Coragem e Confiança

O alto custo da covardia

O povo de Deus não deve entrar em colapso ou transigir em face do medo e da intimidação que dominam o mundo. A covardia é contrária à vida cristã autêntica. Os cristãos devem encontrar coragem e confiança na verdade da Palavra de Deus.

Quando você pensa em cristãos corajosos, sua mente provavelmente se volta para os heróis da história da igreja. Você pensa nos homens e mulheres que suportaram prisão, tortura e até o martírio por causa de sua fé. Existem muitos lugares no mundo onde os crentes continuam a enfrentar tais ameaças no dia a dia.

Mas esse não é o contexto em que a maioria dos cristãos modernos vive. Como é o Cristianismo corajoso em nossa vida cotidiana? Estamos cercados de questões “polêmicas” e devemos responder biblicamente a cada uma delas, sem qualquer receio, sem nos refugiarmos na ambiguidade, no silêncio ou em outros comportamentos covardes.

Porque Deus considera a covardia espiritual um pecado de condenação, é que a porção dos covardes, incrédulos e abomináveis é o lago que arde com fogo e enxofre (Apoc. 21:8).

Os covardes não têm perseverança (cf. Mateus 24:13; Marcos 8:35). Eles recuam quando sua fé é desafiada ou contestada, porque sua fé não é genuína. Estes são os que “recuam para a destruição” (Hebreus 10:39). Jesus descreveu tais pessoas na parábola dos solos:

O que foi semeado em pedregais é o que ouve a palavra e logo a recebe com alegria; mas não tem raiz em si mesmo; antes, é de pouca duração; e, chegada a angústia e a perseguição por causa da palavra, logo a abandona. (Mateus 13:20,21).

Biblicamente falando, “os covardes” são crentes apenas professos, ou nominais, que ficam tão dominados pelo medo e pela timidez em uma dada situação que se equivocam quanto à verdade, ou a negam totalmente.

Os covardes espirituais se rendem à pressão do mundo, temerosos do que uma vida inflexível de defender Cristo e Seu evangelho possa lhes custar. E em uma sociedade que é impulsionada pelos ventos sempre mutantes do politicamente correto, todos nós entendemos o preço potencialmente alto do não-conformismo.

Para os seguidores de Cristo, a questão não é se, mas quando seremos rejeitados por defender a verdade (João 15:18). Tal tratamento é uma resposta natural e esperada a uma mensagem que o mundo incrédulo não quer ouvir (João 3:19). E, no entanto, não devemos desanimar. Na verdade, devemos nos regozijar (Lucas 6:22), sabendo que servimos a um Salvador corajoso que, pelo poder de Seu Espírito, nos equipou para viver com coragem também (Salmo 31:24; 2 Timóteo 1: 7).

O povo de Deus não deve entrar em colapso ou transigir em face do medo e da intimidação que dominam o mundo. Isso é um lembrete oportuno de que a covardia é contrária à vida cristã autêntica e que os cristãos devem encontrar coragem e confiança na verdade da Palavra de Deus.

Tome coragem!

As Escrituras deixam claro que os crentes verdadeiros são divinamente equipados por Cristo para vencer as ameaças deste mundo (1 João 5: 4-5). Isso significa que não precisamos ceder à pressão crescente para nos conformarmos com os valores distorcidos do mundo, com as normas sociais pecaminosas e a moralidade em constante mudança. Não podemos concordar com um mundo determinado a marginalizar a igreja e silenciar a proclamação do evangelho.

Ao mesmo tempo, não devemos cometer o erro de pensarmos que somos incapazes de ceder a tal pressão. Precisamos lembrar que nenhum de nós é imune a concessões momentâneas e não devemos ser rápidos em julgar os outros que tropeçam e caem. Charles Spurgeon disse:

Não julgue um homem por nenhuma palavra isolada ou ato solitário, pois se o fizer, certamente cometerá um equívoco. Os covardes podem ser ocasionalmente corajosos, e os homens mais corajosos às vezes são covardes.

Conhecendo a fraqueza de nossa carne e as pressões onipresentes da cultura descrente, devemos nos comprometer ainda mais em sermos cristãos corajosos. Precisamos enfrentar com ousadia o estado pecaminoso do mundo e as consequências eternas que sua rebelião exige.

Os cristãos têm o direito de repudiar o pecado e de declarar sem equívocos que o pecado é uma ofensa ao nosso santo Deus. Isso inclui qualquer pecado que nossa cultura corrupta diz que devemos aceitar. Precisamos lembrar que em toda a Escritura o povo de Deus é chamado a agir com coragem.

Salmos 27
1 O Senhor é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo? O Senhor é a fortaleza da minha vida; a quem temerei?
2 Quando malfeitores me sobrevêm para me destruir, meus opressores e inimigos, eles é que tropeçam e caem.
3 Ainda que um exército se acampe contra mim, não se atemorizará o meu coração; e, se estourar contra mim a guerra, ainda assim terei confiança.

I Crônicas 28
20 Disse Davi a Salomão, seu filho: Sê forte e corajoso e faze a obra; não temas, nem te desanimes, porque o Senhor Deus, meu Deus, há de ser contigo; não te deixará, nem te desamparará, até que acabes todas as obras para o serviço da Casa do Senhor.

Efésios 6
10 Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder.
11 Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo;

I Coríntios 16
13 Sede vigilantes, permanecei firmes na fé, portai-vos varonilmente, fortalecei-vos.

Salmos 56
3 Em me vindo o temor, hei de confiar em ti.
4 Em Deus, cuja palavra eu exalto, neste Deus ponho a minha confiança e nada temerei. Que me pode fazer um mortal?

Salmos 31
24 Sede fortes, e revigore-se o vosso coração, vós todos que esperais no Senhor.

Por outro lado, agir covardemente é andar de uma maneira totalmente contrária à promessa divina de que “Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio (2 Tim. 1: 7).

Em última análise, a chave para ser um cristão corajoso, que não se conforma com o mundo, resume-se nas palavras do puritano William Gurnall:

Tememos muito o homem porque tememos muito pouco a Deus. Um medo cura outro. Quando o terror do homem o assusta, volte seus pensamentos para meditar na ira de Deus.

Como seguidores de Jesus Cristo, que em nome de pecadores indignos como você e eu corajosamente suportou a vergonha de uma morte humilhante na cruz “pela alegria que lhe estava proposta” (Heb. 12: 2), façamos o mesmo pela alegria colocada diante de nós (1 Ped. 4:13).

O povo de Deus não deve entrar em colapso ou transigir em face do medo e da intimidação que dominam o mundo. A covardia é contrária à vida cristã autêntica. Os cristãos devem encontrar coragem e confiança na verdade da Palavra de Deus.

Poucas coisas hoje são tão valiosas quanto palavras cuidadosamente escolhidas. Em um ambiente onde os críticos e oponentes procuram desculpas para ofender, o discurso ousado e a linguagem clara são cada vez mais raros.

O povo de Deus não está imune a essa tendência de inofensividade forçada. Todos nós já sentimos a pontada familiar de pressão social para ficar em silêncio quando devemos falar, dizer a verdade que vai direto ao centro da questão. Não podemos falhar em sermos comunicadores claros e corajosos da Palavra de Deus. Por isso Paulo diz para agirmos varonilmente (I Cor. 16:13), ou seja, com força e coragem.

Quando você estiver levando a verdade, revista-se de uma boa medida de coragem. Não se trata de uma coragem emocional psicológica, mas uma coragem que procede de duas coisas:

1. Absoluta confiança da autoridade da Palavra de Deus. A plena convicção de que estamos sendo apenas canais da verdade de Deus.

2. Absoluta confiança no propósito soberano de Deus. Não é nosso trabalho mudar as mentes e o corações dos homens, mas essa é uma obra de Deus através da nossa proclamação da verdade.

Esses pensamentos devem produzir em nós muita coragem e confiança, resultado da convicção de que cada Escritura vem de Deus, portanto é revestida de autoridade suprema e verdade, com plena capacidade de transformar vidas. Assim teremos a intrepidez, ousadia, coragem e confiança necessárias, pois sabemos que é Deus quem vai realizar a obra através de nós.

Fomos chamados para pregar um evangelho que o mundo rejeita e odeia. Como podemos cultivar a coragem de que precisamos para proclamar fielmente a verdade? Como podemos nos proteger contra as pressões da sociedade para ficarmos em silêncio?

É um mandamento bíblico que proclamemos a verdade em todo o tempo, sem cessar. A verdade divina conforta, instrui, confronta e convence, mas também tem o poder de expor o erro, o que a torna ofensiva ao mundo. Não podemos temer que o mundo se ofenda com a verdade, pois o mundo ofende a Deus o tempo todo.

Os cristãos não podem ter medo de ofender o mundo com a verdade. Mas não confunda isso como um argumento para sermos rudes ou arrogantes. Não é a obra do evangelho que você está fazendo se está procurando uma briga.

Em vez disso, precisamos cultivar uma visão elevada das Escrituras e tirar nossa ousadia de nossa convicção de que somente a verdade de Deus pode resgatar pecadores e salvar suas almas. A confiança na Palavra de Deus é a chave para um Cristianismo corajoso.


Texto escrito por Jeremiah Johnsone e John MacAthur, em 28/08/2020.
Texto original: “Courage and Confidence”. Disponível em https://www.gty.org/library/blogseries/BS218
Traduzido e sintetizado pelo Site Rei Eterno


 

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