Orar em Todo o Tempo
As bênçãos e os recursos que temos em Cristo
A vida cristã é o que há de mais sublime no universo, mas muitos cristãos precisam ser lembrados de como é ela maravilhosa. A carta aos Efésios diz que:
- Deus nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo (v. 1:3).
- Deus nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor (v. 1:4).
- Deus nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo (v. 1:5).
- Deus nos deu a redenção pelo sangue de Cristo, a remissão dos pecados, segundo as riquezas da sua graça (v. 1:7).
- Deus nos fez sua herança, através de Cristo, e nos deu toda a segurança através do selo do Espírito Santo, que é a garantia de nossa salvação (v. 1:11,13-14).
- Deus nos vivificou em Cristo e somos objetos de sua graça eterna (2: 5,7).
- Deus nos fez Sua obra prima. Estamos próximos Dele por uma união misteriosa com Ele e com todos os crentes (v. 2:10,13).
- Deus nos fez um corpo com acesso a Ele por meio do Espírito. Somos o templo de Deus e a Habitação do Espírito. E em nós opera o poder de Deus (v. 2:16,21,22 e 3:20).
Todas essas bênçãos maravilhosas e inigualáveis nos foram dadas sem qualquer merecimento ou recompensa por algum ato de justiça que tenhamos praticado. Não as buscamos e nunca as merecemos, foi Ele, em sua soberana vontade, amor e misericórdia, que nos concedeu em Cristo. E os últimos três capítulos de Efésios nos mostram que, em Cristo, temos tudo que precisamos para crescer e alcançar a maturidade.
O perigo da autossuficiência
Há um problema terrivelmente destrutivo na vida cristã: a superconfiança espiritual ou o egoísmo doutrinário. Há uma potencial cilada na vida de quem tem profundo conhecimento doutrinário e de princípios espirituais práticos: a autossuficiência. Esta é a cilada da ausência da oração constante, fervorosa e que procede do fundo do coração. E isto tem sido a realidade na vida de muitos. O conhecimento que faz gerar independência destrói uma verdadeira vida de oração.
A Escritura nos ensina a orar sem cessar, a fim de evitarmos o perigo da autossuficiência. Ela nos chama a uma vida de oração. Não importa o que já temos em Cristo, temos que orar sem cessar. A oração é a chave essencial para a vida cristã e o crescimento espiritual.
A oração é como a respiração. Nunca estamos cansados por termos respirado muito, mas se a respiração for insuficiente, perdemos o fôlego e o vigor, e os danos são imediatos e visíveis. A oração é a respiração do crente. Alguns estão abatidos e exaustos por falta de respiração espiritual, por falta do ar divino, por falta da intimidade com Deus. Estão sem fôlego espiritual.
Por que um crente deixa de respirar e buscar o ar divino? Por que um crente negligencia a oração? A resposta é o pecado. É o pecado que abafa a vida de oração. E caso não você não consiga discernir qual seja o pecado que impede sua vida de oração, considere este: o egoísmo, o pensar apenas em si mesmo e em seus interesses. Esta talvez seja a principal razão pela qual as pessoas não oram.
A abrangência de uma vida de oração
“Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos” (Efésios 6:18).
Observe os “todos” da oração: “Todo o tempo”; “toda oração e súplica”; “vigiando nisto com toda a perseverança” e “súplica por todos os santos”.
A frequência da oração
“Orando em todo tempo”. Geralmente falamos em reservar um tempo para orar em algum momento do dia. Mas, quando é que você precisa respirar? É uma pergunta ridícula, não é mesmo? Devemos estar orando sempre, em todo o tempo.
Jesus disse: “Vigiai, pois, em todo o tempo, orando…” (Lucas 21:36). O ensino do Senhor foi acompanhado de sua própria vida de intensa oração. Se Jesus, que tinha uma natureza divina, exibia um tremendo desejo e necessidade de orar, quanto mais nós temos que ter. Podemos ver isto em tantas outras porções nas Escrituras, tais como:
- Perseverai na oração (Romanos 12:12)
- Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças (Filipenses 4:6).
- Perseverai em oração, velando nela com ação de graças (Colossenses 4:2).
- Orai sem cessar (I Tessalonicenses 5:17).
Orar sempre é ter consciência da presença de Deus em todo o momento, relacionar tudo que acontece a Deus. É adorá-lo e demonstrar profunda gratidão ao ver o raiar do dia, a chuva, o sustento, a provisão etc. É ver o vizinho e orar por sua salvação. É andar por todo o lugar e clamar a Deus por um mundo caído. É ver as coisas do ponto de vista de Deus.
É interceder pelo irmão, clamar libertação por aquele que está em apuros. É manter comunhão intensa com Deus e clamar por sua glória e reino. Isto em cada momento do dia, em qualquer lugar, não apenas em necessários momentos reservados.
Tipos de oração
Efésios 6:18 diz: “toda oração e súplica”. Há uma série de tipos de orações, entre as mais espontâneas, que fluem do coração, e as mais planejadas (agendas de orações). Podemos fazer petições, dar graças, ficar em pé, de joelhos etc. Há muitas maneiras de orar, Deus assim quis, para que a oração acompanhasse nossas emoções e experiências. Diferentemente, a súplica tem a ver com um pedido específico, não geral. Tem um alvo específico.
Vigilância
Na sequência Efésios 6:18 diz: “vigiando nisto com toda a perseverança”. Perseverar é continuar firme em algo, prosseguir, não diminuir a intensidade, estar alerta. E como podemos ser assim? Quando olhamos tudo do ponto de vista de Deus, enxergando a realidade de um mundo em trevas e cooperando para que a obra de Deus se estabeleça. Assim somos motivados a orar sempre.
Os objetos da oração
O objeto direto de nossas orações é Deus. Jesus disse:
E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei (João 14:13-14).
Jesus não foi para o céu e abandonou sua igreja. Este foi o temor dos discípulos quando Jesus falou sobre sua partida. Mas a oração anularia a distância, o mesmo Jesus que estava provendo os discípulos há 2.000 anos nas terras de Israel, está provendo sua igreja hoje através da oração.
Orar em “meu nome” não é citar o nome de Jesus no final da oração, mas identificar-se com Ele e orar como se estivesse no lugar dele. É Ele quem faz a petição. Ele responderá porque a oração feita em seu nome corresponderá aos seus interesses supremos e não aos nossos. É pedir por aquilo que o glorificará. I João 5:14 diz: “E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve”.
O objeto indireto da oração são os outros. Efésios 6:18 termina dizendo “súplica por todos os santos”. Não podemos pensar apenas em nosso triunfo final, mas o de toda a igreja de Cristo. Não podemos estar voltados para nós mesmos, mas zelando por todos. A igreja é o corpo de Cristo, e o desejo de Deus é a plena operação de cada parte do corpo, por isto estamos orando.
A ação de cada parte do corpo destina-se à edificação do corpo, para unidade, crescimento e maturidade do corpo. E assim, a oração não é a para mim mesmo, mas para todo o corpo de Cristo. Podemos servir o corpo através do nosso serviço, na comunicação de algum dom, e através da oração. E isto o faremos quando estamos de fato envolvidos em conhecer as necessidades do corpo de Cristo. É uma atitude ativa e não passiva.
À medida que aprendemos a orar em conformidade com as Escrituras, percebemos que nos tornamos mais conscientes quanto à pessoa de Deus e menos egoístas. À medida que nos humilhamos, gastando tempo com o Espírito Santo, orando sob sua supervisão, veremos que estamos sendo quebrantados e moldados à própria imagem de Jesus. É isso que realmente importa.
Este texto é uma síntese de um capítulo do livro “Chaves para o Crescimento Espiritual”, John MacArthur, Editora Fiel.