A Parábola dos Solos – 1
Nota do site: Esta é uma série de três mensagens sobre a parábola dos solos, mais conhecida como a parábola do semeador. Veja os links dos outros sermões no fim deste texto.
Vamos abrir nossas Bíblias no capítulo 8 de Lucas, enquanto continuamos nosso estudo deste maravilhoso Evangelho que nos dá o registro da vida, do ensino e do ministério de Jesus Cristo. Nós chegamos no capítulo 8 de Lucas a uma seção que começa no versículo 4 e desce até o versículo 15. É uma parábola bem familiar para nós. É também registrada por Mateus e por Marcos.
É a Parábola dos Solos, muitas vezes chamada de Parábola do Semeador. Mas, realmente não é. É a Parábola dos Solos. E para a maioria dos estudantes da Bíblia, é muito, muito familiar. Mesmo a maior parte das crianças, se estiveram na escola dominical, estão familiarizadas com a Parábola dos Solos. É uma história simples e, no entanto, sustenta dentro dela uma profunda verdade espiritual.
A estória trata realmente sobre a condição do coração humano. De maneira muito simples e familiar, Jesus extraiu uma analogia que nos ajuda a entender o coração humano e a relação disto com o resultado que obtemos através da pregação do Evangelho, que é nosso comissionamento.
Fomos chamados a apresentar o Evangelho a toda criatura, a ir até os confins da terra com o Evangelho. É por isso que estamos aqui, para evangelizar, para contar às pessoas a maravilhosa história da salvação. Essa é a nossa parte. Mas, vamos lidar com diferentes tipos de corações e entender isso é crítico para a compreensão de todo nosso trabalho de evangelismo.
Suponho que poderíamos dizer que a parábola responde a esta pergunta: que tipo de resposta devemos esperar quando pregamos o Evangelho às pessoas? É realmente importante para nós sabermos a resposta, para que não fiquemos desanimados quando não recebermos o tipo de resposta que achamos que deveríamos conseguir ou para não pensarmos que o Evangelho que pregamos não seja adequado para penetrar no coração.
O que esta parábola nos diz é que não se trata da habilidade do semeador. Não é o caso de ser a semente boa ou ruim. É sobre o coração. É sobre o solo. Nosso Senhor viajou de um lugar para outro pregando o Evangelho. Ele pregou o arrependimento, que “o reino de Deus está próximo”. O versículo 1 do capítulo 8 diz que “Ele foi de uma cidade para outra proclamando e pregando o Evangelho”.
A palavra grega é “euaggelizō”. Jesus pregou o Evangelho concernente ao reino de Deus. Em particular, Ele treinou Seus discípulos. Ele estava se movendo em meio a uma multidão enorme. Dentro dessa multidão havia um grupo menor de discípulos que realmente criam Nele, como os apóstolos e outros discípulos. Alguns desses discípulos eram mulheres, como aprendemos na semana passada.
Enquanto Jesus estava anunciando o Evangelho para a massa, congregações, para as multidões que O seguiam por toda parte, Ele também estava instruindo aquele pequeno grupo de discípulos. E, curiosamente, Ele fez as duas tarefas com a mesma mensagem. Quando Ele contava uma parábola ao povo que não cria Nele, essa parábola simplesmente não fazia sentido para eles. Mas, para aqueles que criam, fazia total sentido, porque Ele a explicava a eles.
Parábolas, então, tornaram-se um meio de revelar a verdade, bem como de ocultá-la. Assim, o que você vê no fluxo do ministério de Jesus é Seu ministério público de pregação e Seu ministério privado de explicar a verdade espiritual.
A Parábola dos Solos contém uma lição extremamente importante para os apóstolos, discípulos, para nós, enfim, para qualquer pessoa que tenha a responsabilidade de proclamar a mensagem de salvação em Jesus Cristo. É muito importante que entendamos esta questão de receptividade do Evangelho.
É importante que entendamos o que está acontecendo quando as pessoas não respondem da maneira que achamos que deveriam. É importante para nós não questionarmos a habilidade do semeador ou o estado da semente. É realmente a condição do solo que faz a diferença.
Portanto, entender essa parábola é essencial para nós, cujas vidas estão comprometidas a testemunhar o Evangelho. Vamos começar com o verso 4. “E, ajuntando-se uma grande multidão, e vindo de todas as cidades ter com ele, disse por parábola…”. Eu preciso parar neste ponto por apenas um breve momento para lhes dar um pouco de cenário de fundo. Como eu disse, Mateus e Marcos registram essa mesma passagem. Em Marcos, é registrada no capítulo 4.
Em Mateus, capítulo 13, você obtém um pouco mais de visão sobre a situação real. Mateus 13, verso 1: “Tendo Jesus saído de casa, naquele dia, estava assentado junto ao mar…”. Ele estava em uma casa ensinando e para aquela casa Sua mãe e irmãos vieram vê-Lo e houve um diálogo interessante sobre quem é Sua mãe e Seus irmãos, sendo que Ele afirmou que é quem faz a vontade do Pai. Isso está lá no final do capítulo 12.
Assim, foi nesse dia quando Ele estava ensinando naquela casa e Seus irmãos e Sua mãe vieram vê-Lo, que Ele saiu daquela mesma casa e desceu para sentar-se junto ao mar da Galileia. Bem, ele poderia estar querendo um momento a sós de tranquilidade, mas não foi o que ocorreu. Grandes multidões – não apenas uma multidão, mas multidões – vieram a Ele, de modo que Jesus entrou em um barco, sentou-se e toda a multidão estava em pé na praia.
Na cultura judaica da época, quando um rabi ia ensinar, deveria fazê-lo sentado. A multidão era tão grande que continuava empurrando-O e empurrando-O para a beira da água. Ele não tinha para onde ir, exceto entrar em um pequeno barco e retirá-lo da costa um pouco, de modo que as pessoas não pudessem chegar tão perto, pois a quantidade de gente era sufocante.
E, nessa pequena distância, Ele também teria Sua voz ressoando através das águas, que funciona um pouco como um amplificador de som. Assim, Ele está sentado em um barco, provavelmente sendo controlado por dois de Seus discípulos para que ele não se distanciasse demais da praia. E Ele continua ensinando as pessoas. Era essa a situação.
Agora, você pode voltar ao capítulo 8 de Lucas. Mateus preenche esses pequenos detalhes. Foi quando aquela grande multidão se reuniu – e havia gente de várias cidades viajando para vê-Lo – que Ele falou por meio desta parábola. Assim, esta é uma grande multidão, atraída por Sua reputação, Sua fama, que está se espalhando o tempo todo, Sua capacidade de curar doenças, Seu poder sobre a natureza, poder sobre os demônios e até mesmo para ressuscitar os mortos.
Bem, nesta ocasião, que foi como tantas outras ocasiões no Seu ministério na Galileia, Ele falou por meio de uma parábola. Eu quero parar aqui por apenas alguns minutos, porque quero que você entenda várias coisas que estão acontecendo. Primeiro de tudo, quero que você entenda o que é uma parábola.
A palavra no grego é “parabolē”. Mesmo que você não conheça grego o suficiente para saber o que significa essa palavra, mas se você sabe inglês [ou português], você vai saber o que é uma “parábola”. Ela é usada na linguagem para se referir a uma comparação. E uma comparação é colocar algo ao lado de outra realidade para melhor entendê-la.
Uma “parábola” também tem a ver com certas formas que têm elementos paralelos. A palavra ‘para’ significa ‘ao lado’. Uma parábola é comparar uma realidade com outra, a fim de entendê-la melhor. O que Jesus fez foi colocar uma estória ao lado de uma verdade espiritual para torná-la melhor compreendida. E por comparação – ou contraste – Ele poderia dar uma compreensão mais clara dessa verdade espiritual.
Os rabinos costumavam ensinar através de parábolas. Agora, uma parábola não é apenas uma comparação simples. Uma parábola tende a ser uma comparação alongada. Uma comparação simples seria, p.ex., “ele é tão forte quanto um cavalo”, ou “ele é tão rápido quanto um coelho”. É uma analogia simples, não precisa de uma explicação, todo mundo sabe o que isso significa.
Mas, assim que você alonga a comparação e começa a contar uma estória, você vai esconder imediatamente o significado da estória. A estória pode significar todos os tipos de coisas. Exige uma explicação. E Jesus falou em parábolas que exigiam uma explicação. No início de Seu ministério, Ele falava através de comparações simples que todos entenderiam, que não precisavam de uma explicação.
Ele falava, por exemplo, do cumprimento das passagens do Antigo Testamento, como fez em Lucas 4 na sinagoga de Nazaré. Todos sabiam que Ele estava dizendo que Ele era o cumprimento do que estava escrito em Isaías 61. Mas, à medida que Seu ministério avançava, Ele começou a falar em estórias mais prolongadas, ilustrações prolongadas e analogias.
Em segundo lugar, você deve entender que as parábolas são muito valiosas, pois dão vida à verdade que está sendo ensinada. Elas se tornam vívidas, quase inesquecíveis. As parábolas de Jesus, uma vez que você as conheceu, você não se esquece delas. Elas se tornam verdade vívida. Elas também tornam a verdade portátil, interessante, clara e discernível. É uma ótima maneira de ensinar.
E, como eu disse, antes deste dia em particular, junto ao mar da Galileia, Jesus tinha dado muitas ilustrações, muitas analogias simples e Ele também usou algumas parábolas (no capítulo 5 versículo 36, no capítulo 6 versículo 39, Lucas indica que Jesus falava em parábolas). Mas, há algo importante sobre esta parábola em particular, a Parábola dos Solos, pois esta representa um grande ponto de mudança no ministério de Jesus. Desde então, Jesus não falou às multidões, exceto por parábolas. Isso é o que é dito em Mateus 13:34: “Desde então, Ele falou-lhes apenas em parábolas.”
Por quê? Por que Ele não falou em termos simples e claros? Por que Ele não falou usando analogias simples e claras? A resposta é esta: no resto de Seu ministério, o ensinamento de Jesus foi escondido dos incrédulos e revelado apenas aos crentes. Este é, então, um ato judicial. Este é um julgamento. Um julgamento cai neste ponto sobre Israel. Aqueles que não iriam crer não poderiam crer. Aqueles que eram tolos, que odiavam o conhecimento, como diz Provérbios, não poderiam entender.
Sem uma explicação, uma parábola pode significar qualquer coisa ou nada. Sem uma explicação daquele que deu a parábola, não há maneira de entendê-la. Não é nada mais do que uma estória sem sentido, um enigma. Assim, daqui em diante, Ele falou apenas em parábolas para que Seu ensinamento estivesse escondido dos incrédulos e revelado somente aos que creram. Este é um ponto de virada monumental. O julgamento caiu sobre Israel e esse julgamento é visto no fato de que eles não podem mais entender seu próprio Messias.
É muito parecido com o que aconteceu quando Deus, no dia de Pentecostes, capacitou os reunidos no Cenáculo a falarem em línguas. E Paulo, em 1 Coríntios 14:21, diz que era um sinal de julgamento de Deus, porque já que eles não escutariam se Deus lhes falasse em sua própria língua, Deus falou com eles em uma linguagem que eles não podiam entender. Isso foi um sinal de julgamento sobre eles.
Muito semelhante ao que ocorreu nos dias de Isaías, quando Deus lhe disse, em outras palavras: ‘Você vai ser o meu porta-voz, mas quero que você entenda que eles vão ouvir e não vão entender. Eles vão ver e não compreender, porque seus olhos são cegos, seus ouvidos são surdos, seus corações estão gordos e eles não vão entender.’ E por quê? Deus iria julgá-los por sua rebelião, apostasia, incredulidade e idolatria. O próprio Deus os confirmou judicialmente em sua auto-imposta cegueira.
Assim, o ensino de Jesus em parábolas, em seguida, por um lado obscurece e por outro lado revela. Esconder a verdade foi um ato de julgamento divino, fixando nas trevas aqueles que O tinham rejeitado. Já que eles amavam as trevas, eles teriam mais trevas. Apenas os discípulos sabiam o significado dessas parábolas, porque apenas a eles foi explicado. “O homem natural…”, Paulo escreveu em 1 Coríntios 2:14, “…não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.”
E, assim, o que nós vemos aqui é esta incrível divisão da multidão em um ato de julgamento, pelo qual Jesus fala de forma que apenas os crentes possam entender, porque apenas a eles as explicações são dadas. Os outros são simplesmente confundidos em mais profunda escuridão.
Com isso como pano de fundo, vamos agora para a parábola em si. Ela é simples e ainda assim tão profunda. Vamos começar no versículo 5. Jesus traz uma estória de um contexto muito familiar para aquele povo, pois a agricultura fazia parte de suas vidas diárias.
5 Um semeador saiu a semear a sua semente e, quando semeava, caiu alguma junto do caminho, e foi pisada, e as aves do céu a comeram;
6 E outra caiu sobre pedra e, nascida, secou-se, pois que não tinha umidade;
7 E outra caiu entre espinhos e crescendo com ela os espinhos, a sufocaram;
8 E outra caiu em boa terra, e, nascida, produziu fruto, a cento por um.
Vamos parar nesse ponto. Ninguém naquele grupo de ouvintes ficaria confuso com essa estória, no tocante à estória em si. Hoje, no entanto, precisamos de uma explicação quanto aos elementos da estória, já que não vivemos numa cultura agrária, como era o caso daquelas pessoas. Elas eram, de alguma forma, envolvidas em uma vida agrícola.
“Um semeador saiu para semear…”. A semeadura conhecida na época era simplesmente o ato de se jogar as sementes na terra arada. O campo era previamente arado com sulcos profundos, sendo que o agricultor saía com um saco cheio de sementes e ele jogava as sementes, à medida que andava pelo campo. E, assim, as sementes poderiam cair em solos ou superfícies diferentes. Há quatro tipos de solo mencionados por nosso Senhor.
O primeiro é o solo da “beira do caminho”. Eu vou explicar isso a você. Em Israel os campos eram divididos em longas tiras estreitas para cultivo. E entre essas faixas de terra havia uma outra faixa de terra batida, com cerca de três metros de largura, para que as pessoas pudessem se mover no campo e andar pelo meio dos campos, passando de um lugar para outro.
O agricultor precisaria dessas trilhas para poder se mover dentro dos vários campos em sua própria área. Não existiam cercas ou muros. A única coisa que separava os campos eram estes caminhos de terra batida, socada. Em Mateus, capítulo 12, por exemplo, você tem uma ilustração de Jesus e os apóstolos andando através de um campo num dia e colhendo milho para comer.
Essa era o tipo de situação que acontecia todos os dias. As pessoas atravessavam os campos através desses caminhos de terra batida. E como o clima de Israel é muito seco, essas trilhas eram duras e secas como concreto. Na parábola, quando o semeador jogou a semente, ele não conseguiu jogá-la exatamente da maneira como queria, seja porque havia uma brisa soprando ou porque ele apenas não tinha muita habilidade para acertar os alvos.
E, dessa forma, algumas sementes caíram sobre essa faixa de terra batida, dura. Não havia como as sementes conseguirem penetrar naquele solo. Elas simplesmente ficariam lá jogadas na superfície. E Jesus disse que algumas foram pisadas. Isso ocorreu porque se tratava de uma via de trânsito de pedestres. Logo, alguém pisou e destruiu as sementes.
Outras não foram esmagadas, mas comidas pelas aves (ou até mesmo os restos do que havia sido esmagado, os pássaros vieram e comeram). Geralmente havia muitos pássaros na espreita de conseguirem justamente arrebatar algumas dessas sementes que o semeador não teve sucesso em semear.
O segundo solo que o Senhor descreve está no versículo 6: “E outra caiu sobre pedra e, nascida, secou-se, pois que não tinha umidade“. Era um solo rochoso. Mas, não significa dizer que era um solo cheio de rochas. Nenhum agricultor que se preze permitiria isso, pois quando lavravam a terra, removiam as pedras, para que o crescimento da planta não fosse prejudicado. Na verdade, o que o texto está se referindo aqui é a uma camada subterrânea de pedras.
Israel é uma área extremamente rochosa, e não apenas com seixos e pedras, há muitos desses, é claro, mas abaixo do solo há uma camada de pedra, rochas. Em muitos casos, uma camada de rocha calcária muito, muito firme e de longo alcance. Essa camada ficava abaixo da superfície, mas suficientemente longe para ter escapado do arado.
E assim, nessas circunstâncias, a semente entra no solo superficial. Porém, quando a planta cresceu, secou, porque não tinha umidade, já que as raízes não conseguem descer e alcançar a umidade que está no subsolo. Desse modo, ao invés de as raízes descerem em busca de umidade, elas acabam subindo e chegam à superfície. O sol aquece essas raízes e a planta murcha e morre.
Isso seria frustrante para um agricultor que havia feito tudo o que podia para arar o seu campo e não sabia que essa camada de rochas estava lá embaixo, o que lhe fez perder a sua colheita. A planta não tinha profundidade. Não conseguia atingir a umidade. O rápido crescimento pode parecer para alguém que não lide com agricultura como um bom sinal. Mas, um agricultor experiente sabe que não é um bom sinal, pois isso significava que a planta não estava desenvolvendo um sistema de raízes. Nenhuma umidade significa morte. O sol literalmente seca a superfície e a vida se vai.
O terceiro tipo de solo está no versículo 7: “E outra caiu entre espinhos e crescendo com ela os espinhos, a sufocaram”. A palavra “espinhos” é uma palavra interessante, ‘akanthon’, no grego. Significa ‘erva daninha com espinhos’. É a mesma palavra usada para se referir à coroa de espinhos colocada em Jesus na crucificação.
Então, neste pedaço particular de solo havia raízes de ervas daninhas. E você sabe, se quer se livrar das ervas daninhas num terreno, tem que tirá-las pela raiz, certo? Porque se você apenas cortá-las no topo, o que acontece? A erva daninha voltará a crescer mais forte. Além disso, quando você quebra a planta, as suas sementes pequenas são espalhadas por toda parte.
Foi o que aconteceu aqui no terreno da parábola. Aparentemente, o agricultor fez o melhor que pôde para arar, mas de alguma forma as raízes daquelas ervas daninhas espinhosas e dos cardos ainda estavam no solo. Ora, todos sabemos que as ervas daninhas crescem melhor e mais rápido do que qualquer outra planta.
É um tipo de solo enganador. Realmente parece bom na superfície. Tem profundidade, mas há uma realidade trágica. Há outra vida lá, ervas daninhas nocivas vivas já naquele solo. Elas estão crescendo mais rápido e mais fortes para sugar a água, drenar os nutrientes, crescer e bloquear a luz do sol. Desse modo, vão matar a boa planta. Jesus disse que essas ervas daninhas sufocaram a planta. As ervas daninhas ganham nesse ambiente, espremendo para fora a planta boa.
E, finalmente, o quarto solo, no versículo 8: “A outra semente caiu no bom solo, cresceu e produziu uma colheita cem vezes maior”. É claro que isso é o que o agricultor queria. Ele não queria sementes perdidas em um solo duro. Ele não queria que a semente caísse em solo que não tinha profundidade por causa de uma camada de pedra. Ele não queria que as sementes caíssem no solo onde seriam sufocadas pelos restos de ervas daninhas que estavam lá. Era isso que ele queria. E quando a semente atinge este bom solo, produz uma colheita surpreendente e incrível.
Este solo bom significa que ele não tem nenhuma das condições anteriores. Não é duro, é suave. Não é superficial, é profundo. Não contém ervas daninhas, está limpo. Este é, em todos os sentidos, o solo preparado e produz realmente uma colheita incrível. Mateus 13: 8 e Marcos 4: 8, que registram a mesma parábola, dizem que Jesus disse que às vezes o solo produzirá trinta vezes, às vezes sessenta vezes, e às vezes cem vezes. Lucas menciona apenas a centena de vezes.
Os agricultores em Israel diriam naquele tempo que se você tivesse uma colheita de dez vezes o que semeou essa seria uma colheita grande. Se você tivesse uma safra de sete pontos cinco vezes maior, essa seria uma safra média. Mas, cem vezes seria impressionante. Jesus queria mostrar que falava sobre uma semente que cai no solo e que produz uma fecundidade inimaginável.
Agora, à medida que a estória é contada, vários elementos se tornam claros. Primeiro, nada é dito sobre o semeador e sua habilidade. O semeador é o mesmo em todos os casos. Há apenas um semeador aqui. Segundo, nada é realmente dito para distinguir a semente. Não havia um semeador diferente em cada caso, ou uma semente diferente. Torna-se muito claro que o semeador não é realmente o problema. A semente não é a questão.
Qual é, então, a questão? O solo. Ninguém não compreenderia essa estória em si mesma. Quero dizer, é uma história muito simples. Mas, entender a estória não significa que haja compreensão da parábola, ou seja, do significado. Várias interpretações poderiam ser dadas. Portanto, Jesus teria que explicá-la.
No final do versículo 8, é dito: “Dizendo ele estas coisas, clamava: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” Em outras palavras: ‘Para aqueles de vocês que sabem do que estou falando, ouçam o que eu digo’. Jesus, assim, divide a multidão entre aqueles que têm ouvidos para ouvir, e aqueles que não têm. É como se Ele estivesse dizendo: ‘Eu sei que nem todos vocês podem entender o que eu estou dizendo, mas aqueles que podem, ouçam’.
Jesus fez essa mesma colocação muitas vezes quando ensinava. Eu não vou citar todos elas. Mas, você pode verificar Mateus 13:9,43; Marcos 4:23; Lucas 14:35. Jesus estava dizendo: ‘Se você pode entender, então escute-Me. Se você pode entender, então ouça.’ Era uma forma de dizer: ‘Quantos de vocês querem saber mais sobre isso? Quantos de vocês querem saber o significado disso?’
E você verá, no versículo 9, que apenas os discípulos responderam e seus discípulos começaram a questioná-lo sobre o que essa parábola poderia ser. E aí você tem a clara indicação de quem tinha os ouvidos para ouvir. Eram aqueles que seguiram Jesus, aqueles que creram em Jesus. Eram eles que podiam entender. Eles tinham ouvidos para ouvir. E eles voltam e dizem: ‘O que quer dizer? Queremos saber, cremos que Tu és a voz de Deus, cremos que Tu és o profeta de Deus, cremos que Deus te enviou para nos ensinar Sua verdade, nós cremos em Ti. Nós queremos saber.’
Então eles eram os que faziam a pergunta: O que isso significa? A resposta de Jesus, no versículo 10, é tão importante. Ele disse: “A vós vos é dado conhecer os mistérios do reino de Deus, mas aos outros por parábolas, para que vendo, não vejam, e ouvindo, não entendam.” Não é interessante? A você foi concedido saber. Que privilégio! Essa é uma declaração esmagadora de Jesus. A você foi concedido conhecer os mistérios do reino de Deus.
Quando Ele fala de ‘mistérios’, não devemos entender aqui como alguma ideia esotérica, incompreensível, divina. Também não significa ser capaz de olhar para todas as verdades profundas de Deus e classificá-las racionalmente. Mas, o que a palavra “mistérios” significa é a verdade espiritual escondida no Antigo Testamento que foi revelada no Novo Testamento.
Havia verdades, realidades escondidas no Antigo Testamento que foram reveladas no Novo. Isso é o que significa. Nesse sentido, temos: o mistério da encarnação, o mistério de “Cristo em vós a esperança da glória”, o mistério da igreja, o mistério do arrebatamento, da ressurreição. Verdades escondidas no Velho reveladas no Novo.
E Jesus está dizendo: “A vós vos é dado conhecer os mistérios do reino de Deus”. Uau! Saber as verdades que foram escondidas de todas as gerações passadas! Paulo mesmo disse, em Efésios 3, que ele era um apóstolo dos mistérios, que Deus o tinha enviado para explicar os mistérios, o que estava escondido no passado e agora é revelado. Não é uma ideia mística, mas é algo que estava escondido e agora é revelado para que não seja misterioso.
Jesus ainda disse: “…mas aos outros por parábolas, para que vendo, não vejam, e ouvindo, não entendam”. Isso é um ato de juízo, de julgamento da parte de Deus. Para expandir ainda mais esta afirmação de Jesus, volte para Mateus 13 e vamos buscá-la no versículo 11, que trata da mesma parábola, mesmo evento: “E ele lhes respondeu: A vós foi concedido conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não foi concedido.”
Vocês são os seletos, vocês são os eleitos, escolhidos, abençoados, privilegiados. É algo impressionante que Deus tenha escolhido revelar suas verdades a nós, já que não somos melhores do que ninguém. No versículo 12, Jesus continuou: “Porque àquele que tem, se dará, e terá em abundância; mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado.”
Jesus está dizendo que aquele era um dia triste em Israel, Ele estaria dividindo as pessoas em dois grupos ali. Em outras palavras: ‘Estou separando aqueles que conhecem a verdade daqueles que não a conhecem. Aqueles que conhecem a verdade são os que creem em Mim. Aqueles que não creem em Mim não conhecem a verdade. Eu vou começar a explicar parábolas apenas para aqueles que crêem que são parábolas de revelação para eles. Mas, para aqueles que não creem, eu não vou explicar e elas se tornam parábolas de ocultação. Para quem já conhece a verdade, Eu vou lhes dar mais verdade, vocês vão ter uma abundância de verdade’. E eu sei que nos sentimos assim, nós, que conhecemos a Palavra de Deus, não é mesmo?
Você sabe, como eu disse há algumas semanas, temos usado muito tempo no ensino da verdade. Isso porque a verdade é ilimitada. E recebemos desta verdade, mais e mais dela, em abundância. Mas, para aqueles que não creem na verdade, até mesmo o que eles têm lhes será tirado. O pequeno conhecimento ou compreensão que eles têm lhes será tirado. Aqueles que rejeitam Jesus Cristo, o reino de Deus, o evangelho da salvação nunca irão conhecer a verdade divina.
É por isso que você não pode esperar que as pessoas que estão fora do Reino de Deus conheçam a verdade de Deus. A cegueira espiritual é agravada profundamente pela rejeição do homem à verdade. E esta cegueira é até mais aprofundada pelo juízo divino. No versículo 13, de Mateus 13, Jesus diz explicitamente: “Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem.”
Em outras palavras: ‘falo desta maneira para ocultar-lhes a verdade. Eu não quero jogar minhas pérolas aos porcos. Eu não quero revelar verdade espiritual a pessoas que não têm capacidade para compreendê-la. Pelo contrário, eu os colocarei em uma escuridão mais profunda, como um ato de julgamento’.
E é exatamente como dizem os versículos 14 e 15: “E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz:Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis,e, vendo, vereis, mas não percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido, e ouviram de mau grado com seus ouvidos, e fecharam seus olhos;Para que não vejam com os olhos, e ouçam com os ouvidos,e compreendam com o coração,e se convertam,e eu os cure.“
Deus está dizendo que não quer curá-los, não quer que eles voltem, então Ele os sentencia judicialmente e os pune com surdez, cegueira e falta de compreensão. Que julgamento sério! Você não quer crer, então você não poderá crer. Eles estão endurecendo seus próprios corações e então Deus os endurece mais.
Então, o versículo 16 diz: “Mas, bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem.” Temos como dimensionar tão grande privilégio? Sempre penso em 1 Coríntios 2:14, que diz: “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” Mas, então, vem a tremenda declaração no versículo 16: “Mas nós temos a mente de Cristo.”
É absolutamente impressionante saber que nos foi dada a mente de Cristo. O que isso significa? Sabemos como Cristo pensa. Temos percepção da mente de Cristo. Sabemos como Ele pensa, pois isto nos é revelado nas Escrituras. E, então, de acordo com 1 João 2:20 e 27, temos recebido a unção de Deus, o Espírito Santo, que nos ensina todas as coisas, para que não precisemos de um professor humano, mas a unção de Deus nos ensina todas as coisas.
Portanto, temos a mente de Cristo, a Palavra de Deus e o Espírito de Deus vivendo dentro de nós, que é o nosso professor que nos dá uma visão do que é a mente de Cristo. Não há nada mais abençoador do que saber a verdade sobre tudo o que Deus revelou. De fato, Jesus disse aos discípulos no versículo 17 de Mateus 13: “Porque em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram.”
Os homens piedosos do Antigo Testamento não sabiam o que você sabe, não ouviram o que vocês ouvem, não viram o que vocês vêem, porque não tinha acontecido, não tinha sido revelado, era um mistério para eles. Você é mais privilegiado do que todos os profetas do Antigo Testamento. De acordo com 1 Pedro 1:10 e 11, Eles tinham que olhar para o que escreviam, a fim de tentar discernir o que significava.
De acordo com Hebreus capítulo 11, embora aqueles santos do passado tivessem sido grandes em viver a vida pela fé, eles não chegaram a conhecer as perfeições do propósito redentor de Deus. Eles nunca foram aperfeiçoados, diz o escritor, sem nós. Vocês que vivem na era do Novo Testamento, desde os apóstolos até agora, vocês são as pessoas mais privilegiadas na história do mundo. Vocês que creem em Mim, diz Jesus, a vocês é dada a verdade. Vocês têm a mente de Cristo.
Vá para versículo 51 de Mateus 13 por um minuto. Jesus contou um certo número de parábolas, incluindo a parábola dos solos, mas no versículo 51, depois de todas estas parábolas e todas as suas explicações, Ele disse para os discípulos: “Vocês entenderam todas estas coisas?” Eles disseram: “Sim.” Uau! Como é maravilhoso! E eu posso dizer- lhes nesta manhã: eu entendo estas parábolas também! E, se você é um verdadeiro crente em Jesus Cristo, você lê a explicação que o nosso Senhor dá e entende também.
Mas, naquele dia, quando Jesus deu essas parábolas, ele não forneceu qualquer explicação para o incrédulos em Israel, porque este foi um ato judicial em que Ele estava escondendo a verdade daqueles que eram obstinados e de dura cerviz. Foi o mesmo que Ele fez nos dias de Isaías, quando Ele disse a Isaías: Você vai pregar, mas, ninguém vai ouvir o que você diz. Os ouvidos serão surdos, os olhos serão cegos, seus corações serão como pedra. Eles não vão ouvir.
E, em seguida, Isaías disse: Por quanto tempo eu devo fazer isso? Deus lhe disse: continue fazendo até que ninguém seja deixado na terra de Israel, pois eles irão todos para o cativeiro, exceto a décima parte. Haverá um décimo. Haverá um remanescente que vai ouvir e eles vão crer. Na equação da parábola dos solos, há um quarto, um em cada quatro solos. Não significa que em todos os casos seja essa mesma proporção. Significa que sempre serão poucos os que crêem. É um grande privilégio sabermos a verdade.
Vamos voltar para Lucas 8. Jesus diz para aqueles vieram lhe pedir uma explicação, os discípulos, os crentes verdadeiros: “A vós vos é dado conhecer os mistérios do reino de Deus” (v. 10). E, então, vem a explicação, a partir do verso 11. Agora, essa é a parábola. A semente é a Palavra de Deus. A propósito, não há definição do semeador. Por quê? Porque o semeador é quem semeia, ou seja, qualquer um de nós.
Eu sei que quando Jesus ensinou a parábola do joio e do trigo, Ele disse: “Aquele que semeia boa semente é o Filho do homem”. Mas, essa é uma outra parábola. Você nunca deve fazer, na interpretação de parábolas, uma mistura entre elas. Essa não é uma forma legítima de interpretar. É verdade que, em última análise, Cristo é o verdadeiro semeador, porque a mensagem é Cristo e o poder é Cristo.
Estamos, na verdade, de acordo com 2 Coríntios 5: 20, implorando às pessoas a serem reconciliadas com Deus, sob o poder de Cristo. Logo, Cristo é realmente a semente divina e o semeador, mas para esta parábola, quem semeia, quem proclama é o semeador. A semente, Jesus disse, é a Palavra de Deus, ou seja, o Evangelho, a Palavra de Deus sobre a salvação, sobre como entrar no reino, a Palavra de Deus sobre o perdão, reconciliação, justificação, santificação, glorificação. Essa é a semente.
As pessoas às vezes vão dizer: quando eu sair para evangelizar, o que devo falar? O Evangelho. Mesmo que você ainda não conheça muito, mas se você de fato é um cristão, então você conhece o suficiente para ter sido salvo, logo, você sabe o suficiente para dizer a outra pessoa como chegar à salvação. 1 Pedro 1:23, diz: “Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre.”
Você não nasceu de novo a partir de sementes perecíveis, ou de sementes sintéticas desenvolvidas por alguma estratégia de marketing, ou alguma metodologia, ou algum esquema, ou plano. Você nasceu de novo não por algo humano que foi concebido, mas foi a partir de algo imperecível, ou seja, semente eterna. Essa é a viva e permanente Palavra de Deus. Vocês foram salvos porque a Palavra de Deus fez o seu trabalho em suas vidas. A Palavra de Deus penetrou e salvou vocês.
Por isso, vocês são semeadores. A vocês foi dada uma grande comissão, juntamente com todos os outros crentes. Saia e pregue o Evangelho. Não se trata de sua esperteza. Não é sobre a habilidade do semeador. Basta pregar a verdade sobre o Evangelho. Isso é a semente. Alguns pensam que algumas sementes não funcionam porque podem ser ofensivas.
Olha, se você pensa que vai ganhar todo mundo para quem você apresenta o Evangelho, é melhor você voltar e estudar esta parábola novamente. Não vai acontecer. Vai ser uma minoria. Não há nenhuma forma artificial para você criar sementes sintéticas que vão fazer todo mundo abraçá-las. Isso será falsa conversão. A semente é o Evangelho, é a Palavra de Deus. É isso é o que você semeia, proclama. Não são seus pensamentos, ideias, revelações, mas é a Palavra de Deus. Somos totalmente dependentes da verdade divina revelada nas Escrituras.
Agora, quando apresentamos a verdade, vamos obter algumas respostas. E elas irão variar, como já aprendemos. Veremos inicialmente porque há esta variação. Olhe para versículo 12 de Lucas 8, e você vai ver no meio do verso a frase: “depois vem o diabo, e tira-lhes do coração a palavra”. A palavra “coração” é a chave para interpretar a parábola. O “coração” é o solo, certo? Foi aí que você plantou a semente. É no coração.
Vá para versículo 15: “E a que caiu em boa terra, esses são os que, ouvindo a palavra, a conservam num coração honesto e bom, e dão fruto com perseverança.” A parábola trata da condição do coração. Não é sobre a habilidade do semeador, não é sobre a semente. A semente é estabelecida eternamente. É a Palavra de Deus a única semente. O semeador é quem apresenta o Evangelho na sua simples e magnífica verdade.
A questão sobre a resposta do pecador não tem a ver com a semente. Você não pode corrigir a semente para torná-la mais palatável. Não tem a ver com alguma metodologia usada por parte do semeador. É tudo sobre a condição do coração. A verdade básica da parábola é que o resultado da proclamação do Evangelho sempre depende da condição do coração do ouvinte.
Não entendo como muitas pessoas no mundo de hoje pensam que no evangelismo a resposta do pecador ao Evangelho depende da habilidade do semeador ou depende da natureza da semente. A questão é o coração. Isso é o que Jesus está dizendo. O coração do ouvinte determina a resposta.
Assim, não se desanime se algumas vezes a sua proclamação do Evangelho parece ser ineficaz. Em primeiro lugar, jogue um pouco mais de sementes. Assim, haverá mais probabilidade de algumas caírem em solo bom. A questão será sempre o tipo de coração que recebe a Palavra.
Bem, o primeiro tipo de solo que iremos ver brevemente nesta manhã é o solo batido da beira da estrada, verso 12: “E os que estão junto do caminho, estes são os que ouvem; depois vem o diabo, e tira-lhes do coração a palavra, para que não se salvem, crendo.“
A semeadura consiste em trazer o Evangelho às pessoas, a fim de que possam crer e serem salvas. Você entende isso? Consideravelmente simples. Mas, algumas dessas pessoas são como concreto. Isso é o que Jesus está dizendo na parábola. Elas são como o caminho de terra batida citado na parábola: difíceis, duros. A semente não tem nenhuma possibilidade de penetrar os seus corações duros.
O Antigo Testamento os chamaria de ‘duros de coração’ e de ‘dura cerviz’. Eles são resolutos e rígidos em sua indiferença, desinteresse e seu amor pelo pecado. Esta é a condição do coração que corresponde à dureza do solo de terra pisada, batida, ao redor do campo. O coração deste tipo de pessoa é um caminho pisado pela multidão mista de iniquidades que o atravessam dia após dia. E, como não há cercas ou muros, está exposto a todos os tipos de ‘pedestres’ que o pisam e deixam a terra mais dura, compactada.
Esse tipo de coração nunca pode ser penetrado. Nunca é arado por convicção. Nunca é arado por auto avaliação, auto exame, contrição, avaliação honesta de culpa, arrependimento. O coração é insensível. É insensível para o doce raciocínio da graça e é insensível quanto ao medo dos terrores do juízo. Nada de errado com a semente. Nada de errado com o semeador. O que está totalmente errado é o coração duro e impenitente.
Nós já tratamos com pessoas assim na nossa caminhada como semeadores. Estes são os tolos de Provérbios. São os tolos que odeiam o conhecimento, a sabedoria, que dizem em seu coração: não há Deus. São as pessoa cujas mentes são fechadas. E você sabe, o interessante aqui neste contexto da parábola é que não se trata de ateus ou pagãos aqui. Jesus está falando sobre o povo judeu, não apenas o povo judeu, mas os líderes judeus, escribas, fariseus, saduceus, sacerdotes cujas mentes foram fechadas para a verdade de Deus, para a mensagem de Deus, para o Filho de Deus e o reino de Deus.
Eles eram tão duros de coração que quanto mais ouviram a Jesus, mais queriam matá-Lo. E foi o que eles fizeram. Jesus contou outra parábola acerca deles no capítulo 21 de Mateus, acerca de um homem que tinha um vinhedo e ele queria fazer uma contabilidade. Para isso ele enviou seus servos. Porém aqueles homens no vinhedo mataram todos os servos. E, então, o dono da vinha enviou seu filho. Mas, também mataram o filho. E Jesus deixou claro para aqueles líderes religiosos que falava acerca deles. ‘Vocês mataram todos os profetas e agora irão matar o Filho’. Os seus corações eram duros.
Pessoas religiosas podem ter corações muito difíceis. Jesus, mais tarde no evangelho de Lucas, no capítulo 19, estava olhando para a cidade de Jerusalém um dia e chorando. Verso 42: “Dizendo: Ah! se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas agora isto está encoberto aos teus olhos.” Se você não ouvir enquanto ainda pode ouvir, você nunca será capaz de ouvir.
Por isso houve um julgamento pronunciado sobre Israel, o povo de Deus, o povo da aliança. Eles foram dedicados a Satanás, que era o seu pai, que veio ao longo do caminho e arrebatou a Palavra. Se a semente não estava sendo esmagada sob os pés ativos de seus pecados, ela seria arrebatada pelo seu pai, o diabo. Em João 8: 44, Jesus lhes disse: “vocês têm por pai o diabo.“
Mateus ainda acrescenta no seu relato desta parábola, como Satanás vem e arrebata a Palavra. Como ele a arrebata? Através de falsos mestres que vêm e atacam o Evangelho. Ele arrebata a semente através do medo do homem, um embaraço sobre ser identificado com Jesus Cristo ou medo de ser ‘expulso da sinagoga’ ou perder os amigos.
Ele arrebata com orgulho. A pessoa pensa que já sabe tudo e não está disposto a confessar que não, nem a ser quebrado diante de Deus. Ele também arrebata a palavra através da dúvida, do preconceito, da teimosia, principalmente pelo contínuo amor ao pecado que ele oferece através de seu miserável sistema mundial.
Isso é algo tão triste. Então, você olha para o seu próprio coração esta manhã, certo? É este você? Você é aquela dura, compactada estrada seca na borda do campo? Endurecido pelo pecado no qual está tão constantemente envolvido, que, literalmente, transformou o seu coração em rocha sólida e a verdade nunca pode entrar? Você está no colo do maligno que arrebata e afasta a verdade da superfície de seu coração duro? Que triste. É assim que as pessoas são, muitas pessoas são assim.
Se isso é o que acontece com você e você diz: “O que posso fazer, se eu realmente reconhecer que meu coração é assim?” Ou você pode dizer: “Como se reconhece um coração duro?” Bem, se você está olhando agora no seu relógio e querendo saber o quão rápido você pode sair daqui e chegar à sua próxima atividade, isso é uma boa indicação. Se você sabe que não é um cristão de verdade e isso aqui é só algo que está tomando o seu tempo, desperdiçando o seu domingo, isso é um coração duro.
Se você não está disposto a ser honesto sobre sua dura condição e sua resistência ao Evangelho, que já dura muito tempo, o que você precisa fazer é cair de joelhos diante de Deus e implorar a Ele para arar esse terreno. Porque, você sabe, eu só posso jogar a semente, mas eu não posso arar o seu coração. Essa é a obra de Deus. Somente Deus pode conceder o arrependimento. E você precisa clamar por um coração quebrantado e contrito e pedir a Deus para quebrar o duro solo do seu coração, para que você não seja lançado no castigo eterno com o mesmo coração duro.
Bem, veremos os outros três tipos de solo na próxima vez. Vamos orar.
Tua mensagem, Senhor, é clara para nós, porque Tu a explicaste. Mesmo as pessoas hoje que não creem têm uma vantagem sobre o Israel daqueles dias, pois o Senhor não explicou a parábola aos judeus naquele dia, mas a explicou para que todos possam ler hoje.
E esta é uma bênção até para um incrédulo, saber o significado desta parábola. Mesmo se falo com aqueles de coração duro aqui, eles não podem alegar que não entenderam o significado da parábola, como os daquele tempo poderiam alegar.
E, assim, ó Deus, eu oro para que Tu faças com que o pecador de coração duro venha a clamar e, assim, Tu venhas arar o solo e torná-lo suave para receber a verdade do Evangelho.
Ajuda-nos novamente a sermos relembrados de que a oportunidade é nossa para semear a semente e orar para que Tu prepares o solo. Continue a nos instruir em Tua verdade, que é um privilégio além da expressão.
É-nos concedido conhecer os mistérios do reino de Deus. Como isso é surpreendente! Agradecemos por isso. Portanto, somos responsáveis por ensiná-lo aos outros e transmiti-lo para Tua glória. Amém.
Esta é uma série de 3 sermões. conforme links abaixo.
01. A Parábola dos Solos (Parte 1)
02. A Parábola dos Solos (Parte 2)
03. A Parábola dos Solos (Parte 3)
Este texto é uma síntese do sermão “Receptivity to the Gospel, Part 1″, de John MacArthur em 28/04/2002.
Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:
https://www.gty.org/resources/sermons/42-103/receptivity-to-the-gospel-part-1
Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno