O chamado do Evangelho

Lucas 18
17 Em verdade vos digo que, qualquer que não receber o reino de Deus como menino, não entrará nele.
18 E perguntou-lhe um dos príncipais, dizendo: Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?
19 Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom, senão um, que é Deus.
20 Sabes os mandamentos: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe.
21 E disse ele: Todas essas coisas tenho observado desde a minha mocidade.
22 E quando Jesus ouviu isto, disse-lhe: Ainda te falta uma coisa; vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu; vem, e segue-me.
23 Mas, ouvindo ele isto, ficou muito triste, porque era muito rico.
24 E, vendo Jesus que ele ficara muito triste, disse: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!
25 Porque é mais fácil entrar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.
26 E os que ouviram isto disseram: Logo quem pode salvar-se?
27 Mas ele respondeu: As coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a Deus.

Jesus foi abordado por um jovem. Uma pessoa com todos os requisitos do bom padrão humano.

  • Ele é moral! Ele é religioso! Ele é devoto! Ele é um líder! Ele é próspero!
  • Ele é respeitado! Ele é influente! Ele ocupava uma posição reservada aos melhores!
  • Ele é governante de uma sinagoga, algo que seria uma conquista de grande nota para um jovem!

Mas um elemento falta em sua vida, segunda suas próprias palavras: A Vida Eterna!

Embora ele fosse cumpridor de todas as obrigações e responsabilidades da religião, estava em todas as cerimônias, rituais e ritos, e fosse um líder moral e espiritual, ele está vazio, completamente vazio. Sabia que não tinha a vida eterna.

Marcos 10
17 E, pondo-se a caminho, correu para ele um homem, o qual se ajoelhou diante dele, e lhe perguntou: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?

De alguma forma ele havia chegado à conclusão de que o caminho para encontrar a vida eterna era conhecido por Jesus. Então ele o procurou. Ele não o procurou como um mero especulador, mas ele se prostrou diante de Jesus, havia nele um reconhecimento de que havia em Jesus uma autoridade divina.

  • Ele acreditava no Deus da Bíblia! Ele acreditava nas escrituras!
  • Ele acreditava no céu! Ele acreditava no juízo eterno e dele queria escapar!
  • Ele acreditava na vida eterna e a queria ter!

Ele está fazendo uma pergunta certa para a pessoa certa! Ele foi à pessoa que deu e dá vida eterna a todos que o verdadeiramente buscou, mas ele saiu sem ela.

Será que, neste caso, Jesus falhou como um evangelista?! Sabemos que isto seria impossível. Então o que aconteceu ali?!

Jesus nunca estava interessado em compromissos superficiais. Logo no início de seu ministério, Ele se deparou com uma multidão de interessados, mas ele sabia que aquele tipo de fé não era suficiente.

João 2
23 E, estando ele em Jerusalém pela páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome.
24 Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia.

Havia alguns discípulos que o seguiam, mas consideraram que Jesus os falava em linguagem tão estranha e exigente, que eles o deixaram e já não andavam com Ele.

João 6
60 Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?
66 Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele.

Jesus tinha um jeito de expulsar os buscadores superficiais. Jesus era muito protetor da verdadeira fé, do arrependimento verdadeiro e do verdadeiro evangelho. Ele fez todo o necessário para eliminar seguidores superficiais ao longo de Seu ministério.

Em relação ao jovem rico, havia uma série de áreas de interesse comum entre ele e Jesus, aparentemente não havia barreiras. Em vez de Jesus encontrar alguns termos aceitáveis para tê-lo como um de seus discípulos, Jesus profere palavras inaceitáveis para aquele jovem, e ele partiu vazio.

Este jovem tinha uma posição melhor que a dos demais fariseus: Enquanto os demais criam que todas suas hipocrisias religiosas lhes dariam a vida eterna, este homem não tinha nenhuma segurança naquilo.

Ele buscou a coisa certa: vida eterna. Veio para aquele que é a Vida Eterna (I Jo 5:20). Ele sabia o que queria. Ele sentiu profunda necessidade.

Ele veio correndo no meio de uma multidão e se ajoelha diante de Jesus. Ele não veio a Jesus pedir conselhos, uma terapia ou algo superficial. Ele queria algo profundo.

Ele sentia uma profunda ausência de Deus em sua vida. Ele sabia que não conhecia a Deus.

  • Ele chama Jesus de “Bom Mestre”. No grego esta palavra é “aghatos”, que expressava que alguém era bom na sua essência.
  • Esta honra os judeus não davam a homem algum. Somente a Deus. Quando se dizia isto, estava se referindo a alguém divino.
  • Ele reconheceu em Jesus uma autoridade divina. Ele sabia que havia algo em Jesus superior aos demais homens.

Mas ele faz a pergunta errada: “O que eu faço?” Fazer algo era a essência da religiosidade hipócrita.

Mateus 19
20 Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda?

Aquele homem fazia parte de um sistema de obras para alcançar algo diante de Deus. Ele dizia cumprir todas suas obrigações religiosas e questiona: “O que ainda me falta?”. Ou seja: “Tem algum mandamento novo?”

E realmente ele pensava que a vida eterna vem pelos feitos, tanto que ele não conseguiu descobrir o que ele não fez. E ele pensava que Jesus deveria saber o que faltava a ele fazer.

Ele percebeu que Jesus tinha uma ligação extraordinária com Deus, demonstrada por seus milagres e ensinamentos. Este jovem teve um começo muito esperançoso do ponto de vista humano. Mas era mais um buscador superficial,

Jesus responde a ele: “Por que me chamas bom?”

Podemos pensar que Jesus recusou ser chamado daquilo que é a sua essência. Algo que poderia parecer uma falsa humildade e uma incoerência.

J
esus era e é Deus. Ele se declarou igual ao Pai. Ele disse: “Quem me vê a mim vê o Pai” (João 14:9) e “Eu sou o bom pastor” (João 10:14).

  • Por que ele recusaria ser chamado por algo que era a essência divina? Não! Ele não recusou ser chamado de bom.
  • Mas então por que Jesus disse isto àquele jovem? Ele estava apenas confrontando a religiosidade daquele homem.

Se aquele chefe da sinagoga chamou Jesus de bom, ele estava reconhecendo em Jesus uma autoridade sobrenatural, que procede somente de Deus. Em outras palavras, Jesus disse:

Se eu sou de Deus, você está preparado para ouvir, através de mim o caminho de Deus para a vida eterna? Se você for realmente honesto em chamar-me bom, então você deve obedecer o que eu digo, por ter confessado a si mesmo que eu venho com a autoridade de Deus.

E Jesus disse: “Se queres entrar na vida, observa os mandamentos” (Mt. 19:17). Será que Jesus estava concordando em uma salvação pelas obras?

Mas Jesus quis dizer, em outras palavras: “Bem, você aprendeu que para entrar na vida, deve confiar na prática de boas obras”. Jesus sabia que esta era a estrutura religiosa daquele jovem.


O jovem responde: “Todas essas coisas que eu tenho observado desde a minha juventude.”
Jesus implicitamente diz: “Então, por que não tens a vida eterna?”. A abordagem de Jesus é um duro golpe para a estrutura religiosa daquele jovem.

Este jovem não conseguia entender, pela lei, seu próprio pecado. Ele não se considerava um pecador, mesmo estando diante do Filho de Deus.

Certamente era um homem de boa reputação, e isto o fazia crer em sua própria justiça. Ele foi veemente: “Tenho guardado tudo… desde que eu era um menino”. Ou seja… “sou um justo!” Mas não havia nele a vida de Deus. E ele sabia disto.

  • Ele tinha visto a lei como um meio para a sua auto elevação.
  • Ele tinha visto a lei como um meio para se sentir bem consigo mesmo.
  • Ele certamente não amava ao Senhor com todo seu coração, alma, mente e força.
  • Ele não tinha uma verdadeira compreensão do seu próprio pecado.
  • Ele não tinha conseguido ver a verdadeira finalidade da lei que era revelar o seu pecado e mostrar seu estado de sujeira.

Ele dizia crer nas escrituras, mas não entendia que “todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam” (Is 64:6).

Aquele jovem fazia parte de uma estrutura religiosa cega, que não entendia que a lei não pode justificar o homem e que a lei apenas prova a incapacidade do homem em agradar a Deus. Algo que o apóstolo Paulo entendeu:

Filipenses 3
5 Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu;
6 Segundo o zelo, perseguidor da igreja, segundo a justiça que há na lei, irrepreensível.
7 Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo.
8 E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo,
9 E seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé;
10 Para conhecê-lo, e à virtude da sua ressurreição, e à comunicação de suas aflições, sendo feito conforme à sua morte;
11 Para ver se de alguma maneira posso chegar à ressurreição dentre os mortos.

E se alguém pensa que foi vivificado por suas obras, então este não está em posição de tomar qualquer passo para entrar no Reino de Deus, não importa o quanto ele deseje a vida eterna.

Sabendo disto, Jesus diz a ele: “Ainda te falta uma coisa!”

Ele sabia que toda a sua paixão, desejo, toda a sua ansiedade e todo o vazio de seu coração, eram meramente desejos humanos de uma espécie de necessidade de satisfação.

Ali não havia alguém disposto a compreender a verdadeira justiça e humilhar-se diante de Deus por causa de seus pecados.
Jesus diz algo que golpeia aquele jovem: “Venda tudo o que você possui, distribuí-lo aos pobres, você terá um tesouro no céu, vem e segue-me”.

Em outras palavras: “Se você sabe que eu tenho autoridade divina, tem que submeter completamente a mim e abandonar todas as prioridades terrenas”.

Ou seja: “Você quer a vida eterna? Você deve obedecer-me e aqui está a minha primeira ordem … depois desta haverá muitos mais, implícita em ‘siga-me’, mas minha primeira ordem é para se desligar de tudo o que importa para você.”

Mateus 13
45 O reino dos céus é semelhante ao homem, negociante, que busca boas pérolas;
46 E, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a.

O que poderia acontecer com aquele jovem rico se ele obedecesse a Jesus?

  • Ele perderia toda a riqueza que tinha. E era muito. Esta riqueza lhe dava prestígio social e religioso.
  • Ele perderia o respeito de sua família. Certamente ele seria deserdado e odiado por seus próprios familiares.
  • A prosperidade material era, para a religião, um sinal que alguém era abençoado. Aquele homem perderia toda sua reputação.

Jesus havia dito antes: “Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo” (Luc 14:33). Jesus estava dizendo isso ao jovem rico: “Você está disposto a abandonar tudo?”

Jesus estava dizendo que a salvação é reservada para aqueles que reconhecem seus pecados e incapacidade, decidem por um total abandono de tudo e completa submissão a Ele.

Mas aquele jovem decidiu manter a sua moralidade terrestre, realizada através da lei, como uma forma de tentar agradar a Deus, manteve a sua riqueza, se agarrou a seus relacionamentos e foi embora sem vida eterna. Ele não estava disposto a amar o Senhor com todo o seu coração, alma, mente e força.

O versículo 23 de Lucas 18 nos diz: “Quando ele ouviu isso, ficou muito triste, porque ela era muito rico.”
Ele era quem ele era por causa do que ele possuía. Ele era quem ele era por causa de suas relações.

E assim, Jesus olhou para ele e disse, versículo 24, “Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!”

A prosperidade é uma sedução, não é? E então Jesus fez esta declaração surpreendente: “É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus.”

É fácil um camelo passar por um buraco de uma agulha? Isso é impossível.
Para as pessoas que o ouviram, questionaram: “Quem pode ser salvo?” Ele disse: “As coisas impossíveis aos homens são possíveis a Deus.”

  • O que você está procurando quando você faz o evangelismo?
  • Você deseja alcançar apenas um coração que, de fato, busca a Deus?
  • Ou você costuma persuadir pessoas a quem Deus não está chamando?
  • E para isto cria uma atmosfera que encanta o homem sem que ele esteja quebrantado pelo Senhor?

E você sabe o que é um verdadeiro buscador?

  • Um verdadeiro buscador vem sob o poder de convencimento do Espírito Santo.
  • Um verdadeiro buscador tem sido quebrantado e contrito de coração e ao ser medido pela lei de Deus se considera culpado diante de Deus.
  • Um verdadeiro buscador sabe que não há nenhuma maneira de ganhar a salvação pelas obras. Ele sabe que é um perdido.
  • E um verdadeiro buscador é tão desesperado pela vida eterna como é disposto a abandonar tudo nesta vida e submeter-se ao senhorio de Jesus Cristo.

Esses são os testes que separam o candidato falso do verdadeiro buscador. O verdadeiro buscador pode ser salvo porque só Deus produz esse tipo de arrependimento e submissão. O falso candidato não pode ser salvo, pois está vindo a partir de si próprio.

João 6
44 Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.


Esta palavra é uma pequena síntese do sermão “The Impossibility of Salvation”, pregado por John MacArthur em 21/01/2007.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

http://www.gty.org/resources/sermons/42-233/The-Impossibility-of-Salvation-Part-2

Tradução e síntese feitas pelo Site Rei Eterno


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