Tesouro em Vaso de Barro (2)

Vamos continuar agora o assunto do sermão anterior, em 2 Coríntios 4:7 a 15, onde Paulo começa, dizendo: “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós”.

O Senhor tem o prazer de escolher os servos mais humildes e fracos para levar Sua verdade transformadora. Ele colocou o tesouro inestimável, a verdade do evangelho da nova aliança, em vasos de barro, para que o poder Dele seja manifestado e não a irrelevância da sabedoria humana. 1 Coríntios 1: 26-29 diz:

Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus.

Deus se deleita em vasos de barro, nos quais deposita Sua gloriosa e preciosa verdade. Jesus declarou:

Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado (Mateus 11:25,26)

Deus se agrada de colocar as profundas verdades do tesouro do evangelho salvador da glória de Deus, na face de Jesus Cristo, em recipientes humanos fracos, imperfeitos e substituíveis. O poder não está no mensageiro, mas na verdade gloriosa de Deus.

Como vimos no sermão anterior, Paulo estava sendo atacado em Corinto. Aquela amada congregação para a qual ele havia dado tanto de seu coração, alma, tempo e energia, foi invadida por falsos mestres. Eles queriam substituir Paulo para que pudessem ensinar heresias. Para fazer isso, eles precisavam desacreditá-lo.

E então, eles começaram um esforço completo de assassinato de sua reputação. E ele foi acusado de ser inepto e de aparência inexpressiva. Na verdade, feio e com deformidade física. Também foi acusado de que seu discurso era desprezível, simples, comum, fraco e inexpressivo. Diziam que Paulo não tinha atrativos pessoais, não era encantador, não era inteligente, não tinha personalidade e não tinha talento oratório. Enfim, que Paulo era um desqualificado.

Era importante que Paulo se defendesse, não por causa de si mesmo, mas a fim de preservar a verdade. Os falsos apóstolos queriam devorar aquela igreja com doutrinas falsas e demoníacas. Paulo batalhou para que a igreja continuasse com a verdade.

Havia um dilema para Paulo: defender-se e, ao mesmo tempo, não entrar no orgulho. Com vimos no sermão anterior, ele se defendeu humildemente, concordando com seus detratores, admitindo que era mesmo imperfeito, frágil, substituível, comum, inexpressivo, desprezível e que tinha deformações físicas.

O ponto central de sua defesa era que sua obra vinha exclusivamente pelo poder de Deus. Ele apenas se preocupou em falar do Cristo crucificado e da loucura da palavra da cruz, sempre pela sabedoria divina e não humana. Ele admitiu que não tinha talentos de oratória, mas era portador da verdade gloriosa do evangelho. Ele diz:

Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. (2 Coríntios 4:7)

Ele admitiu que nada mais era que um vaso de barro, um recipiente comum naquela época, muito usado como lixeira e que não tinha qualquer valor em si mesmo. O segredo não está no vaso, mas no tesouro que Deus colocou dentro de vasos desprezíveis diante do mundo.

Em 2 Coríntios 4:7-15 muitas características são reveladas do caráter de Paulo. E esses são os elementos de sua defesa. No sermão anterior vimos a primeira: humildade.

Ele admitiu ser apenas um vaso de barro, que nada procedia dele, tudo vinha do supremo poder de Deus. Ele revela que tesouro estava contido no vaso de barro:

Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo. Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. (2 Coríntios 4:6,7)

O tesouro é o evangelho, a nova aliança, a glória do Filho de Deus encarnado. Esse era o segredo de seu ministério. O único valor do vaso estava no que estava contido dentro dele, e tudo procedia de Deus. Ele havia dito:

Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus. (1 Coríntios 1:28,29)

Deus escolhe vasos desprezíveis de barro para que a suprema grandeza do poder seja de Deus e não de nós mesmos. Deus não constrói cenários para que os homens se exaltem, tudo Ele faz é para Sua própria glória.

As pessoas não são convertidas por causa de habilidades humanas, ou sabedoria humana ou técnicas humanas. Elas são convertidas por Deus. E tudo o que Deus precisa fazer é colocar a verdade em um vaso de barro moldado nas mãos do oleiro.

Paulo tinha uma mente brilhante, talvez uma das maiores mentes de sua época. Mas ele nunca realmente usou isso na apresentação do evangelho. Ele apenas pregou a cruz e o senhorio de Cristo, e deixou a salvação para Deus. E assim, ele se reduziu ao nível mais comum e simples: um vaso de barro. Ele disse:

Considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar a Cristo. (Filipenses 3:8)

Deus se moveu poderosamente através de seu ministério. E qual foi o segredo? Foi Deus que trabalhou poderosamente através daquele vaso de barro. A glória é toda do Senhor. O poder não vinha de Paulo, mas de Deus. Paulo declarou:

Minha mensagem e minha pregação não consistiram de palavras persuasivas de sabedoria, mas consistiram de demonstração do poder do Espírito, para que a fé que vocês têm não se baseasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus. (1 Coríntios 2:4,5)

Então, a primeira característica que Paulo demonstra é a humildade, ele tinha certeza de que tudo vinha de Deus e que ele mesmo não passava de um simples vaso sem valor.

Uma segunda característica do servo do Senhor é que ele é invencível.

E que paralelo maravilhoso é esse! Sim, ele é um vaso de barro, frágil, quebrável, substituível, sem valor, mas essa fraqueza não o incapacita e não o destrói, pelo contrário, fortalece-o. Na verdade, é essencial para o cumprimento de seu dever.

2 Coríntios 4
7 Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós.
8 Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados;
9 perseguidos, porém, não desamparados; abatidos, porém não destruídos;

Aqui está um homem humilde, mas também um homem invencível. Muito ciente de todas as suas fraquezas, firme no poder sobrenatural que o sustenta. Mais adiante ele diz:

2 Coríntios 12
7 E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte.
8 Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim.
9 Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo.
10 Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte.

Provavelmente, esse mensageiro de Satanás era o líder da conspiração em Corinto. Paulo foi ao Senhor por três vezes e pediu que o Senhor eliminasse aquele falso mestre. Mas diante do profundo incômodo de Paulo, o Senhor lhe disse: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza”.

Então, Paulo diz que se gloriava em suas fraquezas, para que sobre ele repousasse o poder de Cristo. Ele diz que aprendeu a sentir prazer por todas as grandes tribulações por amor a Cristo. Não era uma alegria pelo sofrimento em si, mas porque através dele o poder de Cristo era revelado, capacitando-o em meio às suas fraquezas.

Quando ele reconhece, em sua humildade, que não é absolutamente nada, que é apenas um vaso desprezível de barro, ele se lança no poder de Deus. E esse é o ponto principal.

E ao fazer isso, ao ficar completamente humilhado, ele descobre que o poder de Deus se expressa em sua vida. E em seu quebrantamento, em sua humildade e em sua simplicidade, ele é invencível, porque o poder de Deus assume o controle. Ele declarou:

Porque, assim como os sofrimentos de Cristo se manifestam em grande medida a nosso favor, assim também a nossa consolação transborda por meio de Cristo. Contudo, já em nós mesmos, tivemos a sentença de morte, para que não confiemos em nós, e sim no Deus que ressuscita os mortos (II Coríntios 1: 5,9)

Porque a mim me parece que Deus nos pôs a nós, os apóstolos, em último lugar, como se fôssemos condenados à morte; porque nos tornamos espetáculo ao mundo, tanto a anjos, como a homens. …Até agora, temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos. Porque o reino de Deus consiste não em palavra, mas em poder. (I Coríntios 4: 9, 13,20)

… Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece. (Filipenses 4:11-13).

Mas tudo isso nunca o destruiu. Havia uma invencibilidade nesse nobre servo de Deus, porque quando seus recursos se esgotavam, o poder de Deus assumia o controle. Todo esse contexto de sofrimentos não abalou seu ministério, amor e cuidado com as igrejas, especialmente a de Corinto. Havia um segredo que o sustentava e o fazia inabalável nas duras batalhas: o poder de Deus.

E assim, muitos ficavam se questionando como Deus agia tão poderosamente através de um mero vaso de barro. Em II Cor. 4:8-9, Paulo diz que recebia graça divina para viver em todo o tempo sob pressões terríveis de todo tipo, inclusive ameaças de morte. Havia também a pressão do cuidado com as igrejas, que sobrecarregou seu coração. Ele diz:

…Em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e nudez. Além das coisas exteriores, há o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação com todas as igrejas. (2 Coríntios 11:26-28)

Mas ele declara:

Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém, não desamparados; abatidos, porém não destruídos; (2 Coríntios 4: 8-9)

  • O sentido de “ser atribulado, porém não angustiado” é “ser encurralado e pressionado, mas não ser esmagado”. Ele sempre poderia triunfar pelo poder de Deus.
  • O sentido de “perplexo, mas não desesperado” é estar no limite, mas sempre contemplando uma saída, um refúgio, que é exatamente proporcionado pelo poder de Deus.
  • O sentido original de “perseguido, mas não desamparado”, refere-se a ele ter se tornado uma alvo de caça, de morte. Ele foi caçado como um animal, os caçadores queriam sua morte, mas ele nunca se sentiu abandonado. Ele nunca estava realmente sozinho, o Senhor era com ele.
  • E, por último, ele diz: “Abatido, porém não destruído”. Abatido tem o sentido de ser atingido por uma arma. É uma palavra usada para nocautes em lutas. Ele diz: “Eu fui derrubado, jogado no chão, nocauteado, mas nunca fui destruído”.

Todas as quatro descrições retratam ataques graves. Ao lidar com adversários e inimigos, ele diz: “Sobrevivi.” Triunfar não é fugir da adversidade, é derrotá-la. Ele nunca desistiu, continuou se movendo, pregando e confrontando. Nada mudou.

Nenhum ser humano suportaria tudo isso com suas próprias forças. Ele se manteve alegre e em paz, continuou pregando a mesma mensagem. Ele era invencível. Ele era forte quando estava fraco, porque aí o poder de Cristo assumia o controle. Que testemunho tremendo! Ele declarou:

Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro (Filipenses 1:21)

Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério. Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda. (2 Timóteo 4:5-8)

Se você não tem medo da difamação, então não tem medo de nada que alguém diga a seu respeito. Paulo não tinha medo de ninguém. Ele não temeu o que poderiam fazer contra ele. O pior que podiam fazer era matá-lo, e quanto a isto Paulo disse: “para mim o viver é cristo, e o morrer é lucro” (Filipenses. 1:23). E se ele fosse depreciado, melhor ainda, porque assim ficaria mais evidente o poder de Cristo.

Nada na vida poderia assustá-lo. Cristo era tudo para ele. Ele não estava lutando por prestígio e popularidade. Penso que muitas vezes ele teve desejo de partir e ir para o céu. Sua preocupação era com a Igreja.

Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor. Mas, por vossa causa, é mais necessário permanecer na carne. convencido disto, estou certo de que ficarei e permanecerei com todos vós, para o vosso progresso e gozo da fé. (Filipenses 1:21-25)

Aqui está uma testemunha leal ao evangelho, que se manifesta humilde e invencível.

Uma terceira característica de Paulo era sua disposição em se sacrificar.

Ele não temia a morte, a calúnia, a difamação, agressões físicas e verbais, porque havia um propósito em seu sofrimento.

2 Coríntios 4
10 Levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo.
11 Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal.

Essa é a explicação de seu sofrimento. Observe a palavra “sempre”. Foi um sofrimento constante. Ele disse:

E por que também nós nos expomos a perigos a toda hora? Dia após dia, morro! Eu o protesto, irmãos, pela glória que tenho em vós outros, em Cristo Jesus, nosso Senhor. (1 Coríntios 15:30,31)

Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro (Romanos 8:36)

Ele sabia que o alvo dos ataques não era ele, mas Jesus Cristo. Os inimigos de Cristo não podiam mais vê-lo para derramar o ódio contra Ele, então eles perseguiram as pessoas que proclamavam Seu evangelho. O ódio por Jesus foi dirigido contra Paulo. Se eles consideravam Paulo desprezível, por que se incomodavam tanto com ele? A resposta é simples: O ódio era contra Jesus. Em João 15:18-21, Jesus disse:

Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia. Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros… Tudo isto, porém, vos farão por causa do meu nome, porquanto não conhecem aquele que me enviou.

Por isso Paulo diz que estava “levando sempre no corpo o morrer de Jesus” (2 Cor. 4:10). Ele sabia que todas a perseguição que sofria era por causa do nome de Jesus. Se eles pudessem, matariam Jesus novamente.

O sentido é que Paulo estava morrendo a cada dia, como se tivesse uma doença terminal. Ele sofria profundamente por sua fidelidade a Jesus. Ele declara: “eu trago no corpo as marcas de Jesus” (Gálatas 6:17). Em Colossenses 1:24, ele diz: “na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja”.

Jesus foi implacavelmente perseguido e cruelmente caçado por Seus inimigos. Ele viveu constantemente sob ameaça de morte. E agora, os inimigos de Cristo passaram a perseguir Seus discípulos e apóstolos. Mas isso não assustava a Paulo, ele disse:

Somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal (2 Cor. 4:11).

De que outra forma você poderia explicar os resultados da grande obra que Deus executou através de Paulo? A única explicação foi que a vida de Jesus se manifestou em seu corpo. Essa foi a única razão de sua coragem e de seu poder.

Tanto a morte quanto a vida de Jesus estavam trabalhando simultaneamente em Paulo. Ele estava sendo morto e Cristo sendo vivificado. E tudo o que estava acontecendo, estava acontecendo por meio de Cristo. Ele declarou: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim” (Gálatas 2:20).

Quando ele diz: “levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo” (2 Cor. 4:10), ele se refere à sua vida física terrena.

Por um lado, ele estava constantemente exposto a forças que o estavam matando. Por outro lado, ele foi exposto a um Conquistador – a saber, o Senhor Jesus Cristo, que estava infundindo Sua vida com intenso poder para o avanço do evangelho. E Deus foi glorificado por fazer grande obra usando um mero vaso de barro.

Quando os inimigos tentavam desqualificar Paulo por supostas debilidades humanas, Paulo diz:

Vocês estão certos. E é exatamente por isso que não se pode explicar o que acontece na minha vida, a não ser o poder de Deus agindo em mim. E se o poder de Deus está fluindo através de mim, cuidado com suas palavras!

Depois que essa verdade maravilhosa é declarada no versículo 10, ela é reiterada no versículo 11, conforme ele a reforça:

Porque nós, que vivemos, estamos constantemente sendo entregues à morte por amor de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nosso carne mortal.

Ou seja, aqueles que pregam, testemunham e vivem para Cristo estão constantemente sendo entregues. Esse texto tem uma construção usada para expressar quando se pega um prisioneiro e o entrega ao carrasco. É a própria palavra usada para descrever a época em que Jesus foi entregue aos crucificadores. E, sabendo que era o poder de Cristo que conduzia sua obra, Paulo disse:

De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte. (2 Coríntios 12:9,10)

Eu não sei sobre você, mas eu quero chegar ao meu fim. Eu gostaria de ser esmagado até que não restasse mais nada de mim mesmo, e tudo fosse Deus. Quero entender muito mais sobre minha fraqueza e incapacidade, para me entregar ao poder de Deus.

Paulo viu em seu sofrimento um sacrifício proposital que resultou em poder. O servo de Deus é humilde, pois se vê como nada em si mesmo. Mas é invencível, quando ele chega ao fundo do poço, atinge a fonte de poder. Quanto maior o sacrifício de si mesmo, maior a utilidade e a manifestação do poder de Cristo. O sacrifício é o caminho para o poder. Um homem piedoso escreveu:

E por toda a vida, vejo uma cruz, onde os filhos de Deus perdem o fôlego. Não há ganho senão pela perda, não há vida senão pela morte Não há visão senão pela fé, nenhuma glória senão suportando a vergonha. Sem justiça, mas em assumir a culpa, e a reivindicação daquele eterno Salvador. Esvazie-se agora do direito e do nome.

Sacrifício, o caminho para o poder. Tudo se resume a isso. Na medida em que sou humilde, na medida em que sou invencível, na medida em que sou sacrificial, serei útil. Quanto mais desprezível é visto o servo, mais fica nítida a glória de Deus, que usa aqueles que confiam plenamente em Seu poder. Essa é a defesa de Paulo.

Continuaremos na próxima vez. Vamos orar.

Pai, obrigado novamente por Tua palavra esta manhã. Obrigado por olhar para este nobre servo que estabelece o padrão para todos nós. É emocionante ver a vida e o caráter desse homem.

E, Senhor, nós desejaríamos que como Paulo era como seu Senhor, nós sejamos como Ele. Somos apenas baldes de lixo, potes de barro em que o tesouro está contido. E quanto mais invisíveis somos, menos importância temos, mais a glória do tesouro brilha. Que possamos ser humildes. Que possamos descobrir no fundo de nosso auto esvaziamento, o poder invencível liberado, que estejamos dispostos a entregar nossas vidas em sacrifício, porque sabemos que o sacrifício manifestará Tua força.

Pai, agradecemos ao Senhor por nos dar o ministério da verdade da nova aliança, de nos levantarmos e proclamarmos o nome de Cristo com ousadia em nosso mundo, não importa o que aconteça. Basta nos dar um pouco do caráter de Paulo. Não sabemos o que significa acordar todas as manhãs e nos perguntar se vamos morrer por causa de Cristo. Não sabemos o que é ter nosso nome e nosso caráter caluniados todos os dias, impiedosa e implacavelmente.

E nos perguntamos se seríamos capazes de perseverar como Paulo suportou, e se manifestaríamos totalmente o Teu poder nessa circunstância. Senhor, dá-nos a força nos nossos pequenos modos de ter que suportar o sofrimento, aqueles pequenos insultos, aquelas pequenas ameaças que vêm contra nós por amor de Cristo, para pelo menos sermos fiéis ali, e encontrarmos na nossa própria humildade e no nosso próprio sacrifício grande poder que pode nos tornar úteis a Ti em Teu reino.

Ajuda-nos a saber que não há mérito apenas em sofrer, mas há uma admiração maravilhosa em sofrer por causa de Jesus. Não há nenhuma virtude em apenas infligir dor a nós mesmos. Não há nada a ganhar com isso. Não precisamos nos tornar monásticos e monges; não precisamos nos privar, pensando que poderemos ganhar meritoriamente para com o Senhor. Não há necessidade de nos infligir dor, como alguns fizeram, flagelando-se e cortando-se ao longo dos séculos, até mesmo em Tua Igreja, e mesmo até os tempos modernos.

O único ganho é quando sofremos por termos sido fiéis a Jesus Cristo. E nas pequenas maneiras em que sofremos, mantenha-nos fiéis. Que possamos abraçar nossa dor e nosso sofrimento e encontrar nessa fraqueza Tua força, para que Cristo possa se manifestar por meio de nossa humanidade, e que não haja maneira de explicar nossas vidas, exceto que é o poder de Deus, a vida de Cristo agindo em nós. Isso deve silenciar os críticos. Oramos essas coisas em nome de Cristo, amém.


Esta série contém 3 sermões:


Leia também: 


Este texto é uma síntese do sermão “Priceless Treasure in Clay Pots, Part 2”, de John MacArthur, em 06/11/1994. 

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/47-28/priceless-treasure-in-clay-pots-part-2

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


 

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