A vida: morte diária na cruz

O trono do Universo é uma Cruz. Mediante o Calvário Deus está a dizer-nos “Este é o trono do universo, não somente para Cristo; é o único caminho do poder, da autoridade e do governo para todos.”

Satanás desafiou este princípio e perdeu. Em todas as circunstâncias da vida e prática diárias, Deus esta dando a cada um de nós a escolha de atuar com base neste princípio em preparação para o governo eterno ou, descer da cruz com o fim de salvar o eu, perdendo dessa maneira a coroa. As únicas pessoas que têm verdadeira autoridade sobre Satanás são as que decidem permanecer na cruz, permitindo que ela as liberte de toda a busca, serviço e promoção do ego.

Várias vezes na vida e ministério de nosso Senhor, Satanás ofereceu-lhe um caminho fácil para a supremacia, ou para o poder, sem a cruz. Desceria ele? Aceitaria ele o desafio de salvar-se? Recusaria ele, finalmente, a cruz? Mas tantas vezes quantas foram as ofertas, foram também as recusas. Jesus, deliberadamente, escolheu a cruz. A tentação e a oportunidade de escapar da cruz foram uma constante em sua carreira. Mas ele permaneceu resoluto em sua missão e finalmente precipitou sua própria morte.

Lembrai-vos, amados, de que não há um caminho para Jesus e outro para nós. Ensinar que há dois caminhos é uma fraude satânica. 

Quando nos consagramos de corpo e alma a ser santificados, purificados da mente carnal e cheios do Espírito, concordamos em que nosso “velho homem”, que foi judicialmente crucificado com Cristo, será real e praticamente pregado na cruz. Quando Deus vê que temos intenções sérias, que o consentimento da vontade é autêntico e para valer, ele aceita o sacrifício. Então tem início a batalha.

Aquilo que fazemos teoricamente tem de ser executado de modo prático em todas as intermináveis variedades da vida diária, da conduta e da experiência cristã. Havendo nós concordado em que nosso “velho homem” será real e praticamente cravado na cruz, de imediato Satanás solta um grito de protesto, e começa a condoer-se de toda a vida da natureza e do ego, assim como Pedro compadeceu-se de Jesus, quando disse: “Senhor, isso de modo algum te acontecerá.” E a menos que tenhamos muito cuidado, aceitaremos as sugestões, concordaremos com Satanás que nossa carne não deve morrer, que somos bons demais para a cruz, que em nosso caso a cruz é um erro.

A condolência é um sentimento muito sutil, e embora seja, com freqüência, um traço da semelhança de Cristo, pode também ser um traço da carne. Jesus recusou a simpatia de Pedro, dizendo que ela era da carne e não de Deus. Ele sabia que seu trono era uma cruz e não se deixaria desviar. É preciso que tenhamos cuidado ao compadecermo-nos de alguém, quando Deus o está disciplinando, quando ele está permitindo que a cruz opere nessa vida. Podemos estar tomando o partido dela contra Deus. Por meio da simpatia podemos, em verdade, atrair a pessoa para nós mesmos, afastando-a de Deus.

Satanás sempre fará todo o possível para evitar que a pessoa vá à cruz em plena consagração para a morte do ego. Uma vez que a pessoa faz a rendição inicial permitindo que a cruz aniquile sua “velha natureza” carnal, Satanás fará todo o possível para que ela desça da cruz, como ele tentou Jesus a fazê-lo. Ele pode contar com algum Pedro ou seu irmão para dizer: “Isso de modo algum te acontecerá.” Oswald Chambers diz que “nenhum santo deveria interferir no modo como Deus disciplina a outro santo”. Ele chama a esse gesto de “providência de amador”.

A fim de entrarmos na vida do Espírito, é preciso estarmos bastante desgostosos com esta velha vida do ego ao ponto de morte. Há um antigo hino de consagração sobre cujas asas muitos que buscam, outrora, foram transportados à plenitude da bênção. A Igreja quase se esqueceu dele e o perdeu:

O Deus, meu coração anseia por ti;
Deixa-me morrer, deixa-me morrer; agora põe minha alma em liberdade;
Deixa-me morrer para todas as coisas insignificantes da vida,
Que agora me são de pouco valor, meu Salvador chama, eu vou;
Deixa-me morrer.
Senhor devo morrer para os escárnios e zombarias;
Deixa-me morrer, deixa-me morrer; devo ser libertado dos temores servis;
Deixa-me morrer. Para o mundo e seus aplausos,
Para todos os seus hábitos, modas, leis,
Daqueles que odeiam a cruz humilhante, deixa-me morrer.
Quando eu estiver morto, então, Senhor, para ti Viverei, viverei.
Minha vida, minha força, tudo o que é meu a ti darei, darei.
Tão morto que nenhum desejo surgirá
De passar por bom, ou grande, ou sábio aos olhos de ninguém senão aos de meu Salvador;
Deixa-me morrer, deixa-me morrer.

Extraído de: “Seu destino é a cruz”. Paul E. Billheimer. Editora Vida

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