O Fruto do Espírito- 3


Este é o terceiro de 4 sermões de John MacArthur sobre Fruto do Espírito. Veja detalhes e links no fim do texto.


Continuamos hoje a falar sobre andar no Espírito, conforme vemos em Gálatas 5:16-25. A Bíblia estabelece o curso, e o Espírito em nós fornece o poder de seguirmos obedientemente nesse curso. Caminhar é a figura, porque é um passo de cada vez no caminho da obediência às Escrituras, fortalecido pelo Espírito Santo.

16 Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne.
17 Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer.
18 Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei.
19 Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia,
20 idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções
21 invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam.
22 Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,
23 mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.
24 E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências.
25 Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.

O trecho começa com “Andai no Espírito” e termina e “Andemos no Espírito”. Trata-se de uma ordem. Ainda habitamos num corpo corrompido que se opõe ao Espírito. Esse problema só será resolvido em nossa glorificação. A carne e o Espírito estão em conflito um contra o outro. E o Espírito Santo trabalha para nos impedir de fazer as coisas que agradam a carne.

Portanto, reconhecemos que andar pelo Espírito não é fácil, é um campo de batalha. Para sermos fiéis a andar pelo Espírito, devemos aplicar os meios de graça que o Senhor nos deu: Sua Palavra, oração, comunhão cristã – todos esses tipos de recursos que nos fortalecem contra a carne.

Agora, vimos o contraste entre o que a carne produz, nos versículos 19 a 21, e o que o Espírito produz, nos versículos 22 e 23. A lista dos versículos 19 a 21 define a vida no mundo caído. As obras que a carne produz marcam pessoas que não nasceram de novo, que se movem pelas concupiscências e corrupção.

Nos versículos 22 e 23, temos uma nova vida em Cristo, o Espírito Santo em nós. O Espírito produz algo muito contrário ao que a carne produz: as nove virtudes que constituem o fruto do Espírito. E como eu disse da última vez, fruto é uma palavra singular, e este é um complexo singular, ou combinação, de virtudes.

Se você está andando no Espírito, você manifesta todas essas virtudes. É como um buquê de virtudes. Começa como uma espécie de broto e à medida que você amadurece em Cristo, o buquê se torna cada vez maior, expandido a manifestação dessas virtudes. Isso é o que significa santificação. É a presença dessas virtudes em dimensões sempre crescentes. Elas são exibidas quando andamos no Espírito, como um novo nascido. Mas, a beleza das virtudes será mais rica e mais manifesta no final do processo de santificação.

Essas são as características que devem marcar todo cristão a partir do momento da salvação, mas que deveriam ser mais visíveis naqueles que andam com o Senhor por mais tempo. Esses frutos não são, no entanto, algo que você precise amadurecer para expressar. É apenas a extensão dessa expressão que acompanha sua maturidade.

Mesmo como um novo crente, isso deve marcar sua vida cristã, e isso ocorrerá se você andar pelo Espírito. Se você andar no poder do Espírito, que é essencialmente deixar a Palavra de Deus habitar em você ricamente e, sendo assim, cheio do Espírito, o Espírito conduz você no caminho da revelação divina, à glória de Deus e à sua própria fecundidade.

São atitudes, não são apenas ações. Se as atitudes existem, as ações são apenas consequências delas. Ações sem atitude são apenas uma forma de hipocrisia. Se sua vida está cheia de amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio, suas ações refletirão isso. O que está acontecendo por dentro vai aparecer do lado de fora.

Portanto, não estamos muito preocupados com ações, embora a Bíblia fale muito sobre comportamento. Mas no vínculo que deve existir entre a ação e as atitudes. As ações devem ser resultados de uma realidade espiritual interior, pois sem isso, tudo é puro legalismo.

O legalismo está preocupado com as ações, as coisas externas, estejam ou não presentes as atitudes internamente. A verdadeira espiritualidade está preocupada com as atitudes. Uma pessoa que manifeste essas virtudes, por meio do poder do Espírito Santo, produzirá ações que darão glória e honra a Deus. A lei não pode fazer isso. Você não pode fazê-lo com sua própria força humana. Isso vem pelo Espírito e pela nova natureza habilitada por Deus.

Nas duas últimas vezes vimos o amor, alegria e a paz. Eles são uma espécie de pináculo. O amor é a primeira e principal, a maior das coisas, diz Paulo em 1 Coríntios 13, e depois vem a alegria e a paz. Conversamos na última vez sobre paz.  Temos paz com Deus, portanto temos a paz de Deus. Não somos mais inimigos de Deus. Não estamos mais sob Sua ira e julgamento. Temos paz com Deus e, portanto, desfrutamos da paz de Deus. E consequentemente temos um gozo inexplicável pela esperança que temos em Cristo. 

Filipenses 4:7 diz que “a paz de Deus ultrapassa toda a compreensão”. É uma paz incompreensível para o mundo e, até certo ponto, para nós. Ela “guarda os nossos corações e os nossos sentimentos em Cristo Jesus”. Essa paz nos guarda. Ela nos protege em nossos momentos mais vulneráveis e difíceis. Protege-nos quando perdemos aqueles que mais amamos ou quando temos uma forte decepção. É a paz que Deus nos concede e que inunda nosso coração através do Espírito Santo. Aquela paz que não pode ser explicada se torna a segurança de nossas vidas em meio aos mais profundos caos e dificuldades. Isaías 26:3-4 diz:

Tu, Senhor, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme; porque ele confia em ti. Confiai no Senhor perpetuamente, porque o Senhor Deus é uma rocha eterna.

O exemplo dessas virtudes é Cristo. Elas são ordens, devemos exercitar e cultivar essas virtudes. A fonte dessas virtudes é o Espírito Santo. Elas vêm do céu para nós. São virtudes concedidas por Deus, não as recebemos isoladas umas das outras. E no verso e há muita sobreposição. No verso 23 de Gálatas 5, a Palavra diz que “contra estas coisas não há lei”, é uma espécie de “et cetera”, ou seja, que a lista de Gálatas 5 traz apenas exemplos, há muitas outras virtudes espirituais mencionadas na Palavra, que são expressas pelo crente cheio do Espírito.

Se você é um crente cheio do Espírito, não terá dúvidas sobre sua salvação, porque quando você vê essas virtudes manifestas, isso atesta seu chamado e eleição, e você não tropeça na dúvida. Veja o que diz II Pedro 1:

3 Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude,
5 por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento
6 com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade
7 com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor.
8 Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.
10 Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum.

Esse buquê de virtudes em nossas vidas fala da poderosa obra do Evangelho de Cristo em nós. Assim, poderemos proclamar que Cristo transforma vidas. E, ao andarmos no Espírito, manifestaremos amor, alegria e paz.

Vamos agora avançar para a quarta virtude apresentada em Gálatas 5: longanimidade. As Escrituras querem que entendamos que isso significa paciência. Há algumas palavras em grego que poderiam ser traduzidas como paciência: uma significa permanecer; outra fala de manter a alegria e esperança no meio de situações difíceis, esperando no Senhor.

Mas, a palavra grega usada em Gálatas 5:22 não tem esses significados. Ela fala em ser paciente com as pessoas. É a palavra “makrothumia”. “Makro” no grego significa “grande”. “Thumia” está relacionada a “thumos”, que significa “raiva”. Trata de uma pessoa que empurra sua raiva para longe. Esse é o tipo de paciência com pessoas que, de outra forma, deixariam você com raiva.

“Thumos” é uma palavra relacionada a “raiva”, e há várias palavras em grego para “raiva”. Essa é a que está relacionada a “uma explosão de raiva”. Se você é uma pessoa cheia do Espírito, qualquer explosão de raiva está muito longe de você. Algumas pessoas chamam isso de “longanimidade” para ilustrar a noção de distância. É realmente a ideia do que as Escrituras estão dizendo: “lento para se irar”.

Talvez esta seja até uma definição mais clara: é uma restrição que não retalia. O que foi dito a você, o que foi feito a você, o que não foi feito, deveria ter sido feito; qualquer ofensa que tenha sido cometida contra você, não importa quão grave, se você está andando no Espírito, sua raiva está a uma distância quase infinita. Você está contido em sua raiva, impedido de qualquer retaliação.

Isso está definido para nós pelo próprio Deus. Números 18:14 diz: “O Senhor é longânimo e grande em misericórdia, que perdoa a iniquidade e a transgressão, ainda que não inocenta o culpado…”. Essa é a palavra do Antigo Testamento para “graça”: “perdoar a iniquidade e a transgressão”.

Portanto, se você quer saber o que é essa paciência, é esse tipo de resposta a uma ofensa que demora a se enfurecer, cheia de graça, perdoando o pecado e a transgressão. Essa é a única virtude da lista mais intimamente relacionada ao perdão. Poderíamos falar muito sobre perdão.

Somos chamados a perdoar. Somos chamados a perdoar nossos inimigos. Nada pode nos deixar mais parecidos com Deus do que quando perdoamos e amamos nossos inimigos. Jesus disse que se não perdoamos, não seremos perdoados (Mat. 6:15). Esta é a expressão mais próxima da virtude do perdão. Devemos ser marcados pela lentidão em nos irarmos. Esse é, essencialmente, o caráter de quem é marcado pela bondade e graça.

Isso é verdade com relação a Deus. O Salmo 86:15 diz: “Mas tu, Senhor, és Deus compassivo e cheio de graça, longânimo e grande em misericórdia e em verdade”. A longanimidade está novamente relacionado à graça, misericórdia e perdão. Gálatas 5:11 não trata de paciência em meio à tribulações, mas de paciência para com aqueles que nos ofenderam.

Isso é mais claramente demonstrado no próprio Deus. Romanos 2:4 diz: “tu desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?” Aqui, a bondade está ligada à paciência; e é a paciência de Deus que nos tolera, até que cheguemos ao arrependimento.

Mais uma vez essa paciência está relacionada com a ofensa, com o pecado. Quando somos ofendidos, naturalmente temos a inclinação carnal de combater, retaliar, julgar, sermos abusivos, buscarmos a reparação dos danos, a vingança. Mas não é isso que o Espírito Santo produz; isso não é fruto do Espírito. O fruto do Espírito é o oposto dos feitos da carne, que são ódio, contenda, ciúme, explosões de raiva, disputas, etc.

Essa é a virtude da paciência que gera perdão. Essa é a paciência de Deus. I Pedro 3:20 diz que “a longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé…”. Noé levou cento e vinte anos para construir a arca; e nesse período ele foi um pregador da justiça; e Deus foi paciente mais de cento e vinte anos antes de trazer o julgamento.

Tiago 5:7 diz: “Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor”. Nos versos 9-10 diz: “não vos queixeis uns contra os outros, tomai por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor”. O que isso significa é basicamente suportar ofensas com um coração de perdão, compaixão e misericórdia. O exemplo, é claro, é Deus. Nosso Senhor Jesus Cristo manifestou isso. I Timóteo 1:15-16 diz:

Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna.

Paulo era um fariseu, um judeu legalista e um assassino de cristãos, mas Deus foi longânimo com ele. A sua conversão é uma demonstração da misericórdia do Senhor Jesus Cristo, demonstrando Sua perfeita longanimidade. II Pedro 3:9 diz:

O Senhor não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento.

A razão pela qual o Senhor adia Sua vinda não é porque Sua promessa é lenta, é porque Sua ira é lenta. É porque Ele é por natureza longânimo; e isso é porque Ele é gracioso, misericordioso e ansioso para perdoar. Vemos isso em nosso Senhor Jesus Cristo.

Pedro escreveu: “tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor” (II Pedro3:15). Se Deus não fosse longânimo, todos os homens estariam perdidos. A fé e a salvação são um testemunho da longanimidade de Deus. Portanto, a Bíblia nos ordena, como crentes que andam no Espírito, a manifestarmos essas mesmas virtudes que pertencem ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Isso fica muito claro em Efésios 4:1-3, que diz:

Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz;

Esse é o significado dessa paciência. Você deve ser paciente no sentido de mostrar tolerância para com os outros, em amor. Colossenses 3:12-15 deixa isto muito claro:

Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição. Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos.

Esse é o tipo de pessoa que devemos ser. É assim que você viverá, se estiver andando no Espírito. Você não será vingativo, amargo, não estrá tentando se vingar das pessoas, não será hostil, não estará com raiva, não terá uma explosão de ira porque alguém o ofendeu. Sua raiva estará muito longe de você, e sua resposta para com as ofensas da vida será uma paciência graciosa, misericordiosa, amorosa e tolerante. É isso que somos ordenados a exibir.

Também o pregador da Palavra de Deus é chamado especificamente a demonstrar a paciência em favor daqueles com quem fala. II Timóteo 4:2 diz: “prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina”. E por fim, II Tessalonicenses 5:14 traz uma ordem muito simples:

Exortamos-vos, também, irmãos, a que admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimos para com todos.

Em Colossenses 1:9-11 diz:

…Não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual; a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus; sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade.

A longanimidade é uma obra primária do Espírito de Deus. É Deus em tua vida. Se você não tem paciência com aqueles que te ofendem, atrapalham tua direção, invadem tua vida causando confusão e caos, você não é como Cristo e não está manifestando o fruto do Espírito. De onde isso vem? Do Espírito Santo.

Todos os relacionamentos que foram destruídos, foram implodidos exclusivamente pela falta de perdão, porque não se chegou ao lugar onde se perdoa. A longanimidade é o fruto do Espírito onde flui o perdão em lugar de qualquer retaliação. A longanimidade expressa uma paciência para com as pessoas, é fruto de um coração gracioso, perdoador e misericordioso.

A próxima palavra em Gálatas 5:22 é benignidade. Vem do grego “chrēstotēs”. Palavra interessante, às vezes traduzida como “gentileza“. Significa uma terna preocupação pelos outros, refletida no desejo de tratar os outros com gentileza. É uma “bondade de coração”. Um alto nível de virtude nobre que busca sempre fazer o bem.

Romanos 3:12 diz que “Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só”. A palavra grega usada aí é a mesma. Ou seja, “não há chréstotés”. Não há quem faça bondade. Não há benignidade. Tito 3:4-6 diz:

Mas quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, Que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador.

Por causa da benignidade de Deus é que somos salvos. É uma bondade de coração que visa o melhor para os outros. Efésio 2:5-7 diz:

Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo, e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; Para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus.

Colossenses 3:12-13 vemos essa virtude em conjunto com outras e o que resultam delas:

Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade; Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também.

Isso nunca exclui a justa indignação contra o pecado. Deus é bondoso, amoroso, gracioso, misericordioso e perdoador, mas ao mesmo tempo, Ele não negligenciará a punição por conta da iniquidade. Por isso Seu Filho foi punido na cruz em nosso lugar, para satisfazer Sua justiça, para que Sua bondade e misericórdia possam ser estendidas a pecadores como nós.

O exemplo da benignidade é o nosso Senhor Jesus Cristo. II Coríntios 10:1 diz: “E eu mesmo, Paulo, vos rogo, pela mansidão e benignidade de Cristo…”. Em Mateus 11:28-30 Jesus diz:

Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.

Somos chamados a imitar a Cristo. Essa é a marca do verdadeiro crente. Em Tito 3:2 Jesus diz: “não difamem a ninguém; nem sejam altercadores, mas cordatos, dando provas de toda cortesia, para com todos os homens”. II Timóteo 2:24-25 diz:

É necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente, disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade.

Sempre haverá uma benignidade manifesta em um crente cheio do Espírito. A fonte e o poder disso vêm do céu. Tiago 3:17 diz que a sabedoria que do alto vem é “pura, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia”. II Coríntios 6 diz que um crente deve ser exemplo em tudo, dentre outras coisas: na muita paciência, na longanimidade, na benignidade, no Espírito Santo, no amor não fingido.

Se você é um crente que anda no Espírito, as pessoas devem te conhecer por tua benignidade, por tua qualidade cativante, por teu espírito não retaliatório, por tua disposição de empurrar a raiva para muito longe, não importa como você tenha sido ofendido, e oferecer pessoas graça, misericórdia e perdão.

A próxima virtude em Gálatas 5:22 é “bondade”. Traduzida do grego “agathōsunē”. Diz respeito a uma excelência moral e espiritual manifestada na mais efetiva bondade. A palavra grega usada no texto, traduzida como bondade, tem o sentido de uma virtude da doçura profunda e excelência moral. E nem conseguimos encontrar essa palavra em fontes gregas seculares. Ela foi cunhada pelos crentes daquela época, como uma maneira de expressar um tipo de bondade que era mais profunda do que qualquer coisa que o mundo experimentasse. Geralmente é comparada com a justiça; e isso é realmente útil para entendermos o seu significado.

Efésios 5:9 diz que “o fruto do Espírito está em toda a bondade, e justiça e verdade”. A “bondade” está conectada à “justiça”. E creio que isso é muito útil, porque a justiça pode tender a ser o limite mais difícil. A justiça pode tender a ser o aspecto severo do caráter cristão, certo? Você é justo: você tem padrões justos, convicções justas, sabe o que é certo, espera que as pessoas façam o que é certo, mantém o padrão do que é certo, defende o que é certo. Esse é o aspecto mais severo do caráter cristão.

Mas, a parte de trás dessa justiça é a bondade. Esse é o lado mais suave e gentil de suas convicções. É certo ter essas convicções e mantê-las. É certo não comprometer essas convicções, mas também é certo estar cheio de bondade para que essas convicções não acabem com as pessoas. Romanos 15:14 diz:

Eu próprio, meus irmãos, certo estou, a respeito de vós, que vós mesmos estais cheios de bondade, cheios de todo o conhecimento, podendo admoestar-vos uns aos outros.

Você tem fortes convicções e sabe o que é certo. Acredita no que é certo, mantém essas convicções, vive essas convicções, luta por essas convicções, proclama essas convicções. Mas há um lado gentil de suas convicções: “você está cheio de toda a bondade”. Suas convicções têm uma ternura conectada a elas. Quando você tem todo o conhecimento e entendimento da Palavra de Deus, produz convicções fortes e imóveis que têm um lado suave da bondade. Você não tem convicções mais fortes que Deus, e, no entanto, a bondade do Senhor se estende aos céus mais altos.

Davi disse no Salmo 23: “A bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor para sempre”. A bondade do Senhor continuará para todo o sempre. E no Salmo 27:13-14, Davi diz:

Pereceria sem dúvida, se não cresse que veria a bondade do Senhor na terra dos viventes. Espera no Senhor, anima-te, e ele fortalecerá o teu coração; espera, pois, no Senhor.

Deus é justo e bom. E essa bondade é o que traz misericórdia. Esse é o tipo de bondade que José manifestou quando descobriu que Maria estava grávida de um filho, e ficou arrasado porque conhecia o caráter dela. Ele não poderia entender como isso poderia ter acontecido, ele ainda não sabia que aquilo tinha sido obra do Espírito Santo. Ele não sabia o que fazer. Mateus 1:19 diz que ele era um homem justo, então ele teria que fazer o que era justo.

Ele poderia aplicar a pena da lei, a morte por apedrejamento e envergonhar Maria publicamente. Mas, em vez disso, ele planejou se afastar secretamente e romper o noivado. Isso ocorreu porque sua justiça foi temperada com sua bondade. E é assim que é com Deus. Seja grato a Deus por Ele ter Sua justiça temperada com Sua bondade. Essa foi a marca do ministério de Cristo.

Isaías 42:1-3 traz uma importante profecia sobre Jesus:

1 Eis aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito, em quem se apraz a minha alma; pus o meu espírito sobre ele; ele trará justiça aos gentios.
2 Não clamará, não se exaltará, nem fará ouvir a sua voz na praça.
3 A cana trilhada não quebrará, nem apagará o pavio que fumega; com verdade trará justiça.

O verso 1 diz que o servo do Senhor é o Messias. No reinado milenar, quando Cristo reinará sobre o trono de Davi em Jerusalém, não será apenas para Israel, mas também será um tempo de justiça para os gentios. Os versos 2-3 diz que na Sua primeira vinda Ele seria marcado por uma atitude serena e submissa, trazendo consolo e encorajamento aos fracos e oprimidos.

Em Mateus 11, Jesus repete essas palavras, falando de Si mesmo. Seu ministério neste mundo não foi para descartar os fracos e trôpegos. Sua bondade estava aliada com Sua justiça. Somos ordenados a essa bondade. Não é opcional, somos ordenados a demonstrar um coração bondoso. Gálatas 6: 9-10 e I Tessalonicenses 5:15 dizem:

E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos. Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé.

Evitai que alguém retribua a outrem mal por mal; pelo contrário, segui sempre o bem entre vós e para com todos.

Como igreja devemos ser conhecidos por nossa bondade, generosidade, ternura, benignidade, paciência. Belas virtudes, virtudes maravilhosas.

Por isso, também não cessamos de orar por vós, para que o nosso Deus vos torne dignos da sua vocação e cumpra com poder todo propósito de bondade e obra de fé, a fim de que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em vós, e vós, nele, segundo a graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo. (II Tessalonicenses 1:11-12)

Deus é a fonte de poder que nos capacita a sermos bondosos. Aqui está o apóstolo orando a Deus por sua bondade, por minha bondade, pela bondade do povo de Deus. É suprida pelo céu através da presença do Espírito Santo, para que o nome do Senhor seja glorificado através de nossas vidas.

O que é isso tudo? Por que devemos manifestar amor, alegria, paz? Por quê? Por que devemos ser caracterizados por essas virtudes da longanimidade, benignidade e bondade? “Para que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em você”. Você está exibindo Cristo, é isso que você está fazendo. Você está mostrando uma vida transformada.

Não é assim que as pessoas vivem no mundo. Amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade – essa não é a nossa cultura. Nossa cultura já foi definida: imoralidade, impureza, sensualidade, idolatria, feitiçaria, ódio, contenda, ciúme, raiva, disputas, dissensões, facções, inveja, embriaguez, farra e muitas outras características. Essa é a sociedade.

Uma vida que exibe o fruto do Espírito é uma demonstração do poder do evangelho e traz glória ao nosso Senhor. E é por isso que Ele nos chama a vivermos andando no Espírito, para que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em você e você Nele. Continuaremos na próxima vez. Vamos orar.

Pai, agradecemos-Te por Te encontrares conosco esta manhã, como sempre o Senhor faz, quando o Teu povo se reúne. Obrigado por estar presente e poderosamente Te revelares através da Tua Palavra. Obrigado pela comunhão. Obrigado pelo incentivo, a alegria, a bênção, a convicção, pelos lembretes.

Voltamos ao que lemos de Pedro: “Enquanto eu estiver neste corpo, continuarei a lembrá-lo dessas coisas, para que, mesmo quando não estiver por perto, você as lembre”. Quão importante é para nós manifestarmos essas vidas virtuosas para nossa própria utilidade, nossa própria fecundidade e por causa de Tua glória. Tua glória está em jogo; está ligada em nós. E enquanto vivemos vidas que manifestam a beleza do fruto do Espírito, o Senhor é glorificado. Esse é o nosso desejo em tudo o que fazemos: trazer-Te glória. Concede-nos fazermos isso.

E, Senhor, para aqueles que estão aqui que não conhecem a Cristo como Salvador, que não crêem Nele, que não chegaram ao fim de si mesmos, não sentiram o peso total de seus pecados e o pavor do inferno eterno. , oramos, Senhor, que mesmo nesta hora Tu abra seus corações ao evangelho, ao Salvador, à cruz e à ressurreição, ao perdão dos pecados e à esperança da vida eterna. E que eles possam dobrar os joelhos diante do Salvador.

Obrigado por serdes justo; e é por isso que tinha que haver um castigo. Mas o Senhor também é bom; e é por isso que houve um Salvador a ser punido em nosso lugar. Que sejamos marcados por essas virtudes e, assim, demonstremos que somos Teus filhos, porque exibimos Tuas marcas. Essa é a nossa oração em nome de Cristo. Amém.


Esta é uma série de  sermões de John MacArthur sobre o Evangelho de Marcos. Veja abaixo os links dos sermões já publicados.


Este texto é uma síntese do sermão “The Fruit of the Spirit, Part 3″, de John MacArthur em 27/05/2018.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/48-38/the-fruit-of-the-spirit-part-3

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


 

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