Carta às 7 igrejas: Sardes
Nos capítulos 2 e 3 do livro de Apocalipse, livro no qual o apóstolo João recebeu uma série de visões, temos Cristo falando a sua igreja, especificamente a sete igrejas na Ásia Menor (atual Turquia). De acordo com Atos 19:10, quando Paulo fundou a igreja em Éfeso, a igreja tornou-se forte e levou o Evangelho a toda Ásia Menor (atual Turquia). Igrejas foram fundadas, e, dentre elas, temos as sete igrejas mencionadas no livro de Apocalipse. Foram igrejas que realmente existiram em cidades históricas.
As cartas foram enviadas após 25 a 30 anos da fundação dessas igrejas, quando elas começaram a divergir entre si em alguns aspectos. O Senhor revelou essas cartas a João, quando ele estava preso na ilha de Patmos. Ele trata de particularidades de cada igreja. Apenas duas são aprovadas: Esmirna e Filadélfia. Foram cartas, cujos conteúdos não somente se aplicavam àquelas igrejas, mas a todas as igrejas em todos os tempos. Aquelas igrejas caracterizavam todas as igrejas que haveriam de vir ao longo dos séculos até a volta de Cristo.
Não era fácil viver, pregar e defender o Evangelho no final do primeiro século. Cristo tinha sido rejeitado e os apóstolos mortos brutalmente. João, o último apóstolo vivo, que zelou daquelas igrejas, estava muito velho e condenado a quebrar pedras em uma prisão na ilha de Patmos. A igreja estava sob perseguição feroz. E assim, você tem aqui sete igrejas que viviam em um mundo hostil. Hoje chegamos à igreja em Sardes. A mensagem a esta igreja é realmente triste.
Apocalipse 3
1 E ao anjo da igreja que está em Sardes escreve: Isto diz o que tem os sete espíritos de Deus, e as sete estrelas: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto.
2 Sê vigilante, e confirma os restantes, que estavam para morrer; porque não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus.
3 Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. E, se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei.
4 Mas também tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram suas vestes, e comigo andarão de branco; porquanto são dignas disso.
5 O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.
6 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
Há estrelas que vemos no céu que já morreram, ou seja, não brilham mais. Por causa da distância delas da terra, a luz que vemos dessas estrelas mortas foi emitida há muitas dezenas e centenas de anos atrás. A igreja de Sardes é apresentada como uma dessas estrelas. Ela estava morta, mas ainda estava brilhando com uma luz que brilhou no passado. Era uma igreja morta. Essa é a pior coisa que poderia ser dito sobre uma igreja: morta.
A igreja é viva. É nela que Deus vive, Cristo vive, o Espírito Santo vive e onde os crentes estão vivos. Ela recebeu vida. A igreja deve ser a comunhão daqueles que possuem vida eterna. Enquanto a igreja de Esmirna vivia espiritualmente e estava sendo levada à morte física pela perseguição do mundo, Sardes parecia estar viva, mas estava morta. Era uma igreja espiritualmente morta.
Agora, lembre-se, Sardes era uma cidade real e ali havia uma congregação real: Uma igreja morta. O que não estava morto, de acordo com o versículo 2, estava prestes a morrer. Então, nosso Senhor está falando a uma igreja morta, que sucumbiu à pressão do mundo, adotou os costumes do mundo e tolerou o pecado. Foi uma igreja que deixou seu primeiro amor como Éfeso, cortejou o mundo como Pérgamo, o tolerou e defendeu o pecado, como Tiatira.
Agora, o Senhor Se introduz a esta igreja de uma forma muito interessante. Todas as apresentações de Jesus nas cartas são emprestadas do capítulo 1 de Apocalipse. Na carta a Sardes, foi adicionado algo além. O Senhor se apresenta como “o que tem os sete espíritos de Deus, e as sete estrelas”.
O que quer dizer “os sete espíritos de Deus”? Isto aparece várias vezes no livro de Apocalipse (4:5; 5:6). Deus é identificado na cena celeste como possuindo os sete espíritos de Deus. Sabemos que há apenas um Espírito Santo. A melhor maneira de entender é olhar para o livro de Isaías.
E repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor (Isaías 11:2).
Primeiro ele diz que repousaria sobre o Messias o Espírito do Senhor. Ele continua a dizer: O Espírito de Sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, conhecimento e de temor do Senhor. O Espírito do Senhor é um, e, em seguida, existem mais seis características de identificação. Ele é o Espírito do Senhor, o Espírito de sabedoria, o Espírito de entendimento, o Espírito de conselho, o Espírito de fortaleza, o Espírito de Conhecimento e o Espírito de temor (ou adoração).
Esta é a plenitude do Espírito Santo. Então, quando a Bíblia fala sobre os sete espíritos, ela está falando sobre o Espírito sete vezes. Aquele que escreveu para a igreja é Aquele que literalmente possui a plenitude do Espírito Santo. Foi o Filho que enviou o Espírito. O Espírito é o Espírito de Cristo (Romanos 8:9).
Então, aqui, o Filho de Deus, que tem a plenitude do Espírito Santo, e que também tem nas mãos as “sete estrelas”. Conforme Apocalipse 1:16, Cristo é apresentado segurando as sete estrelas nas suas mãos; e as sete estrelas são os sete ministros (ou pastores) das igrejas. Assim, o Senhor se identifica como aquele que possui a plenitude do Espírito, e que possui também os ministros, os pastores, os líderes da igreja.
O autor é aquele que dá o Espírito Santo para a igreja e soberanamente a conduz através de pastores fiéis. Por que Ele Se identificou desta forma?Porque parece que isso é exatamente o que está faltando. Aqui está uma igreja sem o Espírito Santo e com pastores que não são fiéis.
O Senhor não se identificou em posição de juízo, com “olhos como chama de fogo, e os pés semelhantes ao latão reluzente”, tal como fez com Tiatira. Não há realmente nenhum julgamento na sua apresentação porque esta é uma igreja morta. Eles perderam o Espírito Santo e uma liderança fiel. Eles estão sendo conduzidos por líderes falsos e vazios do Espírito Santo. A vida e o poder do Espírito Santo não estão presentes. A iluminação e capacitação Espírito Santo não está lá. Não há nenhuma liderança piedosa lá. Sem o Espírito Santo e sem liderança piedosa, a igreja estava morta. Sardes era uma igreja dominada pela carne, pelo pecado, pela incredulidade e por falsos crentes. Havia também crentes indiferentes e alguns fiéis.
Sardes foi a antiga capital do reino Lídio. Possuía ouro. Há indicação histórica que poderia ter sido o primeiro lugar onde o ouro e a prata foram cunhados como moedas. Devido à sua riqueza, foi uma cidade que sofreu muitas guerras, foram muitas vezes vitoriosos, mas caíram diante dos gregos e persas. Havia um templo para venerar o imperador romano e um templo para a deusa Lívia. Setecentos anos antes desta carta, Sardes era uma das grandes cidades do mundo. Se você for lá hoje, encontrará nada além de uma pilha de ruínas perto de uma pequena aldeia chamada Sart.
Sardes ficava a 48 quilômetros ao sudeste de Tiatira, num vale fértil, perto de uma cadeia de montanhas.
Foi uma cidade de figuras famosas com o filósofo grego Thales. Após ser destruída por um terremoto, foi reconstruída pelo imperador romano Tibério César, o qual recebeu um templo de adoração a ele mesmo. Sua história foi uma história de degeneração, tanto economicamente, politicamente e, principalmente, moralmente. E neste contexto de degeneração estava a igreja na cidade, que se transformou num cadáver no meio de uma cidade degenerada.
Não há nenhuma menção de perseguição contra a igreja, embora possa ter havido. Não se fala em falsos mestres, falsas doutrinas, mundanismo ou pecado. Mas a igreja de Sardes deve ter sido absorvida por tudo isto, porque ela estava morta, sem vida espiritual. A história espiritual de Sardes tinha tudo a ver com a história política daquela cidade: um declínio constante. A situação da igreja pode ser resumida nas palavras que o Senhor escreveu: “Tens nome de que vives, e estás morto” (v.1).
Agora, chegamos à abertura desta carta. E, geralmente, quando a carta começa, há algum louvor, mas não aqui. A carta começa com uma condenação. “Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto… não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus” (v.1-2). Ou seja, tuas obras não são aceitáveis.
Primeiro de tudo, mais uma vez, chegamos à realidade da onisciência de nosso Senhor. Ele vê tudo, ele não perde nada, e não há nada a ser elogiado nesta igreja. Esta igreja é o mundo. Esta igreja está tão contaminada que está morta. Ela se deteriorou internamente. Está desintegrada e tornou-se uma podridão seca. Tornou-se como qualquer igreja liberal que nega a Bíblia, nega a Cristo, nega o Evangelho. Está morta em delitos e pecados (Efésios 2:1).
Quando se diz morta, isso significa espiritualmente morta. Esta é uma igreja cheia de pessoas não convertidas. Ela se habituou ao pecado.
Há igrejas tomadas por pessoas que não creem verdadeiramente no Evangelho e em Cristo. São igrejas mortas. Apenas 30 anos depois de sua fundação, ainda no primeiro século, quando ainda estava vivo o apóstolo João, tão próximo ao tempo de Cristo na terra, ela já estava neste estado de calamidade.
Uma igreja morta sempre está preocupada com a tradição, com os métodos e estratégias, a liturgia, com o bem-estar, com os problemas sociais e coisas materiais. Uma igreja morta não está preocupada com as coisas espirituais, com a expansão do reino de Deus, em defender as Escrituras Sagradas e em buscar a santidade.
O que mata uma igreja? O Erro. O pecado de seus membros e de seus líderes. Os pecados de comissão (de agir) e omissão (de não agir). Pouco a pouco, o pecado mata. Ele mata a vontade porque ele se torna um hábito. Ele mata os sentimentos por endurecimento. Ele mata o caráter por deformação. Quando o poder mortal do pecado transita no meio da igreja através de falsos cristãos e líderes mortos, a igreja morrerá. O pecado agarrará a igreja no pescoço e a sufocará até a morte. Possivelmente aquela igreja tinha boas ações no meio da sociedade em que vivia, o que poderia tê-la poupado de perseguições naquele momento de sua existência.
A verdadeira igreja e o mundo são inimigos. O mundo odeia a verdadeira igreja. Mas a igreja mundana é tolerada pelo mundo. Você poderia dizer que uma igreja pode morrer por várias razões. Mas eu lhe digo que uma igreja morre apenas por uma razão: pecado. Ele é que gera a morte.
Havia 2.200 igrejas na Escócia, frutos da restauração da verdade através de homens piedosos como John Knox e outros (Século XVI). Ali a igreja sofreu duras perseguições e mortes durante dois séculos. O clero que havia deixado a Igreja Católica e aderido ao protestantismo era constituído, na verdade, de não convertidos. Nada mudou na vida deles. E eles tentaram impedir o avanço do verdadeiro Evangelho com muita violência contra os verdadeiros cristãos.
Hoje, cerca de 500 anos depois, existem apenas 1.400 igrejas na Escócia. E elas estão morrendo mais rápido do que você possa imaginar.
Algumas delas são teatros, bares e discotecas. Igrejas cheias de pessoas mortas e de líderes mortos. Uma Igreja pode visivelmente continuar a existir, ter a sua programação, mas pode ser nada mais que um cemitério espiritual. Sua roupagem pode ser nada mais que um disfarce para um cadáver espiritual.
Temos o exemplo de Sansão, um grande juiz em Israel. Mas, ele caiu em pecado, perdeu a sua força. Seu cabelo apenas simbolizava o fato espiritual de que Deus era a sua força. E quando ele desobedeceu a Deus, ele perdeu essa força. Quando confrontado com o perigo, ele tentou reagir, e a Bíblia registra o seguinte: “Ele não sabia que o Senhor tinha se retirado dele” (Juízes 16:20). Que triste declaração! O resultado: a derrota, a prisão, a cegueira e a morte. Uma destruição miserável.
Esta é uma ilustração de Sardes, uma igreja, uma vez viva: forte, viril e poderosa. Mas começou a cortejar o mundo e tolerar o pecado. Tornou-se fraca, cega e morta. E agora a igreja de Sardes está acorrentada pelo pecado. Deus estava distante dela há muito tempo. Tinha nome que vivia, mas estava morta.
Havia uma esperança: “Mas também tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram suas vestes, e comigo andarão de branco; porquanto são dignas disso” (v.4). Havia crentes naquela igreja, os verdadeiros crentes. Deus sempre terá seus poucos.
Estive na Escócia há pouco tempo e me foi dado um manuscrito de um novo livro que será publicado, chamado de “A triste partida”. É uma história de pessoas que estão abandonando a igreja na Escócia. Estão saindo pastores e pessoas que estiveram nas igrejas por muitos anos. Uma triste partida. No livro eles explicaram a razão de estarem saindo: a aceitação do casamento homossexual pela igreja. Eles disseram: “Temos que sair”. E por isso há um êxodo. E há uma chamada para os outros saírem. E quando eu escrevi uma pequena revisão do livro, eu não poderia deixar de dizer o seguinte:
Eles não saíram quando a Igreja da Escócia negou a autoridade das Escrituras. Eles não saíram quando a igreja da Escócia negou a divindade de Cristo. Agora eles saem por causa da aceitação do casamento homossexual? Sem dúvida alguma, tinham que sair mesmo. Fico feliz por terem feito isto. Mas vão sair apenas por este motivo, como se a descrença na divindade de Cristo e a descrença na Palavra de Deus não tivessem sido motivos para saírem antes desta tragédia. Assim é que o pecado entra na igreja e a sufoca até a morte.
Em Sardes havia alguns que se mantiveram fiéis a Cristo. E nós sabemos que Deus sempre terá seus poucos. Era tudo o que havia naquela cidade: uns poucos. Havia um remanescente, como em Ezequiel 14 e Romanos 11. Havia alguns crentes entre os incrédulos, verdadeiros entre os hipócritas, humildes entre os soberbos. Havia espirituais entre os carnais, separados do mundo entre os mundanos. Havia verdadeiros cristãos guardando-se da corrupção e que não se contaminaram.
A palavra “contaminar” é usada com referência à morte. Eles não mancharam e poluíram suas vestes. A questão das vestes limpas tem um significado aqui. Mesmo nos cultos pagãos, as pessoas não praticavam atos religiosos com as roupas sujas. As vestes limpas simbolizavam virtude e bondade. Eles queriam se apresentar aos falsos ídolos de uma forma que os tornassem dignos do afeto deles.
Em Isaías 64: 6 diz: “Toda a nossa justiça é como trapo da imundícia”. Uma metáfora usando roupas sujas como uma realidade do pecado.
Aqueles poucos podiam se apresentar diante de Deus por terem suas vestes limpas pelo Cordeiro de Deus. Isto é explicitamente dito no capítulo 19 do livro de Apocalipse.
Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou. E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos. E seguiam-no os exércitos no céu em cavalos brancos, e vestidos de linho fino, branco e puro (Apocalipse 19:7-8, 14).
Estamos falando aqui de crentes com as suas vestes brancas (limpas) pelo sangue do Cordeiro, que estão cobertos pela justiça de Cristo, a eles foi imputado como se linho fino fosse seu vestuário. Eles não caíram nas impurezas pagãs, nas práticas pecaminosas, na mentira e no engano. Eles estavam ali, naquela igreja morta, assim como há tantos em outras igrejas mortas.
Aqui está a primeira ordem: “Sê vigilante!”, ou seja, “Acorde!” (v.2). O mesmo que: “Avalie a sua condição, olhe a sua volta… Acorde! Esteja em alerta!”. Por quê? “E, se não vigiares (acordares), virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei” (v.3). Sempre que o Senhor falar sobre vir como um ladrão, isso se refere a Ele estar em posição de julgamento. Isto é bastante consistente ao longo do Novo Testamento.
Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite. Pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição… Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão; Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas. Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos, e sejamos sóbrios (I Tessalonicenses 5:2-6).
O ladrão vem à noite com o propósito de destruição, assim virá o Senhor como um ladrão, para destruição dos ímpios, mesmo que revestidos de uma aparência de piedade. Mas para os verdadeiros crentes Ele não virá como um ladrão, mas como o doador de eterna glória.
Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda (II Timóteo 4:8).
Por isso João encerra o livro do Apocalipse dizendo: “Ora vem, Senhor Jesus (22:20). Mas, para os perdidos, há uma realidade terrível. Ele está vindo em juízo. Ele está vindo como um ladrão vem, para destruição. É este o alerta para aquela igreja: “Acorde antes que o julgamento venha. Acorde! Acorde! O julgamento está vindo”.
A segunda ordem é “fortalecer”. “Confirma (fortaleça) os restantes, que estavam para morrer”. Ou seja: “Resgatem o que ainda resta… Ainda há alguma esperança”. Ou seja, “se há algo que seja verdade, resgate-o. Faça o que puder para resgatar isto”.
Esse é o verdadeiro avivamento. Uma verdadeira restauração da igreja. Então, temos a terceira ordem: “Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido” (v.3). Penso que isto foi para os crentes verdadeiros. Para os que estão mortos Ele diz: “Acorde!”.
Para os crentes restantes: “Fortaleçam o que ainda está vivo, mesmo que esteja quase morto. Lembrem-se do que vocês receberam e ouviram dos apóstolos, e, é claro, da parte do Senhor”. Para os mortos: “Acorde!. Arrepende-te”. Este é o conselho.
Uma palavra final vem com uma promessa: “O que vencer será vestido de vestes brancas”. Quem são os vencedores: “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé” (I João 5:4). Aqueles possuidores de uma verdadeira fé em Cristo receberam as vestes da glória mencionadas em Apocalipse 19.
No mundo antigo, o branco significava festa, como se faz até hoje em um casamento. O branco representava pureza, a glória. Por isto a Palavra diz que na festa das bodas do Cordeiro com sua noiva (a igreja), “foi-lhe dada que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos” (Apocalipse 19:8). Estas são as vestes fiéis da eternidade: a vida eterna. O branco representava vitória, pureza. Por todas estas razões, as vestes do crente em glória serão de linho fino branco, como diz Apocalipse 19. O branco é o brilho da glória.
E então o Senhor diz: “e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida” (v.5). É uma promessa muito importante. Os governantes daquela época, através do censo, tinham o nome de todos os cidadãos. O seu nome poderia ser apagado em caso de morte ou por cometer algum crime contra o Estado, perdendo a sua cidadania. Mas Deus nunca irá apagar o nome dos verdadeiros crentes em Cristo. Ele conhece os seus.
“Livro da vida” aparece na carta aos Filipenses (4:3) e em várias vezes no Livro do Apocalipse (3:5; 13:8; 17:8; 20:15; 21:27; 22:19). É o livro de Deus, no qual Ele mantém o registro de quem tem a vida eterna.
Em Êxodo 32:33 Deus fala sobre alguém que está sendo removido do “meu livro”. Mas é um contexto completamente diferente. É um tipo de expressão que significa uma morte prematura. Mas quando se trata do livro celeste de vida, aqueles que verdadeiramente nasceram de novo nunca serão arrebatados das mãos do Senhor.
A Igreja Católica atribuía a si mesma o poder de mandar alguém para o inferno eterno, ao excluir seu nome de seus registros. Ela fez isto contra aqueles que se levantavam contra suas heresias. Mas era apenas mais uma de suas heresias. O Senhor tem gravado em seu livro os nomes daqueles que são verdadeiramente seus filhos e eles jamais serão apagados.
[Nota do Site: Em outros sermões, John MacArthur expõe que a graça salvadora é irrevogável. O verdadeiro cristão tem total segurança de que nunca decairá desta graça. Mas a prova de que alguém recebeu a graça salvadora é a presença da graça santificadora. Ou seja, se alguém é salvo, tem o Espírito e a obra santificadora do Espírito na vida do cristão é a prova de que ele é um salvo. Não significa que não pode mais pecar, ou que não possa cair. Mas, no verdadeiramente salvo, o Espírito sempre irá produzir santidade, arrependimento, quebrantamento.]
“E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras” (Apocalipse 20:12).
Os mortos, aqueles que não nasceram de novo, serão julgados pelas coisas que estão inscritas em livros no céu. Mas os nomes dos verdadeiramente convertidos estão no Livro da Vida. O Senhor ainda diz: “E confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos” (v.5).
Então, aqueles que, de fato, são do Senhor, serão vestidos com vestes brancas da vida eterna, nunca terão seus nomes apagados do livro da vida e ainda o Senhor, pessoalmente, confessará seus nomes diante de Deus e dos anjos. Isto é profundamente glorioso. A fé genuína em Cristo significa que recebemos todas estas promessas.
Jesus conclui a carta dizendo: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (v.6). Ou seja, “Você está ouvindo?”. Se você está morto, arrepende-te. Se você é um crente verdadeiro, guarde bem e fortaleça o que tem recebido.
Então o que aconteceu em Sardes? Qual foi a resposta? Havia um pouco de esperança. Anos depois houve lá um pastor piedoso chamado Melito de Sardes (que morreu cerda de oitenta anos depois da morte de João). Alguns se arrependeram e outros fortaleceram o que tinham recebido.
Eu sou muito grato a Deus por estar numa igreja viva. Sei que há mortos entre nós, que precisam se arrepender. Mas o grande número de fiéis define a vida da igreja. Eu sou tão grato que ao Senhor por não ter me colocado em uma igreja como Sardes. Teria sido um fardo insuportável para mim. Espero que você tenha essa mesma gratidão pela bondade de Deus por todos nós aqui. Vamos orar.
Pai, nós somos gratos por esta noite com esta igreja e tudo o que Tu estás fazendo aqui. Acabamos de dar um olhar muito rápido nesta igreja em Sardes. Muito mais poderia ser dito sobre ela, e deve ser. Mas, Senhor, reconhecemos que essas igrejas existem em todo lugar, e é uma coisa comovente para nós, como é para Ti. Podemos até pedir, Senhor, que Tu nos uses para ajudar as pessoas nessas igrejas que estão mortas, para acordarem e se arrependerem e abraçarem a Cristo. Usa-nos para falar com as pessoas que estão entre nós, mas que não são convertidas.
Talvez também, poderíamos encorajar alguns daqueles crentes que são puros, que são vencedores, a escaparem desses lugares, se não há esperança, e chegarem a uma igreja que esteja viva. Oramos que o Senhor mantenha as pessoas longe de igrejas mortas, e as conduza a igrejas que vivas e vibrantes. Mas, Senhor, nós também oramos para que de alguma forma, de alguma forma, Tu possas enviar um grande mover do Espírito Santo para despertar os mortos. Tu já fizeste isso antes em grandes reformas e grandes avivamentos. Nós gostaríamos de vê-lo novamente para a Tua glória e Tua honra.
Obrigado por um tempo maravilhoso juntos esta noite. Tivemos o privilégio de passar o dia inteiro contigo e estamos muito gratos. Sejas honrado através de nossas vidas sendo moldadas sob o poder transformador da Tua verdade e de Teu Espírito, em nome de Cristo. Amém.
Este sermão é uma série de 7:
Carta às 7 igrejas: Éfeso
Carta às 7 igrejas: Esmirna
Carta às 7 igrejas: Pérgamo
Carta às 7 igrejas: Tiatira
Carta às 7 igrejas: Sardes
Carta às 7 igrejas: Filadélfia
Carta às 7 igrejas: Laodiceia
Este texto é uma síntese do sermão “The Lord’s Word to His Church: Sardis”, de John MacArthur em 11/10/2015.
Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:
http://www.gty.org/resources/sermons/90-476/the-lords-word-to-his-church-sardis
Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno