Jesus, o Salvador Perfeito

Por que Jesus se tornou homem? Por que Ele morreu? Para que através da morte Ele pudesse destruir aquele que tinha o poder da morte, que é o Diabo. A única maneira de destruir Satanás era privá-lo de sua arma. E sua arma é a morte. O domínio de Satanás sobre os homens é a morte, morte física, morte espiritual, morte eterna.

Continuando nossa trilha no livro de Hebreus, estamos no capítulo 2: 9 a 18, que são uma bela descrição de Jesus Cristo como o Salvador perfeito. Peço a Deus que cada um que esteja tendo acesso a essas palavras sejam impactados com a perfeição de nosso Salvador. 

Muitos surgiram ao longo dos anos se autoproclamendo ser o filho de Deus, nenhum deles jamais foi salvador do mundo. Só existe um Salvador, e este salvador é perfeito: Jesus Cristo. E assim, em Atos 4:12, disse Pedro:

E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.

Como é que sabemos que Jesus Cristo é, de fato, o Salvador perfeito? Por que devemos acreditar nisso? O que O qualifica?

Bem, a resposta para isso é dada de maneira muito bonita nos versículos 9 a 18, do capítulo 2 de Hebreus. Uma resposta muito completa, que nos diz porque a afirmação de Jesus Cristo ser o Salvador perfeito é válida.

BREVE REVISÃO

Segue um breve resumo do que já estudamos em Hebreus:

1 ) Nós não sabemos quem foi o autor humano de Hebreus.

2) O Espírito Santo escreveu esta carta principalmente aos judeus. Isso não significa que não seja para todos nós.

Ele a escreveu para a congregação de judeus localizada fora da terra de Israel, muito provavelmente, cristãos de segunda geração, que não foram testemunhas oculares de Cristo, mas que receberam o testemunho a respeito Dele por meio de missionários apostólicos.

3) Alguns dos destinatários originais de Hebreus eram salvos; outros não.

Alguns deles estavam apenas intelectualmente convencidos, mas ainda não haviam recebido Jesus Cristo, porque estavam presos à sua herança judaica e não estavam dispostos a sofrer o sacrifício necessário da excomunhão da sua sinagoga e comunidade.

E assim, para os judeus não convertidos, Hebreus é escrita para lhes provar que Jesus Cristo é, de fato, o Filho de Deus, que Ele é o mediador de uma nova e melhor aliança do que a Antiga Aliança.

E para o judeu cristão, o Espírito está dizendo: “Abandone todos os rituais, todas as armadilhas da Velha Aliança, pois a Nova totalmente a suplanta e a substitui”. Para o judeu não convertido, Ele está dizendo: “Receba Cristo, porque Ele é o mediador de uma nova e melhor aliança por meio de Seu sangue”.

4) Para que o Espírito Santo prove ao judeu que Cristo é o mediador de uma aliança melhor, Ele deve provar que Cristo é melhor do que todas as questões que acompanham a Antiga Aliança, que foi mediada por anjos.

Portanto, o Espírito Santo prova à mente judaica que Cristo é superior aos anjos. Visto que os anjos mediaram a Antiga Aliança, Cristo é, portanto, um mediador melhor de uma aliança melhor. Dessa forma, não há nenhuma razão para alguém se apegar às armadilhas e ao ritual do Judaísmo.

5) Mesmo assim havia algo a esclarecer ao judeus: Como Jesus poderia ser melhor que os anjos se Ele era um homem, e ainda por cima morreu, pois os anjos nunca morrem e, certamente, são superiores aos homens?

Portanto, o problema teológico que eles enfrentavam era relacionar a humanidade de Cristo e Sua morte à superioridade de Cristo sobre os anjos, que não morrem, de acordo com Lucas 20:36.

6) Hebreus 2:9 assim afirma: “Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos.”

Vimos que, no grego original, a expressão traduzida como “um pouco menor” tem a conotação de tempo. Assim, o que está sendo dito é que Jesus se tornou menor que os anjos por pouco tempo. Sua natureza não era inferior à dos anjos, mas em Sua encarnação, por um curto período de tempo, foi feito menor que eles.

Cristo é, por natureza, maior que os anjos. Apenas por pouco tempo, para cumprir um propósito específico, Ele se tornou menor que eles.

7) A segunda questão em que os judeus sempre tropeçavam era o problema da morte de Cristo, pois como Ele poderia morrer, e ao mesmo tempo ser superior aos anjos e ser o Messias?

E é por isso que sempre que a Palavra de Deus era pregada aos judeus, como em Atos 17:2-3, era necessário que lhes fosse explicado porque Cristo teve que sofrer. Esse era o ponto principal da mensagem, porque como Paulo disse aos coríntios, a cruz para os judeus é escândalo (1Co 1:23).

Então, eles ainda estavam presos nessas duas questões que encontravam problemas reais nessa visão particular. Como Jesus poderia ser maior que os anjos, se os anjos nunca morrem? Como Ele poderia ser esse Salvador perfeito, se Ele mesmo foi morto?

É nos versículos 9 a 18 de Hebreus 2 que o Espírito Santo defende a encarnação e nos diz porque é que Jesus, por um pouco de tempo, tornou-Se inferior aos anjos, e o que Ele realizou ao fazer isso. E isso é muito, muito importante.

Hebreus 2:9 nos diz que Jesus foi feito menor que os anjos por pouco tempo “por causa da paixão da morte”. Em outras palavras, Sua morte foi a razão pela qual Ele foi feito inferior aos anjos, pelo que realizou.

Aquelas mãos macias de bebê, moldadas pelo Espírito Santo no ventre de Maria, foram feitas para suportar dois grandes pregos. Aqueles pés rechonchudos de um bebezinho deveriam subir uma colina e serem pregados numa cruz.

Aquela cabeça sagrada, com olhos brilhantes e boca ávida, foi feita para usar uma coroa de espinhos. Aquele corpo tenro, quando ainda era um bebê, envolto em panos, cresceria e seria rasgado por uma lança. E, por essa razão, Ele veio.

A morte de Cristo não foi um acidente. Era o destino estabelecido por Deus. Jesus nasceu para morrer. Ele se tornou inferior aos anjos para um propósito muito distinto e definido. E Ele o cumpriu.

8) Houve três fases no relacionamento do homem com Deus, com os anjos e com o mundo.

  • Quando Deus criou o homem, ele era inocente.
  • Deus deu a ele domínio sobre a Terra.
  • O homem pecou e, imediatamente, perdeu seu domínio.

Jesus Cristo veio tirar a maldição, para que o homem pudesse recuperar o seu domínio. Portanto, havia um propósito muito definido na vinda de Jesus e Sua morte. Ele veio para restaurar a coroa. E, já que Ele iria restaurar a coroa aos homens, Ele tinha que vir como um homem.

Se Ele iria remover a maldição que estava sobre o homem, Ele tinha que tomar o lugar dos homens. Então, Ele tinha que ser um homem. E embora Ele tenha sido feito, por um pouco tempo, inferior aos anjos, Ele realizou algo que nenhum anjo jamais poderia realizar: a restauração da coroa aos homens.

AS CINCO PERFEIÇÕES ADVINDAS DA HUMANIDADE E MORTE DE JESUS

Veremos, a partir de agora, cinco perfeições que a humanidade e morte de Cristo trouxeram. Por meio de Jesus tornar-se menor por um pouco de tempo, Ele se tornou: 1) nosso substituto; 2) Príncipe da nossa salvação; 3) nosso santificador; 4) nosso conquistador de Satanás e 5) nosso simpatizante.

1 – NOSSO SUBSTITUTO

Porque Jesus encarnou, porque por pouco tempo Ele foi feito menor que os anjos, Ele se tornou nosso substituto. Isso está no versículo 9, de Hebreus 2:

Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos.

Essa é a morte substitutiva de Cristo. Ele morreu em seu lugar e em meu lugar. Isso é básico para a compreensão do evangelho.

A primeira e principal razão para a encarnação, para Aquele que é maior do que os anjos se tornasse por um pouco de tempo menor, é: para que Ele pudesse provar a morte por todos os homens. Ele veio para morrer em meu lugar, para ser meu substituto.

O profeta Ezequiel disse: “A alma que pecar, essa morrerá…” (18:20). A Bíblia estabelece esse princípio novamente no Novo Testamento: “o salário do pecado é a morte…” (Rm 6:23). O pecado traz a morte. A morte é inevitável onde há pecado.

E assim, Deus tem duas opções quanto ao pecador: ou Ele permite que o homem morra e pague por seu próprio pecado, ou Ele permite que um substituto receba o castigo do homem e morra em seu lugar. E, de fato, esse foi o Seu desígnio. Ao enviar a Segunda Pessoa da Trindade, Deus Se humilhou, veio à Terra para morrer em meu lugar, uma morte substitutiva.

O liberalismo teológico moderno recusam essa verdade. Seus líderes dizem que Jesus morreu como exemplo de morte por uma causa, como um exemplo de mártir. Mas, a verdade é que Ele morreu como substituto da morte nos eleitos.

Isso tem muitas ramificações. Em primeiro lugar, vemos no versículo 9, a humilhação, quando diz: “Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos…”.

O homem foi originalmente criado para ser por um tempo inferior aos anjos. Sendo assim, se Jesus Cristo teria que vir e morrer pelo homem, deveria se tornar um homem. Esta é toda a história da encarnação: Deus tornando-se o que o homem é, a fim de substituir a morte do homem e, portanto, libertar o homem para a vida com Deus.

Essa é a simplicidade do evangelho. Todo o conceito é impressionante! Perceber que o Criador dos anjos, o chefe dos anjos, o Senhor dos exércitos, Aquele adorado pelos anjos, deveria, por nossa causa, por um pouco de tempo, tornar-Se inferior aos anjos é impressionante! Isso é humildade.

Em segundo lugar, vemos a extensão dessa humilhação, quando diz no versículo 9 que Ele se tornou inferior aos anjos “por causa da paixão da morte…”. Ele veio para fazer exatamente o que nenhum anjo poderia fazer. Anjos não podem morrer. Mas Jesus veio para morrer.

Ele se colocou tão abaixo dos anjos, que fez algo que eles nunca poderiam fazer. Você notará que o verso 9 fala em “paixão da morte”. Jesus não apenas morreu, mas teve um tipo de morte sofrida. E este termo “paixão”, que significa sofrimento, indica que a saída de Cristo da terra dos vivos não foi calma e pacífica, mas acompanhada de tortura externa e agonia interna.

Em terceiro lugar, vemos aqui no verso 9 o propósito de Sua humilhação. E esse propósito era que Ele “provasse a morte por todos“. A Bíblia nos diz que Ele provou e bebeu o cálice amargo até o fundo. Cada pedacinho dele, Ele suportou por nós.

E a morte que Ele provou foi a maldição do pecado. O que Jesus sentiu ao morrer na cruz foi a agonia total de cada alma no inferno por toda a eternidade, concentrada e sofrida em poucas horas.

Todo o castigo por todos os pecados de todos os tempos. Essa foi a profundidade de Sua morte. Ele não era culpado de nada; Ele sofreu por tudo, porque foi nosso substituto.

Em Gálatas 4:4-5, Paulo diz: “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.” Deus enviou Seu filho, Deus encarnado, para redimir os homens.

Em 2 Coríntios 5:15, lemos: “E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.” Assim, Jesus Cristo, em Sua morte, propôs morrer como um substituto para todo homem.

Em Hebreus 2:9 não vemos apenas a extensão e o propósito de Sua humilhação, mas também o motivo. E isso está na declaração “pela graça de Deus”. Você sabe o que levou Jesus Cristo a sofrer por nós? Graça.

Você sabe o que é graça? É bondade gratuita. Graça é quando não merecemos o que recebemos [salvação], mas merecemos o que não recebemos [condenação], recebemos o que não merecíamos [salvação] e não recebemos o que merecíamos [condenação].

O que incita a graça? Amor. O grande amor ilimitado de Deus motivou uma ação graciosa em nosso favor. E unicamente com base em Seu próprio beneplácito, em Sua vontade soberana, Jesus morreu, não apenas pelas mãos dos homens, não apenas pela ação de Satanás, mas pelo conselho determinante e presciência de Deus. Ele morreu pelos nossos pecados.

Jesus fez esta declaração: “Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai.” João 10:18.

Em 1 João 4:10, temos: “Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.” Ele foi nosso substituto.

O verso 9 ainda nos fala sobre os resultados de Sua humilhação: “Vemos, porém, coroado de glória e de honra…”. Ele foi coroado de glória e honra. Oh, que coisa fantástica é perceber que depois de Jesus ter cumprido a tarefa de morte substitutiva, Ele foi exaltado à direita do Pai, e ali Ele se sentou em um trono através do qual Ele reina e reinará para todo o sempre! Em Hebreus 5, lemos:

Hebreus 5
4
E ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão.

5 Assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei.

Em outras palavras, Cristo não glorificou a Si mesmo; Deus O glorificou. E assim, Jesus foi coroado pelo Pai com glória e honra. Filipenses 2 nos diz:

Filipenses 2
9 Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome;

10 Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,
11 E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.

Efésios 1:21 nos diz que Jesus Cristo foi posto “Acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro”. Ele foi colocado sobre todo poder e domínio, e tudo o que é e está por vir. E assim, o resultado de Sua humilhação foi Sua exaltação.

O escritor de Hebreus diz ao leitor judeu: “Não nos desculpamos pela cruz. Não a jogamos debaixo do tapete. Pois a cruz engrandece o Senhor.” O fato de Ele ter se tornado um homem, de Ele ter morrido, não O diminui, pois isso não era natural para Ele fazer. Ele condescendeu em fazer tudo isso.

Longe de a humilhação e a morte de Cristo serem algo de que nos envergonhamos, é algo pelo qual nos gloriamos. E assim, Jesus é um substituto digno. Ele se tornou aquele substituto perfeito ao se tornar um homem. Se Ele não tivesse se tornado homem e morrido por nós, morreríamos em nossos pecados.

2 – PRÍNCIPE DA NOSSA SALVAÇÃO

Por Jesus Cristo ter se tornado homem e ter morrido, Ele também se tornou o capitão, o príncipe da nossa salvação. Hebreu 2:10 assim afirma:

Porque convinha que aquele, para quem são todas as coisas, e mediante quem tudo existe, trazendo muitos filhos à glória, consagrasse pelas aflições o Príncipe da salvação deles.

“Porque lhe convinha” significa que isso concordava com Sua natureza. Poderia ser traduzido assim: “Porque estava de acordo com a Sua natureza, para quem são todas as coisas, e mediante quem tudo existe…”. Refere-se a antes de Sua humilhação.

Em outras palavras, Jesus tinha que vir, Ele tinha que ser um homem, e tinha que morrer, para ser um príncipe ou capitão perfeito da salvação.

“Porque convinha que aquele, para quem são todas as coisas, e mediante quem tudo existe…” é uma referência a Deus, embora certamente também se refira a Cristo. Deus não apenas fez tudo, mas fez tudo para Si mesmo.

Deus fez tudo para a Sua glória. O desígnio de Deus no mundo era trazer o homem para Si mesmo, trazer filhos à Sua glória. Para fazer isso, Ele teve que tornar perfeito o capitão da salvação do homem. E para torná-Lo perfeito, Ele teve que sofrer. Então, Jesus precisava encarnar e morrer para ser um príncipe da salvação adequado.

Deus é sabedoria. E concordava com o caráter de Deus, Sua sabedoria, fazer o que Ele fez. A cruz foi uma obra-prima de sabedoria. Deus resolveu o problema, que nenhum cérebro finito poderia esperar resolver, nem os anjos poderiam resolvê-lo.

Em segundo lugar, esse plano perfeito concordava com Sua santidade. Deus mostrou na cruz Seu ódio pelo pecado. Em terceiro lugar, concordava com Seu poder. Foi a maior exibição de poder que já foi dada. Cristo suportou em poucas horas a ira eterna de Deus sobre o pecado.

Também o plano perfeito de Deus concordou com o Seu amor e com Sua graça, porque é substitutiva. Concordou com Sua natureza fazer isso. E o desejo de Deus era trazer muitos filhos para a glória.

Ora, se o plano de Deus é trazer muitos filhos para a glória, Ele teria que nos dizer como chegar lá. Porém, mais do que isso, Ele teria que ter alguém para nos levar à glória. Não adiantaria se Jesus tivesse vindo e apenas levado o homem ao céu. Não adiantaria nada. Teria que ser mais que isso.

A palavra grega “archēgos” traduzida como “príncipe” ou “capitão”, no verso 10, é fantástica. Literalmente, significa um pioneiro ou um líder. Em Atos 3:15 e Atos 5:31 ela é usada para se referir a um príncipe. Também é usada, em muitas referências, traduzida como “capitão”. Mas, sempre significa alguém que faz algo em benefício de outra pessoa.

Por exemplo, é usada para se referir a um homem que funda uma família e outros nascem nela, ou a um homem que funda uma cidade na qual outros vêm morar. E comumente, era usada para se referir a um pioneiro que abria caminho para outros seguirem.

O “archēgos” nunca ficava na retaguarda, dando ordens. Ele estava sempre na frente, abrindo caminho. E Cristo não se posicionou atrás, dando ordens, mas na frente, abrindo caminho. Ele foi antes de nós. Por exemplo, Ele nos mostrou o padrão de obediência. Em Hebreus 5, temos:

Hebreus 5
8 Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu.

9 E, sendo ele consumado, veio a ser a causa da eterna salvação para todos os que lhe obedecem

Em outras palavras, por Sua própria obediência, Ele abriu o caminho da obediência que estabeleceu o padrão para nós. Não apenas isso, Ele abriu o caminho do amor.

Ele abriu o caminho no sofrimento. Pedro diz, em 1 Pedro 2:21, “Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas.” Ele abriu caminho através da morte e ressurreição, e disse:

Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vós me vereis; porque eu vivo, e vós vivereis. (João 14:19).

Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, nunca irá morrer. Crês tu isto? (João 11:25-26).

Assim, Jesus é o “archēgos” da salvação. Ele abriu o caminho para Deus. Ele não apenas ficou na retaguarda e nos disse como chegar lá. Ele saiu na frente. E tudo o que tínhamos que fazer era pegar em Sua mão, e Ele nos conduziu à presença de Deus.

Assim, Deus fez Cristo, por um pouco de tempo, menor do que os anjos, para que Ele pudesse descer até nós, tomar nossas mãos, e como líder perfeito, pioneiro perfeito, poderia nos conduzir à presença do Senhor, senão nunca O teríamos encontrado.

É somente quando você, pela fé, colocar sua mão naquela mão marcada pelos pregos, que você entrará na presença de Deus. Não há outro jeito. Você nunca O encontrará por conta própria. Os homens tentaram por muito tempo e falharam.

E assim, através da morte, Ele se tornou o líder perfeito. E é por isso que quando Ele diz: “porque eu vivo, e vós vivereis”, isso resolve o dilema de Jesus ser o Messias e ao mesmo tempo ter sido feito homem e ter provado a morte.

GB Hardy, em seu pequeno livro Countdown, apresenta as questões mais cruciais para nós: “Número um, alguém já enganou a morte? Número dois, se alguém o fez, ele deixou o caminho aberto para mim?” Sim, alguém enganou a morte: Jesus Cristo. Sim, Ele deixou o caminho aberto.

Tudo o que você precisa fazer é colocar sua mão na mão Dele pela fé, e Ele o guiará para atravessar a morte e sair do outro lado. E você dirá com o apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 15:55, “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” Onde está a vitória da sepultura? Não existe. Cristo nos deu a vitória!

E assim, Jesus se tornou o “archēgos” perfeito, não apenas nos dizendo o que fazer, mas pegando nossa mão e abrindo caminho para Deus. Dessa forma, Ele teria que ser um homem, vir ao nosso mundo e nos conduzir para fora. Ele não podia ficar em uma nuvem e gritar conosco.

Ele tinha que ser o que nós somos e, acima de tudo, derrubar a barreira entre nós e Deus, que era o pecado. E Ele a derrubou, suportando o castigo da morte, deixando assim o caminho aberto para a vida com Deus.

3 – NOSSO SANTIFICADOR

Através de Sua vida e obra, Jesus se tornou nosso santificador. Hebreus 2:11 assim afirma:

Porque, assim o que santifica, como os que são santificados, são todos de um; por cuja causa não se envergonha de lhes chamar irmãos.

“Os que são santificados” somos nós. Jesus é quem nos torna santos. Você diz: “Bem, isso significa que os cristãos são santos?” Isso é exatamente o que significa. Você diz: “Bem, eu não sou santo”. Sim, você é.

O cristão verdadeiro é absolutamente santo. Não estou falando sobre sua prática, mas de sua posição. Diante de Deus, você é santo. Você pode não agir como santo, perfeitamente, mas você é. Assim como uma criança é filha de seu pai e nem sempre pode agir como tal.

Você é santo no sentido de que, diante de Deus, a justiça de Cristo foi colocada em seu favor. No Novo Testamento há verdades práticas e verdades posicionais, ou seja, o que você é e como você age. Posicionalmente, você é santo, você é perfeito.

Colossenses 2:10 afirma: “E estais perfeitos nele, que é a cabeça de todo o principado e potestade”. Essa é a perfeição posicional. Na prática, ainda temos um longo caminho a percorrer, quanto à perfeição.

Mas aqui em Hebreus 2:11, temos: “assim o que santifica, como os que são santificados, são todos de um…”. Os que são santificados são aqueles que foram separados para Deus posicionalmente. E estes são um com Cristo.

Você sabia que somos um com Cristo? Você sabia que Paulo nos chama de co-herdeiros com Cristo? Nós, literalmente, tornamo-nos um. Por quê? Porque a santidade que Cristo tem é a nossa santidade. Você entendeu? É nossa.

Eu não estou posicionado em minha própria justiça, de jeito nenhum. Paulo diz, em Romanos, que a justiça que é nossa é a justiça de Cristo que nos foi dada. Portanto, somos um com Ele, porque a Sua justiça é a nossa justiça.

E como resultado de sermos um com Jesus, Ele “não se envergonha de lhes chamar irmãos”. O Filho de Deus me chama de irmão, e não Se envergonha disso. É humilhante para nós sabermos que Ele deveria se envergonhar.

Por meio de Sua morte, conquistando e sepultando o pecado, Ele eliminou a possibilidade do pecado e colocou Sua justiça sobre nós em um sentido posicional eterno, e assim nos tornamos santos.

Jesus nunca poderia ter feito isso, se não tivesse vindo, morrido e pago a pena pelo pecado. Então, Ele teve que vir, e teve que morrer, para ser nosso santificador.

A palavra grega traduzida como santificado é “hagiazō”. Significa tornar santo, de onde vem a palavra “santos”. E assim é que somente Jesus Cristo pode santificar alguém, e somente por meio de Sua morte.

Hebreus 10:10 afirma. “Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez.”. Fomos santificados por meio de Seu sacrifício.

Hebreus 10:14 diz: “Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados.” Ele removeu a possibilidade de pecaminosidade posicional. Você é, portanto, tão puro quanto Deus é puro, posicionalmente. Você é tão justo quanto Cristo é justo, posicionalmente.

Então, você tem o direito de ser chamado irmão de Jesus Cristo, no sentido de uma justiça comum. Isso deve lhe dar uma pequena ideia de como deve ser a graça de Deus, pois Ele se rebaixou para nos alcançar e nos dar esse tipo de igualdade de justiça com Jesus Cristo, e fazer tudo por amor.

Assim, a pessoa que recebe a Cristo é tornada santa, e isso nunca teria sido possível se Cristo não tivesse pago a pena pelo pecado. Foi Sua morte que nos deu Sua justiça.

A Bíblia diz: “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.” (2 Coríntios 5:21).

A justiça de quem eu carrego? A justiça do Deus do Universo. O problema é que eu não tenho essa justiça prática perfeita. Mas, o desenvolver da vida cristã é tornar-me na prática o que eu sou em posição.

Então, Jesus teve que morrer para nos dar a Sua justiça. Ele teve que carregar o nosso pecado. E assim nos tornamos um com Ele. Temos o mesmo Deus e Pai. Temos a mesma justiça. E Jesus nos chama de irmãos.  Que realização fantástica! 

Hebreus 11:16 diz: “Mas agora desejam uma melhor, isto é, a celestial. Por isso também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade.”

Isso não é ótimo? Você consegue imaginar Deus feliz por ser chamado de seu Deus? Você consegue imaginar isso?

Você pode imaginar Deus dizendo: “Estou tão feliz por ser o Deus de John MacArthur”? Você consegue imaginar isso? Deus não tem vergonha de dizer isso. Você sabe por quê? Não por quem eu sou, mas por quem eu sou em Cristo, porque a minha justiça é Dele.

Eu penso sobre isso quase no sentido inverso. Paulo disse em Romanos 1:16: “Não me envergonho do evangelho de Cristo”, certo? Mas não é algo triste o fato de que Deus nunca tenha vergonha de nos chamar de seus, mas quantas vezes temos vergonha de chamá-Lo de nosso? E vamos ser sinceros: quem deveria ter vergonha de quem nesse caso?

Quando percebo que Jesus não se envergonha de me chamar de irmão e que Deus não se envergonha de dizer: “Eu sou o Deus dele”, isso emociona o meu coração, e me faz bem consciente de que é na justiça de Jesus Cristo que eu permaneço, não em minha própria justiça, que é, na melhor das hipóteses, trapos imundos.

Nem todos os homens são irmãos. Somente aqueles que, pela fé em Jesus Cristo, têm a Sua justiça são irmãos.

Em Hebreus 2:12, o autor prova o aspecto de sermos irmãos em Cristo usando citações do Antigo Testamento, como sempre faz em Hebreus, porque está escrevendo para judeus. No versículo 12, ele está citando Cristo, como se Cristo estivesse falando no Antigo Testamento.

Aqui estão as palavras de Cristo no Antigo Testamento: “Anunciarei o teu nome a meus irmãos, cantar-te-ei louvores no meio da congregação.” (Hb 2:12). Este é Cristo falando com o Pai. Aqui você tem uma imagem de Jesus Cristo chamando os crentes de irmãos no Antigo Testamento.

Hebreus 2:12 está citando o Salmo 22. Isso é uma coisa fantástica! O Salmo 22 trata da crucificação, mas também trata da ressurreição. O verso 22, deste Salmo, fala da ressurreição: “Então declararei o teu nome aos meus irmãos; louvar-te-ei no meio da congregação.”

Congregação nesse texto não se refere à “igreja”. Significa apenas uma agregação. A Igreja não está no Antigo Testamento. A declaração do verso 22 (que remete à ressurreição) vem logo após a crucificação, tratada no verso 21.

Então, se temos a crucificação em um versículo (v. 21) e Jesus de pé no meio da congregação falando com Seus irmãos e louvando a Deus (v. 22), terá que ter ocorrido algo intermediário entre esses dois versículos, porque temos a morte em um versículo e vida no próximo verso. O que tem que vir no meio? Ressurreição.

E assim, Jesus é retratado em uma passagem do Antigo Testamento em uma alegria pós-ressurreição com Seus irmãos. E o que isso quer dizer? Isso é para dizer ao leitor judeu que essa ideia de Jesus Cristo, o Messias, chamando-nos de irmãos, é algo que vem diretamente da verdade do Antigo Testamento.

E esse é um argumento muito convincente para o judeu. Por isso, muitas vezes nas Escrituras, especialmente no livro de Hebreus, o escritor recorre ao Antigo Testamento para corroborar a verdade.

O Senhor Jesus nunca chamou Seu povo de irmãos antes da cruz. Não vemos isso em nenhum lugar nas Escrituras. Eles são chamados de discípulos, de amigos, de ovelhas, mas nunca são chamados de irmãos.

Por quê? Porque eles só poderiam ser irmãos após a cruz, quando o pecado foi pago e a justiça de Cristo foi imputada a eles. Então, eles são irmãos no sentido de uma justiça igual.

Logo após Sua ressurreição, Jesus disse a Maria: “ide dizei a meus irmãos…” (Mt 28:10). Pela primeira vez isso saiu de Sua boca. Porque, pela primeira vez, eles eram Seus irmãos. Esse é um belo pensamento! Amigos, sim. Discípulos, sim. Ovelhas, sim. Mas ainda não eram irmãos, até que fossem um em justiça, aperfeiçoados na cruz.

E então, Jesus usou o Salmo 22 não apenas para provar Sua morte e ressurreição, mas para mostrar a eles que essa irmandade começaria na ressurreição. O Messias ungido então, no Salmo 22:22, é visto entre a congregação após Sua ressurreição, tomando Seu lugar junto aos Seus irmãos, em louvor a Deus.

O autor de Hebreus (2:13) usa outro texto do Velho Testamento para provar seu ponto, que é Isaías 8:18, que diz: “Eis-me aqui, com os filhos que me deu o Senhor, por sinais e por maravilhas em Israel, da parte do Senhor dos Exércitos, que habita no monte de Sião.”

Hebreus 2:13 diz: “E outra vez: Porei nele a minha confiança. E outra vez: Eis-me aqui a mim, e aos filhos que Deus me deu.” Isso não é lindo? Aqui temos Cristo admitindo que Ele vive pela fé. Cristo está dizendo, em outras palavras: “Como meus irmãos, sigo o caminho da fé”.

Mesmo no Antigo Testamento é revelado que Cristo colocará Sua confiança no Pai: “Eis-me aqui, com os filhos que me deu o SENHOR…”. Assim é que Jesus Cristo se coloca como nosso irmão, não certamente por natureza e poder, pois nós somos humanos, e Ele é divino.

Mas, na justiça, somos irmãos. E na fé em Deus, somos irmãos. Jesus, quando estava neste mundo, aprendeu a obediência da fé e assim se tornou um Salvador perfeito.

É algo tremendo perceber que quando fomos chamados a andar pela fé, a nos submeter e assim viver na dependência de Deus, podemos seguir o caminho que Jesus trilhou, porque foi exatamente isso que Ele fez em Sua encarnação. Ele disse: “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.” (João 6:38).

Portanto, a irmandade com Jesus significa que temos Sua justiça e que andamos pela fé, como Ele fez. Somos um no sentido da vida de fé, assim como o somos na justiça. Verdades tremendas!

4 – NOSSO VENCEDOR SOBRE SATANÁS

Jesus Cristo não é apenas nosso substituto, o príncipe da nossa salvação e nosso santificador. Ele também é nosso vencedor sobre Satanás. Versículos 14 e 15 de Hebreus 2:

Hebreus 2
14 E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo;

15 E livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão.

Alguém teria que quebrar o poder de Satanás sobre nós. A fim de sermos livres para vivermos com Deus e experimentarmos o que Deus tem para nós, alguém teria que destruir o poder que nos escravizava.

Qual era o poder de Satanás sobre nós, e que ainda é hoje sobre os homens? Morte. A morte é a arma de Satanás. O pecado faz parte disso, mas a morte é a arma definitiva. Se Satanás puder reter um homem sob seu domínio até que ele morra, ele o terá para sempre. Então, a morte é sua arma.

Assim, alguém teria que vencer a morte para vencer Satanás e arrancar sua arma de sua mão. Versículo 14: “E visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas…”.

Por que Jesus se tornou homem? Por que Ele morreu? Para que através da morte Ele pudesse destruir aquele que tinha o poder da morte, que é o Diabo.

A única maneira de destruir Satanás era privá-lo de sua arma. E sua arma é a morte. O domínio de Satanás sobre os homens é a morte, morte física, morte espiritual, morte eterna.

Satanás sabe que Deus exige a morte para nós por causa do pecado. Satanás sabe que como em Adão todos morreram, a morte havia entrado como princípio na vida do homem. E ele sabe que os homens morreriam e sairiam da presença de Deus rumo ao inferno para sempre.

Satanás quer reter o homem sob seu domínio, até que ele morra, porque uma vez morto, é o fim. Os homens não podem escapar após a morte. Portanto, Deus precisava retirar das mãos de Satanás o poder da morte. E, justamente para esse propósito, Jesus veio.

Como quebrar o poder de Satanás?  conquistando a morte. Você não pode lutar contra uma metralhadora usando arco e flecha. E se tudo o que Satanás tem é a morte, e Deus tem algo maior, então a arma de Satanás é inútil. E assim, Jesus providenciou algo melhor do que a morte. E o que poderia ser melhor do que a morte? Vida.

Jesus destruiu a morte. Isso é exatamente o que quer dizer o versículo 14: “para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo”. Foi por meio da morte que Jesus destruiu o poder da morte de Satanás. Ele, ao morrer, destruiu a morte.

Por quê? Porque Jesus passou pela morte e saiu do outro lado, mostrando que poderia vencê-la. E então, Ele disse: “Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vós me vereis; porque eu vivo, e vós vivereis.” (João 14:19). Ele deixou o caminho aberto. A ressurreição de Jesus Cristo dá ao crente a vida eterna. Só a ressurreição poderia ter feito isso.

A ideia do “império da morte” (Hb 2:14) significa domínio. O domínio de Satanás sobre o homem era na forma de morte, mas Jesus quebrou esse domínio.

Há uma boa indicação do significado da encarnação – Deus tornando-se homem – nas palavras “participam” e “participou” no verso 14: “E visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas…”. O texto está se referindo aos irmãos de Cristo, que somos nós, os crentes. Somos participantes de carne e sangue.

A palavra traduzida como “participam”, no verso 14, é “koinōneō”, da qual obtemos as palavras companheirismo ou comunhão. Significa uma parceria. Somos parceiros de carne e osso. Essa é a nossa natureza comum.

O verso 14 diz, então, a seguir: “também ele participou das mesmas coisas…”. Porém, a palavra traduzida como “participou” não é “koinōneō”, mas “metechō”, que significa que Ele se apoderou de algo que não era de Sua própria natureza.

Nós, por natureza, somos carne e sangue; Ele, por natureza, não é. Mas, voluntariamente, tomou posse de algo que não Lhe pertencia por natureza, acrescentando a Si mesmo uma natureza adicional, a fim de que pudesse morrer em nosso lugar. Jesus morreu e esmagou o poder de Satanás.

Apocalipse 1:18 diz que Jesus Cristo tem as chaves do inferno e da morte. E assim, Jesus se tornou a morte da morte. Jesus Cristo venceu a morte em Sua ressurreição e deixou o caminho aberto para nós. Ele tinha que ser um homem para fazer isso.

O versículo 15 declara: “E livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão.” Você sabe que o que deixa as pessoas em pânico, mais do que qualquer outra coisa, é a morte? Os homens estão por toda a vida sujeitos à escravidão do medo da morte. É um medo horrível. É o rei dos terrores.

Mas quando você recebe Jesus Cristo, a morte exerce algum medo sobre você? Não. Somos libertados da escravidão do medo da morte. Paulo disse: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho.” (Fp 1:21l.

Ele também disse: “Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor.” (Fp 1:23). E ainda: “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” (1Co 15:55).

A morte não nos traz medo, pois ela simplesmente nos libera para a presença de Jesus Cristo. Não temos mais medo da morte. Por quê? Porque Jesus a conquistou. Colocamos nossas mãos nas mãos do Príncipe da salvação, e Ele nos guiará de um lado da sepultura para o outro.

E isso nunca poderia ter acontecido, se Ele não tivesse se tornado inferior aos anjos por um pouco tempo.

5 – NOSSO SIMPATIZANTE

E assim, vemos nosso Salvador perfeito como nosso substituto, príncipe da nossa salvação, nosso santificador, nosso conquistador de Satanás e, por último, nosso simpatizante. Versículo 16: “Porque, na verdade, ele não tomou os anjos, mas tomou a descendência de Abraão.”

Ele não veio para redimir os anjos. Se Ele vinha para redimir os homens, o que Ele teria que se tornar? Um homem. Então, Ele assumiu a forma da semente de Abraão e tornou-se judeu. A Bíblia simplesmente diz que Deus escolheu os judeus por amá-los (Dt 7:7-9).

Hebreus 2:17 diz que desde que Jesus se tornou um homem, “convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos”. A pergunta dos judeus: “Bem, se Jesus é Deus, como Ele é um homem? Se Ele é superior aos anjos, como é que Ele é um homem inferior aos anjos?” Resposta: porque era necessário que Ele fosse feito como Seus irmãos em todas as coisas.

Por quê? A resposta está na continuação do verso 17: “para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo.” E ainda no verso 18: “Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados.”

Por que Ele se tornou um homem? Porque Ele veio para reconciliar os homens. O trabalho de um sumo sacerdote era levar o homem a Deus. E Jesus fez essa reconciliação. Ele veio para levar os homens à presença de Deus.

Mas, além disso, Ele veio também para ajudar os que são tentados. Ele queria sentir tudo o que já sentimos, para que pudesse ser um sumo sacerdote misericordioso e fiel. Veja, Ele veio não apenas para nos salvar, mas para simpatizar conosco.

Quando Timóteo estava tendo problemas – e Timóteo tinha muitos problemas – Paulo disse a ele: “Por cujo motivo te lembro que despertes o dom de Deus que existe em ti pela imposição das minhas mãos.” (2 Timóteo 1:6). Timóteo estava sendo incomodado por alguns hereges. As pessoas estavam o atacando por ser jovem.

E, lembre-se, Paulo disse: “Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza.” (1 Timóteo 4:12). Timóteo estava meio derrotado, e estava ficando com uma úlcera. Paulo até lhe disse para tomar um pouco de vinho, por causa de seu estômago, para curar sua úlcera.

Timóteo tinha muitos problemas. Mas, o conselho final que Paulo deu a ele foi este: “Lembra-te de que Jesus Cristo, que é da descendência de Davi” (2 Timóteo 2:8). Isso significa: lembre-se de Jesus Cristo em Sua humanidade.

Em outras palavras: “Timóteo, lembre-se que onde quer que você tenha estado, Jesus esteve lá antes de você chegar. Você pode se ajoelhar quando as coisas ficarem difíceis e dizer: ‘Jesus, o que o Senhor passou quando estava aqui, eu estou passando por isso agora.'”

E Ele dirá: “Sim, eu sei, mas ‘não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar.’ (1 Co 10:13).” Jesus dirá: “Sim, eu já estive onde você está”.

Não é maravilhoso, quando você tem um problema e vai até alguém que já passou pelo mesmo e venceu? Você pode se apoiar um pouco nessa pessoa.

Você já experimentou ter um problema, contar para alguém e a pessoa não ter como se relacionar com isso? E você sente que teria sido melhor nem ter contado nada. Mas, quando você vai até alguém que já esteve na mesma situação e saiu, você sente que encontrou uma rocha para se apoiar.

Jesus não apenas veio ao mundo e morreu. Ele foi tentado em todas as coisas, como nós, mas sem pecado. Ele queria ser um sumo sacerdote misericordioso, fiel e compassivo. Ele teve fome, sede, foi dominado pelo cansaço, dormiu, foi ensinado, cresceu, amou, ficou surpreso, ficou maravilhado.

Ele ficou feliz e também indignado. Ele era sarcástico. Ele ficou triste, preocupado, exerceu fé. Ele leu as Escrituras, orou a noite toda, suspirou em Seu coração quando via alguém doente. Lágrimas rolaram de Seus olhos quando Seu coração doía.

Ele sentiu tudo de uma forma que você jamais sentirá. Ele sentiu tudo isso no grau máximo, porque quem nunca cede à tentação sente a tentação ao extremo em todas as ocasiões.

A maioria de nós nunca saberá até que ponto a pressão da tentação poderá chegar, pois sucumbimos em menos da metade do caminho, na melhor das hipóteses. Mas Jesus nunca pecou e, portanto, Ele aguentou todas as tentações que já surgiram e sentiu todas as dores que você e eu sentiremos.

Você diz: “Por que Ele fez isso?” Para que pudéssemos ter um sumo sacerdote misericordioso e fiel, que possa ser tocado com os sentimentos de nossas enfermidades. É por isso. Vou te dizer uma coisa: não quero um Deus cósmico que anda por aí indiferente a mim. Quero alguém que saiba onde dói e saiba onde sinto dor.

E assim, o Espírito Santo está dizendo ao leitor judeu: “Olhe novamente, meu amigo. Ele teve que se tornar inferior aos anjos, porque Ele tem que ser o tipo de salvador a quem você pode recorrer não apenas para salvação, mas também para compaixão.”

Este é o nosso Salvador, o Salvador perfeito. Nosso substituto, príncipe da nossa salvação, nosso santificador, nosso conquistador de Satanás e nosso simpatizante. Que Salvador Ele é! O Salvador perfeito.

Oremos:

Nosso Pai, nós Te agradecemos por nos ensinar novamente sobre as perfeições de nosso bendito Cristo. Quero Te agradecer por um Salvador que é tudo o que um salvador precisa ser. Quero agradecer-Te por um Salvador que morreu a minha morte, que pega na minha mão e me conduz a Deus, que não deixa nada por fazer, que sente a dor como eu a sinto, que se compadece de mim com ternura e amor. Eu quero Te agradecer por um Salvador que venceu Satanás, que foi vitorioso para mim.

E, Pai, estou impressionado com o fato de que tudo o que tenho que fazer pela fé é aceitar o que o Senhor fez, e será tudo meu. Oh, que Salvador nós temos! Cristo, eu digo a Ti: “Estou maravilhado com Tua maravilhosa obra de graça. E, com todo o meu coração e o coração de todos nós aqui reunidos, agradecemos. As palavras não podem expressar o que sentimos. Nós oramos em Teu nome. Amém.


Esta é uma série de  sermões de John MacArthur sobre a carta aos Hebreus.

Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos já publicados desta série.


Este texto é uma síntese do sermão “Our Perfect Savior”, de John MacArthur em 12/03/1972.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/1606/our-perfect-savior

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


 

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