Como Ouvir o Senhor
Continuamos agora nossa trilha em Marcos, capítulo 4. Vamos olhar para os versículos de 21 a 34. Pouco antes desta passagem, nosso Senhor havia falado a parábola do solo. Ele tinha distinguido dois tipos de solo.
- Os tipos de solo que não produzem nada: o solo duro, o rochoso e o espinhoso ou com ervas daninhas. Referem-se aos que ouvem a verdade do Evangelho e a recusam.
- O tipo de solo que produz frutos: trinta, sessenta e cem vezes mais, em termos de fecundidade.
E então, Ele passou a dizer que a diferença entre os solos que nada produzem e os solos que são produtivos é ouvir a verdade, no sentido de crer nela e obedecê-la. Isso é o que diferencia os filhos de Deus dos demais homens.
Portanto, podemos resumir dizendo o seguinte:
- O maior dom da graça para nós foi a salvação. Mas, nada saberíamos sobre essa salvação, se não fosse pelas Escrituras.
- Então, na realidade, o maior dom da graça é a revelação divina. Nada é mais importante do que a verdade divina. Você tem que ter a verdade para ser salvo, santificado, ter a esperança da glória e ser instruído na justiça.
- O maior bem que temos é a Palavra de Deus. Ela é a revelação divina.
- Ao lado disso, a característica distintiva dos verdadeiros cristãos é que eles ouvem, creem, amam e obedecem a Palavra de Deus. Isso é o que distingue um cristão, e não algum ato passado, alguma oração ou frequência à igreja.
O que distingue um verdadeiro crente é a capacidade de ouvir, entender, crer e responder à verdade divina com obediência. Ela encontra um lugar em seu coração.
Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo. (I Cor. 2: 14-16)
Portanto, a marca distintiva dos verdadeiros cristãos é que eles ouvem e creem na verdade. E nosso Senhor deixa isso bem claro em muitas passagens. Por exemplo, no Evangelho de João, Ele disse:
João 10
14 Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim,
26 Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas.
27 As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem.
28 Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão.
Nos versos 4 e 5, Jesus diz:
… Elas [as ovelhas] o seguem, porque lhe reconhecem a voz; mas de modo nenhum seguirão o estranho; antes, fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.
Os verdadeiros crentes nunca são levados por falsos mestres. Eles conhecem a voz de seu próprio mestre.
Esse é realmente o tema da parábola dos solos.
- Existe o tipo de solo que representa os que não ouvem (no sentido de não terem fé).
- O solo rochoso representa os que têm uma resposta emocional;
- O solo com ervas daninhas figura aqueles que têm uma resposta inicial, mas no final, a semelhança do solo rochoso, se mostra superficial, raso e não frutífero.
- Mas, então, existe o solo bom, que representa os que ouvem a Palavra, abraçam-na e se tornam frutíferos.
A propósito, a parábola está falando sobre cristãos frutíferos, que dão muito fruto, em um sentido evangelístico. Não se trata do fruto do Espírito, embora isso também seja verdade na vida dos cristãos verdadeiros.
Os que são o bom solo, são parte integrante da expansão do reino. Todos os crentes, basicamente, de acordo com Efésios 2:10, foram ordenados para as boas obras. E está incluso nessas boas obras o impacto que desempenhamos na vida das pessoas através da proclamação do evangelho.
Todos nós temos um papel a desempenhar, e o desempenhamos coletivamente e não apenas individualmente. Embora haja momentos em que Deus usa alguém em um tipo de esforço solitário para trazer alguém a Cristo, geralmente é o resultado de muitas pessoas dando testemunho durante um período, ou vivendo uma vida piedosa, que expande o alcance do Evangelho.
Mas, a marca distintiva de crentes frutíferos, que são usados para trazer outros a Cristo, é que eles ouvem a Palavra de Deus. Em Marcos 4: 9 e 23, Jesus diz: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. Esse é um elemento distintivo. Poucos têm ouvidos para ouvir, entender, crer, amar e obedecer a verdade divina. Porém, os verdadeiros crentes fazem tudo isso.
Então, é como se Ele estivesse dizendo: “Tudo bem, agora vou falar com os verdadeiros crentes.” E o que os distingue? Eles têm ouvidos para ouvir. O que aconteceu na sua salvação foi que o Senhor abriu seus ouvidos espirituais. E, de repente, a Palavra de Deus assumiu um novo significado, e você começou a ter fome e a ansiar por ela.
Então, se você está entre aqueles que podem ouvir, nosso Senhor diz: “Ouça!”. Marcos 4:10 diz que Jesus estava ali tratando apenas com seus seguidores. No verso 24, Jesus diz: “Atentai no que ouvis”. No sentido do original grego, Ele estava falando sobre compreender e considerar a verdade. Ele quis dizer: “Perceba a Palavra de Deus com atenção e cuidado”.
Esse é o coração e a alma desta passagem. Então, em torno disso, o Senhor tem algumas coisas a dizer e quer que as entendamos. Estamos prestes a ser instruídos sobre como devemos ouvir.
Você teve o privilégio de receber a revelação de Deus, a verdade divina. Para você, foram dados os mistérios do reino de Deus, e o que está oculto do mundo, o que o mundo nunca entenderá, você compreende perfeitamente. Esse é um imenso privilégio, e você deve ouvir com verdadeira compreensão.
Como podemos ser bons ouvintes? Como devemos ouvir a Palavra de Deus? Particularmente, a Palavra de Deus nesse contexto é uma instrução sobre nossas vidas como testemunhas. Esse é o objetivo principal de nossas vidas.
Então, como devemos ouvir o Senhor para tirar o máximo proveito de nosso chamado e comissão? Aqui estão quatro características de como ouvir o Senhor e a Sua Palavra: com obediência, afeição, dependência e confiança.
Em primeiro lugar, devemos ouvir obedientemente
Devemos aplicar a verdade em nossas vidas, ou seja, responder obedientemente a ela.
Marcos 4
21 Também lhes disse: Vem, porventura, a candeia para ser posta debaixo do alqueire ou da cama? Não vem, antes, para ser colocada no velador?
22 Pois nada está oculto, senão para ser manifesto; e nada se faz escondido, senão para ser revelado.
Em outras palavras, o que nosso Senhor está dizendo é que se você for a luz, você deve deixá-la brilhar. Se você recebeu a semente, você deve semeá-la. Isso é parte integrante de brilhar a luz. Se temos a luz e a verdade, é nossa responsabilidade bíblica resplandecê-las para o mundo.
- A candeia era uma pequena vasilha de barro com um bico para segurar um pavio, contendo alguns gramas de óleo que servia como combustível.
- Alqueire era uma vasilha usada para medir quantidade de grãos e outros produtos secos.
- O velador, nas casas mais pobres, era uma prateleira presa à parede. Em casas mais abastadas, eram pedestais ornamentados. Era o único meio de luz, como se fossem as lâmpadas hoje.
E a candeia servia para iluminar. Ninguém pegava uma candeia e colocava um alqueire em cima dela ou a colocaria embaixo de uma cama. Isso não faria sentido. A luz deve brilhar. E assim, a implicação é que se você recebeu a luz, você precisa deixá-la resplandecer. Você precisa colocá-la no velador, ou seja, em evidência na sua vida.
Os discípulos conheciam o Velho Testamento, conheciam textos como o Salmos 119:105, que diz: “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos”. Eles sabiam que Jesus estava falando da verdade de Deus. Temos a ordem de deixar a luz do evangelho brilhar intensamente através de nós. Paulo escreveu:
II Coríntios 4
5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus.
6 Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo.
7 Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós.
Portanto, inerente ao recebimento da verdade divina é o reflexo dessa verdade divina. Essa é a grande comissão dos santos, como Jesus falou em Mateus 28: 18-20, Atos 1:8 etc. Jesus disse: “brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5:36). Recebemos a luz para que ela resplandeça para os outros.
Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz (Efésios 5:8)
Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; (1 Pedro 2:9)
A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz. (Romanos 13:12)
No início do seu ministério na Galileia, Jesus ia a todos os lugares e pregava o evangelho. Os discípulos creram e O seguiram. Em Marcos 4:11, Jesus disse que o evangelho só é revelado àqueles que creem, ficando oculto aos demais.
Em Marcos 3:22, muitos O declararam como possuído por Satanás. Eles deram seu veredicto final e rejeitaram Jesus. E em um ato de julgamento divino, Jesus os exclui de qualquer verdade posterior. Jesus disse:
Marcos 3
10 Quando ele ficou sozinho, os doze e os outros que estavam ao seu redor lhe fizeram perguntas acerca das parábolas.
11 Ele lhes disse: “A vocês foi dado o mistério do Reino de Deus, mas aos que estão fora tudo é dito por parábolas,
12 a fim de que, ainda que vejam, não percebam, ainda que ouçam, não entendam; de outro modo, poderiam converter-se e ser perdoados.
Foi uma mudança de rumo. Em relação aos discípulos, Ele falava explicando as parábolas. Quando a multidão se reunia, Ele falava em parábolas, sem explicação. De agora em diante, em Seu ministério na Galileia, Ele não explicaria nada, porque eles tomaram sua decisão final. O julgamento de nosso Senhor, então, foi reter a luz daquela geração de judeus na Galileia que O rejeitou e estava fora de qualquer esperança.
Os discípulos e apóstolos poderiam questionar: “Bem, espere um minuto. Esse é o novo plano? O plano final é que o Senhor dará a verdade apenas para este grupo minúsculo, e isso é o mais longe que o reino de Deus irá? E então, apenas pronunciaremos o julgamento sobre os demais?”.
Não à toa, certa vez, quando um povoado samaritano recusou a entrada de Jesus, Tiago e João perguntaram a Jesus: “Senhor, queres que façamos cair fogo do céu para destruí-los?” (Lucas 9:54). Jesus respondeu: “Vocês não sabem de que espécie de espírito são, pois o Filho do homem não veio para destruir a vida dos homens, mas para salvá-los” (Lucas 9:55). O verso seguinte diz simplesmente que Jesus se deslocou para outro povoado.
Então, esta era a questão que estava em suas mentes: eles deveriam proferir julgamentos e ocultar a verdade ou deveriam pregar o evangelho do Reino de Deus? E então, como resposta, o Senhor passa a lhes dar a grande comissão. A luz deve resplandecer, não pode ser escondida. E eles ainda não estavam prontos para isso, porque ainda não tinham sido treinados.
Mais adiante, em Marcos 6, Jesus os enviou de dois em dois para anunciar o evangelho. Foi uma missão de curto prazo. Não foi a comissão final, que veio após a cruz e a ressurreição, quando eles recebem a mensagem completa. Até então, eles pregavam o arrependimento para entrar no reino e Cristo, o Messias, mas ainda não podiam pregar a cruz e a ressurreição. Eles não estavam totalmente prontos.
Então, o ponto é este, o plano é que a luz brilhará, a semente será semeada. Naquele momento, um julgamento foi proferido sobre as pessoas na Galileia que tomaram sua decisão final. Mas alguns capítulos depois, há outras pessoas em outros lugares, até mesmo na Galileia, bem como mais tarde na Judéia, a quem eles deveriam ir anunciar.
Jesus lhes dá a oportunidade de experimentarem a rejeição por causa da mensagem do evangelho. Marcos 6:12 diz que “Eles saíram e pregaram ao povo que se arrependesse”. No verso 11, Jesus diz: “se algum povoado não os receber nem os ouvir, sacudam a poeira dos seus pés quando saírem de lá, como testemunho contra eles”.
Agora, isso está de acordo com a intenção divina. Em Marcos 3:22, na próxima pequena parábola, Jesus diz: “não há nada oculto, senão para ser revelado, e nada escondido senão para ser trazido à luz”. Esse é um conceito simples e pequeno. As pessoas escondem as coisas porque há um determinado momento em que elas precisam ser reveladas.
O propósito de manter alguma coisa oculta é que ela um dia seja revelada. O ensino de Jesus nunca teve o propósito de ficar restrito a um pequeno círculo de seguidores. Era responsabilidade dos discípulos comunicar o evangelho do Reino ao mundo todo.
E essa plenitude da comissão veio após a cruz e a ressurreição. Antes de Sua subida aos céus, Jesus disse: “recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (Atos 1:8). A luz deve estar brilhando, não escondida. A semente deve ser semeada, não armazenada. Então, ouvimos obedientemente.
Em segundo lugar, ouvimos com apreço, com afeição.
Ouvimos com apreço, por causa da oportunidade individual envolvida. Veja os versículos 24 e 25.
Marcos 4
24 Então, lhes disse: Atentai no que ouvis. Com a medida com que tiverdes medido vos medirão também, e ainda se vos acrescentará.
25 Pois ao que tem se lhe dará; e, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.
Os resultados espirituais que os discípulos perceberam deveriam estar baseados na quantidade de esforço empregado: eles colheriam aquilo que haviam plantado. Aquele que aprendeu a verdade espiritual e a aplicou diligentemente receberá ainda mais verdade para ser fielmente aplicada. No trono do juízo não haverá oportunidade de aceitar a verdade anteriormente rejeitada.
Quando Jesus disse: “com a medida com que tiverdes medido vos medirão também”, ele está fazendo uma analogia agrícola. Tudo tem a ver com a parábola dos solos que Ele falou nos versos 3 a 23. E na parábola dos solos Jesus disse: “Não entendeis esta parábola e como compreendereis todas as parábolas?” (Marcos 4:13).
Mas Jesus explicou o sentido da parábola dos solos e, assim, todo o resto ficou claro. É por isso que Ele explica as demais parábolas em Marcos 4. Eles não precisam de uma explicação depois que entenderam a parábola dos solos, tudo se ajusta.
Mas observe, novamente, o tipo de imagem de semeadura e colheita: “com a medida com que tiverdes medido vos medirão também”. Deus lhe dará um retorno sobre o que você semear. É a lei da semeadura: “aquilo que o homem semear, isso também ceifará (Gálatas 6:7). A colheita é proporcional à semeadura.
A promessa é que o Senhor abençoará a semente que você plantar. O Senhor retornará para você a bênção. Não significa que toda a semente que você semear trará a salvação, mas que se você for um fiel semeador, haverá uma recompensa.
Em Lucas 6:38 diz: “dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também”. Mateus 13:12 diz: “Pois ao que tem se lhe dará, e terá em abundância…”. Trata-se de bênção divina. Ao proclamar a verdade, você receberá mais verdade, graça, poder, alegria, satisfação, realização, mais abundante e recompensa eterna.
E então, o contraste: “ao que não tem, até o que tem lhe será tirado” (Marcos 4:25). São pessoas que transitam no meio da igreja, mas não são verdadeiros crentes. Em Lucas 8:18 diz: “ao que não tiver, até aquilo que pensa ter lhe será tirado”.
Esses são aquele que alegarão obras diante de Cristo e terão como resposta: “nunca vos conheci, Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade” (Mateus 7:23). Os que pensam que têm, mas não têm, descobrirão que perderão o que pensam que têm.
Para os verdadeiros seguidores de Cristo, no entanto, por outro lado, haverá bênçãos e mais bênçãos derramadas sobre eles, medidas pelo quanto eles investem na grande comissão que Cristo nos deu.
Em terceiro lugar, ouvimos com dependência.
Neste grande empreendimento de evangelismo, ao ouvirmos a Palavra de Deus, tomá-la e proclamá-la, temos que entender nossas limitações.
Marcos 4
26 Disse ainda: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra;
27 depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e crescesse, não sabendo ele como.
28 A terra por si mesma frutifica: primeiro a erva, depois, a espiga, e, por fim, o grão cheio na espiga.
29 E, quando o fruto já está maduro, logo se lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa.
Não há nada escatológico nisso. O fazendeiro estava dormindo, na parábola, quando Jesus vier para o julgamento. Ele não vai acordar de um longo sono. Não é disso que trata essa história. É uma parábola simples. O fazendeiro planta e depois vai dormir. Ele realmente não pode fazer nada, a não ser esperar a colheita. Ele não desempenha nenhum papel no crescimento da safra. Essa é a questão.
O semeador deve fazer a semeadura e dormir bem. Não precisa viver tenso e em pânico pela colheita. O semeador não é responsável pelo que acontece. A semente vai para a terra e morre. E quando ela morre, dela surge a vida.
Como isso acontece? Ninguém sabe. Ninguém pode fazer isso acontecer. Os melhores horticultores do mundo não sabem como isso acontece. Eles sabem que acontece, mas não conseguem definir como ou por que acontece. Da semente moribunda vem a vida, uma colheita enorme.
Essa é a maravilha do Evangelho. Tudo que posso fazer é proclamar a verdade. Não posso cuidar dos resultados. Eu não posso dar vida. O único ato humano é plantar a semente e esperar. Vá dormir. É tudo obra exclusiva de Deus.
De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. (1 Coríntios 3:7)
O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito. (João 3:8)
Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus. (Filipenses 1:6)
Essa é uma lição crítica, aliás, para todos os manipuladores e profissionais de marketing que pensam que podem fazer as pessoas cerem. Nenhum ser humano, não importa quão persuasivo, não importa quão inteligente, dá qualquer contribuição para a regeneração, conversão ou justificação de qualquer pessoa.
Tudo o que podemos fazer é falar a verdade. Não podemos mudar corações e não podemos produzir vida em pessoas mortas. Isso é algo que só o Senhor faz.
Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados… sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; (Efésios 2:1, 4-6)
Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora. Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. (João 6:37, 44)
Precisa ser martelado na cabeça e no coração de todos os cristãos que foram seduzidos pelas mentiras contemporâneas de que se apenas melhorarmos no marketing do evangelho, podemos ser mais convincentes e podemos convencer as pessoas a serem salvas: a obra de Deus não é realizada por meios humanos.
O versículo 28 diz, “A terra por si mesma frutifica”. O original grego tem o sentido de “automaticamente”. É divinamente automático. Regeneração, transformação, conversão e novo nascimento não podem ser produzidos por ninguém ou por qualquer meio humano.
Todo processo é divinamente automático. Você não pode iniciá-lo e nem pode pará-lo. E uma vez que começa, se completa (Fp. 1:6). Tudo que você pode fazer é estar lá para aproveitar a colheita. II Timóteo 2:6 diz que “O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a participar dos frutos”. O agricultor trabalha para que possa desfrutar da colheita. Não temos nenhum papel na obra real de salvação, mas entramos na colheita.
O que o texto quer dizer com colheita? Uma maneira de desfrutar da colheita é a comunhão. Outra forma são os amigos para a eternidade. Assim, para todo o sempre, desfrutaremos da colheita. Vamos provar a colheita.
O progresso do evangelho não depende de nosso poder de mudar o coração, ou nosso poder de tornar o Evangelho mais aceitável, ou de manipular a vontade ou as emoções. A obra da salvação é operada apenas pelo poder de Deus.
Em quarto lugar, vamos à última parábola em Marcos 4, que trata de ouvir a verdade com confiança.
Marcos 4
30 Disse mais: A que assemelharemos o reino de Deus? Ou com que parábola o apresentaremos?
31 É como um grão de mostarda, que, quando semeado, é a menor de todas as sementes sobre a terra;
32 mas, uma vez semeada, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças e deita grandes ramos, a ponto de as aves do céu poderem aninhar-se à sua sombra.
O reino de Deus é como um grão de mostarda que se transforma em uma árvore de mostarda. O grão de mostarda, embora não fosse a menor semente do planeta, era a menor semente que eles usavam no cultivo nas terras de Israel. Proporcionalmente, não havia nada que eles plantavam que começasse tão pequeno e se tornasse tão grande. Um arbusto de mostarda teria até 4,5 metros de altura e 1,8 metro de diâmetro. Uma árvore enorme saindo de uma semente do tamanho de um grão de areia.
E o que nosso Senhor está dizendo a eles é óbvio: os pequenos começos não dão nenhuma indicação de onde a coisa vai dar. Quantas vezes uma semente semelhante a um grão de areia se multiplicou até se tornar uma poderosa árvore de 4,5 metros de altura e 1,8 metro de diâmetro? Muitas milhões de vezes.
É uma multiplicação extraordinária e surpreendente. Da mesma forma, a Palavra de Deus, sendo ouvida de forma obediente, com apreço ou afeição, com humildade, dependência e com confiança, expandiu-se por todo o mundo. O que parecia inimaginável para aquele pequeno grupo hostilizado e desprezado, que viu toda a estrutura humana rejeitando seu mestre, tornou-se uma realidade pelo poder de Deus.
Não era realmente muito esperançoso o cenário que eles viam com os olhos. Talvez fosse mais confortável a eles ouvir Jesus mandá-los sair pelo mundo pronunciando condenação sobre todos. Mas a nossa grande vocação e comissão é resplandecer a luz e semear a semente. Os resultados não dependem de nós. Somos incapazes de produzir qualquer resultado. É obra exclusiva de Deus.
Jesus disse que o resultado seria grande, desproporcional ao tamanho de seu início. Foi uma profecia de crescimento triunfante. O evangelho se expandiu e a igreja cresceu ao longo da história, e, finalmente, culminaremos no Reino Milenar, onde Cristo governará o mundo inteiro.
Observe a referência aos pássaros fazendo ninhos em sua sombra. Isso foi retirado de Ezequiel 17, uma profecia messiânica que diz que sob o governo do Messias, as nações virão para a salvação, e as nações são retratadas como pássaros vindo para se hospedar na árvore da bênção. Em outras palavras, isso vai se expandir e não apenas Israel fará parte deste reino vindouro, mas as nações do mundo também farão parte dele.
É bem impressionante. Um grupinho pequeno de homens frágeis e rejeitados estavam sendo informados de que as nações do mundo serão trazidas para a verdade que eles vão proclamar. É impressionante. Isso é retratado em apocalipse:
Apocalipse 7
9 Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos;
10 e clamavam em grande voz, dizendo: Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação.
Então, nós somos ouvintes, privilegiados. E Marcos termina nos versos 33 e 34, dizendo:
Marcos 4
34 E sem parábolas não lhes falava; tudo, porém, explicava em particular aos seus próprios discípulos.
35 Naquele dia, sendo já tarde, disse-lhes Jesus: Passemos para a outra margem.
E lá estamos nós, de volta ao ponto de partida. Qual é o maior privilégio de um cristão? Conhecer a verdade. Qual é a marca distintiva de um cristão? Conhecer, obedecer e amar a verdade. E como ouvimos? Obedientemente, com gratidão, dependência, humildade e confiança. Que incrível privilégio nos foi concedido!
Pense desta maneira: se você é um crente, você fala a linguagem de Deus. Quando Ele fala, você entende perfeitamente. É uma língua estrangeira para todos os outros. Oremos.
Pai, agradecemos por Tua Palavra. Agradecemos por sua profundidade, largura e altura. Obrigado por sua riqueza. E nós Te agradecemos por nos ter feito ouvintes. Que privilégio imenso! Estou simplesmente impressionado com isso. Que graça! Confessamos nossa indignidade. Confessamos que somos pecadores e indignos. Que privilégio receber a verdade divina em um mundo tão perdido, confuso e desesperado! Em um mundo que não consegue encontrar a verdade sobre quase nada, sabemos a verdade sobre tudo. Que presente profundo! Que privilégio!
Que possamos responder a esse privilégio sendo bons ouvintes, o tipo de ouvintes que devemos ser para que possamos maximizar nossa capacidade como trinta, sessenta e cem vezes mais tipos de cristãos e ser úteis para o Senhor. Tu és digno de nosso melhor, e nós nos comprometemos novamente esta manhã a dar de todo nosso coração. E Te agradecemos pelo privilégio, em nome de Seu Filho, amém.
Esta é uma série de sermões de John MacArthur sobre o Evangelho de Marcos.
Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos já publicados desta série.
Este texto é uma síntese do sermão “How to Listen to the Lord”, de John MacArthur em 13/12/2009.
Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:
https://www.gty.org/library/sermons-library/41-20/how-to-listen-to-the-lord%2013%20DEZ%202009
Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno