O Poder Absoluto de Jesus – 2

 


Este é o segundo sermão sobre Marcos 5:1-20, quando Jesus liberta um homem possesso por uma legião de demônios, logo após a travessia do Mar da Galileia, em que ordenou que o vento e o mar se aquietassem. Recomendamos a leitura prévia do primeiro sermão.


Continuamos agora o sermão anterior, onde começamos a ver Marcos 5:1-20, um dos incidentes mais importantes do ministério terreno de Jesus, no qual, mais uma vez demonstrou cabalmente Sua divindade, quando muitos demônios que possuíam um homem se prostraram diante Dele, não em adoração, mas aterrorizados por saber quem Ele é.

Como sempre falamos, os Evangelhos foram escritos para demonstrar que Jesus é o Filho de Deus, o Senhor, o Messias e Salvador. Marcos inicia seu Evangelho dizendo: “Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (Marcos 1:1). O apóstolo João disse que os atos de Jesus “foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (João 20:31).

Para provar que, de fato, é o Filho de Deus, Jesus deveria exercer plena e soberana autoridade sobre a criação, sobre o mundo natural e espiritual. Ele deveria falar e fazer o que jamais outro homem poderia falar ou fazer em Seu lugar.

  • Os guardas enviados pelos sacerdotes para tentar prendê-Lo antes do tempo determinado por Deus, voltaram atônitos e dizendo: “Ninguém jamais falou como este Homem!” (João 7:46).
  • Um dos mestres da lei, impressionado com os sinais que Jesus operava, disse-lhes: “Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele” (João 3:2).
  • O centurião romano, ao ver os acontecimentos na cena da crucificação, bradou: “Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus” (Marcos 5:39).
  • Diante da cena de Jesus andando sobre as águas, cessando o vento e resgatando Pedro, os discípulos disseram: “Verdadeiramente Tu és o Filho de Deus” (Mateus 14:32).
  • Após o Sermão do Monte, Mateus relata que “estavam as multidões atônitas com o seu ensino. Porque Ele as ensinava como quem tem autoridade, e não como os mestres da lei” (Mateus 7:28-29).
  • Em João 6, quando Jesus alimentou uma multidão com 5 pães e 2 peixes, a multidão encantada queria fazê-Lo Rei, mas Jesus ocultou-se dela, pois bem sabia os motivos carnais daquelas pessoas.
  • A ressurreição de Lázaro (João 11) causou tanto impacto, que marcou o início do processo de Sua prisão e morte. A liderança religiosa se reuniu e disse: “Aí está esse homem realizando muitos sinais miraculosos. Se o deixarmos, todos crerão nele…” (João 11:47-48). E o versículo 53 diz que naquele dia decidiram mata-Lo.

Antes de deparar com esse homem possesso, os discípulos testemunharam a autoridade de Jesus sobre o vento e a água, durante a travessia do Mar da Galileia. Marcos 4:41 diz que eles foram tomados de grande temor e exclamaram: “Quem é este homem, que até o vento e o mar lhe obedecem?”. Eles sabiam que se tratava do Filho de Deus.

O Messias, o Filho de Deus, também deveria ser capaz de subjugar os demônios e Satanás. Nesta série sobre o Evangelho de Marcos já vimos como Jesus confrontou e subjugou demônios em várias ocasiões, quando eles reconheceram que Jesus é o Filho de Deus (Marcos 1:32; 3:11). Ele também já havia demonstrado Seu poder quando Satanás O tentou no deserto. Os agentes das trevas sempre sucumbiram diante Dele.

1 João 3:8 diz: “Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo”. Isso faz parte do propósito divino. Em Lucas 11:20, Jesus disse: “Se, porém, eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente, é chegado o reino de Deus sobre vós”.

Por que Jesus disse “pelo dedo de Deus”? É uma referência a Êxodo 8:19, quando os magos do Egito sucumbiram e disseram a Faraó: “Isto é o dedo de Deus”, não podendo reproduzir os sinais operados por Deus. “Dedo de Deus” aqui é o mesmo que o “poder de Deus”.

E o relato em Marcos 5:1-20, também registrado em Mateus 8 e Lucas 8, é o mais significativo incidente que demonstra a total autoridade de Jesus sobre os demônios.

Marcos 5
1 E chegaram à outra margem do mar, à terra dos gerasenos.
2 Ao desembarcar, logo veio dos sepulcros, ao seu encontro, um homem possesso de espírito imundo,
3 o qual vivia nos sepulcros, e nem mesmo com cadeias alguém podia prendê-lo;
4 porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram quebradas por ele, e os grilhões, despedaçados. E ninguém podia subjugá-lo.
5 Andava sempre, de noite e de dia, clamando por entre os sepulcros e pelos montes, ferindo-se com pedras.
6 Quando, de longe, viu Jesus, correu e o adorou,
7 exclamando com alta voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te por Deus que não me atormentes!
8 Porque Jesus lhe dissera: Espírito imundo, sai desse homem!
9 E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião é o meu nome, porque somos muitos.
10 rogou-lhe encarecidamente que os não mandasse para fora do país.
11 Ora, pastava ali pelo monte uma grande manada de porcos.
12 E os espíritos imundos rogaram a Jesus, dizendo: Manda-nos para os porcos, para que entremos neles.
13 Jesus o permitiu. Então, saindo os espíritos imundos, entraram nos porcos; e a manada, que era cerca de dois mil, precipitou-se despenhadeiro abaixo, para dentro do mar, onde se afogaram.
14 Os porqueiros fugiram e o anunciaram na cidade e pelos campos. Então, saiu o povo para ver o que sucedera.
15 Indo ter com Jesus, viram o endemoninhado, o que tivera a legião, assentado, vestido, em perfeito juízo; e temeram.
16 Os que haviam presenciado os fatos contaram-lhes o que acontecera ao endemoninhado e acerca dos porcos.
17 E entraram a rogar-lhe que se retirasse da terra deles.
18 Ao entrar Jesus no barco, suplicava-lhe o que fora endemoninhado que o deixasse estar com ele.
19 Jesus, porém, não lhe permitiu, mas ordenou-lhe: Vai para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti.
20 Então, ele foi e começou a proclamar em Decápolis tudo o que Jesus lhe fizera; e todos se admiravam.

Parte do ministério terreno de Jesus foi para demonstrar o poder de Deus sobre o mundo das trevas e seu poder devastador. Embora a possessão demoníaca já existisse há muito tempo, como em Gênesis 6, durante a vida de nosso Senhor Jesus Cristo na Terra a possessão demoníaca tornou-se amplamente manifesta, fruto de um explosivo conflito que os demônios travaram contra Jesus e do poder que Jesus tinha sobre eles.

Revisão do primeiro sermão: O poder destrutivo dos demônios

Com isso em mente, como vimos no sermão anterior, os sete primeiros versículos de Marcos 5, logo após a travessia do Mar da Galileia, quando Jesus repreendeu o mar e o vento, retratam o poder devastador dos demônios. Ao chegar do outro lado do mar, os discípulos talvez tenham pensado que ali seria um tempo de descanso para Jesus. Mas, Jesus sabia que não seria essa a realidade.

Logo que Jesus e os discípulos chegaram à terra dos gesarenos, nas descrições de Marcos e Lucas, Jesus se deparou com um homem possesso por muitos demônios, que vivia nos túmulos, sobrenaturalmente forte, feroz, violento e incontrolável, depravado, que vivia uma insônia radical, que se feria com pedras para tentar tirar sua própria vida e que era temido, ao ponto de as pessoas evitarem passar próximo ao local em que vivia.

Ele desceu a montanha para atacar, mas ao ver Jesus curvou-se diante Dele, não para adorá-Lo, mas por saber que estava diante do Filho de Deus, a quem jamais poderia vencer. E foi tanto o desespero dos demônios, que um deles diz: “Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te por Deus que não me atormentes!” (Marcos 5:7). Em Mateus 8:29, ele diz: “Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?” e Lucas 8:31 diz que eles “rogavam-lhe que não os mandasse sair para o abismo”.

Ou seja, eles sabiam que estavam diante Daquele que os amarrará no Milênio e os enviará ao abismo, e no fim do Milênio, os lançará no lago de fogo. Eles alegam: “Olha, ainda não é o tempo, não nos perturbe agora com coisas que acontecerão na Sua Segunda Vinda, não temos nenhum negócio contigo agora”.

Eu já disse isso antes, vou dizer de novo: a teologia dos demônios é ortodoxa. Eles sabem que Deus é um Deus Trinitário. Eles têm uma cristologia ortodoxa, eles sabem que Jesus Cristo é o Filho do Deus vivo. Eles têm uma escatologia ortodoxa; eles entendem que há um cronograma futuro no qual eles serão enviados para o lago de fogo. E aqui eles alegam exatamente que ainda não era o tempo.

Eles queriam continuar atuando naquela região gentia cheia de ídolos e religiões falsas. E o poder devastador dos demônios ficou bem evidenciado na situação deplorável daquele homem possesso.

O poder libertador da divindade

Mas, a partir de Marcos 5:8, temos em evidência o poder libertador da divindade. Jesus deu uma ordem: “Espírito imundo, sai desse homem!”. Essa ordem foi dirigida ao porta voz da legião que estava naquele homem. No verso 9, Jesus perguntou qual era o nome dele, um dos demônios respondeu: “Legião é o meu nome, porque somos muitos”.

Legião não é um nome, é uma designação militar. E uma legião romana tinha até seis mil soldados. Jesus exige que ele manifestasse isso para demonstrar publicamente Sua absoluta autoridade sobre os demônios. Uma coisa é expulsar um demônio de uma pessoa, outra coisa é lidar com milhares de demônios com uma simples ordem.

Eles não queriam sair daquele homem e não queriam ser enviados para o abismo. Sem alternativas, diante da autoridade de Jesus, “rogou-lhe encarecidamente que os não mandasse para fora do país” (Marcos 5:10).

Eles estavam em um território gentio cheio de várias religiões criadas por demônios e permeado de doutrinas de demônios. Eles queriam permanecer por lá e continuar a operar por ali. Eles haviam dito a Jesus que ainda não era hora de seu tormento eterno. Então, eles elaboram um plano:

Ora, pastava ali pelo monte uma grande manada de porcos. E os espíritos imundos rogaram a Jesus, dizendo: Manda-nos para os porcos, para que entremos neles. (Marcos 5:11-12)

Havia ali criação de porcos, isso nos lembra novamente que estamos em território gentio, judeus não criavam porcos. E o verso 13 diz que havia naquela manada 2.000 porcos.

Você diz: “Por que eles queriam ir para os porcos?” Não sei. Não conheço nenhum demônio para saber suas motivações. Não tenho ideia do motivo, exceto que eles queriam liberdade para causar danos.

Você diz: “É possível que um animal esteja possuído por demônios?”. Sim. Um animal não tem personalidade, eles têm cérebro e comportamentos que os demônios podem dominar. E a própria ação dos porcos, como veremos em um momento, indica o que os demônios podem fazer isso. Eles criam o caos. Eles removem o instinto normal e a contenção normal que até os animais têm, e criam resultados violentos e mortais.

Você diz: “Os demônios imploraram por misericórdia?” Não foi apenas um simples pedido. Eles sabiam que Jesus tinha poder e autoridade para mandá-los para o abismo, caso desejasse. Eles fazem um pedido desesperado.

Lamentavelmente, há pessoas que se dizem cristãs, inclusive alguns pregadores, que pensam que Deus está em algum tipo de luta com os poderes do inferno, e que às vezes Satanás vence, às vezes Deus vence. Isso é um completo absurdo. Em qualquer momento, Deus poderia aprisionar todos os demônios em cadeias, conforme relato de apocalipse 20. O fato de Deus não fazer isso agora indica que eles servem a um propósito divino.

  • Satanás agiu contra Jó dentro dos limites permitidos por Deus. E, depois de tudo, Jó disse a Deus: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem” (Jó 42:5).
  • Paulo disse que “foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim” (2 Coríntios 12:7-8). Mas Deus disse a Paulo: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Coríntios 12:9).

E o que isso produziu na vida de Paulo?

Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte (2 Coríntios 12:10).

  • Em Lucas 22:33, Pedro, confiante em sias próprias forças, disse a Jesus: “Senhor, estou pronto a ir contigo, tanto para a prisão como para a morte”. Mas Jesus havia dito: “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo!” (Lucas 22:31). Jesus refere-se a todos. Mas, diz precisamente a Pedro: “roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos” (Lucas 22:32). Ou seja, as provações perturbadoras que viriam sobre Pedro iriam refiná-lo para propósitos divinos.

Deus tem Seus propósitos. Ele poderia interromper toda a operação satânica instantaneamente, amarrar todos eles ou jogá-los no abismo imediatamente. Mas, Ele tem Seus propósitos. Ele deixa o mal seguir seu curso completo, porque Lhe traz glória. Ele traz à tona a maravilha de Sua graça e a maravilha de Sua ira. Tudo tem o tempo perfeitamente determinado por Deus. E assim, Marcos 5:13 diz:

Jesus o permitiu. Então, saindo os espíritos imundos, entraram nos porcos; e a manada, que era cerca de dois mil, precipitou-se despenhadeiro abaixo, para dentro do mar, onde se afogaram.

A destruição foi muito rápida. Nem Mateus, nem Marcos e nem Lucas comentam sobre o motivo disso, mas podemos ver que Jesus fez uma demonstração visível de Sua capacidade de libertar uma pessoa de milhares de demônios, provou Sua autoridade e poder sobrenatural e exibiu os propósitos destrutivos dos demônios. Eles provavelmente concluiriam que dois mil porcos valem mais do que um homem.

Isso não destruiu todo o rebanho, os proprietários apenas tiveram uma venda prematura de carne de porco. Marcos 5:14 diz que “Os porqueiros fugiram e o anunciaram na cidade e pelos campos”. Eles saíram pela região divulgando o que havia acontecido ali.

Marcos 5:14 diz: “Então, saiu o povo para ver o que sucedera”. Mateus 8:34 diz que “a cidade toda saiu para encontrar-se com Jesus”. Todos ficaram perplexos com a cena descrita em Marcos 5:15, que diz:

Indo ter com Jesus, viram o endemoninhado, o que tivera a legião, assentado, vestido, em perfeito juízo; e temeram.

O homem feroz e indomável ficou em perfeito juízo, inofensivo, vestido, em paz, sereno não mais entre os mortos, mas entre os vivos. E os porcos mergulhados no mar. Foi uma cena incompreensível para eles. Eles temeram muito.

O que assustou o povo daquela região? Eles ficaram com medo de Jesus. Eles sabiam que estavam diante de poderes espirituais e sobrenaturais maiores do que qualquer coisa que já tinham visto. É o mesmo temor que as pessoas tiveram em toda a Escritura quando diante da presença de Deus. Algo como Pedro disse: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!” (Lucas 5:8). Momento antes, quando Jesus ordenou que o vento e o mar se aquietassem, os discípulos ficaram “possuídos de grande temor” (Marcos 4:41).

É aterrorizante estar na presença do poder divino. Os discípulos ficaram assustados depois que a tempestade acalmou, com medo da presença de Cristo, porque sabiam que estavam diante da santidade de Deus. E assim foi com esses pagãos gentios. Eles sabiam que estavam na presença de alguém que é sobrenatural, que é divino; e eles estavam, e com razão, assustados.

Vimos o poder destrutivo dos demônios e o poder libertador da divindade. Veremos agora o poder condenatório da depravação.

Muitos acreditam que esse tipo de milagre causaria um reavivamento. Muitos consideram que as pessoas iriam querer conhecer Jesus após testemunharem um sinal tão notório, convincente, poderoso e transformador. Porém, Marcos 5:17 diz que o povo começou a suplicar a Jesus que saísse do território deles. Em outras palavras, eles disseram: “Vá embora daqui”.

Em vez de querer ouvir mais, suas almas depravadas e endurecidas pelo pecado viram Jesus como alguém muito mais perigoso para eles do que este lunático feroz, pervertido e todos os demônios que estavam nele. Eles tinham mais medo da presença de Deus do que da presença de Satanás. Eles se sentiam confortáveis, até certo ponto, com Satanás.

Não há uma só palavra de agradecimento pela libertação do terror deste homem violento. Não há uma expressão de alegria. Eles preferiam ser aterrorizados por Satanás do que temerem a Deus, porque Satanás não interfere em seu comportamento pecaminoso. Essa é a natureza da depravação; é assim que todos os pecadores são. É mais confortável estar na presença do mal do que estar na presença da justiça.

Essa é uma das razões pelas quais o mundo odeia os cristãos. As enormes forças do mal são mais bem-vindas do que o grande poder de Deus. Um filho de Satanás é muito mais bem-vindo do que um Filho de Deus. Esse é o poder mortal da depravação para condenar o pecador. E você pode fazer um milagre acima de qualquer explicação, e esse milagre com todo o seu poder não pode vencer a descrença, não pode mudar o coração.

Veja a resposta não apenas desses gentios, mas a resposta de toda a nação de Israel. O que eles disseram? “Fora! Fora! Crucifica-o… Não temos rei, senão César!” (João 19:15). Ou as chocantes palavras: “Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos!” (Mateus 27:25). Por isso Jesus disse:

O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más. (João 3:19)

Romanos 3:10-12 diz:

Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.

A pregação da cruz para eles é tolice. “O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (I Cor. 2:14). O mundo jaz sob o poder do príncipe do ar, movido pela concupiscência da carne, dos olhos e soberba da vida (I João 2:15-17).

Por mais poderoso que seja um milagre, o poder da depravação é mais forte. O milagre não quebrantará o coração duro, como ficou evidente em todo o ministério terreno de Jesus. Tem que haver outro milagre operado, e esse é o poder regenerador de Deus sobre seus escolhidos: “Darei a vocês um coração novo e porei um espírito novo em vocês; tirarei de vocês o coração de pedra e, em troca, darei um coração de carne” (Ezequiel 36:26).

Eles não queriam Jesus por perto. Eles não queriam Sua presença santa. Marcos 5:18 diz que em sequência Jesus retornou ao barco. Que cena triste. O Senhor voltou ao barco para ir embora. Que oportunidade, que demonstração da miséria, da cegueira e da morte do coração humano. Lucas 8:37 sintetiza essa triste cena:

Todo o povo da circunvizinhança dos gerasenos rogou-lhe que se retirasse deles, pois estavam possuídos de grande medo. E Jesus, tomando de novo o barco, voltou.

Os frutos de alguém liberto pelo poder de Deus

Por outro lado, o mesmo versículo diz: “O homem que estivera endemoninhado suplicava-lhe que o deixasse ir com ele”. Este homem não queria viver mais um dia sem Jesus. Provavelmente, houve mais conversa entre eles. Agora, ele se tornou um discípulo de Jesus Cristo. Aquela alma atormentada nasceu de novo e desejava estar com alguém que é santo. Ele queria estar entre os vivos e não mais entre os mortos. Isso é um discípulo.

E Jesus não permitiu, e respondeu-lhe: “Vá para casa, para a sua família e anuncie-lhes quanto o Senhor fez por você e como teve misericórdia de você” (Marcos 5:19). Esse foi o primeiro pregador que Jesus enviou em Seu ministério terreno. Aquele homem se tornou o primeiro missionário do evangelho. E ele recebeu a incumbência de anunciar as obras de Deus no meio de seu próprio povo.

Isso é tão maravilhoso! O que é necessário para testemunhar do poder de Cristo? O fato de que Ele trabalhou na sua vida. Desde o momento da sua conversão e transformação, você herdou imediatamente a responsabilidade de proclamar o nome de Cristo.

A prova da verdadeira fé é a obediência. Em João 14:21, Jesus disse: “aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele”. E como um verdadeiro discípulo, qual foi a reação daquele homem ao receber a ordem de Jesus?

Então, aquele homem se foi e começou a anunciar em Decápolis quanto Jesus tinha feito por ele. Todos ficavam admirados (Marcos 5:20)

Então, foi ele anunciando por toda a cidade todas as coisas que Jesus lhe tinha feito (Lucas 8:39).

Decápolis era uma região de dez cidades na fronteira oriental do Império Romano na Judeia e Síria. Cada uma delas possuía a própria administração, eram independentes e autônomas, e eram ligadas entre si por uma aliança. E aquele homem passou a proclamar a glória de Deus nessas dez cidades. Esse foi o resultado do poder libertador de Cristo em um homem feroz, violento, depravado e letal.

Seu ministério teve algum efeito? Mais tarde, Marcos 7:31 diz que Jesus “saiu dos arredores de Tiro e atravessou Sidom, até o mar da Galileia e a região de Decápolis” e ali havia uma multidão a espera dele (Marcos 7:33 e 8:1). Ou seja, consequência do que está relatado em Marcos 5:20, que diz: “aquele homem se foi e começou a anunciar em Decápolis quanto Jesus tinha feito por ele. Todos ficavam admirados”.

Aquele homem teria todos os motivos humanos para não obedecer a ordem de Jesus, pois sua reputação era terrível. Isso é graça sobre graça. O novo nascimento operado pelo poder de Deus muda tudo. E ele foi obediente. Vamos orar.

Pai, que bênção tremenda estar, no lado oriental do lago, ser testemunha ocular pelas Escrituras desta ocasião incrível. Quão maravilhoso é ver a gloriosa misericórdia de Cristo para esta alma horrivelmente torturada, e vê-lo se tornar o primeiro missionário no Novo Testamento, enviado por Jesus. Que misericórdia e que graça! E que fidelidade ele exibiu, de modo que nas pessoas daquela região houve disponibilidade para receber Jesus quando Ele chegou por lá.

Lembre-nos de nossa responsabilidade. E não podemos fugir dela dizendo que realmente não sabemos o suficiente. Se sabemos o suficiente para sermos salvos, sabemos o suficiente para dizermos a outra pessoa como ser salvo. Torne-nos fiéis a esse respeito.

Mais uma vez, agradecemos por este magnífico retrato da glória de nosso Cristo. Ele é sempre mais maravilhoso para nós, mais surpreendente, mais impactante, mais glorioso a cada vislumbre. Que possamos demonstrar nosso apreço e nosso amor por Ele em nossa fidelidade, pelo que oramos, amém.


Esta é um série de dois sermões:


Esta é uma série de  sermões de John MacArthur sobre o Evangelho de Marcos

Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos já publicados desta série


Este texto é uma síntese do sermão “Dominating Powers, Part  2”, de John MacArthur em 10/01/2010

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/41-23/dominating-powers-part-2

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


 

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