Provação ou colheita?

De maneira que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus por causa da vossa paciência e fé, e em todas as vossas perseguições e aflições que suportais; Prova clara do justo juízo de Deus, para que sejais havidos por dignos do reino de Deus, pelo qual também padeceis.
II Tessalonicenses 1:4-5

E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.
II Timóteo 3:12

Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.
João 16:33

Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.
Romanos 6:23

Sem dúvida, o evangelho disseminado em nossa geração foge daquele pregado e vivido pelos apóstolos, sendo o maior deles o próprio Jesus.

A vida do cristão é apregoada como uma vida de vitória, não no sentido de permanecer fiel em meio às lutas, mas de não ter lutas.

Assim, ao receber Cristo, o homem tomaria uma espécie de “vacina” que o imunizaria contra qualquer embate em sua vida, na qual não existiria o “dia mal”. Nesse contexto, as orações perdem o caráter de súplicas, sendo verdadeiras “ordens de serviço”.

O alvo desse cristão não é ser purificado e alcançar a estatura de Cristo, mas é viver uma vida cheia de gozo material, é bom que se diga, aqui na terra. E mesmo entre aqueles que buscam de Deus uma vida mais elevada, há os que se decepcionam com o Senhor, tão logo a resposta à sua oração é concedida, pois se esquecem de que a purificação só se faz com o calor do fogo. Na há como Deus tratar com o nosso caráter decaído sem que nos faça sofrer.

O sofrimento em si mesmo, nada pode fazer pelo homem, podendo até deixá-lo pior, amargurado e revoltado. É o descanso gerado pela rendição à vontade do Senhor em meio ao sofrimento que dará liberdade ao oleiro operar a sua obra, quebrando o vaso, amassando-o, modelando-o e tornando-o forte, compacto, através do fogo. Sim, porque o oleiro realiza seu trabalho em várias etapas, mas conclui queimando o vaso no fogo.

Rejeitar a provação é rejeitar a disciplina e, por sua vez, rejeitar a disciplina implica fazer pouco caso da condição de filho. Sabemos que o pai que ama, corrige. Assim, devemos nos entregar sem reservas ao arranjo do Senhor, sabendo que a sua vontade é sempre boa e agradável, embora no presente seja amarga e difícil. Devemos sair da tribulação melhores do que quando entramos nela.

Também é bom lembrar que muito do que chamamos de “provação” ou “obra do diabo”, é, na verdade, o fruto colhido dos nossos atos independentes e pecaminosos. É certo que a dependência ao Senhor conduzirá algumas vezes aos vales de sombra e morte. Todavia, muito do que passamos é mera consequência da nossa independência. Sim, há uma lei em nossa vida que diz que “tudo que o homem semear, isto certamente colherá.”

Muitos passam por crise financeira como consequência do mau uso do dinheiro, gasto para satisfazer o seu consumismo e vaidade. Outros perderam os empregos por terem sido empregados relapsos ou com outros comportamentos que ferem ao padrão que a Bíblia nos ensina.

Quantos estão sofrendo em seus casamentos porque casaram-se sem depender do Senhor, escolhendo os seus cônjuges com base em valores mundanos, não colocando como crivo de sua escolha uma vida piedosa e santa a ser vista no seu futuro cônjuge. Antes, a beleza, a paixão, a conveniência são os motivos que os levaram ao altar.

Outros estão colhendo frutos amargos por suas decisões independentes, não buscando conhecer a vontade de Deus.

Assim, muitas tribulações vêm sobre nós que não têm o caráter da provação que é sofrida mesmo fazendo o bem. A Palavra nos ensina que se sofremos por havermos feito o mal que devemos nos conformar com isso. Na verdade, não deveríamos praticar o mal. Mas a tribulação da parte de Deus á aquela que nos surpreende mesmo tendo uma vida piedosa.

Isso não significa dizer que Deus nos abandonará quando tivermos colhendo o fruto da má semente que semeamos. Também não quer dizer que o Pai não nos ensinará e confortará nesses momentos. Ele é infinitamente amoroso e interessado na nossa santificação. Não impedirá que colhamos frutos amargos que semeamos, mas nos dará conforto, consolo e paz. Para isso devemos reconhecer humildemente os nossos erros, frutos de nossa independência e orgulho, e nos render à sua vontade.

Por certo, nos ensinará e nos receberá em seus braços. E os que assim se humilharam, experimentarão um pouco mais do efeito da cruz em suas vidas e aprenderão também mais o quanto Deus quer a nossa dependência Dele.

A Palavra do Senhor, que veio a Jeremias, dizendo: Levanta-te, e desce à casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras. E desci à casa do oleiro, e eis que ele estava fazendo a sua obra sobre as rodas, como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer. Então veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o SENHOR. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel. (Jeremias 18:1-5) 

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