Os Dons Permanentes (2)
Esta é uma série de sermões de John MacArthur sobre dons espirituais e homens especialmente dotados. Veja os links no final deste texto.
- ]INTRODUÇÃO
Pensei bastante se deveríamos hoje falar um pouco sobre algumas coisas relativas à celebração dessa data [nota: esse sermão foi pregado no feriado de 04 de julho de 1976, quando é comemorado o Dia da Independência dos EUA]. Então, eu pensei que a coisa mais importante que poderíamos fazer pelo nosso país é sermos o que somos e nos tornarmos o tipo de cristãos ministradores da Palavra, que irradiarão o corpo de Cristo para o mundo, para que o mundo possa ver o Senhor e crer Nele.
O importante é que nós, como cristãos, entendamos o que é que Deus deseja de nós e, por isso, queremos continuar estudando a área dos dons espirituais, o que já estamos fazendo há várias semanas. I Coríntios 12 é o nosso texto básico. Na verdade, estamos passando por I Coríntios, mas ficamos presos aqui nos versículos 8-10 do capítulo 12, porque expandimos nossos pensamentos para incluir tudo o que o Novo Testamento tem a dizer em relação às capacidades espirituais ou ao empoderamento do Espírito.
Para começar, deixe-me lembrá-lo de algo que você conhece e de algo que já lhe dissemos muitas e muitas vezes: todo cristão recebe um dom maravilhoso no momento em que se torna cristão. Cada um de nós, no momento em que cremos, recebemos o Espírito Santo. E o Espírito Santo é Deus, a Terceira Pessoa da Trindade, que se instala em nossa vida. Desde o momento em que você creu, o Espírito de Deus veio viver dentro de você. Ele se torna seu guia, seu professor da verdade e sua fonte de energia para tudo o que você vier a fazer para a glória de Deus.
E uma vez que o Espírito de Deus vive dentro de nós e é o guia e é o suprimento de energia e é o professor da verdade, o Novo Testamento nos incita a nos comportarmos de certa maneira em relação ao Espírito. Por exemplo, a Palavra nos diz para andarmos no Espírito, para vivermos no Espírito, sermos cheios do Espírito, orarmos no Espírito, manifestarmos o fruto do Espírito, usarmos e exercitarmos os dons do Espírito. Do lado negativo, somos advertidos a não entristecermos o Espírito, a não resistirmos ao Espírito e não extinguirmos o Espírito.
Agora, tudo isso se junta para nos mostrar quão vitalmente importante é que operemos na área ou na esfera do Espírito Santo. A vida cristã é uma existência dominada pelo Espírito, dirigida pelo Espírito e controlada pelo Espírito. E quando permitimos que o Espírito de Deus reine em nossas vidas, quando permitimos que o Espírito de Deus tenha o controle, quando permitimos que o Espírito de Deus nos dê orientação, sempre há resultados maravilhosos. E eu apenas pensei em pelo menos seis deles.
O primeiro é a santidade. Sob a direção e controle do Espírito de Deus, uma completa dominação do Espírito de Deus do nosso padrão de vida resulta em constante santificação. O segundo é alegria. Uma satisfação constante ocorre quando andamos e vivemos no Espírito. Em terceiro lugar, há liberdade. “Onde o Espírito do Senhor está, há liberdade“, diz a Bíblia. Há uma sensação constante de liberdade. Outra é a confiança. Uma segurança constante ocorre quando andamos no Espírito. E depois há a vitória, uma força constante contra o adversário. E assim, santidade, alegria, liberdade, segurança, confiança e vitória resultam do andar no Espírito.
E posso acrescentar ainda um outro resultado, que é a ministração dos dons, um serviço constante ao corpo de Cristo. De modo que, quando andamos no Espírito, não só há resultados pessoais, como santidade pessoal, alegria, confiança e aquilo que mencionei, mas há outro resultado, que é o de podermos ministrar aos outros para edificá-los em Cristo. Enquanto ando no Espírito, meu dom é ministrado a você. Ao andar no Espírito, seus dons são ministrados uns aos outros.
E assim, vivemos no Espírito e à medida que nos movemos no Espírito, andamos no Espírito, somos cheios do Espírito, o Espírito de Deus opera através do dom espiritual que temos para ministrar a outros crentes. Isso é muito importante. As pessoas muitas vezes me perguntam como é que podem saber qual é seu dom espiritual. Como é que você consegue entender quais são os seus dons? E eu respondo: “Esse não é o problema”. Não importa, francamente, se eu consigo definir qual é o meu dom. Em primeiro lugar, isso é um pouco evasivo e nem sempre posso identificá-lo.
A questão é se eu ando no Espírito, certo? Porque se eu ando no Espírito e vivo no Espírito e estou cheio do Espírito, aí o Espírito de Deus ministrará através de mim, através do meu dom, e realmente não é muito importante se eu entendo a definição dele. Não é uma questão acadêmica. Não é uma questão de ir a um seminário e descobrir qual é o seu dom. Mas, é uma questão de se ajoelhar e pedir ao Espírito de Deus que domine e controle sua vida e, ao render-se a Ele, o Espírito de Deus opera através de você e Ele fará o que quiser fazer e essa será a sua área de ministério.
E assim, a melhor maneira de conhecer seu dom não é descobrindo qual ele seja para depois ministrá-lo, mas é andar no Espírito e olhar para trás e dizer: “Então é isso que eu faço!”. Não se preocupe com definições. Eu não tenho certeza se posso definir exatamente a minha esfera de dons e já estive tentando isso por um bom tempo, mas hoje não importa para mim ter uma definição. Só me importa que eu ande no Espírito, certo? Para que Ele possa ministrar.
Agora, lembre-se, também, que quando você começa a tentar definir seus dons, vai se deparar com alguns problemas, porque há muita sobreposição de dons. Lembro-me de que, quando estava no ensino médio, uma senhora me viu e disse: “Eu gostaria de pintar seu retrato”. E foi meio lisonjeiro, você sabe. Ela era uma artista famosa, muito conhecida, e queria pintar meu retrato. Mas, ela só fez a metade e desistiu. Na verdade, apenas há alguns meses atrás eu finalmente joguei o quadro fora.
Mas, eu lembro que ela tinha uma paleta na mão que continha algumas cores básicas que ela simplesmente começou a misturar. E foi incrível que todas aquelas cores tenham surgido dessas cores primárias combinadas entre si. Bem, é exatamente assim que os dons espirituais funcionam. O Espírito Santo tem uma paleta e nela estão alguns dons primários, algumas cores primárias. Esses são os listados na Escritura, mas no momento em que eles são concedidos a você, ocorre uma mistura. E cada um de vocês se torna um retrato peculiar, particular, individualizado, muito estilizado, num bom sentido.
Então, o que estamos estudando quando vemos os cinco dons de falar e os seis dons de serviço, que compõem os dons edificantes permanentes, é que eles são simplesmente cores primárias e quando o Espírito Santo põe o pincel, mistura tudo e concede o dom a você, esse dom é único, nunca foi colocado em mais ninguém. A combinação é única e é por isso que, se você está procurando definições, terá dificuldades em encontrar.
Agora, vimos que há duas categorias gerais dos dons de edificação permanentes. Isso é ilustrado em I Pedro 4:10-11, ou seja: dons de falar e dons de servir. E da última vez, falamos sobre os cinco dons de falar. Lembre-se de que estas são cores primárias, qualquer uma das quais pode estar em combinação com quaisquer outras. Assim, vimos os dons de profecia, conhecimento, sabedoria, ensino e exortação. Esses são cinco dons primários.
Eles estão todos relacionados: a profecia proclama a palavra de Deus, o conhecimento esclarece a palavra de Deus, a sabedoria aplica a palavra de Deus, o ensino transmite a palavra de Deus e a exortação exige que a palavra de Deus seja obedecida. Todos os cinco então têm a ver com falar em relação à revelação de Deus.
- DONS PERMANENTES DE SERVIÇO
Agora, hoje, vamos olhar para a segunda categoria de dons permanentes e edificantes, os dons de servir. Você notará no seu esboço que listei seis deles. Nós vamos olhar para três deles nesta manhã e três deles no próximo dia do Senhor. Os dons de servir são voltados para o serviço. A questão aqui não é proclamar a palavra de Deus, a questão é servir às necessidades de alguém. E lembre-se novamente que estes seis dons são cores primárias que se misturam com todos os dons de falar, às vezes uns com os outros, gerando algo único na vida de cada cristão.
■ 1. DOM DE LIDERANÇA – Esse dom aparece em duas passagens: 1 Coríntios 12:28 e Romanos 12: 6-8. Nessas duas porções da Escritura, você tem as cores primárias dos dons do Espírito Santo. Agora, observe o verso 28 de I Coríntios 12: “E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas.” Agora, observe a palavra governos. Isso nos introduz ao dom de liderança.
Também em Romanos 12, que lista os dons no verso 8, fala no versículo 6 sobre “diferentes dons“, e diz no versículo 8: “o que preside, com cuidado“. Em outras palavras, governe com diligência. Então, o dom de liderança ou governo é apresentado nestes textos. As palavras usadas nos textos – governar e presidir – são diferentes, mas se referem à mesma realidade. As duas palavras são quase sinônimas. Elas têm a ver com liderança.
A palavra presidir significa liderar ou administrar ou encarregar-se de supervisionar ou governar. E é precisamente disso que os textos estão falando, ou seja, liderança. A palavra traduzida como governo, que basicamente significa a mesma coisa que presidir e liderar, também tem um significado literal único. Significa literalmente “dirigir um navio”. É a palavra “kubernesis”. É a habilidade de pilotar um navio. É uma referência àquele que detém o leme, que mapeia o percurso, conhece o destino e pode manter o navio em andamento.
Liderança é a capacidade de ver um objetivo, formalizar esse objetivo, mobilizar um grupo de pessoas e levá-las a esse objetivo. Isso é liderança. Não é a capacidade de administrar papel em torno de uma mesa, necessariamente, não é a pessoa que tem mais lápis em seu bolso que tem o dom da liderança, não é necessariamente estar sentado em uma cadeira de responsabilidade administrativa, porque isso também pode ser o dom de servir e de ajuda. Mas, o dom de liderança se refere à capacidade de tomar decisões e determinar direção, mobilizar pessoas para alcançar um objetivo.
Esse é o dom da liderança. É o dom daquele que “pilota o navio”, como se dá com o pastor responsável por uma igreja. Ele não possui o navio; ele simplesmente o pilota. Cristo diz ao pastor: “Aqui está o objetivo, aqui estão as pessoas, mobilize-as e as conduza ao objetivo”. Isso é liderança. A mesma palavra grega – kubernesis – é usada em Apocalipse 18:17, para se referir ao piloto de um navio. A mesma palavra é traduzida como governos aqui em I Coríntios 12:28, referindo-se a alguém que pilota o navio, alguém que tem a responsabilidade pela liderança.
Você se lembra, em Atos 27, quando o apóstolo Paulo estava em sua jornada para Roma e eles entraram naquele navio e tiveram todo aquele problema com a tempestade e tudo mais? A palavra traduzida como “piloto” no verso 11 é também “kubernesis”. Refere-se a alguém que traça o percurso e leva as pessoas para o objetivo, alguém que mobiliza as pessoas. Agora, eu disse a você que a palavra “kubernesis” é interessante porque dela recebemos uma palavra em inglês. De “kubernesis” vem a palavra inglesa “cybernetics” [em portugués, cibernética].
Alguns de vocês podem ter lido o livro “Psicocibernética”. Ele trata da ciência de estudar o cérebro em relação ao seu governo sobre o corpo. Então, mesmo hoje, a palavra cibernética ainda está se referindo a governo. Ainda está falando sobre “pilotar o navio”. Está falando sobre como o cérebro faz o corpo responder. É a capacidade de liderar. Ademais, a palavra “kubernesis” foi usada na versão grega do Antigo Testamento quatro vezes. Ela é usada em conexão com a sabedoria.
Deixe-me dar uma ilustração disso, em Provérbios 12:5, “kubernesis” é até mesmo traduzida como “conselho”. Isso mostra mais uma vez que o seu significado está intimamente ligado à sabedoria, pressupondo que um líder tenha sabedoria, capacidade prática para alcançar um objetivo. Mas, olhe para Ezequiel 27 e mostrarei uma comparação interessante do uso da palavra “kubernesis” no Antigo Testamento grego, que foi uma tradução do hebraico original.
Diz o versículo 8, falando sobre a destruição de Tiro: “Os moradores de Sidom e de Arvade foram os teus remadores; os teus sábios, ó Tiro, que se achavam em ti, esses foram os teus pilotos.” E a palavra pilotos ali é kubernesis. E observe que ele diz que os pilotos eram os sábios de Tiro. O mesmo ocorre novamente nos versos 27 e 28 desse capítulo. Então, pilotar um navio foi conectado com sabedoria e, como aprendemos em nosso estudo anterior, a sabedoria é a capacidade de resolver um problema. A sabedoria é uma aplicação prática do princípio à vida.
Agora observe isto: há uma diferença entre alguém que tem sabedoria na liderança e alguém que tem uma palavra de sabedoria. A palavra de sabedoria está expressando as verdades práticas da palavra de Deus, mas a liderança inclui sabedoria, que é uma capacitação para alguém abordar um assunto com sabedoria e alcançar um objetivo. A palavra de sabedoria, então, é um dom de falar relativo a proclamar a palavra. A sabedoria para liderar é uma ação diretiva, não verbalizada, pela qual uma pessoa chega a um fim.
E eu só quero que você faça essa distinção em sua mente para que você não pense que todo líder tem o dom da palavra de sabedoria. Não. Há muitas pessoas com sabedoria para a liderança que não têm aquela sabedoria verbalizada que é dada por Deus em outros casos. Agora, alguns dentro do corpo de Cristo têm a capacidade de liderar e isso é de suma importância. Eles sabem como formular objetivos, como traçar diretrizes para alcançar tais objetivos, sabem como mobilizar as pessoas e levá-las ao alvo. E essa capacitação é tremenda.
Se você quiser duas palavras para definir o dom da liderança, elas seriam direção e decisão. E geralmente um verdadeiro líder é tão útil quanto um verdadeiro comandante de navio no meio de uma tempestade, pois as pessoas que têm dons nessa área, quando as coisas ficam difíceis, tomam as decisões corretas e todos chegam onde deveriam. Agora, algumas pessoas pensam que o dom da liderança é sinônimo de pastores, anciãos e bispos, ou seja que todos são termos sinônimos. Elas entendem que o dom de liderar ou governar não se refere à igreja em geral, mas que pertence somente aos pastores.
Bem, eu diria que os pastores normalmente têm esse dom. Seria um pouco difícil, como é dito em I Timóteo, governar a igreja se você não tivesse a capacidade de liderar. Em I Timóteo 5:17, há uma referência aos anciãos que governam bem. Os líderes governam, os pastores governam e assim, presume-se que Deus lhes daria o dom da liderança. Isso é verdade, não duvido disso. De fato, é dito em Hebreus 13:7, 17 e 24, que há pessoas que lideram a igreja, os líderes que fazem a supervisão. E assim, acreditamos que para os pastores de uma igreja, para os presbíteros que lideram a igreja, há o dom da liderança. Mas apenas eles?
Alguns querem que acreditemos que sim. Eu digo que não. Há muitas maneiras pelas quais o dom da liderança pode pertencer a outros irmãos, que não estejam na posição de pastores. A igreja é muito complexa para funcionar com todo mundo servindo e ninguém liderando em todos os níveis. Você sabe que existem algumas igrejas onde um homem governa a coisa toda. Nós os chamamos de monstros monolíticos. Um homem apenas governa e é isso. Existem organizações assim. Um homem governa. Mas mesmo em situações como essas, têm que haver outras pessoas que sejam capazes de implementar certas coisas.
E estou convencido de que o dom da liderança não está restrito apenas aos pastores. Existem muitas ilustrações de líderes bíblicos. Neemias é um deles, era um líder no mais alto nível. Mas, outro que podemos citar e que veio diretamente das bases está em Êxodo 18. E eu quero apresentar a você ao primeiro consultor de administração da História. Seu nome era Jetro e ele era o sogro de Moisés. Agora, Moisés era um líder carismático. Com isso quero dizer que ele tinha a influência. Quando Moisés entrou em cena, todos os olhos se voltaram para ele.
E todo mundo queria falar com Moisés e contar seus problemas a ele, receber respostas, ouvir Moisés falar. É fácil para um líder assim ter a sensação de que ele é indispensável. E eu conheço o sentimento: “Quem mais pode fazer como eu posso fazer?”. E Moisés estava naquele ponto. Ele tinha essa massa de gente que ele estava tirando do Egito. Alguns estimam dois milhões de pessoas. E ele ainda era o único sujeito dando todas as informações. Imagine!
Bem, veja o que acontece. Se Jetro estivesse no tempo do Novo Testamento, diríamos que ele provavelmente tinha o dom da liderança, que ele via um objetivo e criava um plano para mobilizar o povo a chegar lá. E ele também compreendia a necessidade de haver outros líderes. Mas, veja o versículo 13: “E aconteceu que, no outro dia, Moisés assentou-se para julgar o povo; e o povo estava em pé diante de Moisés desde a manhã até à tarde.” Em outras palavras, Moisés estava sempre disponível.
As pessoas não marcavam horário para ver Moisés. Não ligavam para a secretária de Moisés e diziam: “Gostaria de um encontro com Moisés. Tenho um problema”. Elas entravam na fila, de modo que Moisés tinha que ficar do lado de fora o dia todo, do amanhecer ao pôr do sol, porque havia muitos problemas. Então, ele ficava ali sentado para dar a todos uma resposta. “Vendo, pois, o sogro de Moisés tudo o que ele fazia ao povo, disse: Que é isto, que tu fazes ao povo? Por que te assentas só, e todo o povo está em pé diante de ti, desde a manhã até à tarde?” (V. 14).
Lembre-se de que eles não tinham estabelecido um governo ainda. Eles não tinham hierarquia, estrutura, nada. “E Moisés disse a seu sogro“, esta é uma resposta típica de um líder que se julga indispensável: “É porque este povo vem a mim, para consultar a Deus” (v. 15). Em outras palavras, “onde mais eles iriam? Quando eles têm um assunto eles vêm a mim e eu julgo entre um e outro e eu os faço conhecer os estatutos de Deus e Suas leis. Estou fazendo o certo, estou dizendo a eles o que Deus diz e eles têm que saber disso”.
Poderia até haver alguém que também pudesse fazer isso mas, na mente de Moisés, a coisa funcionava dessa maneira: “o que você quer dizer com essa pergunta, Jetro? Não é óbvio? Estou dizendo a eles o que Deus quer que eles saibam”. Mas, Jetro lhe responde, verso 17: “Não é bom o que fazes.” Em outras palavras: “Não é bom, Moisés”. Por quê? “Ora, você vai se matar! Você não pode lidar com isso. Ninguém no mundo poderia fazer isso, isto é, sentar e dar respostas a todas essas duas milhões de pessoas. É ridículo! Essa coisa é muito pesada para você. Você não é capaz de fazer isso sozinho.”
Jetro não disse que Moisés não era capaz, mas que não seria capaz de fazer isso sozinho. E Jetro continua, verso 19: “Ouve agora minha voz, eu te aconselharei, e Deus será contigo. Sê tu pelo povo diante de Deus, e leva tu as causas a Deus“. Ou seja, Moisés não deveria se retirar da posição que Deus lhe deu como líder. Ele ainda seria o sujeito que carregaria os fardos, os cuidados, as aflições e ansiedades do povo para Deus. Moisés permaneceria entre as pessoas e Deus.
Agora, verso 20, “E declara-lhes os estatutos e as leis, e faze-lhes saber o caminho em que devem andar, e a obra que devem fazer.” Moisés era o líder deles, o seu professor, o exemplo para eles, mas não deveria tentar resolver todos os problemas do povo pessoalmente. Eu nunca ouvi uma definição melhor de um pastor em minha vida. Um pastor não pode fazer isso sozinho. Ele pode ser seu líder, seu professor e seu exemplo, mas nunca poderá resolver o problema de todos individualmente.
Então, Jetro tem um plano simples, verso 21: “E tu dentre todo o povo procura homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que odeiem a avareza…” – pois você não quer juízes que irão receber propinas – “e põe-nos sobre eles por maiorais de mil, maiorais de cem, maiorais de cinqüenta, e maiorais de dez…”. Isso é liderança. A liderança deve ir além do pastor ou evangelista, apóstolo ou profeta. Ela deve abranger outras pessoas no corpo de Cristo.
E então, Jetro conclui dizendo: “Se isto fizeres, e Deus to mandar, poderás então subsistir; assim também todo este povo em paz irá ao seu lugar.” (v. 23). Agora, isso é uma coisa simples. Aqui está um homem, Jetro, que viu uma necessidade e foi capaz de organizar uma maneira de a coisa funcionar. E eles fizeram o que Jetro falou. Havia líderes no povo que precisavam ser vistos, reconhecidos e atraídos. Os apóstolos também escolheram líderes entre o povo, certo? As pessoas que podem “pilotar o navio”.
Agora, Romanos 12: 8 nos dá outro aspecto desse dom de liderança. Diz para governar com diligência. Acho interessante que a palavra diligência signifique basicamente velocidade ou pressa. O que é um bom líder? Alguém que percebe uma necessidade e age rapidamente; identifica uma necessidade e age rapidamente. Se você tem a liderança, use-a agora. Você vê uma necessidade, administre-a agora.
Uma das coisas em que eu acredito e tento ensinar a outras pessoas é nunca deixar um problema ou uma necessidade continuar por mais tempo do que já permaneceu até aquele ponto. Resolva agora, não amanhã, agora. Essa é uma lição difícil de aprender, porque todos nós tendemos a procrastinar. Uma das maiores disciplinas que já tive em minha vida foi me forçar a lidar com questões no momento em que me torno ciente delas. Isso ocorre porque a Bíblia diz: “o que preside, com diligência” (Rm 12:8). Quando você vir a necessidade, tome providências para supri-la.
E assim, temos esse dom maravilhoso de liderança sem o qual o corpo não pode funcionar. Agora, em I Coríntios, vemos que alguns dos coríntios tinham o dom de governar, mas eles não o estavam usando. Você sabe por quê? Porque não era um dom chamativo, do tipo que impressiona as pessoas. Eles estavam tão ocupados caindo uns sobre os outros em frenesi e tão ocupados tagarelando em línguas ininteligíveis em seu estado de êxtase, que não podiam pensar nessa questão de liderar.
E é por isso que no verso 33 de I Coríntios 14, Paulo diz: “Porque Deus não é Deus de confusão, mas de paz“. E no versículo 40: “Mas faça-se tudo decentemente e com ordem.” A igreja em Corinto estava desordenada, todo mundo querendo fazer algo espetacular para chamar a atenção para si. Alguém precisava governar, ordenar a igreja, traçar alguns objetivos, algumas diretrizes, tomar decisões e mobilizar as pessoas para cumprirem a vontade de Deus.
Esta é uma grande necessidade na igreja. E eu não penso que esse dom seja necessariamente a capacidade de sentar em uma mesa e cuidar da papelada. Isso pode ser o dom de serviço ou ajuda. Mas, eu penso que o dom de governar diz respeito à capacidade de ver um objetivo, mobilizar um grupo de pessoas para alcançar esse objetivo, tomar decisões. E Deus sabe como precisamos desse tipo de pessoa. Se você tem essa habilidade, use-a com pressa, com velocidade, porque os líderes são desesperadamente necessários e as coisas precisam ser resolvidas.
Então, Deus deu líderes à Sua igreja. Graças a Ele, pelos líderes que levantou através da história da igreja. Não é uma responsabilidade fácil, porque você tem pessoas que reagem negativamente ao que você faz, ao que você diz. É difícil, às vezes você tem que tomar uma decisão sozinho e isso pode gerar ressentimentos em alguns. Não tente ser um líder, a menos que Deus o tenha dotado nessa área. Mas, se você tem o dom, confie na capacitação do Espírito de Deus e lembre-se disso: todos os dons operam na atmosfera do amor (capítulo 13 de 1 Coríntios).
■ 2. DOM DE SERVIR – De um modo geral, todos os dons envolvem serviço, de acordo com I Coríntios 12:5. Mas, existe um dom específico de serviço, que é especializado no serviço. Observe novamente I Coríntios 12:28 e você verá a palavra “socorros”, em outras versões, “ajudas” Em Atos 20:25, essa mesma palavra grega é traduzida como “apoio”, um dom de apoiar ou um dom de ajudar. Romanos 12:7 diz: “Se o seu dom é servir, sirva…“.
A palavra ajuda literalmente significa tirar um fardo de alguém para colocá-lo em si mesmo. Os que têm o dom de serviço atuam ao lado daqueles que têm o dom de governar ou liderar. Eu penso que os secretários que fazem parte da equipe da Grace Church devem ter o dom de ajudar. Eles têm a responsabilidade de implementar tudo aquilo que a liderança está fazendo. Acreditem em mim, se não fosse o Espírito de Deus energizando essas pessoas, eles estariam esgotados mentalmente, por causa do volume de trabalho.
O dom de ajuda é o apoio, é o que faz tudo acontecer. Pessoas que apoiam, que ajudam de qualquer maneira concebível. Eu vejo pessoas queridas aqui durante a semana lavando janelas, consertando portas, jovens vindo para limpar o ônibus ou consertar o motor. Eu vejo pessoas que vêm de manhã cedo para se certificar de que há livros suficientes entre as cadeiras ou papéis de anotação, cartões e envelopes e tudo o mais. Eu vejo pessoas que estão servindo aos missionários quando eles chegam em casa, ajudando-os em todas as coisas que eles podem precisar.
Este é o dom de ajudar, apoiar, tirar um fardo de outra pessoa e colocá-lo em suas próprias costas. Os apóstolos, você lembra, em Atos 6, disseram que não poderiam servir nas mesas. Tinham que ensinar a Palavra e orar. A igreja tem essas pessoas que podem servir às mesas e as chamam de servidores ou diáconos. Originalmente, a palavra diácono tinha a ver com o serviço nas mesas. Maior alegria, trabalho de amor, servir a outras pessoas, sem glória, sem fanfarra, sem aclamação, apenas serviço.
Em I Timóteo 6: 2, é dito: “E os que têm senhores crentes não os desprezem, por serem irmãos; antes os sirvam melhor, porque eles, que participam do benefício, são crentes e amados. Isto ensina e exorta.” Você pode ministrar o dom de servir, se você trabalha para um empregador cristão, apoiando-o, ajudando-o, cumprindo aquilo que você é obrigado a fazer com alegria. Todos os dons devem ser ministrados em amor, em alegria.
Eu amo Romanos 16. Paulo aqui dá um relatório de todas as pessoas que o ajudaram e é isso que ele diz no verso 3: “Saudai a Priscila e a Áqüila, meus cooperadores em Cristo Jesus…“. O que Priscila e Áquila fizeram por ele? Bem, talvez eles tenham feito algumas sandálias para ele, talvez Priscilla tenha costurado sua túnica rasgada, quem sabe? Talvez tenham lhe dado uma cama, talvez tenham lhe dado alguma comida. Eu não sei o que eles fizeram, mas eles o ajudaram e eles o ajudaram de novo e de novo e de novo. Eles eram seus ajudantes.
E então, no versículo 9, o mesmo pensamento: “Saudai a Urbano, nosso ajudador em Cristo“. O que Urbano fez por ele? Quem sabe… Eu não sei o que ele fez. Penso que servir é o dom mais necessário e, portanto, o dom mais comum que o Espírito de Deus dá à igreja. Não podemos fazer nada se não tivermos cooperação, socorro, ajuda. Talvez você não saiba pregar, ensinar, cantar, mas você pode limpar, você pode levar uma refeição para alguém, ou pode consertar algo para alguém, pode organizar as cadeiras, pode cortar a grama do vizinho, porque talvez ele não esteja se sentindo muito bem e você queira apenas ministrar seu dom a ele.
As formas de servir são muito amplas. Aquelas pessoas eram tão queridas para o apóstolo Paulo que ele repete as referências sobre elas. Em Filipenses 2, ele fala sobre Epafrodito, que foi seu ajudante, companheiro de trabalho, ele diz, que supriu suas necessidades. Ele diz: “E de fato esteve doente, e quase à morte; mas Deus se apiedou dele, e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza” (v. 27) . Epafrodito serviu tanto a Paulo que arriscou a própria vida. Ele estava quase morto, mas não parava de servi-lo.
Esse é o dom de ajuda. Você tem esse dom? Belo dom, maravilhoso, absolutamente necessário ao progresso do corpo de Cristo. Não chama muita atenção. É por isso que a igreja de Corinto carecia de líderes e ajudantes. Eles não se interessavam em exercitar o dom de servir, pois preferiam se levantar e falar emitindo sons sem sentido num estado de êxtase, a fim de chamar atenção para si mesmos. Estavam entregues ao êxtase, à loucura e ao frenesi, porque isso era fascinante para eles.
E só para colocar as coisas em perspectiva, eu amo a sutileza do Espírito Santo em I Coríntios 12:28, porque quando Ele fala desses dons, Ele diz: “E a uns pôs Deus na igreja; primeiramente, apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro, mestres; depois, milagres; depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas.” Veja que o dom de serviço (socorros) foi colocado bem no meio da lista. Qual é a questão aqui? Porque Ele quer que saibamos que o dom de servir flui com todos os outros dons. Nenhum reconhecimento público, apenas serviço amoroso.
■ 3. DOM DE DAR – Isso é lindo, o dom de dar. Romanos 12:8 é a única referência em que esse dom é mencionado. Eu quero que você perceba algo. Diz no versículo 6: “De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada…“. O assunto tratado é acerca dos dons. Ele os lista e no verso 8 diz: “Aquele que dá, faça-o com liberalidade“. E quero mostrar alguns pensamentos interessantes sobre essa declaração.
A palavra dar aqui, no verso 8 de Romanos 12, é uma palavra grega composta. A palavra grega normal, que significa “dar”, é “detmi”. Mas, aqui no verso 8, a palavra usada é “methadetmi”, que significa uma “super doação”. Agora, todos nós somos comandados a dar, todos nós somos chamados pelo Espírito de Deus para dar, todos nós devemos repartir. A Bíblia nos diz que devemos semear generosamente para colhermos abundantemente. Isso é muito claro na Palavra. Mas, há alguns de nós que devem ser “super doadores”, que devem estar além do normal, que devem dar esse passo adiante, porque são dotados dessa maneira.
E observe o que diz ainda o verso 8: “com liberalidade“. Agora, a raiz literal da palavra liberalidade significa simplicidade. Segundo Kittle, significa liberalidade sacrificial. O que isso quer dizer? Quando você dá com liberalidade, significa que você dá com um único motivo: suprir uma necessidade. A maioria das pessoas não faz isso. A maioria de nós doa movido por dois motivos: satisfazer uma necessidade e ter certeza de que ainda temos o suficiente para nós, certo? Isso é normal.
Mas, quando alguém exercita o dom de dar, ele o faz com uma única motivação: suprir a necessidade e nada mais. Singeleza de mente, singeleza de coração, motivação única. Goday diz que, de acordo com o seu significado etimológico, a palavra “significa a disposição de não voltar atrás, e é óbvio que a partir deste primeiro significado pode seguir o da generosidade, quando o homem dá sem se deixar deter por qualquer cálculo, ou o da simplicidade, quando ele dá sem a mão esquerda saber o que a mão direita faz, isto é, sem esperar qualquer recompensa pessoal e sem nenhum objetivo de orgulho “.
Está certo. O dom de dar é para ser exercitado com singeleza de mente, sem consideração de si mesmo. Você vê a necessidade e você dá. Agora, o dom de dar não é algo público. Dar com a pretensão de exibição pública não é exercício do dom de dar; é hipocrisia. E nem sequer pense que o dom de dar realmente se relaciona com o quanto você tem. Algumas pessoas que não têm muito, possuem o dom de dar e dão tudo o que têm. Já há outras pessoas, que têm muito, mas não têm o dom de dar. Algumas, sim.
Também não se trata de contribuir para a obra. Todos nós investimos na obra do Senhor, mas o dom de dar enche o seu possuidor de um desejo de dar quando surge uma necessidade. É ilustrado de muitas maneiras bonitas no Novo Testamento. Em João 12, versículo 3, “Então Maria, tomando um arrátel de ungüento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do ungüento. Então, um dos seus discípulos, Judas Iscariotes, filho de Simão, o que havia de traí-lo, disse: Por que não se vendeu este ungüento por trezentos dinheiros e não se deu aos pobres?“.
Você sabe quanto valem trezentos denários? Um denário era o salário de um dia de trabalho árduo. Aquela mulher limpou os pés de Jesus usando trezentos dias de trabalho em um ato de amor. Agora, esse é o dom de dar. Magnânimo. Nenhum limite, nenhum pensamento de apego pelo que é dado. No capítulo 2 de Atos há ilustrações do dom de dar, já que os crentes da igreja primitiva tinham coisas em comum e, quando alguém precisava de algo, outro vendia alguma coisa, propriedade ou sua casa ou alguma possessão e obtinha o dinheiro para doar à pessoa que precisava.
Em II Coríntios 8, os macedônios tinham o dom de dar e, de sua profunda pobreza, davam de acordo com as riquezas de sua liberalidade, diz Paulo. Eles não tinham muito, mas deram tudo o que tinham. Os filipenses, alguns deles também tinham o dom de dar. Em Filipenses 4 até o final do capítulo, Paulo honra aqueles irmãos pelas doações feitas a ele. Mas é assim que o dom opera.
Eu me lembro que há alguns anos atrás um grupo de pessoas se reuniu em nossa igreja e todos sentiam que tinham o dom de dar e começaram uma pequena irmandade chamada Saltshakers [saleiros] E as pessoas em necessidade, beneficiadas pelos Saltshakers, costumavam receber presentes no correio, em forma de cheques de valores variados. Eles ainda atuam assim. Os Saltshakers são apenas algumas pessoas que querem ministrar seu dom para aqueles que precisam.
Esse é o dom de dar, é satisfazer necessidades, sem qualquer exibição. Quero ler uma ilustração de um homem que tinha esse dom. Seu nome era C.T. Studd, homem famoso. Alguns de vocês já leram a biografia dele. Mas, deixe-me lembrá-lo desta bela história em sua biografia escrita por Norman Grubb. O pai de Studd era extremamente rico e ele herdaria uma quantidade enorme de dinheiro, 29.000 dólares. E isso foi em 1880, então era uma fortuna para os padrões da época. Mas isso é o que a sua biografia diz:
“Até onde ele podia avaliar, sua herança era de US$ 29.000. Mas, para deixar uma margem de erro, já que ele não tinha certeza se de fato sua herança era nesse valor, ele decidiu doar US$ 25.000. Num dia memorável, 13 de janeiro de 1887, ele enviou quatro cheques de US$ 5.000 cada e cinco de US$ 1.000. Tão friamente e deliberadamente como um homem de negócios investe em alguns valores mobiliários com seguros e produzindo bons juros, foi que C.T. Studd investiu no banco do Céu. Isso não foi um golpe tolo da parte dele, pois acreditava que a palavra de Deus era a coisa mais segura na Terra e que o retorno em cem vezes mais, que Deus prometeu nesta vida, para não falar da próxima, é uma realidade para aqueles que crêem e agem de acordo com ela.“
Studd enviou 5.000 libras para o Sr. Moody, expressando a esperança de que ele seria capaz de iniciar algum trabalho evangelístico em Terre Haute, no norte da Índia, onde seu pai fez sua fortuna. Moody esperava fazer isso, mas não conseguiu e, em vez disso, usou esse dinheiro para fundar o famoso Moody Bible Institute, em Chicago, respondendo que faria a próxima melhor coisa e abriria uma escola de treinamento com a qual homens e mulheres iriam a todas as partes do mundo para evangelizar.
Studd também doou 5.000 libras para o Sr. George Mueller, 4.000 libras para serem usadas no trabalho missionário e 1.000 para os órfãos. Outras 5.000 libras foram doadas a George Holland, em White Chapel, para serem usadas para o Senhor entre os pobres de Londres, pedindo que o recibo fosse feito em nome de seu pai, por causa da ajuda espiritual que o Sr. Holland tinha dado ao seu pai. Outras 5.000 libras foram destinadas ao comissário Booth Tucker, para o Exército de Salvação na Índia. Esses 5.000 chegaram logo depois de a equipe de Booth ter passado uma noite de oração pedindo por reforços vitalmente necessários. Esse valor foi usado para enviar um grupo de 50 novos oficiais à Índia.
Para a sra. McPherson, por seu trabalho em Londres, para a srta. Emily Smiley, de Dublin, bem como ao general Booth, do Exército de Salvação, ao reverendo Archibald Brown, no extremo leste de Londres, e ao dr. Bernardo Holm, ele enviou 1.000 libras para cada. Poucos meses depois, C. T. Studd conseguiu descobrir o valor exato de sua herança. Ele, então, doou mais alguns milhares de libras, principalmente para a China Inland Mission e Hudson Taylor.
De toda a sua herança, ele ficou com apenas 3.400 libras. Pouco antes de seu casamento, ele revela à sua noiva que tudo o que tem é essa quantia de dinheiro. Ela, então, disse a ele: “Charlie, o que o Senhor disse ao jovem rico para fazer? ‘Venda tudo!’ Bem, então vamos começar nosso casamento obedecendo o Senhor”. E assim, eles escreveram a seguinte carta ao general Booth, chefe do Exército de Salvação:
“Meu querido general: Lamentamos ao ler sua última carta, por saber da doença grave da sra. Booth. Nossos corações abrigam profunda simpatia por vocês dois. Nós não podemos dizer quantas vezes o Senhor nos abençoou lendo as suas postagens e da Sra. Booth no ‘Grito de Guerra’ [esse foi um artigo publicado nos primeiros anos do Exército da Salvação]. Agora, anexamos a esta carta um cheque de 1.500 libras, para vocês, e outro de 500 libras para o Comissário Tucker, como seu presente de casamento. Além disso, estou instruindo nosso banco a vender nosso último investimento terrestre de 1.400 libras e enviar a vocês o valor da venda. De agora em diante, nosso banco está no céu.”
E ele ainda diz: “Tememos muito mais o Dia do Juízo do que perder a grande segurança terrestre da Missoures Coots and Company no banco da Inglaterra. E esse passo foi dado com a mais definida referência à palavra de Deus e ao mandamento do Senhor Jesus, que disse: ‘Venda o que você tem e dê esmolas, faça para si bolsas que não envelheçam’. Sentimos a direção do Espírito neste sentido e oramos por muito tempo sobre isso. Além disso, sentimos que dessa forma podemos colaborar com a pregação da salvação. Aleluia. Nós também agradecemos a Deus que, pela Sua graça, nós não fizemos isto por restrição, mas alegremente, e por ter nos dado uma mente pronta e um coração disposto. Louvado seja o Senhor. Amém.”
Em outras palavras, ele está dizendo: ‘simplesmente adorei fazer isso!’. É assim que os dons são ministrados. Em outra carta: “E nós agradecemos a Deus também porque agora podemos dizer que ‘não temos prata nem ouro’. Nós não queremos ser como Ananias e Safira. Nós lhes dizemos honestamente que temos uma pequena quantia aqui que, no momento, não sei de quanto se trata. Lembraram-me de que a Bíblia diz que ‘aquele que não provê os seus é pior que um incrédulo e nega a sua fé’. Então, eu peguei o pote inteiro com o valor em dinheiro e o dei para minha querida esposa, para sustentar a casa. E agora é ela quem está enviando esse valor a vocês, crendo que está investindo no céu, como o banco mais seguro, e, além disso, o banco celeste é tão prático, porque você não tem problemas com cheques ou taxas de câmbio. Você apenas pede e recebe, para que sua alegria seja completa. Agora, adeus, querido General. Que o Senhor te mantenha nesta guerra por muitos anos e opere na saúde da Sra. Booth também. Nossas orações sinceras são que Deus abençoe vocês e todos os seus em suas famílias. Só uma coisa permanece em nossa mente e é: ‘quando tu deres esmolas, que a tua mão esquerda não saiba o que a tua mão direita faz, que as tuas esmolas possam estar em secreto’. Então, pedimos à War Cry que isto não seja divulgado a público. Como soldados de Jesus Cristo, minha esposa e eu“.
Esse é o dom de dar. E, após eles terem se desfeito de tudo quanto tinham, foram para a África como missionários pelo resto de seus dias. Esse é o dom de dar. É assim que Deus ministra. Pense sobre o que foi produzido a partir do exercício do dom de um homem: a China Inland Mission, de Hudson Taylor, orfanatos de George Mueller em Londres, extensão do Exército de Salvação e o Moody Bible Institute. É assim que o Espírito de Deus opera.
Você se vê em algum desses três dons: liderança, serviço, doação? Se positivo, seja obediente, porque há uma tremenda alegria envolvida nisso tudo. E todos esses resultados, sobre os quais falamos no início, podem ser seus. Vamos orar.
Senhor é emocionante, para dizer o mínimo. Refrescaste nossos corações através do testemunho deste Teu servo que deu tudo. É emocionante refletir sobre o querido povo que ajudou o apóstolo Paulo. É uma alegria olhar para alguém como Jetro, ou Neemias, ou qualquer outro, com a capacidade de liderar, que foi usada por Ti para apoiar os homens de Deus. Agradecemos por nos ensinar novamente como o Senhor nos capacita. Ajude-nos a sermos fiéis e, à medida em que o Espírito Santo mistura as cores na paleta e as espalha em nossa vida, que sejamos obedientes. E que possamos andar no Espírito, sermos rendidos ao Espírito, a fim de que possamos estar ministrando no Espírito para a edificação do Corpo, para a glória de Deus.
Esta é uma série de sermões sobre os dons do Espírito Santo e homens especialmente dotados, conforme links abaixo:
- Já Recebemos o Espírito Santo?
- Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo
- O que é o Batismo com o Espírito Santo?
- Sobre Dons Espirituais, Parte 1
- Sobre Dons Espirituais, Parte 2
- Sobre Dons Espirituais, Parte 3
- Homens Dotados (1): Profetas e Apóstolos
- Homens Dotados (2): Evangelistas, Pastores e Mestres
- Os Dons de Edificação Permanentes, Parte 1
- Os Dons de Edificação Permanentes, Parte 2
- Os Dons de Edificação Permanentes, Parte 3
- Os Dons Temporários, Parte 1 – Operação de Milagres
- Os Dons Temporários, Parte 2 – Curas (Parte 1)
- Os Dons Temporários, Parte 3 – Curas (Parte 2)
- Os Dons Temporários, Parte 4 – Dom de línguas (Parte 1)
- Os Dons Temporários, Parte 5 – Dom de línguas (Parte 2)
Este texto é uma síntese do sermão “The Permanent Edifying Gifts, Part 2”, de John MacArthur em 04/07/1976.
Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:
https://www.gty.org/library/sermons-library/1854
Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno