Juízo do Grande Trono Branco -3

 


Este é o sétimo de uma série de sermões de John MacArthur sobre o Reino Milenar de Cristo e o juízo do grande trono branco (Apocalipse 20). Clique aqui e veja os links dos outros já publicados.


Vamos agora completar a série sobre o Juízo do Grande Trono Branco. Será um acontecimento poderoso e assustador, o julgamento final de todos os ímpios de todos os tempos.

Apocalipse 20
11 E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para eles.
12 E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras.
13 E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras.
14 E a morte e o hades foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte.
15 E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo.

Todas as religiões falam de uma punição após a morte.

  • Uma vertente do islamismo trata de um lugar onde os descrentes caem, e ali há sete graus de punição, incluindo ser assado, fervido e afligido com pus.
  • Outro ensinamento islâmico diz que os ímpios serão queimados até que suas peles sejam destruídas, momento em que receberão novas peles para que o processo possa ser repetido.
  • O budismo menciona muitos infernos a serem enfrentados em uma jornada desagradável em direção ao Nirvana, uma espécie de estado de inexistência bem-aventurada.
  • No ensino dos budistas clássicos há sete infernos em chamas, cada um cercado por câmaras de tortura, que incluem poços de fogo e atoleiros, enquanto outras versões do inferno falam de infernos frios, que têm punições menos traumáticas para pequenos infratores.
  • De acordo com certos budistas chineses, demônios em forma humana infligem todos os tipos de torturas horríveis, incluindo puxar línguas caluniosas com fios em brasa e derramar chumbo derretido na garganta dos mentirosos.
  • No taoísmo, o deus das paredes e fossos envia os ímpios para um dos vários infernos, onde são punidos por um determinado período. O hinduísmo tem vinte e um infernos feitos sob medida para combinar com o comportamento de uma pessoa na Terra.
  • O hinduísmo diz que se você deixou de alimentar os famintos enquanto estava vivo, poderá ser acorrentado a uma rocha onde os pássaros virão comer seu estômago. Um adúltero poderá ser forçado a abraçar uma bela mulher cuja temperatura está quente, enquanto os piores criminosos enfrentarão encarceramento em uma série de infernos inferiores, onde são queimados na areia quente, fervidos em potes ou comidos por corvos.
  • O jainismo, um desdobramento do hinduísmo, fala de nada menos que oito milhões e quatrocentos mil infernos, bem como um abismo sem fundo onde os piores pecadores são mantidos para sempre.

O que tudo isso significa? As pessoas têm um senso inato de justiça, de retribuição, um sentimento de que, de alguma forma, algum dia os perversos pagarão por seus pecados, que talvez do outro lado dos túmulos os erros sejam corrigidos e o mal, finalmente, seja punido e esmagado.

Essas suposições grotescas certamente não são representativas da verdade bíblica, mas apontam para a consciência – e sua atividade no coração humano – que desperta um sentimento de culpabilidade, vergonha, remorso, arrependimento em vista do futuro e talvez responsabilidade eterna. Há um instinto no homem de que ele pode ser punido por seu pecado.

O que o Cristianismo diz? O próprio Jesus disse:

Não temais os que matam o corpo e, depois, não têm mais que fazer. Mas eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a esse temei. (Lucas 12:4-5)

Deus é quem vai mandar para o inferno todos os que estão a caminho de lá. A Bíblia nos diz que o inferno é um lugar de punição eterna, onde Deus encarcerará para sempre os ímpios. Lá a punição será justa, não haverá as falhas e distorções da justiça humana. Pecadores não redimidos serão punidos para sempre no inferno.

Essa verdade não é popular. A doutrina do inferno é mais popular entre muçulmanos, budistas e hindus, sua doutrina distorcida, do que a verdadeira doutrina do inferno entre os cristãos. As pessoas até aceitam a ideia de um lugar como o inferno para Hitler, Stalin e outros criminosos, mas não para pessoas comuns.

Até mesmo teólogos, que se dizem evangélicos, que afirmam acreditar na veracidade da Bíblia, rejeitam o inferno eterno. Eles tentam ensinar que não haverá castigo eterno. Um deles, John Wyndham, disse em 1991:

Eu acredito que o tormento sem fim é uma doutrina hedionda e antibíblica, que tem sido um fardo terrível na mente da igreja por muitos séculos e uma mancha terrível em sua apresentação do evangelho. Eu realmente ficaria feliz se antes de morrer eu pudesse ajudar a destruir essa doutrina.

Philip Edgcumbe Hughes, um comentarista dos livros do Novo Testamento, escreveu:

A existência eterna lado a lado do céu e do inferno parece ser incompatível com o propósito e o efeito da redenção alcançada pela vinda de Cristo. A renovação da criação exige a eliminação do pecado, do sofrimento e da morte. 

  • Alguns decidem acreditar no universalismo, a ideia de que todos serão salvos no final.
  • Outros decidem acreditar no aniquilacionismo, como esses dois escritores que citei, a ideia de que no final das contas todos os não redimidos simplesmente deixarão de existir.
  • Alguns acreditam no sono da alma, que é um estado permanente de inconsciência; e outros acreditariam em um período temporário de punição.

Mas ninguém pode aceitar as Escrituras como verdadeiras e, ao mesmo tempo, negar o castigo eterno. Os mesmos termos que descrevem a punição eterna descrevem o Deus eterno. As mesmas frases, os mesmos termos originais, as mesmas palavras que descrevem o castigo eterno, descrevem a vida eterna.

Portanto, se não há punição eterna, não há vida eterna e não há um Deus eterno. Se os ímpios não forem punidos para sempre, os justos não viverão para sempre, e Deus também não existirá para sempre. Mas Deus é o Deus eterno, o céu é a morada eterna dos justos e, portanto, o inferno também é eterno.

Em Mateus 25:46, Jesus diz: “E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna”. Não pode haver vida eterna e não ter punição eterna. Ninguém gosta realmente da doutrina do castigo eterno. Todos nós poderíamos desejar, de uma perspectiva humana, que não existisse, mas existe. E temos que nos guiar pelo que a Bíblia diz.

Apocalipse 20:10-15 descreve a realidade do castigo eterno. Ele nos fala sobre o lago de fogo como um lugar onde os ocupantes serão atormentados dia e noite para todo o sempre. A visão que João recebeu fala sobre o julgamento que condenará todos os réus a esse castigo eterno.

Todos os pecadores não redimidos, de todas as eras, serão ressuscitados, eles receberão novos corpos sobrenaturais adequados para o tormento eterno. O último ato de julgamento envolve os ímpios de todas as eras que se apresentarão ao trono final de Deus para sua sentença final. E Deus, na pessoa de Jesus, será o juiz final, pois foi contra Ele que os homens pecaram. O salmista diz:

Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mal à tua vista, para que sejas justificado quando falares, e puro quando julgares. (Salmos 51:4)

Agora, lembre-se da cronologia: a Bíblia ensina que o Senhor virá e arrebatará Sua igreja; então, haverá um período de tribulação; depois disso, o Senhor retornará, estabelecerá Seu Reino de mil anos; no final do Reino de mil anos, todos os ímpios de todas as eras serão trazidos perante o Grande Trono Branco.

Você diz: “Bem, onde eles estiveram desde que morreram?” Em um lugar de tormento e de punição em seus espíritos, mas não se uniram a um corpo sobrenatural final adequado para sua punição no inferno eterno. É como um prisioneiro que ainda não teve seu julgamento e está encarcerado provisoriamente em algum lugar. Após o julgamento, é enviado à penitenciária para cumprir sua sentença de prisão perpétua.

Eles estão encarcerados agora em um lugar de tormento longe de Deus. Eles serão levados perante o tribunal de Deus, receberão um novo corpo ressuscitado e adequado para seu encarceramento eterno no inferno final chamado lago de fogo.

No primeiro sermão, vimos a cena nos versos 11 e 12: o Grande Trono Branco, aquele sentado nele, é claro, Deus na pessoa de Jesus Cristo, a quem foi dado todo o julgamento; e então, ocorrerá a dissolução de todo o universo, quando o céu e a Terra fugirão e nenhum lugar será encontrado para eles. E João viu os mortos, grandes e pequenos, todos lá de pé diante do Trono. Essa é a cena.

No segundo sermão, vimos a convocação. No versículo 13: “E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia”. O mar, é claro, representando exatamente a morte e o Hades, representando todos os túmulos em todo o mundo ao longo de toda a sua história. Isso não significa, literalmente, que de cada túmulo sairá um corpo, mas apenas significa que esses locais representam vidas humanas, e haverá um corpo que virá para se juntar a cada espírito eterno dos ímpios.

À medida que o universo desaparecer, todos os ímpios sairão dele. Isso é o que Jesus chamou de “a ressurreição da condenação”, em João 5:29. Paulo, em Atos 24:15, chama de “a ressurreição dos ímpios”. Daniel chama de “ressurreição para o desprezo eterno” (Daniel 12:2).

  • Antes do Juízo do Grande Trono Branco, os piedosos de todas as eras já terão sido ressuscitados.
  • Os santos do Milênio serão transformados, ou seja, receberão seus corpos glorificados, quando morrerem durante o Reino.
  • Portanto, todos os piedosos já terão sido glorificados, já terão recebido seus corpos glorificados, e todos eles terão feito parte da primeira ressurreição, que é uma ressurreição para a vida e para a justiça.

A segunda ressurreição é para condenação e segunda morte. Apocalipse 20:5 diz: “Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte”.

Também no segundo sermão vimos o padrão pelo qual os ímpios serão julgados. Apocalipse 20:12 diz que “E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras”. E o verso 15 diz que “aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo”.

O julgamento terá um padrão absoluto: santidade perfeita. Gálatas 3:10 diz: “Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las”. Quem não estiver justificado pela obra da cruz, será julgado por seus pecados.

Apocalipse 20:12 diz que “abriram-se os livros”, nos quais estão registradas as obras pecaminosas dos ímpios. E, ao mesmo tempo, trata do “outro livro, que é o da vida”, e diz que quem não for achado escrito no livro da vida será lançado no lago de fogo. A tragédia é que nenhuma das pessoas neste julgamento tem seu nome no livro da vida.

Assim, o Senhor dará o veredicto, a sentença final de culpado. E isso leva ao ponto final, o ponto que queremos olhar por um breve momento agora: A sentença.

Apocalipse 20
14 E a morte e Hades foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte.
15 E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo.

Agora, ele começa dizendo: “E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo”.

O que são morte e Hades? Hades é um termo geral. Na verdade, alguns tradutores sabiamente não o traduziram [é comum a tradução como inferno]. É um termo geral que descreve a morada dos espíritos dos ímpios mortos. É um lugar de tormento e encarceramento nas chamas do remorso, culpa, pecado e dor.

E quando ele diz que eles serão jogados no lago de fogo, simplesmente quer dizer que eles serão engolidos pelo inferno final. Essa é a punição eterna. Lá os espíritos dos ímpios receberão novos corpos adequados ao sofrimento eterno. No Hades há o sofrimento do espírito, no inferno haverá o sofrimento do espírito e do corpo.

É incrível como as Escrituras são específicas. Este é o inferno que está totalmente separado e fora do universo anterior criado no qual existe o Hades anterior. Quando o universo deixar de existir, o Hades deixará de existir com ele e será lançado em um novo lugar, fora e além desta ordem criada como a conhecemos. Vimos que a criação, como a conhecemos, a matéria, como a conhecemos, deixará de existir. Deus recriará um novo céu e uma nova terra diferentes de tudo que entendemos ou compreendemos.

Você diz: “Deus tem o inferno já preparado agora?” Sim. O inferno está preparado para o diabo e seus anjos. Podemos presumir que está preparado. Existe um céu eterno já preparado, fora do universo como o conhecemos. E por que já não um lugar para o diabo e seus anjos ocuparem? Mas o inferno (lago de fogo), neste ponto, está desocupado.

Os seus primeiros ocupantes são indicados no capítulo 19, versículo 20: a besta (o Anticristo) e o falso profeta. Eles serão os primeiros ocupantes do inferno eterno (o lago de fogo). E então, mil anos depois, o versículo 10 do capítulo 20 diz: “O diabo é lançado no lago de fogo e enxofre, onde também estão a besta e o falso profeta”. Podemos presumir que o diabo e todos os seus anjos vão juntos para aquele lugar.

Embora o inferno (o lago de fogo) não esteja ocupado agora, Jesus se referiu a ele, porque é o lugar final. O Novo Testamento usa a palavra “geena”, que quer dizer “lugar de tormento eterno”. É um lugar que inclui alma e corpo no inferno. E é nesse lugar que os ímpios serão lançados. Por isso Jesus disse:

E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo. (Mateus 10:28)

O estado de tormento eterno será tanto da alma quanto do corpo, ao passo que agora, o lugar temporário chamado Hades, é apenas um lugar de tormento para os espíritos dos ímpios mortos. É por isso que deve haver uma ressurreição da condenação, uma ressurreição dos ímpios.

Então, aqueles que morrem agora em seus pecados, no mundo criado de tempo e espaço, morrerão uma segunda morte em um mundo onde não haverá tempo e espaço, e assim entrarão no castigo eterno. Eles não têm parte na primeira ressurreição e experimentarão uma segunda ressurreição, e com ela uma segunda morte. Eles morreram uma vez, e seu espírito foi atormentado; e eles irão, em certo sentido, morrer novamente quando o espírito e o corpo entrarem em tormento.

A primeira ressurreição é a ressurreição da vida, a ressurreição da justificação, a ressurreição da glória. Todos os redimidos, de todos os tempos, participarão dela. Nenhum deles experimentará a segunda morte. Todos os incrédulos estarão na segunda ressurreição, e todos eles experimentarão a segunda morte. E qual é a segunda morte? (Apocalipse 20:14). O verso 15 responde: “o lago de fogo”.

As pessoas sempre fazem a pergunta: “O lago de fogo é realmente um lugar de fogo, ou o fogo tem apenas um sentido figurativo?

Não é como o fogo que você está habituado a ver, lá será um ambiente totalmente diferente. A ordem criada como a conhecemos terá sido extinta nessa época, o que quer que esse fogo represente, será algo tão real quanto a eternidade em que existe. O Senhor o comparou a um lago de fogo para que possamos entender o que é esse lugar.

Ele existe fora do universo criado como o conhecemos, fora do tempo e do espaço. É um lugar de dor, agonia e tormento. É um lugar assustador. Os que lá estiverem vão queimar para sempre, mas nunca morrerão.

A sudoeste da cidade de Jerusalém, existe um vale chamado Vale de Ben-Hinom. Esse lugar foi, por muito tempo, o lixão da cidade de Jerusalém. Havia um incêndio ali que nunca se apagava, estava queimando o tempo todo. Os cadáveres de criminosos e indignos eram jogados lá. Era um lugar fedorento e imundo, cheio de vermes e com um fogo sem fim. Era um lugar muito assustador. E quando Jesus olhou para aquele lugar indescritível e horrível, cheio de vermes e fogo que não se apagava, Ele disse: “Isso é o inferno, a geena”.

Apocalipse 19:20 diz que o lago de fogo arde com enxofre. É uma indicação de que é extremamente quente. É mais uma forma que o Senhor usou para que possamos entender esse lugar. Sinteticamente é assim que a Bíblia o descreve:

Em primeiro lugar, descreve o lugar chamado lago de fogo como um lugar de trevas. Em Mateus 8:12; 22:13 e 25:30 é chamado de trevas exteriores. É um lugar de eterna escuridão. É um lugar de refugo ardente e fumegante, com uma fumaça negra constante. É uma escuridão penetrante, pois lá não há vida e luz, somente mortos.

Em 2 Pedro 2:17 e Judas 13, é chamado de negrura das trevas. Não é uma mera escuridão, é uma escuridão intensa. E Judas diz: “estrelas errantes, para os quais está eternamente reservada a negrura das trevas”. É um lugar que está reservado para ser ocupado futuramente.

Em segundo lugar, fala sobre o verme. Isaías 66:24 diz: “porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e serão um horror a toda a carne”. Em Marcos 9:48, Jesus diz: “Onde o seu verme não morre, e o fogo nunca se apaga”. Em outras palavras, o lixo vai queimar para sempre; e os vermes, por assim dizer, comerão para sempre.

  • Alguns acham que o verme devorador é um símbolo da consciência. Eu realmente acredito que um dos maiores componentes do sofrimento eterno será uma consciência acusadora totalmente informada, isso é absolutamente implacável. Isso poderia muito bem ser representado no verme que nunca morre, mas apenas corrói.
  • Alguns acreditam que a escuridão é a ausência de qualquer coisa boa e a ausência de outra pessoa para ver ou estar. Então, o ímpio estará sozinho com a consciência o perturbando para sempre.

Além das trevas e do verme, a Bíblia, conforme mencionamos, fala sobre o fogo. O salmista falou dos ímpios no Salmo 11, versículo 6, vindo ao fogo e enxofre. Isaías disse que o fogo vai devorar seus inimigos. Isaías 30:30 diz que Deus virá no julgamento com labareda de fogo consumidor. E o verso 33 diz:

Porque Tofete já há muito está preparada; sim, está preparada para o rei; ele a fez profunda e larga; a sua pira é de fogo, e tem muita lenha; o assopro do Senhor como torrente de enxofre a acenderá.

Isso, novamente, leva-me a acreditar que o lago de fogo já está preparado, apenas não está ocupado, porque a palavra “Tofete” refere-se ao Vale de Ben-Hinom antes de ser o lixão da cidade de Jerusalém, onde passou a ter um fogo que nunca se apagava.

Você diz: “O que era o vale de Bem-Hinom antes de ser o lixão da cidade?” Era um lugar onde nações pagãs ofereciam crianças, queimadas vivas, como sacrifícios, ao deus pagão Moloque.

Moloque era um deus dos amonitas, que era adorado na terra de Canaã. O culto a Moloque ficou conhecido pelo sacrifício de crianças em honra ao ídolo. Quando Israel caiu em pecados terríveis, passou a adorar os deuses falsos, incluindo Moloque! Eles construíram altares a Moloque e sacrificavam seus filhos a esse ídolo (Jeremias 32:35). O vale de Ben-Hinom, perto de Jerusalém, tornou-se um dos lugares principais onde crianças eram queimadas vivas para Moloque.

Mais tarde, o rei Josias destruiu o santuário de Moloque em Ben-Hinom, que passou a ser usado como lugar para queimar lixo (2 Reis 23:10). No entanto, o sacrifício de crianças a Moloque não foi completamente eliminado, e essa foi uma das razões por que os judeus foram castigados com o exílio. No vale de Hinom ficava o altar para Moloque. Essa é uma das razões pelas quais os judeus colocaram o lixão da cidade lá, porque era um lugar vil, sujo e profanado.

E assim, Tofete está pronto há muito tempo. Na verdade, foi preparado para o Rei. Quem é o Rei? Deus. Uma pira de fogo com bastante lenha, o sopro do Senhor como uma torrente de enxofre o incendeia. Assim como os pagãos fizeram uma fogueiraana “geena” para oferecer bebês como holocaustos vivos ao deus Moloque, virá o dia em que Deus usará o lago de fogo, a “geena” eterna, como um lugar para que os ímpios ressuscitados queimem no fogo do castigo para todo o sempre.

Desde o início do Novo Testamento é apresentada a promessa de punição eterna. O primeiro pregador que aparece em cena no Novo Testamento, João Batista, disse:

Em sua mão tem a pá, e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará a palha com fogo que nunca se apagará. (Mateus 3:12).

Jesus disse que os ímpios serão:

  • Réus do fogo do inferno (Mateus 5:22).
  • Lançados na fornalha de fogo, onde haverá pranto e ranger de dentes (Mateus 13:42,50)
  • Lançados no fogo eterno (Mateus 18:8-9)
  • Lançados nas trevas exteriores, onde haverá pranto e ranger de dentes. (Mateus 22:13)
  • Atormentado na chama (Lucas 16:24)

O pranto e ranger de dentes indicam tristeza. A escuridão, o verme que nunca morre, o fogo, em um lugar de banimento e separação e tormento produzem uma tristeza absolutamente inacreditável, imensurável e incomparável com qualquer outro sofrimento grave.

Essa ideia de tristeza eterna é repetida várias vezes no registro dos evangelhos.

E ele vos responderá: Digo-vos que não sei de onde vós sois; apartai-vos de mim, vós todos os que praticais a iniquidade. Ali, haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, e Isaque, e Jacó, e todos os profetas no Reino de Deus e vós, lançados fora. (Lucas 13:27,28)

Você sabe o que isso diz? Que em algum lugar, de alguma forma, antes de serem expulsos, eles terão um vislumbre da glória dos santos, como uma última visão, antes de serem lançados no inferno eterno, para que saibam exatamente o que perderam. E, portanto, o choro e o pranto. Você o encontra em Mateus 8, 13, 24 e 25.

E quanto ao ranger de dentes? Se você apenas olhar para a expressão “ranger de dentes” na Bíblia, ela está associada à raiva.

Na sua ira, me despedaçou, e ele me perseguiu; rangeu os dentes contra mim; aguça o meu adversário os olhos contra mim. (Jó 16:9)

E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seu coração e rangiam os dentes contra ele. (Atos 7:54)

Contra quem eles estarão zangados? Talvez contra Satanás, demônios. Raiva de qualquer coisa que os faça sentir a consciência golpeando contra eles. Cada causa que existe no inferno eterno para seu remorso, sua culpa e sua vergonha serão motivos de raiva. Eles ficarão com raiva de tudo. E então, quando você pensa sobre o inferno (lago de fogo), pensa em banimento, separação, tormento, tristeza, raiva.

Há mais um termo, e está aqui no versículo 15 de Apocalipse 20, que é a palavra “lançado”. E é usado no capítulo 19, versículo 20, para falar da besta e do falso profeta que foram “lançados”. E é também usado no capítulo 20, versículo 10, onde fala sobre o diabo que foi “lançado”.

Por que esse termo aparece nesses textos? Porque é exatamente isso que vai acontecer. O inferno é o depósito cósmico de Deus. É onde Ele jogará o lixo. O lixo não é colocado, é lançado. E todos os que lá forem lançados, serão o lixo em chamas na eternidade.

Deus nem sempre é o Deus da justiça imediata, mas é o Deus da justiça final. E Amós estava certo, quando disse: “Prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus.” (Amós 4:12). Você vai encontrá-lo, ou na glória ou no Grande Trono Branco. A escolha é sua.

Para encerrar, vamos a Hebreus:

Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo e ardor de fogo, que há de devorar os adversários. (Hebreus 10:26-27)

Poderíamos dizer de outra forma: “se continuarmos a rejeitar voluntariamente, depois de receber o conhecimento da verdade, não restará mais sacrifício pelos pecados”. Não há outra maneira de livramento da culpa do pecado além do sacrifício de Cristo. Aquele que rejeitou Cristo, resta-lhe apenas “uma certa expectação horrível de juízo e ardor de fogo”.

E o escritor aos Hebreus completa:

Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue do testamento, com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça? (Hebreus 10:28,29).

Você diz: “Bem, quem vai exigir essa punição?” O mesmo Deus que ofereceu graça, diz o versículo 30: “Minha é a vingança, eu retribuirei.” “E novamente o Senhor julgará Seu povo.” “É uma coisa terrível cair nas mãos do Deus vivo.”

O Julgamento do Grande Trono Branco está chegando. Mas apenas aqueles que escolherem estar lá estarão, porque para estar lá você tem que rejeitar o Senhor Jesus Cristo. Vamos orar:

Pai, ao concluirmos esta porção mais séria das Escrituras, que nos abala até o âmago, pedimos apenas que Teu Espírito Santo nos ajude, em primeiro lugar, a examinar nossas próprias vidas. E, ó Deus, se há alguém ouvindo esta mensagem que não conhece Jesus Cristo, que não foi genuinamente perdoado, que não foi genuinamente redimido, resgatado do pecado e dirigido para o céu, que ele saiba disso. Que o Teu Espírito deixe isso bem claro para ele, para que não se engane e acabe dizendo: “Senhor, Senhor”, e ouçam: “Afasta-te de mim, nunca te conheci.”

E, Senhor, se há alguém que ouviu esta mensagem e que permanece indiferente, que pensa que o Senhor pode, simplesmente, relaxar e não levar seus pecados a sério, Senhor, que seja sacudido de tal apatia e levado a perceber que está lidando com seu destino eterno. E isso é realidade. E que olhe para o futuro e faça o único julgamento razoável e sensato de que o céu é o lugar para se estar e não o lago de fogo. E que ele venha a Cristo e se arrependa de seus pecados e abandone sua maldade e coloque sua total confiança e fé em Jesus Cristo para salvá-lo. E, Senhor, para aqueles de nós cristãos que sabemos que isso é verdade e estejam apáticos para com os perdidos, perdoe-nos, nos sacuda e nos desperte, e nos ajude a não nos enganar sobre como nos importamos, a menos que nos importemos o suficiente para arrebatar pessoas das chamas do inferno.

Senhor, agradecemos também, finalmente, por ter nos resgatado, devido a nada que fizemos, e nada em nós digno. Por Tua misericórdia e graça somente o Senhor nos salvou do Grande Trono Branco, da segunda ressurreição e da segunda morte. E nós te louvamos. E se nosso louvor é genuíno e nosso agradecimento é genuíno, então ele deve se manifestar em nossa maneira de viver. A verdadeira gratidão significa obediência, obediência por pura gratidão e um desejo de amar e honrar Aquele que tão graciosamente nos salvou do inferno.

Pai, eu peço que o Senhor trabalhe em cada coração, seja o que for que o Senhor precise fazer à luz do que ouvimos. Salve alguns; desafie outros a um zelo novo e renovado pelos perdidos. E nos encha de gratidão, uma gratidão avassaladora. Porque estamos em Cristo, nunca conheceremos esta condenação. Agradecemos e louvamos por isso. Em nome de nosso Salvador pedimos essas coisas, Amém.


Este texto é uma síntese do sermão “Man’s Last Day in God’s Court, Part 3″, de John MacArthur em 11/12/1994.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/66-79/mans-last-day-in-gods-court-part-3

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


Clique aqui e veja os links de todos os sermões traduzidos de John MacArthur sobre o livro do Apocalipse.


 

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