A Parábola dos Talentos – 2
Hoje vamos continuar olhando para a parábola dos talentos (Mateus 25:14-30).[Clique aqui e leia o primeiro sermão]. Esta parábola expõe a tragédia da oportunidade desperdiçada, exemplificada pela vida de um servo que desprezou as oportunidades e privilégios dados pelo seu senhor. Tornou-se inútil e vazio.
Como vimos no sermão passado, no meio da igreja, aquela que é visível, há convertidos genuínos, mas também temos os falsos.
Aprendemos que há o solo bom e o ruim, os que estão no caminho apertado e aqueles que andam pelo caminho largo, há virgens com óleo em suas lâmpadas e há virgens sem óleo.
Há trigo e joio, verdadeiros servos e falsos servos, há peixes na rede do pescador e também há muita coisa imprestável nela. Há casas construídas na rocha e casas construídas na areia.
Sou alguém profundamente preocupado com a tolerância que a igreja tem para com aqueles que vivem no meio dela mas não conhecem o Senhor e não andam conforme o Evangelho. Há muita gente que não tem qualquer comunhão com Deus. A igreja não pode tolerar esse tipo de situação.
A parábola dos talentos é uma figura do Reino. Como vimos no sermão anterior, às vezes o termo “Reino dos Céus” é usado para identificar o exclusivo, interno, invisível e genuíno conjunto das pessoas redimidas.
Mas, por outro lado, às vezes, o “Reino dos Céus” é usado para se referir ao reino visível, o Reino exterior, composto de pessoas que se identificam com Cristo, alguns são verdadeiros e outros são falsos, como na parábola do joio e do trigo, na parábola das virgens e etc.
Na parábola dos talentos o Senhor repete uma advertência, ou seja, de que Ele virá separar o falso do verdadeiro, as ovelhas das cabras.
Em Mateus 24:36-51, o Senhor diz que voltará em um dia que ninguém sabe, e que os homens serão surpreendidos, tal como aconteceu com todos aqueles que pereceram no dilúvio, ignorando os 120 anos de advertências de Noé.
Em Mateus 24:3, os discípulos haviam perguntado ao Senhor: “Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?”. Jesus falou de sinais, mas disse: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir” (Mateus 25:13). Não sabemos quando Ele voltará, mas sabemos o que temos que fazer: vigiar.
Em Mateus 25:1-13, Jesus falou da parábola das virgens. E em sequência, a parábola dos talentos. Ambas enfatizam a necessidade de prontidão, de vigilância e de preparação para a vinda do Senhor.
Como vimos no sermão anterior, a parábola das virgens enfatiza sobre estamos alertas, a parábola dos talentos enfatiza o trabalho, o serviço, cumprimento do nosso dever.
As duas parábolas juntas falam sobre estarmos alertas, preparados e prontos, bem como sermos diligentes e fiéis em servir ao Senhor. É um equilíbrio na perspectiva que o cristão precisa ter.
No sermão anterior, vendo a parábola dos talentos (Mateus 25:14-30), encontramos um chamado para a preparação. O que temos para aprender com esta parábola?
Primeiro de tudo, vamos rever brevemente os dois primeiros aspectos que vimos na vez anterior e, em seguida, completaremos o terceiros e iremos para o quarto.
No âmbito do Reino temos recebido uma grande responsabilidade.
Note que, nos versos 14-15, o Reino dos Céus é “como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes entregou os seus bens: a um deu cinco talentos, a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade; e seguiu viagem”.
A parábola é muito simples. É uma história sobre um homem que foi para um lugar distante e confiou a seus servos seus bens. Ele distribuiu conforme a capacidade que cada um poderia administrar. Ele quer ter certeza que cada servo só receberia o tanto que eles poderiam zelar e encontrar oportunidades de multiplicar. Havia bons e maus servos.
É desta forma o Reino visível. Na parábola dos talentos vemos que o Reino visível é preenchido com diferentes tipos de servos. Essa é uma imagem comum. A igreja visível, o Reino externo está cheio de diversidade.
O Reino dos Céus é como o joio e o trigo que crescem juntos (Mateus 13:24-30). É semelhante a uma rede lançada ao mar que apanha toda a qualidade de peixes (Mateus 13:47). É semelhante ao homem que semeia a boa semente no seu campo e veio o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo (Mateus 13:24-25).
A ideia aqui é a diferença entre o Reino invisível, a igreja invisível, em relação ao que é visível. O invisível só tem a realidade, o visível tem uma mistura da realidade com o falso.
Então, como no Reino visível temos uma mistura do falso servo com o verdadeiro , haverá joio e trigo, virgens loucas e sábias.
O Senhor dá responsabilidades de acordo com nossas capacidades. É um privilégio sermos expostos à pureza do Evangelho, sendo equipados pelo Senhor para servi-Lo, multiplicando as riquezas que Ele nos confiou.
Deus dá diferentes privilégios. E se você pega a capacidade da pessoa, seu privilégio e oportunidade, coloca-os junto, aí você terá o que ela recebeu em talentos.
Quanto mais expostos à verdade, mais privilégios recebemos. Isto nos traz responsabilidades. São tesouros confiados a nós. Porém, há pessoas que não respondem àquilo que receberam e desperdiçam as oportunidades. É disto que trata a parábola dos talentos.
Isso nos leva a um segundo aspecto, que é a nossa reação. Os versos 16 a 18 de Mateus 25 dizem:
O que recebera cinco talentos foi imediatamente negociar com eles, e ganhou outros cinco; da mesma sorte, o que recebera dois ganhou outros dois; mas o que recebera um foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor.
Aqui temos dois servos que maximizaram os privilégios espirituais e as oportunidades que receberam, de acordo com suas capacidades. Imediatamente saíram para multiplica-los, e conseguiram 100% mais.
Esses são os verdadeiros crentes, os genuínos cristãos. Eles negam a si mesmos, colocam os interesses do Reino em primeiro lugar e conseguem um excelente retorno. É maravilhoso saber que Deus espera um mesmo tipo de retorno para aquele que recebeu 2 ou 5 talentos. Ele espera de ambos um coração cheio de compromisso e serviço.
Mas, houve aquele que recebeu um talento, saiu e cavou um buraco e escondeu o dinheiro do seu senhor (isto era uma forma antiga de se guardar dinheiro). Esta é a marca do falso servo, ele não se esforça, ele não faz nada, ele não pensou em nada e não investiu nada.
Esta é a característica do falso crente. Ele é como a virgem sem óleo. Não há fruto em sua vida. Não há graça interior em sua vida. Não há nada, nenhum serviço prestado.
Ele não responde à Palavra recebida. Ele faz pouco caso dos privilégios recebidos e despreza as oportunidades dadas. Mas, mesmo assim, ele se tornou responsável por tudo que recebeu e terá que prestar contas.
Agora escute, você pode ter 1 ou 2 ou 5 talentos e agir da mesma forma. Não é a questão de se ter apenas 1 talento, mas a questão aqui é o coração.
Cada pessoa é exposta ao Evangelho em níveis diferentes, mas todos os níveis de exposições estabelecem contas a prestar.
Podemos pensar que a responsabilidade pesará apenas sobre aqueles que receberam muito, mas a parábola dos talentos desfaz este pensamento errôneo.
Na sermão anterior começamos a falar sobre o acerto de contas, vamos concluí-lo hoje.
Na parábola dos talentos temos a responsabilidade, a reação e a terceira coisa é o acerto de contas. Em Mateus 25:19 diz que “depois de muito tempo veio o senhor daqueles servos, e fez contas com eles”. “Muito tempo” tem a ver com “tardando o esposo” da parábola das virgens (Mateus 25:5).
Algo que diz sobre um longo período até a volta do Senhor. E neste período, os homens terão a oportunidade de aproveitarem os privilégios e responsabilidades de acordo com o que tenham recebido.
Mas haverá um dia em que Ele voltará para o acerto de contas, para revelar quem são os verdadeiros e os falsos servos. Será um tempo de revelação de corações, de separação do joio do trigo, de cabras das ovelhas.
E a ideia aqui é que esta separação será seguida por um julgamento que arrastará a casa construída na areia (Mateus 7:26-27) e os peixes ruins presos na rede que trouxe os bons peixes (Mateus 13:47-48).
O primeiro servo, confiante, entusiasmado e cheio de expectativas, por saber o que fez com as oportunidades que estiveram diante de si, diz: “Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco que ganhei” (Mateus 25:20). Ele está confiante no dia do julgamento, ele não teve receios, temores e nem vergonha de comparecer diante de seu senhor.
O verdadeiro crente não vive atemorizado com a realidade da volta de Cristo. Ele conhece a quem serve, e serve a quem conhece. Há nele uma verdadeira alegria, esperança e realização quanto a esta realidade futura.
Os verdadeiros crentes não estão conformados com esta terra, “eles desejam uma melhor, isto é, a celestial. Por isso também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade” (Hebreus 11:16).
Eles vão olhar para o Senhor e dizer: “Sim, o privilégio que o Senhor me deu, eu recebi, aproveitei as oportunidades, ele foi multiplicado e agora te entrego o que lhe é devido”.
E essa é a ênfase aqui. “Mestre, me deste cinco talentos, consegui mais cinco. é tudo teu”. Ele sabia que a fonte de tudo era o seu senhor. Não há nenhum ego aqui, nenhuma jactância, nenhum orgulho, nenhum tipo de estilo próprio de espiritualidade.
Ele apenas diz que reconhece seu senhor como a fonte de todos os privilégios, de todas as oportunidades e de toda a responsabilidade. Ele sabia que a fonte era apenas seu senhor e não ele mesmo. E com satisfação ele apresenta os resultados se seu serviço, prontidão e zelo. Não é diferente de uma afirmação como esta:
Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda (II Timóteo 4:7-8).
E o mestre reconhece a integridade em seu coração e diz: “Muito bem, servo bom e fiel; sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mateus 25:21). Ele não comentou apenas sobre seu serviço, mas também sobre seu caráter, sobre a sua confiabilidade como servo.
Não é tremendo pensar que o santo Deus, o Deus do universo, o Senhor Deus a quem amamos e servimos, poderia olhar para nós e dizer: “Excelente, você servo bom e fiel”?
Isto nada tem a ver com nossas méritos, mas com a disposição da graça do Evangelho. É a disposição não de nossa própria força, mas do poder do Espírito Santo.
Que dia tremendo será este, quando, por sua misericórdia e amor, Deus olhar para seus verdadeiros servos e dizer: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mateus 25:34).
Esta confiança nos faz amar a vinda do Senhor. Seus verdadeiros servos estão com seus olhos fixados neste glorioso dia. O dia em que eles ouvirão: “Vocês foram fieis no pouco, sobre o muito colocarei vocês”.
Alguns imaginam o céu como um lugar onde Deus vai nos dar uma harpa para tocarmos para sempre. Imaginam como um lugar de ócio.
Mas não é assim. Se o serviço ao Senhor aqui é a alegria na vida de um verdadeiro crente, infinitamente mais glorioso será na eternidade.
Se você é fiel naquilo que Deus te pôs aqui, sob maior glória e galardão Ele te colocará no céu, e isto tem a ver com serviço que prestaremos lá. Recompensas para o crente são, basicamente, maiores oportunidades de serviço.
Temos uma verdade de que todos os verdadeiros crentes receberão a vida eterna e um corpo glorificado como o de Cristo. Isto será igual a todos.
Na parábola dos trabalhadores na vinha (Mateus 20:1-15), o Senhor mostrou que aqueles que trabalharam apenas na última hora receberam o mesmo salário daqueles que trabalharam durante todo o dia.
Mas, enquanto isso é verdade, também é verdade que haverá diferentes níveis de serviço. E isto está relacionado ao que produzimos aqui com os privilégios e oportunidades que tivemos, vemos isto na parábola das minas (Lucas 19:12-27)
Mas, não podemos imaginar coisas absurdas como uns carregando vassouras e outros no andar superior cantando em um coral. Não é isto. Absolutamente não é isto.
Todo e qualquer nível de serviço que faremos nos céu nos dará uma alegria eterna gloriosa e incomparável. Isto deve ficar muito claro em sua mente.
O servo que recebeu cinco talentos e o servo que recebeu dois talentos maximizaram todas as oportunidades, dobraram os talentos recebidos e ouviram a mesma coisa: “Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mateus 25:21,23).
Eles não somente foram elogiados, como se tornaram participantes do próprio gozo de seu senhor. É por isso que o autor da carta aos Hebreus, em 12:2 diz:
Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.
Ele diz que Jesus suportou a cruz pelo gozo que lhe estava proposto. E essa mesma alegria que o Senhor teve para realizar a nossa redenção, destruir o pecado e exaltar a justiça é que vamos experimentar também. Isto é tremendo e maravilhoso.
Em Lucas 19:12-27, temos a parábola das minas. É uma parábola diferente da parábola dos talentos, mas ilustra outro ponto que precisamos olhar. Um homem nobre viajou “e chamando dez servos seus, deu-lhes dez minas, e disse-lhes: Negociai até que eu venha” (v.13).
No verso 17, quando o homem nobre voltou e tomou contas, ele diz a um servo fiel que conseguiu mais dez minas: “Bem está, servo bom, porque no mínimo foste fiel, sobre dez cidades terás autoridade”. No verso 19 ele diz a outro servo que conseguiu mais cinco minas: “Sê tu também sobre cinco cidades”.
Por fim, um que guardou num lenço e disse ao homem nobre: “Senhor, aqui está a tua mina, que guardei num lenço; Porque tive medo de ti, que és homem rigoroso…” (v.20-21). E o relato conclui:
Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem dez minas. (E disseram-lhe eles: Senhor, ele tem dez minas). Pois eu vos digo que a qualquer que tiver ser-lhe-á dado, mas ao que não tiver, até o que tem lhe será tirado. E quanto àqueles meus inimigos que não quiseram que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui, e matai-os diante de mim (v.24-27).
Nesta parábola você tem dez servos que receberam certa quantidade. E o que mais fez foi governante sobre mais cidades. Temos aqui uma imagem do reino milenar e da eternidade.
Tudo bem, vamos voltar para parábola dos talentos novamente. Tanto aquele que recebeu dois talentos, quanto o que recebeu cinco talentos produziram o dobro do que receberam. Seu senhor lhes dá o mesmo elogio. Que dia glorioso será quando seus servos fiéis receberão os elogios do Senhor Jesus por tê-Lo amado de todo coração!
Mas, temos aquele que recebeu apenas um talento. Ele responde a seu senhor: “Sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste, receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu” (v. 24,25).
Esta é a parte triste desta parábola. É uma figura do falso crente, do falso servo, daquele que professa crer, que está nos termos do Senhor como alguém a servi-lo, mas não produz nada, não há frutos nele.
Ele se mostra duplamente falso. Primeiro ele nada produziu e depois atacou o caráter de seu mestre. Ele mostra que nunca amou e nem respeitou seu mestre. Ele não era um ateu e nem se comportava com hostilidades contra Deus e seu Filho. Ele dizia ser um servo.
Ele não procedeu como o filho pródigo, que desperdiçou os bens de seu mestre (Lucas 15:11-32). Não foi alguém que demonstrava ter uma vida miserável. Ele foi alguém que desperdiçou as oportunidades. Sua vida foi um desperdício, mesmo vivendo próximo aos verdadeiros servos.
E isso é trágico. Ele ainda considerou que serviu ao Senhor, mesmo dizendo que escondeu aquilo que lhe foi confiado. Ele não produziu nada e ainda considerou o Senhor exigente, difícil, inflexível, sem compaixão, duro e sem sensibilidade.
A religião está cheia de pessoas que agem assim, que dizem que é muito difícil servir a Deus e que o Evangelho é muito duro. Eles se tornam críticos.
Ele diz ao Senhor: “És homem severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste” (v.24). Ou seja, ele diz: “Tu se apropria do resultado do trabalho dos outros e leva as coisas dos outros”.
É aqui que está o problema de um falso adorador. Ele não vive em função da glória devida ao Senhor. Ele quer a sua própria glória e não a do Senhor. Seu coração é corrompido, embora ele possa ter uma aparência enganosa de servo.
Ele não pode enxergar os maravilhosos atributos do Senhor, sua graça, bondade, amor, misericórdia, majestade, dignidade etc.Qual o sentimento dele em relação ao Senhor? Medo. Ele diz: “Receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu”.
Por outro lado, qual a motivação de vida de um verdadeiro adorador? Honrar, glorificar e exaltar o Senhor. Esta é a marca de sua vida. Ele tem a realidade interior. Ele faz isto com uma tremenda alegria e não por medo.
O senhor disse ao servo que escondeu o talento na terra: “Servo mau e negligente”. Ele não o chama simplesmente de um “equivocado”. Ele havia convivido entre bons servos, ele conhecia algo sobre seu senhor.
É uma figura exata de falsos cristãos no meio da igreja, que trilham por seus próprios caminhos e interesses, não atentam para o Senhor de quem ouvem falar e desperdiçam os privilégios e as oportunidades recebidas. A maldade, a negligência e a preguiça caminham juntas em qualquer lugar nas Escrituras.
Seu senhor diz: “Sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? Cumpria, portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros, e eu, ao voltar, receberia com juros o que é meu” (v.26-27).
No Império Romano havia um sistema bancário, que funcionava, basicamente, como hoje. Você colocava seu dinheiro nas mãos de um banqueiro e ele emprestava para outros com juros de cerca de 12%, e lhe pagava algo em torno de 6%.
Em outras palavras, o senhor diz ao mau servo: “Se o seu real problema fosse pensar que sou um homem duro e colho onde não plantei, porque não entregou o que era meu aos banqueiros? Isto não ia lhe custar esforço algum. Você é um mentiroso, tudo diz para encobrir sua maldade e negligência”.
Aquele homem agiu como Judas Iscariotes, jogou no lixo todos os privilégios e oportunidades recebidas. Sua vida foi apenas um grande desperdício. Ele não amava o Senhor e nenhum zelo tinha por aquilo que lhe pertence.
E assim, da responsabilidade para a reação, então para o acerto de contas. E agora, finalmente, a recompensa.
O que acontece com esses servos?
Verso 28, em primeiro lugar, para o mau servo: “Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem dez”. Por que ele? Bem, ele era mais capaz de carregá-lo. Ele era o único com a maior capacidade.
Há pessoas envolvidas em atividades cristãs que são falsos crentes. Vez por outra eles se manifestam. Dizem servir a um Deus que não conhecem.
Mas, no âmbito da igreja visível e do reino visível, há muitos nesta condição.
Então, há pessoas que, enganosamente, pensam estar prestando serviço ao Senhor. Mas o dia virá, no julgamento, quando qualquer serviço deles lhes será tirado e será dado a um servo verdadeiro.
Você entende isso? No Reino de nosso Senhor Jesus Cristo, e por toda a eternidade, não haverá serviço prestado além do que é prestado por verdadeiros crentes.
E aquilo que um crente falso faz agora, não vai mais ser oferecido. Exatamente o que temos em Mateus 13:12, quando Jesus disse: “Porque àquele que tem, se dará, e terá em abundância; mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado”.
Em outras palavras, aqueles que demonstraram frutos, que usaram seus privilégios e oportunidades, vão receber mais e terão em abundância.
Mas, aquele que não tem, será tirado até mesmo o que ele parece ter, e será dado a alguém que possa prestar um verdadeiro serviço. Ele, de fato, não tem nada.
E, então, o Senhor diz: “E o servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes” (Mateus 25:30).
Aqui há uma descrição da escuridão, da ausência da luz, do pesar inconsolável e do tormento incessante. Uma descrição do inferno. Para onde irá o servo inútil.
Na volta do Senhor, Ele encontrará no meio de seu povo, dois tipos de servos: O fiel e o infiel, o bom e o mau.
Haverá uma separação e uma delimitação com base no serviço prestado a Ele. Os verdadeiros crentes terão algo a apresentar, os falsos não terão nenhuma essência para apresentar. Jesus completa dizendo:
Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas; e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos, à esquerda; então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo (Mateus 25:31-34).
Jesus disse: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora”. Certifique-se de que você está pronto para quando esse dia chegar. E poderá chegar a qualquer um de nós hoje. Naquele dia os falsos servos serão revelados. Muitos com fichas extensas de aparentes serviços cristãos irão para o desprezo eterno.
Um poeta escreveu algumas palavras pensativas:
Há um tempo, que eu não sei quando, um lugar, que eu não sei onde, que marcam o destino dos homens para o céu ou para o desespero. Há uma linha por nós não vista que cruza cada caminho, o limite oculto entre a paciência de Deus e a Sua ira.
Cruzar esse limite é morrer, morrer como se fosse furtivo. Não pode empalidecer o olho brilhante, nem extinguir a saúde radiante . A consciência pode ainda estar à vontade, espírito leve e alegre, o que é agradável ainda pode agradar e o cuidado ser empurrado para longe.
Mas, naquela fronte Deus fixou indelével uma marca, pelo homem invisível para o homem que ainda está cego e na escuridão. Quanto tempo o homem pode continuar no pecado, quanto tempo Deus deixará, onde a esperança termina e onde começam os confins do desespero?
Uma resposta do céu é enviada, partindo de Deus, enquanto se chama hoje, arrependei-vos e não endureçais o vosso coração.
Vamos nos inclinar em oração.
Nosso Senhor, pedimos que o Teu Espírito opere em cada vida, para que nos examinemos, para ver se somos verdadeiros servos, servos cujas vidas são marcadas por frutos, mesmo que uma pequena quantidade, mesmo que seja simples interesse, pelo menos alguns. Que voltemos a demonstrar que somos genuínos e marcados pela adoração. Que a parte mais profunda de nós anseia Te servir e exaltar Tua glória, e não nos ressentirmos contra Ti e atacar-Te como desonesto e exigente.
Portanto, Senhor, sabemos que os verdadeiros crentes se manifestam pelo seu fruto exteriormente e pela sua atitude interiormente em relação a Ti. Ajude-nos a olhar para o que marca nossas vidas. É um coração de adoração, um coração de louvor, um coração de amor, um coração que diz ‘eu vou entregar a vida a um serviço para aquele que é tão digno? Há frutos? Estamos prontos?
Senhor, nós Te agradecemos por teres permitido estarmos prontos, através da obra de Jesus Cristo, que morreu na cruz e ressuscitou para nossa salvação. E, ó Senhor, oramos para que não haja ninguém que deixe este lugar sem que esteja pronto, preparado, cujo coração não está certo, que não vai ouvir “Servo bom e fiel, excelente, você foi fiel sobre algumas coisas, eu te farei governador sobre muitos, entra na alegria de teu Senhor “.
Que todos nós possamos ouvir isso um dia, porque aproveitamos o privilégio, até o privilégio de ouvir novamente a verdade.
Esta é uma série de 2 sermões sobre a parábola dos talentos, conforme textos listados abaixo.
01. A parábola dos talentos (Parte 1)
02. A parábola dos talentos (Parte 2)
Este texto é uma síntese do sermão “The Tragedy of Wasted Opportunity, Part 2”, de John MacArthur, em 12/08/1984.
Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:
http://www.gty.org/resources/sermons/2377/the-tragedy-of-wasted-opportunity-part-2
Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno