 19:10). Há uma promessa tremenda:

Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade. Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça. (Hebreus 12:10,11)

5) Sua fome e sede de justiça é incondicional?

Se você realmente tem fome e sede de justiça, ela será incondicional. Jesus se deparou com um homem que queria entrar no reino. Ele estava disposto até certo ponto, mas veja o que aconteceu:

Vai, vende os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me. Tendo, porém, o jovem ouvido esta palavra, retirou-se triste, por ser dono de muitas propriedades (Mateus 19:21,22)

Ele estava com fome, mas sua fome era condicional. Muitos querem Cristo e o pecado, Cristo e o mundo, Cristo e o orgulho, Cristo e a cobiça, Cristo e o materialismo etc. Eles não estão famintos e sedentos de justiça.

E então, depois desses testes, você pode se considerar uma pessoa que tem fome e sede de justiça? Isaias escreveu:

Através dos teus juízos, Senhor, te esperamos; no teu nome e na tua memória está o desejo da nossa alma. Com minha alma suspiro de noite por ti e, com o meu espírito dentro de mim, eu te procuro diligentemente; porque, quando os teus juízos reinam na terra, os moradores do mundo aprendem justiça. Ainda que se mostre favor ao perverso, nem por isso aprende a justiça; até na terra da retidão ele comete a iniquidade e não atenta para a majestade do Senhor (Isaías 26:8-10)

As virgens sábias tiveram seu óleo antes que o noivo chegasse. Eles tiveram sede e se prepararam desde cedo (Mateus 25: 1-12). Tenha sede agora e seja saciado. Jesus disse: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora” (Mateus 25:13).

Vamos orar

Pai, obrigado por nossa comunhão santa neste dia. Obrigado por falar conosco através de  Sua Palavra e de como o Espírito Santo toma essas verdades e e as aplica a nós. Senhor, faz de nós aqueles que têm fome e sede.

E se alguém aqui nunca teve fome e sede de justiça, que este seja o momento de salvação. Pelo Teu Espírito, liberte o domínio do pecado. Que eles sejam quebrantados de espírito, que lamentem sua miséria espiritual, sejam feitos mansos e que busquem a justiça que só Tu podes dar. E que saibam que sem justiça, nenhum homem pode ver Deus.

E Pai, há alguns que precisam buscar a justiça na santificação. Alguns de nós tornam-se tão presunçosos e tão contentes que achamos que temos tudo. Ajude-nos a saber que essa fome e sede nunca terminam. Ajude-nos a viver com corações famintos e sedentos para buscar cada vez mais a tua justiça, para crescermos em santidade até que finalmente sejamos como Cristo quando O virmos face a face. Nós te adoramos em nome de Cristo. Amém.


Esta é uma série de  sermões de John MacArthur sobre o Sermão da Montanha

Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos já publicados desta série

Clique aqui e veja também o índice com os links dos sermões traduzidos sobre o Evangelho de Mateus


Este texto é uma síntese do sermão “Happy Are the Hungry”, de John MacArthur em 22/10/1978.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/2201/happy-are-the-hungry

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


 

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