O Cego Espiritual Permanente

Seguindo nossa trilha no Evangelho de Marcos, vamos olhar agora para o capítulo 8, versículos de 11 a 21. Esta seção trata da cegueira espiritual.

Uma parte do texto registra um encontro entre Jesus e os líderes de Israel, a elite religiosa. A outra parte registra o encontro entre Jesus e os discípulos. O texto ilustra dois tipos de cegueira espiritual: A permanente e a temporária.

A cegueira espiritual é uma condição humana universal. Todo ser humano nascido neste mundo, desde a queda, nasceu espiritualmente cego. E essa cegueira é profunda e completa. Esse é o diagnóstico bíblico da condição humana.

Todos os  homens nascem espiritualmente mortos. O morto não enxerga. Aqueles que não nasceram de novo, continuarão mortos e ainda experimentarão a segunda morte, as trevas eternas (Ap. 20:14). 

Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais (Efésios 2:1-3).

Por outro lado, em João 11:25, Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá”.

Isso contraria o que muitos pensam, pois confiam em gurus místicos e filosofias religiosas vazias. Muitos líderes religiosos passam a ideia de que ascenderam a uma esfera espiritual superior.

Todas as religiões do planeta afirmam ter a chave da porta para o mundo espiritual. Mas tudo não passa de um grande engano, pois somente através do Evangelho é que o homem pode estar nas regiões celestiais em Cristo Jesus.

Tudo que as religiões sem o genuíno Evangelho podem oferecer são as trevas profundas. Fora do Evangelho não há luz, não há relacionamento com Deus e não há vida. Jesus disse:

Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida (João 8:12)
Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim (João 14:6)

Esse é o testemunho das Escrituras. O apóstolo João declarou com muita precisão toda essa realidade:

João 1
3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele [Jesus], e, sem ele, nada do que foi feito se fez.
4 A vida estava nele [Jesus] e a vida era a luz dos homens.
5 A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela.
6 Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João.
7 Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele.
8 Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz,
9 a saber, a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem.
10 O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu.
11 Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome;
14 E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.

A cegueira era uma condição também de Israel, o povo que tinha a Escritura do Antigo Testamento, a Lei, os profetas, as ordenanças, as alianças e a revelação completa de Deus.

Deus falou com Israel de muitas maneiras no Antigo Testamento, mas a religião se tornou apóstata, contrariando toda a revelação de Deus através das Escrituras.

O judaísmo apóstata era tão cego que, mesmo estando diante da luz verdadeira e olhando para ela, não conseguiu entender e enxergar. No julgamento de Jesus, a multidão religiosa cega bradou contra a luz: “Fora! Fora! Crucifica-o! Não temos rei, senão César!” (João 19:15).

A cegueira é uma questão universal, que atinge judeus e gentios. “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça” (Romanos 1:18). Os homens “se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, e o coração insensato deles se obscureceu” (Romanos 1:21).

E aqui Paulo está se referindo a todos os homens, de forma indistinta. E diz:

Porque os atributos invisíveis de Deus, isto é, o seu eterno poder e a sua divindade, claramente se reconhecem, desde a criação do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que Deus fez. Por isso, os seres humanos são indesculpáveis (Romanos 1:20).

O mundo inteiro tem a luz à disposição. No entanto, “ainda que conhecessem a Deus” – versículo 21 – “não o honraram como Deus nem deram graças; eles ficaram vazios em suas especulações, e seu coração insensato foi escurecido”. O que aconteceu foi que a luz que eles tinham se apaga. Eles se afastaram da Luz.

E quanto à situação espiritual daqueles que não nasceram de novo, Paulo diz que eles andam na vaidade dos seus próprios pensamentos (Efésios 4:17), e, consequentemente se tornaram:

Obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração, os quais, tendo-se tornado insensíveis, se entregaram à dissolução para, com avidez, cometerem toda sorte de impureza (Efésios 4:18,19).

Corações duros, mentes ignorantes e entendimento obscurecido – é assim que todos os seres humanos são definidos na Escritura. Provérbios 4:19 diz: “O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem eles em que tropeçam” (Provérbios 4:19).

Trata-se de uma cegueira espiritual profunda. O Salmo 82:5 diz que os ímpios “nada sabem, nem entendem; vagueiam em trevas”.

As duas primeiras dimensões da cegueira espiritual

O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más. Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem arguidas as suas obras. Quem pratica a verdade aproxima-se da luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque feitas em Deus (João 3:19-21)

O primeiro grau de cegueira vem da própria natureza pecadora, porém o segundo grau da cegueira vem do amor que os cegos espirituais têm pelos seus pecados, isso torna a cegueira ainda mais profunda.

A terceira dimensão da cegueira espiritual

Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se perdem que está encoberto, nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus (2 Coríntios 4:3,4).

Os ímpios são cegos pela natureza pecadora e amor pelo pecado, e são triplamente cegos por Satanás “para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo”.

Não estamos falando de uma cegueira superficial, mas de uma cegueira profunda. Cego pela natureza, cego pelo pecado e pelo amor a ele, cego por Satanás e seu poder sobre a alma.

Quarta dimensão da cegueira espiritual

Quando Jesus ia chegando a Jerusalém, vendo a cidade, chorou e dizia: Ah! Se conheceras por ti mesma, ainda hoje, o que é devido à paz! Mas isto está agora oculto aos teus olhos (Lucas 19:41,42).

Esse é o mais triste de todos os aspectos da cegueira espiritual, quando a cegueira não pode ser remediada, quando ela consegue ocultar a luz.

A luz ainda está convosco por um pouco de tempo. Andai enquanto tendes luz, para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai. Enquanto tendes luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz. Estas coisas disse Jesus e, retirando-se, escondeu-se deles (João: 12: 35-36).

Jesus advertiu Israel e, em seguida, vem uma declaração assustadora: “Estas coisas disse Jesus e…” qual é a palavra seguinte? “… partiu e escondeu-se deles”.

É um trágico versículo. O fim de todo o ministério de Jesus Cristo. Ele partiu. E eles foram para o templo no dia seguinte (Lucas 21:38), e esperaram por ele, mas ele nunca apareceu. Jamais voltou ali. Tinha acabado.

Não era apenas uma nuvem encobrindo o sol, o sol se foi.  “Eu retiro-me, e buscar-me-eis, e morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou, não podeis vós vir” (João 8:21) Então, um veredicto sobre Israel. Seu Messias havia chegado. O Messias tinha ido. E com exceção de algumas almas fiéis, Israel não creu. Eles viram todas as evidências e decidiram que Cristo deveria ser morto. Para eles, Jesus não poderia ser o Messias.

E restou a eles apenas o peso do julgamento, a realidade do castigo eterno, a condenação às trevas eternas. Esta é a cegueira profunda, a cegueira da natureza humana, a cegueira do pecado, a cegueira de Satanás, a cegueira do julgamento e a cegueira do castigo eterno.

Esta é a condição de toda a humanidade:

  • Há aqueles que estão permanentemente cegos. É uma cegueira eterna, permanente.
  • Há aqueles que estão temporariamente cegos. É a cegueira é apenas temporária.

E você está em um desses dois grupos.

Vamos voltar ao texto de Marcos e olhar para ele:

Marcos 8
11 E, saindo os fariseus, puseram-se a discutir com ele; e, tentando-o, pediram-lhe um sinal do céu.
12 Jesus, porém, arrancou do íntimo do seu espírito um gemido e disse: Por que pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo que a esta geração não se lhe dará sinal algum.
13 E, deixando-os, tornou a embarcar e foi para o outro lado.
14 Ora, aconteceu que eles se esqueceram de levar pães e, no barco, não tinham consigo senão um só.
15 Preveniu-os Jesus, dizendo: Vede, guardai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes.
16 E eles discorriam entre si: É que não temos pão.
17 Jesus, percebendo-o, lhes perguntou: Por que discorreis sobre o não terdes pão? Ainda não considerastes, nem compreendestes? Tendes o coração endurecido?
18 Tendo olhos, não vedes? E, tendo ouvidos, não ouvis? Não vos lembrais
19 de quando parti os cinco pães para os cinco mil, quantos cestos cheios de pedaços recolhestes? Responderam eles: Doze!
20 E de quando parti os sete pães para os quatro mil, quantos cestos cheios de pedaços recolhestes? Responderam: Sete!
21 Ao que lhes disse Jesus: Não compreendeis ainda?

Esse texto é paralelo a Mateus 16:1-12, e no final Mateus escreveu: “Então, entenderam que não lhes dissera que se acautelassem do fermento de pães, mas da doutrina dos fariseus e dos saduceus”. Mateus 16:1 diz havia naquele grupo fariseus e saduceus.

O primeiro grupo (fariseus e saduceus) é deixado na escuridão. O segundo grupo (discípulos de Jesus) é conduzido à Luz. Os fariseus ficaram na escuridão permanente, os discípulos eram cegos temporários. Ao longo de suas vidas, a luz do Senhor na vida dos discípulos foi cada vez mais brilhante.

O contexto de Marcos 8: 11-21

O contexto deste incidente é próximo ao fim do ministério de Jesus na Galileia, quando ele foi para a Judeia nos últimos meses de sua vida, antes de ir para a cruz.

É um marco, porque foi a última vez que esses líderes religiosos na Galileia enfrentaram o Messias e Salvador naquela área. Daqui em diante Jesus se relacionou com eles como um Juiz. Até aqui houve convites para que aqueles líderes religiosos cressem, mas agora Jesus os abandona. Isso também aconteceu para com todas as pessoas que o rejeitaram ali.

Jesus passou a andar apenas com os discípulos na Galileia. Em Marcos 9:30-31 diz que eles “tendo partido dali, passavam pela Galileia, e não queria que ninguém o soubesse, porque ensinava os seus discípulos…”. E em Marcos 10:1 diz que “levantando-se Jesus, foi dali para o território da Judeia, além do Jordão”.

Depois desse embate com os fariseus e saduceus, Jesus passou a se dedicar apenas aos discípulos, preparando-os para a grande comissão. E foi nesse tempo específico, antes de sua ida para a Judeia, que há uma declaração tremenda:

Indo Jesus para os lados de Cesareia de Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem? E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas. Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. (Mateus 16:13-16)

Tal registro também está em Marcos 8:27-29. Eles viram a Luz e reconheceram a Luz. Eles entenderam. Esse é o ponto alto, a grande confissão dos discípulos de Jesus.

Mas, ao mesmo tempo, Jesus foi desacreditado e acusado publicamente pelos líderes de Israel. Ele também foi rejeitado pelas pessoas que seguiam os líderes de Israel. Todos eles estavam em densas trevas, amavam as trevas e seus pecados. Ele foi rejeitado por todos eles, e agora eles querem matá-lo.

Aqueles que o seguiam sabiam que estavam rompendo com sua antiga religião. Eles sabiam que estavam abandonando a estrutura religiosa. Eles estavam dando as costas ao judaísmo apóstata.

Eles seguiam aquele que foi desprezado, odiado e escarnecido pelos líderes religiosos. Mas eles tinham uma certeza: “Ele é o Cristo. Ele é o Messias”. As trevas foram dissipadas de seus olhos, e a luz ficou cada vez mais brilhante à medida que eles ficaram na presença de Deus.

Após a ressurreição, a ascensão de Jesus e o envio do Espírito Santo, eles deram suas vidas para pregar o evangelho. Enquanto os líderes de Israel morreram em profunda cegueira espiritual, eles viram e seguiram a luz. Quando a cegueira temporária daqueles que seguem a Cristo termina, a luz começa a brilhar cada vez mais.

A cegueira permanente

Marcos 8
11 E, saindo os fariseus, puseram-se a discutir com ele; e, tentando-o, pediram-lhe um sinal do céu.
12 Jesus, porém, arrancou do íntimo do seu espírito um gemido e disse: Por que pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo que a esta geração não se lhe dará sinal algum.
13 E, deixando-os, tornou a embarcar e foi para o outro lado.

Jesus estava face a face com aqueles que o odiavam. Eles amavam seus pecados, a hipocrisia e sua justiça própria. Eles eram naturalmente cegos, pecaminosamente cegos e satanicamente cegos, e assim julgados como cegos e estarão eternamente nas trevas.

Vimos nos sermões anteriores que a partir de Marcos 7:24 Jesus deixou a Galileia e fez uma viagem por terras gentias. Na volta ele passou por Decápolis, região formada por dez cidades gentias. Nessa viagem ele mostrou a seus discípulos que o Evangelho era para judeus e gentios.

No último sermão, em Marcos 8: 1 a 10, vimos a segunda multiplicação de pães e peixes, que, ao contrário da primeira multiplicação na Galileia (Marcos 6:30-44), agora havia uma multidão de gentios (na região de Decápolis).

Após esse milagre, Jesus, “juntamente com seus discípulos, partiu para as regiões de Dalmanuta” (Marcos 8:10). É uma região perto de Cafarnaum, que Mateus chamou de Magadã (Mateus 15:39).

Então, agora, a partir de Marcos 8:11 Jesus está de volta ao território judeu. E assim que Ele chega, “os fariseus, puseram-se a discutir com ele; e, tentando-o, pediram-lhe um sinal do céu” (Marcos 8:11). Mateus 16:1 registra que os saduceus também estavam ali.

E assim que Jesus chega, os líderes religiosos já estavam prontos para novos ataques. Eles o odiavam porque odiavam a luz e a mensagem de arrependimento, fé e graça. Eles criam na sua autojustiça e que eram merecedores do favor divino em função de sues ritos religiosos.

Características que marcam os espiritualmente cegos

As pessoas que são espiritualmente cegas se sentem à vontade apenas com outras que também são espiritualmente cegas, mesmo que sejam inimigas.

É incrível como universalmente os cegos espirituais odeiam a Luz. Ou seja, pessoas de todas as falsas religiões, embora sejam antagônicas umas às outras em suas religiões, concordam em odiar a verdade.

A única coisa com a qual as várias falsas religiões do mundo concordarão é que todas elas se ressentem do cristianismo e do evangelho. Nisso eles concordam, mesmo que sejam inimigos mortais.

Os fariseus e saduceus se odiavam, mas se unem em ódio contra a Luz. Isso é característico das trevas, elas se unem contra a luz. Os fariseus eram legalistas e os saduceus liberais, mas se unem no ódio contra Jesus.

  • Os saduceus controlavam o templo e faziam dele um comércio, extorquindo as pessoas, e assim eles não eram populares. Eles eram moralmente liberais, negavam a existência da ressurreição e dos anjos. Não criam nos profetas, eram materialistas e atraídos pela cultura grega. Eles aceitavam bem a presença dos romanos, e, em troca disso, ganhavam dinheiro.
  • Os fariseus eram legalistas meticulosos, odiavam a cultura grega e a presença dos romanos. Eles odiavam os pagãos e se separavam dos publicanos e pecadores. Eles viviam à parte da população judaica em geral. Eles se separaram de qualquer tipo de contaminação que eles achavam que os tornaria cerimonialmente impuros.

Os fariseus e saduceus não queriam nada um com o outro, mas tinham esse inimigo em comum: a verdade, a Luz, Jesus Cristo. E assim, os inimigos em densas trevas se uniram contra a luz.

Marcos 8:11 diz que eles se aproximaram de Jesus para “discutir” com ele. A palavra grega traduzida como “discutir” tem o sentido de “argumentar”. Era uma disputa para desacreditar Jesus diante do povo. Eles pediram a Jesus um sinal do céu.

Eles tinham uma crença que só Deus poderia fazer milagres celestiais e os demônios só poderiam fazer milagres terrenos. Então eles pendem um sinal celestial, talvez um eclipse, começar e parar uma tempestade etc.

Eles fizeram isso para tentar Jesus. Eles realmente queriam desacreditá-Lo.

  • Se Jesus dissesse: “Eu não vou fazer isso”, eles poderiam desacreditá-lo e dizer que seus sinais terrenos eram pelo poder de Satanás.
  • E eles estavam certo de que se Jesus dissesse que faria o sinal, ele falharia e seria igualmente desacreditado.

Eles realmente precisavam de outro sinal? Um líder fariseu, Nicodemos, havia dito: “sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele” (João 3:2).

Eles não precisavam de mais sinais, já tinham visto o bastante. Mas havia a noção de que a vinda do Messias seria em meio a sinais celestiais, como diz o profeta Joel:

Mostrarei prodígios no céu e na terra: sangue, fogo e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor (Joel 2:30,31)

Essa profecia é para a volta do Messias e não na sua encarnação. Mas eles queriam mais provas, mesmo quando um de seus líderes testificou que os sinais operados por Jesus vinham da parte de Deus. Mas a cegueira espiritual profunda impediu que eles contemplassem a luz que estava diante de seus olhos.

Jesus havia dito a eles: “As obras que o Pai me confiou para que eu as realizasse, essas que eu faço testemunham a meu respeito de que o Pai me enviou”. (João 5:36)

Jesus já havia operado muitos sinais e maravilhas, das quais não havia explicação humana, mas os cegos espirituais gostam da companhia de outros cegos, e assim as trevas se ampliam, impedindo que possam ver a luz. Não há evidências que satisfaça o homem em profunda e permanente cegueira espiritual.

Os fariseus e saduceus não eram diferentes de Faraó, que diante dos sinais operados por Moisés, seu coração se endurecia. Quanto mais luz brilha sobre as densas trevas do homem em cegueira profunda, mais grave a escuridão se torna.

  • Voltaire, o ateu francês, disse: “Mesmo que um milagre fosse feito no mercado aberto, diante de mil testemunhas sóbrias, eu preferiria desconfiar de meus sentidos do que admitir um milagre”.

A incredulidade sempre encontrará uma maneira de rejeitar a verdade e se afundar ainda mais na escuridão.

  • Woody Allen disse: “Se Deus me desse um sinal claro, eu acreditaria. Como fazer um grande depósito em meu nome em um banco suíço”.

A cegueira que nunca enxergará é aquela que olha apenas para a escuridão em busca de sua comunhão e mergulha mais fundo nessa escuridão quando a Luz aparece.

Marcos 8:12 diz que “Jesus, porém, arrancou do íntimo do seu espírito um gemido e disse: Por que pede esta geração um sinal?”.

O texto grego traduzido como “arrancou do íntimo do seu espírito um gemido” é uma expressão de luto. Sua dor foi profunda por causa da incredulidade obstinada. Ele lamentou a ignorância deliberada de seus rejeitadores.

E Jesus disse: “Em verdade vos digo que a esta geração não se lhe dará sinal algum”. O teto grego se refere a uma afirmação imutável, algo que jamais seria dado a eles.

Os cegos se sentem à vontade com os outros cegos e estão destinados a uma cegueira mais profunda. E, por fim, eles estão condenados à cegueira terminal.

Em Mateus 16 Jesus diz algumas coisas que Marcos não registrou. Após os fariseus e saduceus pedirem um sinal, Jesus lhes disse:

Chegada a tarde, dizeis: Haverá bom tempo, porque o céu está avermelhado; e, pela manhã: Hoje, haverá tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio. Sabeis, na verdade, discernir o aspecto do céu e não podeis discernir os sinais dos tempos? Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal lhe será dado, senão o de Jonas. E, deixando-os, retirou-se (Mateus 16:2-4).

Jesus chamou os fariseus, saduceus e todos os seguem de “geração má e adúltera” e faz referência ao sinal de Jonas, do qual ele havia dito em outra ocasião, quando novamente os escribas e fariseus pediram algum sinal.

Uma geração má e adúltera pede um sinal; mas nenhum sinal lhe será dado, senão o do profeta Jonas. Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra (Mateus 12:39,40)

Esse era o único sinal que Jesus ofereceu a eles. Ele se referia a sua ressurreição. Mas, em Mateus 28: 11 a 15, eles chamaram os soldados que estavam guardando o túmulo e os subornaram para que negassem a ressurreição. Essa é escuridão permanente e profunda.

Estar no escuro é estar confortável apenas com aqueles que estão no escuro. Ser consignado às trevas mais profundas e, literalmente, ser condenado às trevas eternas.

Em Marcos 8:13 registra como Jesus encerra aquela conversa: “E, deixando-os, tornou a embarcar e foi para o outro lado”. Jesus os abandonou, e esse foi o último encontro de Jesus com eles na Galileia. Isso é trágico.

O mundo inteiro está cheio de pessoas assim, que vivem na escuridão. Podem pensar que são espirituais e misticamente conscientes do reino espiritual, mas a verdade é que estão em total escuridão. E elas são destinadas às trevas ainda mais profundas, permanentes e eternas.

Por outro lado, em vez dos cegos que nunca verão, há os cegos que verão, e vamos olhar para eles na próxima vez.

Senhor, é tão maravilhoso buscar em Tua Palavra os tesouros inesgotáveis. Obrigado pela verdade que transmite tão valiosos ensinos. Nós Te agradecemos por isso.

Senhor, nós Te agradecemos por ter prometido que “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida” (João 8:12). Obrigado, Senhor, pelo teu sacerdócio eterno.

Há pessoas aqui que estão na escuridão e estão sendo expostas à luz. Oramos para que Tu sejas misericordioso com eles. E que eles se voltem e venham para a Luz, para aquele que é a Luz do Mundo. Tira-os da escuridão, Senhor.

Nós Te agradecemos, Senhor, por ter feito isso por tantos aqui. Obrigado porque já fomos trevas e agora somos luz. Fomos libertos do reino das trevas e transportados para o reino do Teu querido Filho.

Obrigado por esse dom da graça e misericórdia, e que possamos viver vidas de gratidão em tudo o que fazemos, oramos em nome de Cristo, amém.


Leia também: O Cego Espiritual Temporário


Esta é uma série de  sermões de John MacArthur sobre o Evangelho de Marcos

Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos já publicados desta série


Este texto é uma síntese do sermão “Spiritual Blindness, Part 1”, de John MacArthur em 15/8/2010

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/41-37/spiritual-blindness-part-1

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


 

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