A Parábola do Mordomo Infiel

Há cerca de 40 parábolas de Jesus no Novo Testamento. Elas foram ditas para ocultar a verdade aos incrédulos (Marcos 4: 10-12), mas para revelá-la aos crentes, aqueles que têm ouvidos para ouvir.

As parábolas eram, em certo sentido, um julgamento, uma confirmação da rejeição do mundo a Jesus. Ao mesmo tempo, eram luz para aqueles que tinham ouvidos para ouvir.

A parábola do mordomo infiel (Lucas 16: 1-13) destina-se a falar aos filhos da luz, aqueles que fazem parte do reino de Deus. É uma parábola que tem a ver com dinheiro, e isso não é estranho porque cerca de uma em cada três parábolas tem algo a ver com dinheiro.

É assim que a vida é. Alguém disse que se você viver 80 anos, passará 50 desses 80 anos pensando em dinheiro de uma forma ou de outra.

Nosso Senhor entende que a vida no mundo depende de uma forma de troca, e nós vivemos, respiramos e nos movemos com essas trocas que o dinheiro viabiliza. Então, aqui está uma história sobre dinheiro.

É uma história realmente chocante porque os personagens dessa história são, de uma forma ou de outra, ruins. E um deles é o pior de todos. O resto é cúmplice de seu mal.

Até aquele que deveria ser o herói dessa história é realmente falho porque elogia esse homem mau e as pessoas que foram cúmplices da maldade.

Lucas 16
1 Disse Jesus também aos discípulos: Havia um homem rico que tinha um mordomo; e este lhe foi denunciado como quem estava a defraudar os seus bens.
2 Então, mandando-o chamar, lhe disse: Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, porque já não podes mais continuar nela.
3 Disse o mordomo consigo mesmo: Que farei, pois o meu senhor me tira a administração? Trabalhar na terra não posso; também de mendigar tenho vergonha.
4 Eu sei o que farei, para que, quando for demitido da administração, me recebam em suas casas.
5 Tendo chamado cada um dos devedores do seu senhor, disse ao primeiro: Quanto deves ao meu patrão?
6 Respondeu ele: Cem cados de azeite. Então, disse: Toma a tua conta, assenta-te depressa e escreve cinquenta.
7 Depois, perguntou a outro: Tu, quanto deves? Respondeu ele: Cem coros de trigo. Disse-lhe: Toma a tua conta e escreve oitenta.
8 E elogiou o senhor o mordomo infiel por haver procedido com sagacidade, porque os filhos do mundo são mais hábeis na sua própria geração do que os filhos da luz.
9 E eu vos recomendo: das riquezas de origem iníqua fazei amigos; para que, quando aquelas vos faltarem, esses amigos vos recebam nos tabernáculos eternos.
10 Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco também é injusto no muito.
11 Se, pois, não vos tornastes fiéis na aplicação das riquezas de origem injusta, quem vos confiará a verdadeira riqueza?
12 Se não vos tornastes fiéis na aplicação do alheio, quem vos dará o que é vosso?
13 Ninguém pode servira dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.

Essa é a história. Em certo sentido, é algo realmente estranho contar uma história em que todos são corrompidos, mas esse é exatamente o ponto que nosso Senhor está enfatizando.

Jesus ensinou a partir de aspectos rotineiros da vida. De vez em quando Ele virava a vida de cabeça para baixo e dizia coisas que poderiam parecer estranhas. Este é um desses momentos.

Ele também falou a parábola do juiz injusto (Lucas 18: 1-7) e terminou dizendo: “Considerai no que diz este juiz iníquo”. Portanto, houve momentos em que Jesus usou parábolas com pessoas más para ensinar.

Não há nada na parábola do mordomo infiel que seja secreto, oculto, alegórico ou místico. É uma história simples, mas o que incomoda algumas pessoas é que há elogio ao bandido. Veja o que Jesus diz:

  • E elogiou o senhor o mordomo infiel por haver procedido com sagacidade (v.8)
  • E eu vos recomendo: das riquezas de origem iníqua fazei amigos… (v.9)

Parece estranho, não? O Senhor está ensinando fazer o que o mordomo infiel fez? É um problema para algumas pessoas ter Jesus dizendo: “Siga o comportamento de uma pessoa esbanjadora, perdulária, pródiga, enganosa, gatuna, egoísta e sem princípios”.

Essa parábola vem logo em seguida à parábola do filho pródigo (Lucas 15: 11-32). Agora estamos diante de um mordomo pródigo. Pródigo significa “perdulário”. O filho pródigo desperdiçou tudo e não cuidou de seu futuro. O mordomo pródigo desperdiçou os bens sobre os quais tinha controle para cuidar de seu futuro.

Os acontecimentos da parábola do mordomo infiel

Lucas 16
1 Disse Jesus também aos discípulos: Havia um homem rico que tinha um mordomo, e este lhe foi denunciado como quem estava a defraudar os seus bens.

Sabemos que era um homem muito rico e importante, pois havia muitas pessoas lhe devendo muito dinheiro. Ele tinha uma lista muito mais extensa de devedores.

Ele contratou um mordomo ou administrador, e o colocou no comando de seus bens, porque ele estava distante. Isso era muito comum nos tempos antigos, onde pessoas muito ricas tinham muitos negócios e contratavam administradores.

O termo grego traduzido como “mordomo” ou “administrador” significa lei e casa. Ele tinha a lei da casa. A ele foi delegada a autoridade para agir em nome do proprietário. Ele administrava tudo, inclusive as dívidas que as pessoas tinham com o rico proprietário.

O mordomo tinha uma procuração para agir em nome deste proprietário muito rico, era uma posição de grande responsabilidade e de status social. Ele interagia com pessoas muito importantes em nome de seu senhor.

Ele passou a defraudar o proprietário dos bens, e isto chegou a seu conhecimento. Ele estava esbanjando, de forma irresponsável, o dinheiro alheio, tal como o filho pródigo.

No original grego, a denúncia contra o mordomo foi um forte relatório da natureza diabólica do comportamento do mordomo como administrador dos bens do proprietário.

Lucas 16
2 Então, mandando-o chamar, lhe disse: Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, porque já não podes mais continuar nela.

O homem rico agiu imediatamente e pediu satisfação ao administrador. E pede uma prestação contas, informando que ele não poderia continuar naquela função. Foi um decisão errada, pois aquele homem deveria ter sido demitido imediatamente.

Lucas 16
3 Disse o mordomo consigo mesmo: Que farei, pois o meu senhor me tira a administração? Trabalhar na terra não posso; também de mendigar tenho vergonha.
4 Eu sei o que farei, para que, quando for demitido da administração, me recebam em suas casas.

O mordomo não se defendeu, apenas pensou no que deveria fazer quando perder seu trabalho. Ele maquinou estratégias para garantir seu futuro, para não acabar como mendigo.

Ele sabia que não poderia trabalhar na terra e ficou apavorado com a ideia de mendigar. Ele não está interessado em trabalhar, ele buscou uma saída. E teve uma ideia perversa, mas não podemos dizer que não foi brilhante.

Ele pensou em um plano para que as pessoas se sentissem devedoras de favores a ele, e abrissem  suas casas para ele quando fosse afastado da administração daqueles bens. Ele foi muito astuto.

Lucas 16
5 Tendo chamado cada um dos devedores do seu senhor, disse ao primeiro: Quanto deves ao meu patrão?
6 Respondeu ele: Cem cados de azeite. Então, disse: Toma a tua conta, assenta-te depressa e escreve cinquenta.
7 Depois, perguntou a outro: Tu, quanto deves? Respondeu ele: Cem coros de trigo. Disse-lhe: Toma a tua conta e escreve oitenta.

Ele decidiu: Vou entrar em contato com todas as pessoas que devem ao meu senhor e vou dar um desconto “generoso” em suas dívidas, e assim eles se sentirão com obrigação moral de me retribuir por essa “generosidade”. Realmente, ele foi muito astuto.

Então ele convocou todos os devedores de seu senhor e tratou da dívida de cada um deles. Descontos de até 50%. E mandou que eles fizessem o processo rapidamente, alterando os valores das dívidas. Trapaceiros sempre estão com pressa.

O desconto foi enorme. O negócio era muito bom para os devedores. Ninguém perguntou se aquele era o desejo do proprietário. Ninguém queria saber a resposta para essa pergunta. Todos queriam assinar e sair rapidamente, pois o acordo era muito bom.

Assim como hoje, no mundo antigo os descontos nos pagamento de dívidas era comum em momentos de fortes crises, de fome etc. Mas na história não se fala nisso. Foi apenas uma maneira astuta de defraudar seu senhor, para que os devedores ficassem com alguma obrigação moral de retribuir o favor.

Todos nessa história são distorcidos. Mas é assim que as pessoas no mundo são. É exatamente assim que funciona. Esse é o tipo de manobra maquiavélica em que ele engana seu senhor e garante seu futuro.

Lucas 16
8 E elogiou o senhor o administrador infiel porque se houvera atiladamente, porque os filhos do mundo são mais hábeis na sua própria geração do que os filhos da luz.

Aqui está algo chocante. Sobre o que o fraudador está sendo elogiado? O proprietário dos bens está elogiando o mordomo porque ele agiu com astúcia.

É assim que o mundo funciona. Todo mundo é relativamente corrupto. Todos são parte de como o sistema funciona. A vida é assim. Você garante seu futuro da maneira que pode, e as pessoas que fazem parte do sistema tendem a elogiar a astúcia e sagacidade de uma pessoa esperta.

Jesus  também elogiou o mordomo infiel?

O comentário de Jesus sobre isso é incrível: “os filhos do mundo são mais hábeis na sua própria geração do que os filhos da luz”.

O que? Será que Jesus também está elogiando o fraudador astuto? Isso incomoda muitas pessoas. Entendemos o proprietário elogiando a astúcia do mordomo. Nós entendemos isso bem, mas por que Jesus supostamente está elogiando isso? Vamos apenas ter certeza de que entendemos isso.

O texto grego traz a ideia de que o mordomo agiu providencialmente. Foi um esquema bem elaborado. Ele aproveitou cuidadosamente uma oportunidade. Ele trabalhou a situação para garantir seu futuro.

Ao reduzir as dívidas, ele fazia com que todos devessem favores a eles. Eles agora são moralmente obrigados a retribuir sua aparente generosidade.

Os filhos do mundo agem para garantir seu futuro de maneiras muito inteligentes e engenhosas. Eles usam os recursos que têm com astúcia, sejam honestos ou desonestos para garantir o melhor futuro que podem garantir. É assim que os filhos desta era operam. Isso é o que Jesus diz.

Ele aproveitou ao máximo sua oportunidade. O plano foi bastante impressionante, muito bem desenhado.  Quem são os filhos do mundo? Os ímpios. Eles não estão no reino de Deus. Estes são incrédulos. É assim que funciona o mundo passageiro, não é?

É principalmente uma questão de se safar de possíveis dificuldades no futuro. Há muitos esquema para garantir o futuro: Investimentos de todos os tipos, estratégias de todos os tipos e esquemas de todos os tipos. Todo tipo de engenhosidade é usado e aplicado. Dispositivos imagináveis e inimagináveis para garantir a riqueza futura. Está acontecendo o tempo todo.

É assim que o mundo funciona. Existem pessoas no topo das empresas do mundo que são corruptas e usam todos os dispositivos que podem para obter o que desejam. Existem bandidos que criam pirâmides financeiras para ter muitos bens no futuro.

Há busca frenética de esquemas para multiplicar dinheiro e garantir o futuro. É assim que funciona, o mundo é bom nisso. Os governos possuem toda uma estrutura para descobrir esquemas de fraudes usadas para garantir bens no futuro, alguns inimagináveis.

E Jesus diz que “os filhos do mundo são mais hábeis na sua própria geração do que os filhos da luz”. O que isso pode significar?

Filhos da luz são os crentes (João 12:36; Efésios 5:8; 1 Tessalonicenses 5:5). Somos filhos da luz. Não estamos na escuridão, mas na luz. Os filhos do mundo não são crentes, em Lucas 9:41 eles são chamados de “geração perversa”.

Lucas 16
9 E eu vos recomendo: das riquezas de origem iníqua fazei amigos; para que, quando aquelas vos faltarem, esses amigos vos recebam nos tabernáculos eternos.

E aqui Jesus interpreta isso para os discípulos e para nós. Uma interpretação, aliás, que os fariseus perderam completamente, é claro.

O que o mordomo fez? Ele usou o que tinha, seus bens, a riqueza da injustiça para comprar moradias para seu futuro, futuro temporal. Isso é o que os filhos pervertidos e perversos desta era sempre fizeram.

E Jesus diz: “vocês precisam ser, pelo menos, tão espertos quanto eles”. O mordomo injusto usou o dinheiro do seu senhor para comprar amigos terrenos, os crentes devem usar o dinheiro de seu Senhor de uma maneira que venham reunir amigos para a eternidade.

Como veremos mais adiante, na verdade nada nesta terra pertence a homem nenhum. Deus é o legítimo e único proprietário de todos os bens que existem.

Naquilo que estamos administrando temos que investir no evangelho que leva pecadores à salvação, de modo que, quando eles chegarem ao céu (tabernáculos eternos), eles estarão lá para nos receber.

Cristo não está elogiando a desonestidade do mordomo, ele o chama de infiel, apenas usou a ilustração para mostrar que até mesmo os filhos mais ímpios deste mundo são suficientemente astutos para se precaver contra o mal futuro.

Os crentes devem ser ainda mais perspicazes por estarem preocupados com questões eternas, e não apenas com as terrenas.

Jesus havia contado um parábola sobre um homem muito rico que apenas cogitava em aumentar suas riquezas para garantir seu futuro, e diz: “Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te” (Lucas 12:19). Mas Deus lhe disse:

Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus (Lucas 12:20-21).

É isso que os filhos desta era fazem com a riqueza da injustiça. Eles tentam garantir seu futuro temporal, mas essas riquezas falharão na eternidade. Elas estão sendo entesouradas para o fogo do juízo.

No sermão do monte, Jesus ensinou:

Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração (Mateus 6: 19-21).

Como posso colocar meu tesouro no céu? Como posso pegar a riqueza da injustiça e colocá-la no céu e comprar amigos que me receberão quando eu chegar? Invista na expansão do reino de Deus.

A vida aqui é muito curta! A eternidade é eternidade! A vida neste mundo passa num piscar de olhos. Quanto mais eu vivo, menos significado tem qualquer coisa que seja deixada aqui. Mais significado tem tudo o que compra amigos para a eternidade.

Então, no último dia, quando minha vida terminar e eu estiver separado de tudo o que tenho, vou descobrir quem está na beira do céu me recebendo como amigo. Que presente o Senhor nos deu.

Invista naquilo que tem valor eterno. Invista na proclamação do evangelho e adquiria amigos para a eternidade. Acumulação de riquezas sem fim não tem sentido. A vida aqui é muito curta, você não pode desperdiçá-la. Nada material você levará daqui.

Mas há uma coisa que você pode enviar. Isso não é incrível? É sua riqueza se for investida na expansão do reino de Deus, no envio e sustento de missionários e em tudo que serve para proclamar o evangelho.

Que coisa incrível fazer parte de algo assim, onde todos nós estamos fazendo isso. O que nunca poderíamos fazer individualmente, podemos fazer coletivamente muito além de nossa imaginação.

Você diz: “Bem, eu não dou muito, mas não tenho muito. Se eu tivesse mais, daria mais.” Não, você não faria isso. Por que digo isso? Bem, Jesus disse:

Lucas 16
10 Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco também é injusto no muito.

Não é sobre o quanto você tem. É sobre quem você é. É sobre quais são suas prioridades. É sobre se o céu é onde está o seu coração. É disso que se trata.

As pessoas fiéis são fiéis, tenham pouco ou muito; e as pessoas infiéis são infiéis, tenham pouco ou muito. Nunca é uma questão de muito que você tem. Se você está preocupado com o avanço do reino e está empenhado em fazer amigos para a eternidade, dará o que tem com generosidade e alegria.

Se você receber bens valiosos que não esperava, isso não vai mudar seu coração. Só Deus pode mudar o seu coração. Se o seu coração não estiver voltado para o céu, essa riqueza repentina vai entrar em conflito com você . Você é agora exatamente quem você é. A questão aqui é sobre fidelidade. É sobre onde está o seu coração.

A quantidade que você possui não é o problema. Sua mente é o problema. Seu compromisso é o problema. Seu amor pelo céu é a questão. Ou você é altruísta, humilde, generoso, não materialista, comprometido com o reino de todo o coração ou não. Não é uma questão de quantia. Não, não tem nada a ver com uma quantia.

Lucas 16
11 Se, pois, não vos tornastes fiéis na aplicação das riquezas de origem injusta, quem vos confiará a verdadeira riqueza?

Se você não tem sido fiel, acumula e gasta todo o seu dinheiro em coisas que vai deixar aqui, Deus confiará as coisas espirituais e eternas a você?

Ao demonstrar infidelidade no uso de sua riqueza injusta, você despreza as bênçãos espirituais e eternas. Você pode comprar muitas coisas que são entesouradas para o fogo, mas não receberá as verdadeiras riquezas, as coisas que durarão para sempre.

  • Jesus disse: “dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão” (Lucas 6:38).
  • Paulo escreveu: “aquele que semeia pouco também colherá pouco, e aquele que semeia com fartura também colherá fartamente” (2 Cor. 9:6).

O que Jesus quis dizer com “se tornar fiéis na aplicação das riquezas de origem injustas”? O que são essas riquezas injustas a qual devemos aplicar com fidelidade?

Lucas 16
12 Se não vos tornastes fiéis na aplicação do alheio, quem vos dará o que é vosso?

Ou seja, “se vocês não forem dignos de confiança em relação ao que é dos outros, quem lhes dará o que é de vocês?”.

O que você Jesus quis dizer com isso?

Ele tem falado sobre a riqueza da injustiça. O uso da riqueza injusta no versículo 11 corresponde ao uso do que é de outro. A riqueza que você tem não é sua. Como aquele mordomo, certo? Ele era esbanjador com os recursos de outra pessoa.

Você diz: “Espere um minuto, o que eu tenho é meu. Ganhei-o. Eu trabalhei duro para isso.”

Bem, isso pode ser verdade. Você trabalhou duro para isso, mas não é seu. Os filhos do mundo também pensam que tudo é deles. Será que as riquezas deste mundo pertencem aos homens?

Minha é a prata, e meu é o ouro, disse o Senhor dos Exércitos. (Ageu 2:8)

Teus, ó Senhor, são a grandeza, o poder, a glória, a majestade e o esplendor, pois tudo o que há nos céus e na terra é teu. Teu, ó Senhor, é o reino; tu estás acima de tudo. A riqueza e a honra vêm de ti; tu dominas sobre todas as coisas. Nas tuas mãos estão a força e o poder para exaltar e dar força a todos. (1 Crônicas 29:11,12)

Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem. (Salmos 24:1)

Você não tem nada que seja realmente seu. Tudo pertence a Deus. Somos apenas mordomos do que pertence ao Senhor.

Em Mateus 25 Jesus falou a parábola dos talentos, onde o Mestre distribui os talentos para serem administrados, mas os talentos são dele. Tudo o que o servo pode fazer é administrar ou não o privilégio que lhe foi dado.

Não desperdice o que pertence a Deus. Não estou falando de dízimo, pois tudo é do Senhor. Se você está desperdiçando o que é de Deus, Ele não confiará a você as verdadeiras riquezas, aquelas que são eternas.

Se você falhar no teste de mordomia, perderá a importância no reino e perderá recompensas eternas. A eternidade é um tempo muito longo, infinito. Como podemos pensar no que é passageiro e fugaz como algo mais valioso que a recompensa eterna?

Jesus resumiu tudo a uma declaração:

Lucas 16
13 Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.

Você não pode servir a dois senhores. No texto original é a figura de um escravo, que é propriedade de uma pessoa só. Você tem que decidir. Se tentar servir dois senhores, Deus e às riquezas, então você vai odiar um e amar o outro, ou vai se dedicar a um e desprezar o outro.

Esse é um ponto muito claro para qualquer um nos tempos antigos, uma analogia apropriada. Deus quer foco único, lealdade, fidelidade a Ele. Se assim não for, haverá uma perda de bênção e de recompensa.

Se você está preso entre o dinheiro e Deus, você é uma pessoa em conflito. Você pode desfrutar das coisas que o Senhor te deu, mas você não pode ser escravo do dinheiro e tentar servir a Deus. São coisas que não podem se conconciliar. É realmente uma condição muito séria.

Lucas 16:14 diz que “Os fariseus, que eram avarentos, ouviam tudo isto e o ridiculizavam”. Muitos fariseus ensinavam que a devoção ao dinheiro e a devoção a Deus eram perfeitamente compatíveis. Havia uma noção geral de que as riquezas terrenas significavam bênção de Deus. As pessoas ricas eram consideradas as favoritas de Deus. E Cristo está exatamente desfazendo essa heresia.

Paulo escreveu:

Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores. (1 Timóteo 6:9,10)

Não é o dinheiro que é a raiz do mal. É o amor por ele que é o problema. Você pode ter muito dinheiro e não o amar, e você pode não ter quase nada e amá-lo como um louco.

Você não pode amar a Deus de todo o coração e amar a riqueza. A linguagem é muito forte e muito clara. João Calvino disse:

Onde as riquezas mantêm o domínio do coração, Deus perdeu Sua autoridade. A cobiça nos torna escravos do diabo.

Um dos escritores que muito me inspirou quando eu era jovem no ministério foi Arthur Pink. Sobre servir a dois senhores, ele escreveu:

Servir a Deus e às riquezas são coisas totalmente opostas e inconciliáveis. Deus ordena que você: ande pela fé; seja humilde; olhe para as coisas invisíveis e eternas; apegue-se ao céu; não ande ansioso; viva em contentamento com o que tem; esteja pronto a repartir; veja a necessidade dos outros; e busque satisfazer ao Criador.

Servir às riquezas significa que você: anda por vista e não por fé; é orgulhoso; coloca suas afeições nas coisas da terra; olha para as coisas visíveis e temporais, e não para as invisíveis e eternas; apega-se ao pó e não ao céu; anda cheio de ansiedade; é desprovido de contentamento; vive apenas em função de si mesmo e não está preocupado com a necessidade dos outros; e vive apenas para satisfazer a si mesmo e não a Deus.

Não é simples? Não há como servir a dois senhores assim.

Portanto, a posse de riqueza é um meio que Deus empregou para você garantir recompensa eterna e amigos celestiais. Muito boa oferta? Você vai estar lá para sempre. Sua capacidade de adorar, louvar e desfrutar de Deus e da glória eterna está ligada ao que você faz com a riqueza da injustiça.

As pessoas do mundo? Estão agindo com astúcia, conspirando para garantir seu futuro temporal, e não têm nada além disso. O que você está fazendo para o seu futuro eterno?

ME Burn escreveu:

Não dou atenção às riquezas e aos elogios vazios do homem. Tu és minha herança agora e sempre. Tu e Tu somente em primeiro lugar no meu coração. Grande Rei do céu, meu tesouro Tu és.

Vamos orar.

Senhor, A sabedoria, a graça e a misericórdia que está contida nesta parábola que flui da mente infinita de nosso Salvador nos conquistou. O que é especialmente maravilhoso é que esta é uma parábola de promessa vasta, infinita e eterna. Amigos para a eternidade, recompensa eterna, bem-aventurança eterna, alegria eterna, capacidade ampliada de adorar, louvar e servir para sempre.

Ajuda-nos a reconfirmar em nossos corações que tu, ó Deus, és nosso Mestre. Que te amamos de todo o coração. Para usar o que nos é dado neste mundo como mordomos, o que realmente administramos de suas posses para comprar amigos para a eternidade. Enche-nos de graça para que nossos olhos estejam fixos no céus, apegados ao que é eterno e invisível. 

Pai, nós te agradecemos por sua salvação concedida a nós em Cristo. O Senhor não apenas nos livrou do inferno, mas nos dará lá no céu recompensa segundo à medida relacionada à nossa mordomia das coisas que o Senhor possui.  Senhor, que sejamos mordomos fiéis que entram na alegria plena que o céu promete. Nós oramos em nome de Cristo, Amém.


Este texto é uma síntese do sermão “A Good Lesson from a Bad Example”, de John MacArthur, em 02/11/2013.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/90-467/a-good-lesson-from-a-bad-example

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno.


 

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