A parábola dos solos – 3
Nota do site: Esta é uma série de três mensagens sobre a parábola dos solos, mais conhecida como a parábola do semeador. Veja os links dos outros sermões no fim deste texto.
À medida que chegamos ao nosso estudo da Palavra de Deus nesta manhã, voltamos ao capítulo 8 do evangelho de Lucas e eu pediria que você se voltasse comigo para esse capítulo. Como você sabe, se esteve conosco durante todos os meses em que passamos pelo evangelho de Lucas, cada seção, cada parágrafo, cada versículo é imensamente benéfico para nós, porque o Senhor Jesus Cristo, o Deus encarnado, é o tema de cada versículo, cada parágrafo.
Estamos, literalmente, andando nos passos de Jesus, ouvindo as palavras de Jesus e sentindo a paixão e o coração do próprio Salvador quando passamos por este Evangelho. É por isso que para mim a pregação dos Evangelhos – Mateus, Marcos, Lucas e João – é a mais rica de todas as experiências.
No capítulo 8 de Lucas é registrada uma parábola que Jesus proferiu. Estamos vendo essa parábola e é encontrada na seção dos versículos 4 ao 15. É a Parábola dos Solos. Esta é a nossa terceira e última mensagem olhando para esta parábola [Nota: veja, no final deste texto, os links para as duas primeiras], que trata da condição do coração. Passar por esta parábola em particular é como fazer um minucioso exame espiritual.
É a melhor maneira que eu conheço para obter uma leitura de sua ‘condição cardíaca’, o que é absolutamente crítico para o seu bem-estar espiritual, assim como um coração saudável gera seu bem-estar físico. A parábola que Jesus profere, chamada Parábola dos Solos, é simples e inesquecível. Nesta parábola há uma rica visão do coração das pessoas. Isso nos ajuda a entender por que as pessoas respondem da maneira como respondem quando lhes apresentamos o evangelho.
Essa é a nossa responsabilidade, afinal, não é? Não somos nós os que deveríamos cumprir a grande comissão e irmos a todo o mundo e pregar o evangelho? Não é por isso que estamos aqui? Não somos embaixadores de Cristo? Não estamos pregando às pessoas, por amor de Cristo, que se reconciliem com Deus por meio da crença naquele que deu Sua vida por elas? Não somos testemunhas da verdade? Não é esse nosso chamado? Com certeza que sim.
E porque este é o nosso chamado, quanto mais entendermos sobre isso, melhor. E o que você experimenta muito quando você começa a compartilhar o evangelho de Jesus Cristo com as pessoas é que a maioria delas rejeita. E isso se torna um problema, porque geralmente o cristão sente que talvez os seus meios de apresentação do evangelho sejam inadequados. E eu simplesmente lembraria que esse não é realmente o problema.
Se você conhece o evangelho bem o suficiente para crer nele e ter sido salvo, você conhece bem o suficiente para pregar esse evangelho a outra pessoa. E alguém poderia pensar sobre o fato de as pessoas rejeitarem o evangelho: “Bem, é por causa do próprio evangelho, é uma mensagem antiquada, difícil, insensível, culturalmente oblíqua ou obscura e esse é o problema. Deveríamos, de alguma forma, refinar a mensagem, chegar a uma mensagem que seja mais palatável e mais aceitável, pois assim vamos ter melhor sucesso.”
E assim, tipicamente cristãos trabalham duro nas metodologias de evangelismo. “Como podemos obter uma metodologia que funcione?” E eles trabalham duro para obter uma mensagem que seja aceitável. “Como podemos moldar a mensagem para torná-la mais saborosa e mais aceitável?” E, assim, a igreja, mesmo hoje, mesmo enquanto nós falamos, está ocupada tentando reinventar o método e reinventar a mensagem. Mas, essa não é a questão.
Eu digo de novo. Se você conhece o evangelho o suficiente para ter sido salvo por ele, você o conhece bem o suficiente para apresentá-lo a outra pessoa. E a mensagem do evangelho é o que é, e não é qualquer outra coisa e não precisa ser alterada. Como estamos aprendendo na parábola, não é uma questão do semeador e não é uma questão da semente, é uma questão de quê? Do solo.
As respostas à proclamação do evangelho são determinadas não pela habilidade do semeador e não pelo estado da semente, mas pelo solo. É realmente importante conhecer isso, porque nos ajuda a entender o que fazer no evangelismo, o que esperar e o que não esperar.
Quando Jesus estava treinando Seus apóstolos e Seus discípulos para a obra que eles fariam quando Ele voltasse para o céu e o Espírito Santo veio e os encheu e então eles saíram para ser a primeira geração de pregadores – e nós meio que seguimos seus legados – quando Jesus os estava treinando, Ele queria que eles entendessem a natureza de seu ministério.
Então, Ele lhes disse que deveriam esperar que ocorressem certas situações. Por exemplo, Ele lhes deu a Parábola do Joio e do Trigo e o cerne dessa estória era mostrar que:
Enquanto vocês estiverem pregando o evangelho e construindo a igreja, trazendo crentes, Satanás estará trazendo incrédulos para o Igreja. Então, apenas saibam disso. Saibam que o joio vai crescer junto ao trigo e, no final, você pode não ser capaz de dizer a diferença, mas Eu posso. E, assim, você pode ter que esperar até o final, o julgamento final, antes que você saiba. Portanto, não espere que a igreja esteja livre da influência de Satanás, porque ele trará pessoas, os falsos crentes.
Então, Jesus também disse algo assim:
Você pode esperar que o reino de Deus vai ser como uma enorme rede de peixe que você lança no mar e quando você puxá-la, você tem de tudo nela. Você obtém o bom peixe, mas também todos os detritos que são coletados na parte inferior da rede e, assim, você tem que classificar o bom e o ruim. O bom você guarda e o mau você queima.
Com isso, Ele estava dizendo que o reino, a igreja, vai abraçar o bom e o mau, o real e o falso, mas, no final, haverá uma separação.
Jesus também disse que o reino seria como uma semente de mostarda, que era a menor das sementes que eles usavam em Israel. Dessa semente cresceu uma árvore e ficou enorme. Jesus, então, disse:
Vocês devem esperar que isso aconteça no reino, que embora haja apenas alguns que são cristãos reais, a influência, o poder, a amplitude do Cristianismo vai ser enorme.
Bem, essas são lições importantes, muito importantes, porque elas nos dizem que, dentro da chamada igreja, a igreja cristã, haverá os filhos de Satanás, a palha que irá perecer, que em última análise, são apenas as almas das pessoas que vão perecer. Vai haver um reino que parece ser muito grande e influente, quando a verdade é que ele é muito menor do que isso. Essas são coisas realmente importantes para entender.
O ponto central de tudo isso é: nem todo mundo que está falando sobre o céu está indo para lá. Nem todo mundo que fala de Jesus O conhece. Nem todo mundo que diz crer na Bíblia é um convertido. Isso não soa muito bem, mas este Evangelho tem que ser pregado repetidas vezes e repetidas vezes. Estamos tão orientados a métodos que pensamos que se alguém passa pelos passos de nosso pequeno método, ora uma pequena oração, podemos afirmar a ele que é um salvo. Ou se alguém vem para a igreja e manifesta uma certa quantidade de interesse e faz com que seja uma parte rotineira de sua vida e faz uma profissão externa, que isso é suficiente.
Temos de continuar voltando à questão do coração. E assim, Jesus disse a Parábola dos Solos para nos ajudar a entender que haverá pessoas em resposta ao evangelho, cuja resposta é imediatamente rejeição, alguns cuja resposta é imediatamente aceitação, alguns cuja resposta é uma aceitação mais prolongada, mas nenhum deles é um salvo. E depois, há aqueles dos quais Jesus diz que são o solo bom, e eles são os verdadeiros.
Agora, à medida que voltarmos a esta parábola, deixe-me apenas lembrá-lo da parábola, fazendo um resumo do que vimos até agora, para aqueles de vocês que não estiveram conosco das últimas vezes. Esta é a última das três mensagens sobre esta parábola. Versículo 5, simples cena agrícola: “Um semeador saiu para semear a sua semente, e, ao semear, algumas caíram à beira da estrada“. Lembre-se que eu lhe disse que havia caminhos batidos ao redor dos campos, onde as pessoas andavam, era uma terra pisada, cozida pelo sol, não irrigada, não regada.
Algumas das sementes caíram à beira da estrada e foram espezinhadas sob os pés e as aves as comeram. Outras sementes caíram sobre solo rochoso, havia uma camada de rocha sob a superfície, abaixo de onde o arado alcançava. E logo que a planta cresceu, ela secou porque não tinha umidade. As raízes não poderiam descer para obter a umidade por causa da camada de pedras que estava lá.
Outras sementes caíram entre os espinhos ou ervas daninhas espinhosas. Os espinhos cresceram com a planta e a sufocaram. Havia raízes de espinhos e ervas daninhas ainda deixadas no solo. E elas cresceram e sufocaram a frágil semente. E, finalmente, “outra semente caiu no solo bom, cresceu, produziu uma colheita cem vezes maior“. Cultivo incrível vem do solo bom.
É uma estória simples. Todos entenderiam isso. Um semeador está jogando sua semente e cai em solos, em todos os tipos de condições. Mas, o ponto central da estória é que o bom fruto é produzido porque o solo é bom. E volta ao que temos dito o tempo todo. Não se trata de um semeador e a parábola não é sobre uma mensagem, ou uma semente. É sobre solo.
E, a propósito, no meio disso você vê no versículo 8, antes que Jesus mesmo explique o significado, Ele diz, aparentemente repetidamente enquanto Ele está contando a parábola: “quem tem ouvidos para ouvir, ouça“. Que é uma maneira de dizer: “Você está entendendo? Você pode entender o que eu estou falando?” E as únicas pessoas que podem são Seus discípulos verdadeiros, porque pertencem a Ele.
E, assim, eles começaram a questioná-Lo sobre o sentido da parábola. Ele disse, verso 10: “A vós foi concedido conhecer os mistérios do Reino de Deus, mas aos demais está em parábolas, a fim de que vendo eles não vejam e ouvindo, não compreendam.” Esta é uma declaração de julgamento. Este é um ponto de virada no ministério de Jesus, na vida de Jesus. Ele veio, pregou, curou, expulsou demônios, fez milagres. Ele deu a mensagem do evangelho e Ele foi rejeitado.
Neste ponto, a rejeição é final. Está estabelecida. A atitude coletiva da nação é definida: a rejeição. Então, Jesus diz: “Agora vou falar em parábolas“. E, para o restante de Seu ministério galileu, Ele não falou por outra forma, mas só em parábolas. Em outras palavras, isso é julgamento. ‘Vou falar. Vou contar estórias. Eles vão ouvir a estória. Ela fará sentido, mas eles não vão saber o seu significado espiritual, porque Eu não vou explicar isso a eles. Mas para vocês, vou explicar.’
Então, o que você ouve de agora em diante é este julgamento sobre Israel. Já que eles não iriam ouvir, então agora eles não teriam capacidade de ouvir. Eles não iriam entender, então agora não poderiam entender. Assim, Jesus falava agora apenas em parábolas e a única maneira de poder saber a verdade espiritual que Ele estava ministrando seria se Ele explicasse a parábola. Ele só explicou a Seus discípulos.
Os discípulos reais vieram fazer a pergunta, porque eles queriam saber, seus corações clamavam para conhecer essas verdades espirituais. E eles tinham ouvidos para ouvir e saber. A eles o Senhor deu a explicação. A explicação, então, vem no versículo 11. Nada é dito sobre o semeador, porque qualquer um poderia ser o semeador. A semente é a Palavra de Deus. Quem lança a Palavra de Deus é o semeador. A semente é o evangelho.
Mas, a verdadeira questão é o solo e nós encontramos isso no versículo 12, quando Jesus explica o que significa. Isto é sobre o coração. O versículo 12 fala sobre o coração. O versículo 15 também. O solo é o coração. E o primeiro coração é o coração duro, o solo da beira da estrada. A semente é lançada lá e Jesus diz no versículo 12: “E os que estão junto do caminho, estes são os que ouvem; depois vem o diabo, e tira-lhes do coração a palavra, para que não se salvem, crendo.“
Essas pessoas não creem. Essas pessoas não serão salvas. Eles são difíceis. A semente nunca penetra o solo, como vimos. O diabo arrebata o que fica sobre a terra. No início da estória, lembre- se, Jesus disse também que a semente é pisada. Ela é literalmente esmagada pela marcha do pecado através da vida do indivíduo. Este é o coração duro, dura cerviz, rebelde, indiferente, pessoas que não têm nada a ver com o evangelho.
Você vai até essas pessoas. Mas, elas são apenas solos de terra batida. Nós todos já confrontamos pessoas assim. E a menos que os seus corações duros sejam arados com profundo arrependimento, por o obra do Espírito Santo, elas não terão qualquer capacidade de receber a Palavra.
O segundo solo que nós vimos é o coração superficial. E no versículo 13 este é o solo rochoso, uma camada de rochas está debaixo do solo. Representam aqueles que, quando ouvem, recebem a Palavra com alegria. Há uma resposta imediata. Eles a recebem. Ela encontra um lugar em suas mentes, em seus corações. Mas, eles não possuem nenhuma raiz. Eles creem por um tempo e essa é a sua marca.
O primeiro solo representa os que não creem, não podem ser salvos. Já o segundo, fala dessas pessoas que creem, mas não permanecem. Eles apenas creem por um tempo e, num período de tentação, de provas, eles tomam distância. Este é o coração superficial. Existem algumas respostas emocionais para o evangelho, por algumas razões psicológicas. Mas, é muito temporária, muito rasa. E eu lhes disse que a alegria nunca é a característica distintiva da verdadeira conversão.
Você pode ver todos os tipos de alegria no momento em que alguém faz uma confissão, ou profissão de fé, ou uma oração. A emoção pode correr solta. Mas, isso não significa nada. Na verdade, uma indicação mais verdadeira de conversão genuína seria o oposto de alegria: luto, choro e pranto, como diz Tiago em sua epístola. Bem- aventurados aqueles que choram, que têm fome e sede de justiça.
Normalmente, o coração superficial tem fome e sede de algo diferente da justiça: uma vida melhor, felicidade, relacionamentos, amizades, o que quer que seja. Ele é superficial e cairá diante dos testes, provas, pressão (Mateus fala sobre pressão), tribulação, perseguição, porque esta é a pessoa que pensa que se ela comprometer sua vida com Jesus, ela será melhor, será feliz, todos os seus problemas serão resolvidos, terá um casamento melhor, uma família melhor, uma carreira e a satisfação de suas necessidades emocionais.
E, é claro, todo esse sentimento é alimentado por pregações erradas e superficiais do evangelho. Mas, em seguida, quando as coisas não ficam melhor e quando surgem problemas, pressão, tribulação, tentação e perseguição, eles se vão. Eles creem por um tempo e, então, caem, porque sua suposição era de que estavam recebendo o fim de todos os seus problemas. Eles queriam se ver livres de todas as suas necessidades emocionais, de todas as coisas que os fazem ansiosos e afligidos. Isso é superficialidade.
As provas, tribulações, pressões, perseguições têm dois bons efeitos: elas expõem e botam o falso convertido para correr e, por outro lado, aperfeiçoam o verdadeiro crente. I Pedro 5: 10, diz: “E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus nos chamou à sua eterna glória, depois de havemos padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoe, confirme, fortifique e estabeleça.“
“Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações; sabendo que a prova da vossa fé opera a paciência.” (Tiago 1:2-3). Então, quando a prova, o teste e a perseguição vêm, o falso crente voa longe, não pode permanecer diante dessas circunstâncias, porque não tem nenhuma raiz. Mas, o verdadeiro crente é fortalecido, confirmado, como o apóstolo Paulo, que se alegrou em seu sofrimento, porque quando ele esteve fraco, o Senhor foi forte através dele.
Agora, isso nos traz para o terceiro tipo de solo, e esse é o solo espinhoso. Conversamos sobre isso na última vez, que às vezes quando um agricultor arava a terra, poderia haver as raízes de ervas daninhas e espinhos abaixo da superfície. É a mesma palavra no original, a propósito, utilizada para os espinhos que foram colocados sobre a cabeça de Cristo.
Ninguém iria querer um jardim de espinhos, de ervas daninhas. Você tenta se livrar deles, porque eles são difíceis, fortes e eles, literalmente, sufocam a frágil, boa semente que é plantada nesse tipo de solo. O agricultor pensa que o solo está limpo, porém existem estas graves e mortais impurezas abaixo, no coração.
E, assim, no versículo 14, Jesus disse: “E a que caiu entre espinhos, esses são os que ouviram e, indo por diante, são sufocados com os cuidados e riquezas e deleites da vida, e não dão fruto com perfeição.” Este é o coração mundano e preocupado. A recepção à palavra parece ser boa, inicialmente. Na superfície, o solo parece ser bom, não é duro. Ele não tem rocha por baixo. Ele parece ser bom na superfície. Mas, a verdade é mantida fora desse coração pela presença do pecado. Há apenas impurezas neste coração.
Jesus disse no relato de Mateus 13:22: “E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera.” Este não é um tolo estúpido, de coração duro. Esta não é uma pessoa rasa, superficial, emocional, o solo rochoso. Este solo parece bom. Mas, há todos os tipos de impurezas nele. Há outra vida lá que é muito mais avançada, muito mais forte e natural para aquele solo, enquanto a semente, que é a Palavra de Deus, é antinatural.
A Palavra é estranha para as já estabelecidas ervas daninhas e espinhos. A boa semente não pode sobreviver neste homem de mente dupla. Jesus disse assim: ‘Você não pode servir a Deus e às riquezas’. São as preocupações, as riquezas e os prazeres desta vida. Esta pessoa é consumida com o temporal, consumida com o mundo, prazeres pecaminosos, anseios pecaminosos, desejos, ambições, carreira, dinheiro, casa, carro, prestígio, tudo o que afasta a verdadeira semente.
Este é o coração preocupado, mundano, varrido no engano das riquezas. No final de sua carta a Timóteo, sua primeira carta, 1 Timóteo 6: 9-10, Paulo disse:
Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.
Amor ao mundo, riquezas, tudo o que o mundo tem para oferecer, sufocará a verdade, o evangelho. De fato, abra a sua Bíblia, por um momento, em 1 João, capítulo 2. Esta é uma interpretação bastante clara do que Jesus quis dizer. Já aprendemos que João tem uma linguagem clara, muito simples, muito preto no branco, muito absoluto, e aqui está uma ilustração perfeita disso.
Versículo 15: “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.” Isso é bem claro, não é? Se você ama o mundo, o amor do Pai não está em você. O que você quer dizer com o mundo? Você se refere a amar as montanhas, flores, boa comida e conforto? Não. Essas são algumas das coisas que Deus nos deu ricamente para desfrutarmos e nós gostamos delas, embora não sejam a prioridade de nossas vidas.
O próprio texto define o que quer dizer ‘amar o mundo’, no versículo 16: “Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.“ Muito claramente, amar o mundo significa ter como anseio primário, seu anseio principal, seu desejo primário, sua concupiscência primordial, aquelas coisas que satisfazem sua carne.
A luxúria ou concupiscência da carne simplesmente é alimentar seus apetites físicos, carnais, as coisas que você sente. A concupiscência dos olhos: satisfazer o desejo quanto ao que você vê. E a soberba da vida reforça todo o resto. A soberba da vida faz com que a auto-realização seja tudo para a pessoa. Se você vive desse modo, se o que o impulsiona é o que sua carne quer, o que seus olhos vêem e o que seu orgulho anseia, então você não conhece a Deus, independentemente do que você diga.
Estou dizendo que você não pode desfrutar das belezas do mundo? Estou dizendo que você não pode desfrutar do conforto do mundo, as coisas boas que Deus nos deu ricamente para desfrutarmos? Não. Mas, estou dizendo essencialmente o que Jesus disse em Mateus 6:33: “Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas“.
Posso desfrutar da beleza que há no mundo. Posso desfrutar dos confortos do mundo. Eu posso desfrutar de todas as amenidades que Deus colocou neste mundo incrível. Mas, elas não são o que busco. Elas são o que Ele dá em resposta a eu estar procurando por Ele. Eu vejo tudo como uma boa dádiva de Deus vindo até mim para mostrar Seu amor e Sua graça. Toda a glória, toda a honra vai para Ele. Mas, como Paulo, no final, eu tenho que saber passar privação, bem como ter abundância. Saber o que é ter e não ter.
Eu posso estar contente em qualquer estado que eu estiver, porque, para mim, não se trata de amar o mundo. Trata-se de amar a Deus com todo o meu coração, alma, mente e força, recebendo o que Ele dá como um dom de Sua graça. É apenas essa a perspectiva. É dessa obstinação de que estamos falando aqui. A pessoa que ama a Deus acima de tudo, diante de tudo o que Deus lhe dá ou toma há ação de graças.
Você se lembra quando o jovem rico chegou a Jesus. Está registrado no capítulo 19 de Mateus, e ele disse: “O que faço para receber a vida eterna?” E, Jesus, conhecendo-o, sabia que ele amava o dinheiro e o que o dinheiro poderia comprar. Ninguém ama o dinheiro pelo dinheiro. Ama-se o dinheiro pelo que ele compra. Jesus sabia que ele era um materialista.
Aquele jovem estava apaixonado por sua própria capacidade de satisfazer todos os desejos carnais, todos os desejos visuais e pessoais de auto-realização e satisfação. Ele sabia que era um amante do mundo. Então, Jesus lhe disse: “Se queres ter a vida eterna, vende tudo o que tens, toma o dinheiro e dá-o aos pobres“. Agora, entenda, não é dando dinheiro aos pobres que você será salvo. Porém, esse foi um grande teste para ver até que ponto aquele jovem estava disposto a se submeter ao senhorio de Jesus Cristo e mudar seu foco de amar o mundo para amar ao Senhor.
A Bíblia diz que ele partiu triste, porque era muito rico. Ele decidiu que não trocaria seu amor pelo mundo pelo amor de Deus. E esse é o problema. Quando você testemunha a alguém, quando você apresenta o evangelho a alguém, é esse o ponto crucial. Estamos falando com as pessoas não sobre simplesmente que devem acreditar em uma pequena fórmula. Estamos dizendo a elas se estariam dispostas a desistirem de tudo, como a Parábola do Tesouro Escondido no Campo e a Parábola da Pérola indicam.
Quando o homem encontrou o tesouro escondido no campo, Jesus disse que ele vendeu tudo para comprar esse tesouro (Mateus 13:44). Quando o homem encontrou a pérola de grande preço, ele vendeu tudo para comprar a pérola (Mateus 13:45-46). O que estava basicamente acontecendo lá era que, em cada caso, quando um homem vê o verdadeiro valor do evangelho, deixa tudo para possuí-lo. Esse é o coração da salvação. Esse é o coração pronto para receber a semente.
Mas, o terceiro solo é, no entanto, um coração ainda desordenado com as coisas do mundo. E não é o coração em que a semente pode sobreviver. Nenhum fruto é produzido. Não é por causa do semeador e não é por causa da semente. É por causa do solo cheio de impurezas. Enquanto as ervas daninhas estiverem lá, enquanto os espinhos estiverem lá, eles crescerão mais rápido. Eles já se estabeleceram.
Há um pouco da semente da verdade lá, mas também há raízes fortes de ervas daninhas nativas desse solo, enquanto que a Palavra de Deus não é nativa desse solo. Não é natural para esse solo. As ervas daninhas são. Essa é a casa delas. O pecador está em casa com seu pecado e seu pecado encontra um lar nele. Muito natural, o coração do homem é enganoso acima de todas as coisas e desesperadamente perverso. Isso é verdade.
E, enquanto essas ervas daninhas vivem, elas crescem. E à medida que crescem, os espinhos rasgam e laceram a vida frágil da semente e ela não pode sobreviver. Então, se você está preso a algum pecado… As pessoas dizem para mim através dos anos: “Se uma pessoa vai vir a Cristo, ela realmente tem que estar disposta a abandonar todo o seu pecado?” Sim. É disso que se trata.
Você não pode amar o mundo e amar o Pai. Se você ama o mundo, o amor do Pai não está em você. E, você sabe, nós dizemos isso o tempo todo: quando apresentamos o evangelho às pessoas, é crítico que expliquemos a questão do pecado, antes de começarmos a explicar a oferta de perdão. Caso contrário, você poderá fazer com que as pessoas deem respostas superficiais ao evangelho, com base na premissa de que isso vai cuidar de sua eternidade e elas nunca mais terão que se preocupar com o inferno e não terão que mudar nada em suas vidas.
E, você sabe, há aqueles que pregam isso. Faz parte da questão da ‘salvação sem senhorio’, que eu tenho combatido através dos anos e vou continuar a combater. Mas, a verdade que Jesus nos está dando aqui é que a semente não sobrevive, a menos que o coração tenha sido purificado. O que deveria estar acontecendo, então, nesse tipo de pessoa para que a semente sobreviva? Deve haver uma fome e uma sede de justiça, e não uma fome por uma vida diferente, conforto, ou qualquer outra coisa.
O quarto solo de que falou Jesus é solo bom. E você notará, no versículo 15, o que Ele diz: “E a que caiu em boa terra, esses são os que, ouvindo a palavra, a conservam num coração honesto e bom, e dão fruto com perseverança“. A palavra ‘honesto’ usada aí é kalos no grego. E a usada para ‘bom’ é agathos. Isso é muito importante. Trata-se de um coração ‘kalos’ e ‘agathos’.
Ambas as palavras significam “bom“. O sentido do texto é de um coração inerentemente bom e visualmente bom. Quer dizer, é bom por dentro e parece bom por fora. Este é um coração sem duplicidade. É bom e bom. É tudo de bom. É apenas bom. Não há hipocrisia lá. Não há camada de rochas escondida embaixo. Não há ervas daninhas lá. Este é o coração verdadeiramente preparado.
Em Mateus 13:23, Jesus fala sobre o solo bom e Ele diz: “São os que entendem a Palavra“. Em Marcos 4, é registrado que são “aqueles que aceitam a Palavra”. São aqueles que entendem rápido. Agora, isso é importante. No bom solo o coração está tão bem preparado, que há uma verdadeira compreensão do evangelho. Há uma verdadeira aceitação do evangelho, tanto da sua mensagem de pecado e julgamento, bem como de graça e vida eterna. No coração bom, não só há uma compreensão e uma aceitação iniciais, mas há firmeza e permanência. Há uma apreensão dessas verdades. E há fruto permanente, com perseverança.
Às vezes você ouve um evangelista dizer em um desses grandes eventos evangelísticos: “Aproximem-se e orem esta oração e agora estamos felizes em dizer que vocês estão todos no reino de Deus“. Eles não sabem disso. Eles não sabem disso. Você não pode dizer isso apenas porque as pessoas oraram uma oração. Você não pode dizer isso porque elas tiveram muita alegria. Você não pode dizer isso. Como sabemos, então, se a semente caiu em solo bom? Frutificação com perseverança. Volte em um ano, volte em cinco anos, dez. O solo bom, o solo limpo, o coração honesto e bom mantém permanentemente a verdade e manifesta o fruto com ‘hupomonē’, com perseverança.
O que isso significa? Hupomonē significa “permanecer sob“. Menō é “permanecer“. Hupo, “debaixo“. Portanto, esta é a pessoa que pode permanecer sob qualquer provação, permanecer sob qualquer tentação, qualquer pressão, qualquer dificuldade e continuar a perseverar em produzir fruto espiritual. Esse é o teste. Você não pode dizer a alguém que, porque eles fizeram uma oração, que eles são agora um cristão. Você não sabe disso.
Você pode dizer: ‘se você foi sincero, então acredite em mim, Deus ouviu e respondeu a oração e saberemos se você é ou não um verdadeiro cristão’. E, mais uma vez, 1 João 2:19, João diz: “Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós.” Quando as pessoas abandonam sua profissão de fé em Cristo, significa simplesmente que ela nunca foi real. A prova da verdadeira fé é a perseverança. A prova é continuidade.
Jesus disse: “Se permanecerdes na minha Palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos.“. João 8:31. As pessoas dizem: “Bem, aquelas pessoas eram cristãs, mas perderam a salvação“. Não, não, não! Você não pode perder a vida eterna, ou seja, ser um filho de Deus e depois voltar a ser um filho do diabo. É a vida eterna. Você não pode perder isso. Bem, o que aconteceu, então? Eles eram solo rochoso, solo de ervas daninhas, creram por um tempo. Mas, quando os testes vieram, eles caíram. Eles saíram de nós, porque nunca foram dos nossos.
No final, a salvação é indicada através dos frutos, OK? Somente um dos quatro solos produziu frutos. Você diz: “Bem, o que é o fruto?” Nós poderíamos fazer um estudo em todo o Novo Testamento sobre os frutos. Deixem-me dar-lhes uma versão condensada. Há dois tipos de frutos: os de atitude e os de ação. Respectivamente, os frutos que são demonstrados em seu homem interior e os frutos que são demonstrados em seu homem exterior.
Você pode ver o fruto da transformação, da conversão, da regeneração nas atitudes das pessoas, tais como: “O fruto do Espírito é amor, alegria, paz, fé, mansidão, mansidão, bondade“. Você vê isso em seu amor por Deus, amor por Cristo, amor pelos outros. Você vê na alegria e provações, a paz na tribulação. O fruto da atitude é manifesto. Você conhece uma pessoa e você sabe se está vendo a evidência da vida transformada a partir de como ela lida com todas as situações que vêm na vida.
O fruto da atitude é realmente uma marca na vida do regenerado. E, você sabe, você pode fazer um eletrocardiograma espiritual em si mesmo, apenas fazendo uma análise de suas atitudes: você é compelido pelo amor que você tem por Cristo? Você é compelido pelo amor a Deus? O clamor do seu coração é adorar a Deus, honrar a Deus, servi-Lo, amar os outros? Você vê que seu coração está cheio de esperança? Você se encontra em paz no meio da decepção? Existe uma constante alegria, porque tudo no final é controlado pelo propósito soberano de Deus para o seu bem e para a glória Dele? Isso é evidência de transformação.
Deve haver também o fruto da ação. Este é o que você diz, o que você faz. 1 João 3: 9 e 10, diz: “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus. Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do diabo. Qualquer que não pratica a justiça, e não ama a seu irmão, não é de Deus.”
Oh, haverá pecado, mas não será um padrão ininterrupto de pecado, que caracteriza uma vida não regenerada. Você vai olhar para a vida e você vai ver atos justos. Filipenses 1:11: “Cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.” Eles serão, como diz em Hebreus, o fruto de lábios que louvam a Deus. Como Paulo disse quando estava indo para ter com os romanos, ‘eu quero ir e ter algum fruto entre vocês.’ Você estará levando as pessoas a Cristo, espalhando o evangelho.
Mas, têm que haver os dois frutos: atitude e ação. O fruto da ação sem o fruto da atitude é legalismo. Os fariseus eram bons nisso. Eles poderiam fazer a ação. Eles estavam pintados de branco, mas por dentro estavam cheios de ossos de homens mortos. Então, ação sem atitude é legalismo condenatório. Fruto da ação como resultado do fruto da atitude é a verdadeira espiritualidade.
Este não é um conceito novo. O modo de você saber que alguém é um crente, não é pelo que ele disse em algum lugar ou em algum momento, o que ele orou em algum lugar em algum momento. E, pais: não se agarrem a isso! Quando seus filhos estão na adolescência, ou nos seus vinte anos ou mais, ou o que quer que seja, e eles estão vivendo uma vida que despreza a Deus e não ligam para Jesus Cristo e não demonstram amor à justiça, não estão consumidos pelo desejo de adorar e honrar a Deus, não pensem que eles são cristãos apenas porque, em algum momento no passado, eles fizeram uma oração entregando suas vidas a Jesus. Isso não significa nada!
Isso não é novo, como eu disse. Salmo 1: “Feliz é o homem que não anda no conselho dos ímpios, nem se coloca no caminho dos pecadores, nem se assenta na cadeira dos escarnecedores. Mas, deleita-se na lei do Senhor…” Você conhece alguém que foi regenerado porque ele ama a lei do Senhor. “Na sua lei medita dia e noite. Ele é como uma árvore firmemente plantada junto às correntes de água, que produz o seu fruto na estação própria…” Ele tem um amor por Deus. Ele tem um amor pela verdade de Deus, pela Palavra de Deus. Isso vai aparecer no fruto de sua vida.
Agora, no relato de Mateus sobre a Parábola dos Solos, que é a mesma parábola que Jesus provavelmente disse em várias ocasiões, Mateus diz que Jesus também acrescentou: “Alguns dão fruto trinta vezes, uns sessenta vezes e cem vezes mais.” Todas aquelas seriam quantidades imensas de fecundidade, desde dez vezes, que seria considerada uma colheita enorme. Mas, já trinta, sessenta, cem estão além da imaginação.
O que Jesus está dizendo é que nem todos iremos produzir a mesma quantidade de fruto. Somos diferentemente dotados. Somos diferentemente devotados. E temos diferentes oportunidades. Mas, todos nós vamos produzir alguns frutos e Jesus disse ‘você deve trazer mais fruto’. De fato, Ele disse que você devia produzir muito fruto, João 15, porque isso é o que glorifica o Pai. Assim, para todo verdadeiro crente, há fecundidade manifesta na atitude e na ação.
Deve haver mais, deve haver muito, porque fomos criados em Cristo Jesus, Efésios 2:10 diz, para as boas obras. E todo o ramo que habita na videira, João 15, produz fruto. Se você não der fruto, Jesus disse, será cortado, queimado. Isso é o que acontece com um falso cristão, que é um ramo do tipo de Judas.
Então, ao olharmos para esses solos, estamos olhando para o coração. No primeiro, o solo duro, vemos Satanás envolvido. Ele vem e arranca a semente para longe de alguns corações. Mas, há também a obra da carne, simbolizada naquela terra pedregosa, que simboliza aqueles que caem fora diante das provas e tentações.
E, no caso do terreno espinhoso, há mundo no coração, visto que ele está consumido com os prazeres, preocupações e riquezas desta vida. A batalha, então, é trazer a verdade sobre os corações dos homens que são influenciados pelo mundo, pela carne e pelo diabo. Esta é a nossa guerra espiritual. E, novamente digo, que não se trata do talento do semeador. Eu já ilustrei desta maneira no passado:
Um pai queria ensinar o seu pequeno menino de seis anos a semear, treinando-o, de modo que lhe deu uma pequena sacola, com algumas sementes e lhe disse para tomar um pequeno canto do campo e semeá-lo, enquanto seu pai estava fazendo a maior parte do trabalho. E, aquele menininho com a mãozinha gorda e os pequenos dedos curtos, chegaria e jogaria sementes por toda parte, no cabelo, nas costas, quem sabe onde? Mas, no fim, toda vez que a semente lançada por ele atinge um bom solo, ela produz frutos, porque não é a habilidade do semeador, é o estado do solo. Quando cai no lugar que está preparado, a semente cresce e produz vida.
A questão também não é a diferença na natureza do coração. Todo mundo tem o mesmo coração. O que quero dizer com isso? Bem, solo duro, solo rochoso, solo com ervas daninhas… Tudo é feito da mesma sujeira, os mesmos componentes. O coração de todas as pessoas é o mesmo. As diferenças que existem são devidas às influências que prevalecem sobre o coração. Alguns corações se endurecem. Eles estão sob a influência de filósofos, propaganda anticristã, ou apenas o amor à iniquidade. Alguém vem e os influencia para a dureza resoluta.
E, depois, há aquelas pessoas que ficam um pouco macias e são um pouco mais emotivas. Mas, elas são superficiais, auto-absorvidas, elas estão no centro de seu universo e não é a justiça o que elas querem, mas uma realização mais pessoal. Há todos os tipos de influências para produzir os dois tipos de pessoas. Então, há aqueles que estão apenas cheios de mal, ervas daninhas em toda parte. Porém, o solo é o mesmo.
O coração do homem é o mesmo, enganoso e desesperadamente perverso, mas essa maldade toma todo tipo de formas. Nem todo mundo é tão ruim quanto todo mundo. Nem todo mundo é consumido pelo materialismo. Algumas pessoas são consumidas com suas próprias necessidades emocionais. Nem todo mundo é um ateu agnóstico, de coração duro. Mas, a questão é esta: o solo é sempre o mesmo e tem a capacidade de receber a semente se puder ser devidamente arado.
E eu lhe disse da última vez, e eu vou dizer de novo: o Espírito Santo é aquele que convence o mundo do pecado, justiça e juízo. O Espírito Santo é quem ara o solo. Mas, o que Ele usa para fazer o arado? Ele usa a Palavra de Deus. E assim, nas oportunidades que temos de apresentar o evangelho, temos que levar a Palavra para o coração, para que o Espírito de Deus possa usá-la para convencer.
Como Ele pode convencer do pecado, da justiça e do juízo, se as pessoas não souberem o que significa pecado, justiça e juízo? Se elas não sabem que são pecadores, que violaram o padrão justo de Deus e não podem fazer nada por conta própria para consertar isso e que, por conta disso, estão sob julgamento, isso tem que ser dito a elas. O Espírito Santo salva pecadores, mas não sem o evangelho. É por isso que temos que proclamá-lo.
Então, quando você estiver pregando o evangelho, você tem que trabalhar no solo antes de colocar a semente lá dentro. Tem de falar ao pecador todas as más notícias, antes de entregar a boa notícia. Algumas pessoas querem se apressar para a boa notícia, porque acham que as pessoas vão responder melhor. Talvez sim, mas isso apenas vai produzir alguém superficial. Então, você tem que apresentar a verdade e orar para que Deus, pelo Espírito Santo, tome a verdade e passe o arado no coração, revelando o pecado e traga um verdadeiro quebrantamento, uma verdadeira contrição e um verdadeiro arrependimento.
Provérbios 20:9 diz: “Quem poderá dizer: purifiquei o meu coração, limpo estou de meu pecado?” Ninguém pode dizer isso. Mas, você pode dizer: eu quero ficar limpo. Eu quero que meu coração seja arado profundamente. Você pode dizer, como o salmista no Salmo 51, versículo 10: “Cria em mim um coração puro, ó Deus“. É a esse ponto que você quer levar o pecador.
Você não quer levar o pecador a um ponto onde ele deseje apenas que Jesus conserte sua vida. Você quer levá-lo ao ponto onde ele compreenda que precisa desesperadamente de Jesus para limpá-lo do seu pecado. Essa é a questão. Você deve clamar, como em Tiago 4: “Purificai os vossos corações, vós, pecadores, vós de espírito duplo“. Você quer que eles batam em seus seios e digam: ‘Deus, tem misericórdia de mim, sou um pecador’! Você quer que eles tenham fome e sede de justiça. Só assim eles estarão prontos para o evangelho.
Então, você lhes dá a Palavra sobre sua verdadeira condição. O Espírito de Deus soberanamente vai arar o coração com a verdade. Tem que haver uma mensagem que lide com todos os pecados. A pessoa precisa chegar a um ponto em que dirá: ‘Olhe, eu quero a justiça, quero a santidade, quero libertar-me do pecado mais do que qualquer outra coisa’.
Então, você pode dizer a ela: ‘isso está disponível para você, se você crer em seu coração que Deus ressuscitou Jesus dos mortos e confessá-Lo como Senhor, você será salvo’. Você explica como Jesus morreu por seus pecados, ressuscitou e, com isso, Deus proveu o sacrifício satisfatório para cuidar de Sua justiça, pois Ele é livre para perdoar o pecador penitente e crente. Precisamos dizer às pessoas que elas devem pedir a Deus para limpar seus corações. E Ele o fará, absolutamente, Ele o fará.
Em Hebreus 10:22, e este é um bom lugar para parar. Você quer vir a Cristo? Aqui está o que ele diz. Você quer entrar no lugar sagrado pelo sangue de Jesus? Você quer entrar na presença de Deus? Então, aqui é dito como você deve vir: “Aproximemo-nos com um coração verdadeiro…”, isto é, um coração sincero. “…tendo os nossos corações purificados de uma má consciência e os nossos corpos lavados com água pura “.
Então, você quer vir, não é? Quer vir a Cristo? Você tem que clamar por uma purificação, por um coração verdadeiro e sincero, purificado, limpo e lavado. Essa é a questão, pessoal. É sobre o coração. E sinto muito em dizer que boa parte da evangelização nem sequer aborda isso, exceto superficialmente. Você precisa querer trazer o pecador para o lugar onde o desejo que o consome é pela misericórdia, por perdão, para ser limpo, lavado e para ser feito justo. E, então, você pode mostrar como isso é fornecido a ele, através do sacrifício de Jesus Cristo.
E Deus responderá. Como está registrado em Jeremias: “Eu farei um pacto perpétuo com eles, não me desviarei de fazer-lhes o bem, e porei o meu temor em seus corações, para que nunca se afastem de mim“. Quando uma pessoa vem com um coração verdadeiro e sincero, Deus fará uma aliança eterna com ela. Ele colocará Seu temor, adoração, amor por Ele no coração e a pessoa nunca perderá isso.
Então, que tipo de solo você é? Creio que você precisa ter certeza de que você sabe a resposta e que seu próprio coração tem sido arado profundamente, tendo havido um verdadeiro e genuíno arrependimento e fome de justiça seguido de um clamor genuíno por perdão e salvação. Vamos orar juntos.
Senhor, somos sempre gratos por esta maravilhosa mensagem. Agora sabemos por que é que as pessoas não respondem. Para aqueles que estão aqui, que não responderam ao evangelho de maneira salvífica, que a dureza, a superficialidade ou a mundanidade de seus corações se tornem claras para eles.
E ajude-nos, Senhor, a poder observar aqueles que nos rodeiam a quem amamos e fazer uma avaliação correta de seu eletrocardiograma espiritual, para que não fiquemos sob nenhuma ilusão e não perpetuemos nenhum engano. Ajude-nos, Senhor, a apresentar o evangelho em sua plenitude, como a Escritura nos ordena claramente que façamos.
Por um lado, é tudo sobre o pecado, e depois, a maravilha do perdão. Usa-nos, enquanto pregamos a Palavra, para o Senhor arar o coração dos pecadores e conduzi-los a uma recepção salvífica do evangelho. Esse é o nosso chamado mais alto e mais privilegiado. Que possamos dar as nossas vidas para esse fim e por amor de Jesus. Amém.
Esta é uma série de 3 sermões. conforme links abaixo.
01. A Parábola dos Solos (Parte 1)
02. A Parábola dos Solos (Parte 2)
03. A Parábola dos Solos (Parte 3)
Este texto é uma síntese do sermão “Receptivity to the Gospel, Part 3″, de John MacArthur em 12/05/2002.
Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:
https://www.gty.org/library/sermons-library/42-105/receptivity-to-the-gospel-part-3
Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno
Como fica a questão da depravação total se existe solo bom para receber a semente? Se depende do solo como fica a questão da salvação pela graça sem obras?
Prezado, faça uma nova leitura do texto, e observe que ele responde sua pergunta com muita precisão. Quem “ara” o solo espiritual é Deus. O “solo” espiritual imprestável não se torna bom se não for por uma ação soberana e eficaz de Deus. Por isso, o “solo” espiritual duro, raso e cheio de espinhos não permite a semente dar frutos, pois ali há somente o esforço humano, uma fé sem base, sem raízes ou sufocada.