“Espetáculos” de adoração ?!

”Não se esqueça , meu irmão! Adoração é vida, não música! Deus se agrada do que somos diante Dele. Louvemos portanto com nossa vida, não apenas com nossos lábios e nossas canções.”

Tudo absolutamente certo com esta frase. Nada tão bíblico. É uma das frases mais repetidas pelos dirigentes de louvor, ministros de adoração, ministros de música, regentes, etc. Ela volta agora à minha mente após te-la ouvido alguns domingos atrás da boca de um pastor que milita na área de música & adoração.

Tudo muito bom. Mas comecei a me questionar (não só a ele, mas a mim também, pois afinal também milito na mesma área…). Será que nossas atitudes confirmam este conceito?

Se adoração é vida e não música, por que a área de adoração em nossas congregações é sempre coordenada por alguém que saiba música, que cante bem, que toque algum instrumento? Adoração não deveria ser uma prioridade de toda a igreja, e de sua liderança como um todo? Será que esta atitude não afirma o contrário do que falamos? Que adorar é cantar?

Por que ficamos felizes quando a congregação participa, canta alto, se emociona, bate palmas e até dança durante o período de louvor? Por que não estamos ‘muito aí’ em saber se a vida deles anda bem ou anda mal?

Outro dia assisti e participei de uma conversa informal entre músicos, produtores e gente de estúdio. Analisávamos o repertório de um certo CD recém-lançado, dizendo que ‘não deveria vender muito, pois não continha muitas músicas comerciais’. E a conversa seguiu: ‘esse negócio de fazer música com letra complicada, densa, de conteúdo… é legal, mas não paga a conta… melhor mesmo é fazer como os caras da – – – – – -, que escolhem músicas com uma levada legal, e com letras que ninguém discute, tipo, Deus é santo, é tremendo, Te entronizamos, Te louvamos, Te amamos…’

Mas sigo perguntando? Por que fazer música com letra densa, de conteúdo, que ‘incomode’ um pouco não dá popularidade? Por que é melhor fazer música ‘genérica’? Por que ‘o mercado’ prefere músicas de cuja letra sempre se diz: ‘onde que já ouvi isso antes?

Será que as letras que confrontam, as letras que ‘incomodam’, as letras que não são necessariamente ‘transbordantes de conceitos vitoriosos’ não são aquelas que nos lembram que nossa vida é o que importa, não a nossa música? Não são estas as letras que só podem ser cantadas por alguém que entende e vive com o Deus verdadeiro retratado nelas?

Será que as letras ‘genéricas’, as que falam que Deus é legal, que Deus é dez, que Ele é santo, tremendo, altíssimo, etc., não são aquelas que podem ser cantadas por qualquer pessoa, mesmo aquela que pouco ou nada conhece a Deus?

Quando cantamos letras ‘genéricas’ sobre Deus, assemelhamo-nos ao primeiro caso. Falamos Dele mas não do nosso compromisso com Ele. Mas quando cantamos coisas mais densas, de maior conteúdo, retratamos a vida que temos com Ele. Isso nos expõe, nos revela, nos faz sair da trincheira.

Que a música seja ferramenta, não um ídolo. Prestar excessiva atenção à música, a excelência, nos tira o foco da verdadeira adoração.

Que nossas canções falem do que e como vivemos, e que sejam úteis. Que fujam do esquema ‘enredo de escola de samba’, onde o tema é algo histórico, distante, desconhecido; pois nos carnavais vale mais a festa, nem tanto o conteúdo. Que a nossa adoração não seja vendida como um show de fim de semana, mas que pratiquemos a adoração verdadeira, bíblica, todos os dias.

Adoração. Que busquemos e pratiquemos a verdadeira, a bíblica. Não a de entretenimento.

Carlos Síder
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