Amar a obediência

“Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada” (João 14:23)

Nossa tendência é pensar que o princípio da obediência absoluta, a mesma que temos que ter até a morte, é algo que aprendemos aos poucos na escola de Cristo.
Esse é um grande erro e um dos mais nocivos.
Aquilo que vamos aprender gradualmente diz respeito às descobertas mais profundas da verdade, à medida que avançamos na escola da obediência.

“Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais, porque não sois de Deus” (João 8:47).

Como princípio, Cristo requer de nós, desde o início, que façamos um voto de completa obediência.
Uma criança de cinco anos pode ser tão obediente quanto um jovem de dezoito anos.
A diferença entre os dois reside não no princípio, mas na natureza do que se exige deles.

A total obediência de Cristo resultou em sua morte na cruz, mas desde o início da sua vida a obediência foi a mesma.
A obediência de todo o coração não é o final, mas o início da carreira cristã. O final é a qualificação para o serviço de Deus, depois de sermos conformados à sua vontade.

A inteira rendição à sua vontade faz com que o próprio Jesus matricule você em sua escola da obediência.
Um coração rendido a Deus em obediência sem reservas é a condição essencial para progredir na escola de Cristo e para crescer no conhecimento espiritual da vontade de Deus.
A consagração de nada vale se não significa apresentar a si mesmo como um sacrifício vivo para não fazer nada mais senão a vontade de Deus.

“Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando” (João 15:14).

Esta rendição sem reservas para obedecer não somente é a primeira condição para se entrar na escola de Cristo, como também nos qualifica a conhecer a vontade de Deus.
Há uma vontade de Deus comum a todos os seus filhos, mas há aplicações especiais e individuais de sua vontade, que somente o Espírito Santo pode nos ensinar.

“Se alguém quiser fazer a vontade de Deus, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo de mim mesmo” (João 7:17)

E ele só ensinara àquele que está rendido. Essa é a razão de orações sem respostas, quando um coração indisposto pede a Deus que o torne conhecida sua vontade.
Se alguém está verdadeiramente rendido a fazer a vontade de Deus, conhecerá tudo o que Deus tem para lhe ensinar.

Reconheça seu desconhecimento da vontade de Deus e de como é inútil seus próprios esforços para conhecê-la.
A consciência da própria ignorância é o fundamento da verdadeira capacidade de se aprender.
O conhecimento intelectual gera apenas pensamentos humanos destituídos de poder.
O conhecimento provido por Deus penetra no coração e opera eficazmente.

Cultive uma vigorosa fé para conhecer a vontade de Deus no íntimo de seu coração.
Deus concede vida e luz de forma sobrenatural e não por especulações da mente.
Qualquer dúvida sobre Deus fará com que seja impossível uma obediência com alegria.

Por causa das trevas, do engano da carne e da mente carnal, rogue a Deus com insistência por sondagem e por convicção à luz do Espírito Santo.
Traga tudo, sem reservas, ao julgamento da Palavra, para ser esclarecido e orientado pelo Espírito Santo.
Espere em Deus para que Ele o conduza à certeza de que tudo o que você é e faz é agradável na Sua presença.

“E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome” (Filipenses 2:8-9)

Na cruz, Jesus desistiu de sua vida em perfeita dependência do Pai, aguardando que ele o ressuscitasse .
Foi através de sua morte que lhe foi restituída a plenitude da vida e da glória de Deus.
Quando o Espírito Santo revela ao homem, aquilo que Ele possui em Cristo, Ele opera na vida do homem a mesma disposição que moveu Cristo para a cruz.
Deus então opera no homem a mesma disposição de obedecer até a morte, até o completo esmagamento do “eu”.
Assim o homem consegue aprender da mansidão e da humildade de Jesus.

Uma consciência santificada é gerada na obediência à vontade de Deus.
Ela se mostra útil com respeito a tudo que fazemos, seja a mais simples ou complexa.
Esta consciência santificada é o guardião que Deus lhe deu para que você fuja do erro.

“… Vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim” (Gálatas 2:20)

“E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá”. (I Pedro 5:10)

A lei promete vida se obedecermos, a graça concede vida para a obediência.
A lei se ocupa com aquilo que temos que fazer sob a realidade da punição.
A graça aponta para aquilo que não podemos fazer e se oferece a operar por nós.
A lei se apresenta com mandamentos em pedra ou num livro.
A graça se apresenta numa Pessoa viva para fazer em nós e por nós aquilo que é impossível a carne.

“Se me amais, guardai os meus mandamentos” (João 14:15).
“Quem não me ama não guarda as minhas palavras” (João 14:24).

O coração que ama está capacitado a obedecer. A obediência é a amorosa resposta ao amor divino.
Somente o amor pode gerar a obediência que Jesus requer e receber a bênção que Ele dá à obediência.
Jesus guardou os mandamentos do Pai e permaneceu no seu amor, assim também nós permaneceremos em Seu amor, se guardarmos seus mandamentos.

Na força da fé, na certeza da suficiência da graça, aperfeiçoada na fraqueza, entre no amor de Deus, e a vida via obediência se realizará.
A obediência diária a tudo o que Deus requer de você é algo possível. Submeta-se a Ele para que Ele opere isso em você.
Mas lembre-se: Não é na força de suas resoluções e esforços, mas na incessante presença de Cristo e no poder do Espírito de toda a graça que está a sua garantia.
O Cristo obediente que vive plenamente em você, vai assegurar a sua obediência.
Então, a obediência há de ser para você uma vida de amor e alegria na comunhão com Ele.

“Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória. Ao único Deus sábio, Salvador nosso, seja glória e majestade, domínio e poder, agora, e para todo o sempre. Amém.” (Judas 1:24-25)

Sintetizado, com algumas adaptações, de Andrew Murray

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