Oração de Jesus em João 17 (Parte 2)


Esta é a síntese do segundo sermão de John MacArthur sobre a oração de Jesus em João 17. Veja no fim do texto o link dos demais sermões.


João 17
6 Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste, e guardaram a tua palavra.
7 Agora já têm conhecido que tudo quanto me deste provém de ti;
8 Porque lhes dei as palavras que tu me deste; e eles as receberam, e têm verdadeiramente conhecido que saí de ti, e creram que me enviaste.
9 Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus.
10 E todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e nisso sou glorificado.
11 E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós.
12 Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse.
13 Mas agora vou para ti, e digo isto no mundo, para que tenham a minha alegria completa em si mesmos.
14 Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.
15 Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.
16 Não são do mundo, como eu do mundo não sou.
17 Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.
18 Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.
19 E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade.

Este é um importante capítulo da Palavra de Deus. Uma oração de Jesus que foi registrada para todos seus discípulos ao longo dos séculos.

  • Na vez passada, vimos que, nos versículos de 1 a 5, Jesus orou principalmente com relação a si mesmo, embora as implicações alcançassem a todos que o seguiriam [veja link da Parte 1 no fim do texto].
  • E agora vamos olhar através dos versos 6 ao 19, onde o foco da oração de Jesus são seus discípulos ali presentes.

O maior milagre que podemos experimentar é a comunhão pessoal com o Deus vivo, tanto no tempo presente como na eternidade. Todos aqueles que conhecem e amam a Jesus Cristo, tem sido dado o direito, pela fé, de acesso imediato ao trono de Deus. O escritor aos Hebreus disse:

Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno (Hebreus 4:16).

Alguém que anda com Cristo experimenta orações respondidas, sejam orações nossas ou de outras pessoas por nós. E além das respostas às nossas próprias orações e as orações dos outros, há uma promessa incrível na Palavra de Deus:

E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Romanos 8:26).

Temos a intercessão fiel do Espírito de Deus que habita em nós, com palavras que não podem ser proferidas. E Suas orações são sempre respondidas porque Ele sempre ora a vontade de Deus.

E há mais. Além de tudo isso, Jesus Cristo, sentado à direita do Pai, a Bíblia diz que Ele vive sempre intercedendo por nós.

Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós (Romanos 8:34).

Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles (Hebreus 7:25).

Nosso bendito Salvador está constantemente e incessantemente orando por nós, sempre de acordo com a vontade e o propósito de Deus e sempre com a resposta adequada do próprio Deus. Que promessa!

Satanás nos acusa diante do Pai, mas Jesus é aquele que intercede por nós e destrói o poder do acusador.

Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite (Apocalipse 12:10).

Foi Sua morte e ressurreição que nos deu a vida. É a Sua intercessão que sustenta a vida, muitas vezes em resposta às acusações de Satanás. Ele é quem sustenta a nossa salvação, nos justifica e nos dá a vida eterna (Tito 3:7).

Acho que às vezes, como crentes, temos a tendência de pensar que a maior obra de Cristo foi feita no passado e agora Ele pode descansar um pouco. Não é assim. Ele vive sempre com um envolvimento constante por nossas vidas e uma intercessão incessante em nome de cada filho de Deus.

O capítulo 17 do Evangelho de João mostra o que Ele faz como o Sumo Sacerdote intercessor, a fim de que possamos passar da justificação para a glorificação. Este é o trabalho que garante a promessa que Jesus fez em João 6: “E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia” (João 6:39).

Ele conhece bem nossas limitações. Ele conhece o poder e a estratégia de Satanás. Ele Se identifica como o pastor e guarda de nossas almas. E essa intercessão sacerdotal eficaz não tem fim.

Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo (I João 2:1).

Quando pecamos, o inimigo apontava o dedo para a nossa iniquidade e nos desqualificava diante de Deus. Agora temos um advogado de defesa. E a defesa é esta:

Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós (Romanos 8:33-34).

Quando olhamos para os versículos 6-19 de João 17, vemos esse aspecto d’Ele ser glorificado e trazendo-nos à glória. Veremos três perguntas respondidas aqui.

  • Por quem Ele ora? Vamos olhar para os súditos de Sua oração.
  • Por que Ele ora? As razões para a sua oração.
  • E para o que Ele ora? Os pedidos em sua oração.

Por quem Ele ora? Os súditos de Sua oração (versos 6 a 8).

Os súditos de Sua oração inicialmente são identificados aqui como, principalmente, os onze discípulos que o Pai tirou para fora do mundo e lhe deu. Certamente, além deles, para todos os que viriam a crer nele.

Os discípulos tinham dependido do Mestre amado em tudo. Mas Jesus estava indo embora. Os discípulos tiveram a sensação de que ficariam dependendo de suas próprias forças. Era uma realidade surpreendente e assustadora para eles, mesmo que Jesus tivesse lhes prometido que enviaria o Consolador, o Espírito Santo, e todas as promessas contidas nos capítulos 13 a 16 de João.

Cristo tinha sido o guia deles por três anos. Jesus podia ser visto, seguido, ouvido, tocado e questionado. Ele estava sempre presente. Ele era um amigo suficiente. Ele os tinha acolhido em suas fraquezas. Ele os havia protegido do mal. Ele os amou com amor sobrenatural. E eles tinham experimentado a sua força e a Sua mansidão. Eles experimentaram o fato de que Ele tinha uma palavra para cada ocasião e uma resposta para todos os problemas. O pensamento de perdê-lo era paralisante.

Os discípulos são os súditos da oração nos versos 6 a 8. Em um contexto mais amplo, estamos incluídos nisto. Ele diz: “Manifestei o teu nome a eles” (v.6). A ideia do nome de Deus é o somatório de todos os Seus atributos.

No Antigo Testamento, a expressão “o nome” era usado de uma maneira muito especial. Não significa apenas a palavra de identificação, mas significava toda a natureza e o caráter da pessoa. Salmo 20:7 diz:

Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do Senhor nosso Deus.

Aqueles que conhecem o Seu nome conhecem o Seu caráter. E assim, o Messias, o Senhor Jesus Cristo está dizendo: “Eu anunciei seu nome a eles”.
Na verdade, com mais clareza, mais perfeitamente do que nunca, Deus se manifestou a eles na pessoa de Jesus Cristo, que disse: “Quem me vê a mim vê o Pai” (João 14:9).

E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade (João 1:14).

Os judeus não pronunciavam o nome de Deus (Yahweh ou Javé), que era somente utilizado pelo sumo sacerdote no dia do Yom Kippur (dia da expiação). Eles usavam nomes alternativos como Adonai ou Yehovah (Jeová).

Para eles, Deus estava distante, temível, remoto e invisível. E seu nome não era para ser falado por homens comuns. Mas Jesus nos deu acesso ao Pai. Ele não está mais distante e temível, podemos até dizer: “Aba, Pai”. O mais humilde cristão, o mais fraco cristão, pode falar o nome sagrado de Deus sem medo.

No aramaico, Aba Pai (‘o pai; meu pai’) era uma forma carinhosa e ao mesmo tempo respeitosa de se referir ao pai na intimidade do lar. Nenhum judeu teria ousado tratar Deus dessa maneira. Não obstante, Jesus o fez em todas as suas orações. E isto foi estendido a nós.

Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai (Romanos 8:15).

Primeiro Ele diz: “Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste” (v.6). Jesus está aqui orando por aqueles que foram escolhidos pelo Pai na eternidade, cujos nomes estão escritos no Livro da Vida do Cordeiro.

E, embora eles possam ser desprezados pelos homens e, particularmente, estes onze odiados pelos líderes religiosos e alvos da fúria de Satanás, eles foram, no entanto, os filhos escolhidos de Deus dados a Jesus pelo Pai: “Eram teus, e tu me deste” (v.6). Jesus disse:

Ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lhe for concedido (João 6:65)
Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer (João 6:44).

Por que Ele está dizendo isso para o Pai: “eram teus, e tu me deste, e guardaram a tua palavra”? (v.6). A marca de um verdadeiro cristão é sempre obediência. A manifestação de seu verdadeiro caráter é mostrada no caminho da obediência. Jesus citou duas marcas dos escolhidos:

As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem, de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos (João 10:27 e 5).

“Agora já têm conhecido que tudo quanto me deste provém de ti”, em outras palavras, “eles têm um pleno conhecimento de quem somos e porque nós fomos a ele”. Este é o perfil de todos os verdadeiros crentes, ou seja, são trazidos a Cristos por Deus, conhecem a Deus e o obedecem.

Mas qual é a razão para esta oração?

Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. E todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e nisso sou glorificado. (João 17:9-10).

Em outras palavras, Jesus disse: “Eu estou orando por eles, e não pelo mundo”. Jesus orou pelo cumprimento da vontade do Pai. E a vontade do Pai é salvar quem Ele escolheu.

Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que me deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai” (João 10:26-29).

Jesus fez uma oração mais ampla na cruz, pouco antes de morrer. Ele disse: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. Ele estava orando pelo perdão de Deus para seus executores. Na cruz, Ele orou em um sentido muito amplo, mas aqui Ele está intercedendo apenas por aqueles a quem o Pai projetou dar a Ele.

O que faz alguém ser uma parte deste grupo escolhido? Puramente e somente pela bondade e a misericórdia de Deus. O homem não tem qualquer mérito nisto. Esta é uma ênfase na intercessão. E Ele só intercede por Suas ovelhas. Dito de outra forma, o incrédulo só tem que cuidar de si mesmo, mas nós temos o eterno Cristo como nosso intercessor e advogado.

Ele ora por aqueles que são os verdadeiros discípulos, porque eles são a propriedade pessoal de Deus: “aqueles que me deste, porque são teus” (v.9). Eles eram seus por sua pré-determinação, mesmo antes que fossem salvos. Eles são de Deus e eles são posse pessoal de Cristo. E assim Ele diz: “Eu estou orando por aqueles que pertencem a ti e a mim”.

Tudo o que pertence ao Pai pertence a Ele. Ele está simplesmente dizendo: “Pai, eu estou orando por eles, porque destes eles a mim. Estou orando por eles, porque eles são nossos. Pai, cuida deles, porque eles pertencem a nos”.

Isso é tremendo. Nós somos propriedade pessoal da Trindade, amada e cuidada. Que pensamento. Nós somos o tesouro pessoal do Deus eterno.
Aqueles homens foram odiados e desprezados, mas eles eram um tesouro pessoal do Deus Eterno.

E há uma segunda, e, talvez, ainda mais importante razão pela qual Jesus ora por eles.

… e nisso sou glorificado. E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós ( João 17: 10-11).

Paulo disse que nos tornamos o templo do Espírito de Deus que irradia a glória de Cristo para o mundo (II Coríntios 6:16). Através de seus discípulos, Cristo brilha.

Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus (I Coríntios 6:19-20).

Jesus havia dito: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus” (Mateus 5:16) Cristo estava saindo, mas apenas no sentido de que Seu corpo físico não ficaria mais na terra. Sua presença, a Sua glória permanecerá a irradiar através da Igreja, que seria seu corpo aqui na terra.

Então, Ele ora porque somos a posse pessoal da Trindade Santa e porque somos o reflexo de sua glória no mundo, manifestando a luz de Cristo:

Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor (II Coríntios 3:18).

Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós (II Coríntios 4:6-7).

Os pedidos em sua oração

O que Jesus estava desejando para a vida de seus discípulos? O que Ele pediu ao Pai? O que Ele especificamente pleiteou em nome dos discípulos amados, que pertencem a Ele e ao Pai? O que Jesus queria daqueles por quem Ele iria morrer?

1. Primeiro de tudo: Ele não orou pelo mundo e não orou para que os crentes fossem removidos do mundo hostil. Eles seriam seus instrumentos.

Há uma espécie de declaração gritante se destaca no versículo 15: “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal”.

Seus discípulos seriam os instrumentos através dos quais sua glória brilharia sobre os homens. Jesus nunca orou para que Seus discípulos pudessem encontrar uma fuga, um lugar isolado tal como um mosteiro. Há momentos em que precisamos nos retirar para um local de meditação e oração, momentos de se estar a sós com Deus, mas isso não é um fim em si, mas um meio para nos fortalecer e exercer um testemunho com poder.

Jesus não nos oferece uma paz fácil, Ele nos oferece guerra triunfante. Nunca devemos ter o desejo de abandonar o mundo, mas sempre o desejo de ganhar aqueles que o Pai chamou em seu propósito eterno.

Paulo disse que era um servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, pela fé dos eleitos de Deus e o pleno conhecimento da verdade que é segundo a piedade (Tito 1:1). Ele sofreu tudo a fim de levar o evangelho para aqueles que queriam ouvir e crer.

E assim, Jesus não ora para nos tirar do mundo. Nós estamos aqui para o cumprimento de Seu propósito. De fato, Deus nos reconciliou com Ele por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação. Pôs em nós a palavra da reconciliação, de sorte que somos embaixadores da parte de Cristo. (II Coríntios 5:18-20).

No Céu daremos o perfeito louvor e adoração, teremos uma comunhão perfeita com Deus e as mais puras e perfeitas intenções. Tudo será perfeitamente alcançado lá no céu, exceto uma coisa, a proclamação do evangelho aos pecadores. Para isto estamos aqui neste mundo. Então Ele não ora para sairmos do mundo. Jesus disse:

E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse (João 17:10-11).

Ele está dizendo: “Pai, eu guardava eles, e nenhum dos teus se perdeu, mas não estarei mais no mundo, eu estou saindo. Pai, peço que os guarde”. Você entende? Você perderia sua salvação em um piscar de olhos, se você não fosse acolhido por Deus.

E Jesus está passando a responsabilidade para o Pai sobre aquele breve período de tempo, talvez entre Sua morte e Sua ressurreição. Ele está dizendo: “Pai, Você tem que cuidar deles. Já cuidei deles, é a sua vez. Eu estou voltando para você e você precisa cuidar deles”.

E como foi o Pai fez isso? Com o envio do Espírito Santo. E qual era o objetivo? “Que eles sejam um, como nós somos um”. Eles estavam prestes a enfrentar o mundo sozinho, sem a presença corporal de Cristo, Jesus estava indo para a cruz e, em seguida, para o trono do Pai. Mas Jesus lhes havia prometido nos capítulo 14, 15 e 16 de João que o Espírito Santo viria. E agora Ele ora ao Pai para que isso aconteça. Ele sabia que Deus cumpre o que promete.

“Guarda em teu nome aqueles que me deste” (v.11)… O que isso significa? Guardá-los de acordo com seu caráter santo e sua veracidade. Em outras palavras: “Você disse que faria e Tu és santo e consistente para fazer o que você diz”. Essa preocupação de Cristo para com seus discípulos é tremenda. O que temos de bom para dar a Ele? Nada. É incompreensível para nós este compromisso de Cristo para com seus discípulos. Ele transmite a responsabilidade deles para Deus, para que eles estivessem firmados e guardados na fé. Uma infinita graça.

“Para que sejam um, assim como nós” (v11). O que isso significa? Uma vida eterna comum que possuímos na salvação. Há um elemento desta oração que foi cumprida no dia de Pentecostes, quando o Espírito veio e passou a habitar em cada crente. Há uma unidade espiritual que veio a acontecer em resposta direta a esta oração. Mais do que um corpo separado daqueles que pertencem a Deus, é uma unidade de separação do mundo, que seria um corpo em oposição ao mundo.

Ele não está orando por ecumenismo. Ele não está orando por uma igreja mundial heterogênea. Ele está orando para que os crentes, que compartilham a vida eterna, a própria vida de Deus habitando neles, sejam unidos em uma separação de tudo que é ímpio e mundano… Expressando amor, poder e obediência espiritual. Todas as afeições por Deus ardendo em uma mesma chama, todos os objetivos dirigidos ao mesmo fim e todos perseguindo a harmonia do amor e da santidade. Isto é unidade.

No versículo 12 diz: “Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu”. Não é maravilhoso? Jesus disse que o tempo todo estava cuidando deles e nenhum se perdeu.

Compare com o que Ele disse nos versos 37 e 39 de João 6: “Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora. E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca”.

E quando Ele foi preso, agiu prontamente em defesa de seus discípulos: “Já vos disse que sou eu; se, pois, me buscais a mim, deixai ir estes; Para que se cumprisse a palavra que tinha dito: Dos que me deste nenhum deles perdi” (João 18:8-9).

E quanto a Judas? “Nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse” (v.12).

2. Então, Ele ora por uma santa unidade entre eles e em segundo lugar, Ele ora pela alegria deles.

Mas agora vou para ti, e digo isto no mundo, para que tenham a minha alegria completa em si mesmos (João 17:13).

O que isso significa? Ele orou em voz alta, aqueles homens ouviram tudo. Ouviram de seu tremendo amor por eles, e isto produz tremenda alegria.
Ele havia dito:

Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor. Tenho-vos dito isto, para que o meu gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja completo (João 15:10-11)

Uma promessa maravilhosa: “[Nada] poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor” (Romanos 8:39). Se entendermos esse tipo de intercessão amorosa, ela será uma fonte constante de alegria para nós.

3. Em terceiro lugar, Jesus orou pela proteção deles:

Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal (João 17:14-15).

Há um grande empreendimento que Satanás gostaria de realizar: a destruição da fé salvadora, ou seja, arrancar alguém das mãos de Cristo. Você entende isso? Esta é uma batalha sobre quem quer ser soberano e não é. E o que Satanás mais deseja é tragar aqueles que pertencem a Deus.

Ele chegou a desafiar Deus sobre Jó, alegando que se Deus tirasse seus bens e saúde ele blasfemaria o nome do Senhor. Deus permitiu que Satanás exercesse pesadas aflições

a Jó. Mas ele permaneceu temente ao Senhor.

Satanás sempre se depara com uma realidade espiritual proferida por Jesus:

As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que me deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai (João 10:27-29).

As pessoas que ele traga nunca foram ovelhas de Jesus. São falsas ovelhas no rebanho do Bom Pastor.

Satanás tentou destruir a fé de Pedro. E assim Jesus disse a Pedro: “Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo, Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça” (Lucas 22:31-32). Ele queria destruir a fé de Pedro, mas não poderia fazê-lo. E depois do ataque de Satanás, Pedro não só permaneceu firme com animou os outros a fé (Lucas 22:33). Por quê? Porque o Senhor Jesus intercede: “Guarda em teu nome aqueles que me deste” (v.11)

Eles haviam recebido a Palavra, nascido de novo e lavados pela Palavra. Eles pertenciam a Deus. Mas agora os poderes sobrenaturais do inferno ficaram furiosos contra eles, especialmente na ausência de Jesus. Houve um terrível ataque das trevas sobre Pedro enquanto os demais estavam espalhados pelo medo.

Parecia que tudo iria se desintegrar. Mas a intercessão de Jesus por seus discípulos é eficaz. Aqueles homens permaneceram e foram poderosamente usados por Deus para alcançar muitos ao longo dos séculos.

4. E depois há um quarto componente desta intercessão: Ele ora para sua santificação pela Palavra.

Jesus disse: “Não são do mundo, como eu do mundo não sou” (v.16). Há uma bela identificação. Jesus é santo e separado e por isso seus discípulos também são.

“Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade” (v.17). Ele não diz: “Tua Palavra contém verdade”, mas, “A Tua Palavra é a Verdade.” Davi disse: “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti” (Salmos 119:11). A Palavra nos lava e nos guarda do pecado.

Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade (João 17:19).

Em outras palavras:

Se eu não morrer, eles nunca poderão ser santificados pela Palavra, pela verdade. Voluntariamente vou morrer na cruz para que eles possam ser separados para o Senhor, através da verdade.

Em resumo, esta é a oração de Jesus:

Ó Pai, dar-lhes uma santa unidade consistente, separados do mundo. Não os deixe cair. Dar-lhes uma alegria completa no conhecimento do meu amor e seu amor por eles. Dar-lhes completa e permanente proteção contra o maligno. E, finalmente, faz com que eles sejam diferentes por conhecer e viver a Palavra de Deus.

Ele sabia que tudo isso é a vontade de Deus, bem como a promessa de Deus. Ele sabia que tinha que morrer na cruz para torná-las possível. Mas, mesmo assim, Ele ora para que Deus fizesse.

Vemos seu amor por seus discípulos. Esta é uma passagem notável de como o Salvador intercede por nós. Isso não aconteceu apenas um dia no Monte das Oliveiras, há dois mil anos, este mesmo tipo de intercessão está acontecendo agora mesmo por você e por mim, para a nossa santa unidade amorosa, para nossa alegria completa no conhecimento de seu amor, para nossa proteção completa do mal e para a nossa santificação através da Palavra.

Isto nos faz compreender melhor o propósito e o poder divino. É a plenitude desta oração realmente a paixão do seu coração?
Você está buscando uma unidade santa, amorosa? Seu coração transborda de alegria no conhecimento do amor de Deus e de Cristo para você?

Você está se regozijando na proteção implacável que Ele oferece-lhe do mal? E você está aproveitando a armadura fornecida? Você está buscando a Palavra com uma paixão e uma vontade de modo que ela possa produzir uma vida santificada?

Eu não sei sobre você, mas se esses recursos são depositados em meus pés, e como eu não tenho a menor dose de sabedoria, vou persegui-los com toda a minha força, não é? Eu quero a plenitude nesta vida de tudo o que Deus tem para mim. Sim, Ele vai nos trazer tudo para a glória, mas a viagem deve ser uma bênção e não uma correção constante.


Esta série está dividida em 3 partes:

A oração de Jesus em João 17 – Parte 1
A oração de Jesus em João 17 – Parte 2
A oração de Jesus em João 17 – Parte 3


Esta é uma série de sermões traduzidos de John MacArthur sobre todo o Evangelho de João.
Clique aqui e acesse o índice ordenado por capítulo, com links para leitura.


Este texto é uma síntese do sermão “The Most Thrilling Prayer Ever Prayed, Part 2”, de John MacArthur em 03/08/1997.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

http://www.gty.org/resources/sermons/90-160/the-most-thrilling-prayer-ever-prayed-part-2

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


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2 Responses

  1. Rafaella disse:

    Que tremenda verdade! Uma verdade gloriosa!
    Não mereço tão grande salvação!

  2. Suley disse:

    Adorei seu site e seus post.

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