A Criação – Segundo Dia

O segundo dia da  criação


Esta é parte de uma série de sermões sobre o livro de Gênesis. Veja o Índice Geral. Por um erro, o sermão “A Criação – Primeiro Dia” será publicado posteriormente, neste mês de outubro/2021



Ao chegarmos ao capítulo 1 de Gênesis, encontramos esse versículo muito familiar para nós: “No princípio Deus criou os céus e a terra”, e isso responde às perguntas sobre as origens. A expressão “céus e a terra” é uma frase do hebraico que substitui a ausência de uma palavra específica para Universo na língua hebraica. E responde à questão sobre origem, sobre como tudo começou: “No princípio, Deus criou o Universo.”

Deixe-me resumir o que a Palavra de Deus, em Gênesis, ensina sobre a origem de tudo o que existe. É realmente inconfundível. É uma linguagem simples. Há um relato inevitável em Gênesis nos contando sobre a origem do Universo.

O Deus eterno, em algum momento no passado, criou do nada, sem material preexistente, o Universo como ele é, em seis dias solares. Deus finalizou a Criação no sexto dia, criando o homem à Sua própria imagem, ou seja, um ser inteligente, com personalidade, autoconsciência e cognição, capacidade de pensar e raciocinar.

A Criação ocorreu em seis dias. No sétimo dia acabou, e Deus descansou da Criação. Ocorreu há cerca de 6.000 anos, e toda a criação já estava madura no momento de sua origem. Na época da Criação, a morte não existia. Na verdade, não existia nenhuma influência corruptora de qualquer tipo. E é por isso que Deus olhou para Sua criação e disse: “É muito bom.”

Não havia morte. Não havia influência corruptora. Portanto, não poderia haver nenhum animal morrendo, nenhuma planta morrendo. Não poderia ter havido qualquer tipo de processo de seleção natural acontecendo. Não poderia ter havido nenhuma sobrevivência do mais apto, porque tudo sobrevivia nessa criação perfeita.

A morte e a corrupção entraram na criação pela primeira vez quando Adão e Eva pecaram e desobedeceram a Deus. Então, veio a morte e depois veio a corrupção. Mas, isso é descrito no capítulo 3 e não tem nada a ver com os seis dias da Criação.

Mais tarde, após a Queda, a superfície da Terra, agora amaldiçoada, foi remodelada drasticamente pelo Dilúvio mundial. A inundação foi tal, que cobriu completamente as montanhas de toda a face da Terra. Foi aquela inundação mundial cataclísmica que remodelou drasticamente a superfície da Terra, que também depositou leitos fósseis por todo o globo. Esse Dilúvio exterminou toda a humanidade, com exceção de oito pessoas e os animais da arca de Noé. Só eles foram os sobreviventes.

Esse é o registro das origens em Gênesis: a Criação, a Queda, o Dilúvio remodelando cataclismicamente a face da Terra amaldiçoada, agora corrompida. Grande julgamento recaiu sobre toda a humanidade para que apenas oito sobrevivessem. Todos nós, então, somos descendentes desses oito: Noé e sua esposa, seus três filhos e suas esposas. Esse é o registro de Gênesis.

A SUPREMACIA DAS ESCRITURAS SOBRE A CIÊNCIA

E deixe-me dizer algo que talvez você possa guardar: a ciência não serve como fonte de interpretação para Gênesis. Ou, por falar nisso, para interpretar qualquer outra porção das Escrituras. A ciência não é uma hermenêutica [técnica que tem por objeto a interpretação de textos]. Não é um princípio de interpretação. A Bíblia não se curva à ciência. A exatidão do texto de Gênesis não é diferente da exatidão de qualquer outra parte das Escrituras.

Toda a Escritura é inspirada por Deus, ela não veio por qualquer interpretação particular, mas os homens santos de Deus falaram conforme foram movidos pelo Espírito Santo. Jesus resumiu, quando disse: “A Tua Palavra é a verdade”. A Bíblia é verdadeira, quer você esteja falando sobre Apocalipse e profecia escatológica ou se você está falando sobre Gênesis e origens históricas.

A Bíblia é verdadeira, quer você esteja falando da história de Israel ou da história dos cananeus. A Bíblia é verdadeira, quer você esteja falando sobre salvação ou santificação, quer esteja falando sobre a vida de Jesus ou a teologia de Jesus. Tudo o que a Bíblia diz é absolutamente verdadeiro. E a Bíblia é tão verdadeira em Gênesis quanto em qualquer outro de seus livros.

Além disso, uma vez que as origens não são repetíveis [ou seja, a ciência não pode reproduzir os atos da Criação para provar, pelo método científico, se eles existiram], elas estão fora do domínio da ciência. Visto que ninguém testemunhou a Criação, exceto Deus, ninguém pode comentar sobre as origens, exceto Deus.

E então, o que temos em Gênesis é o único e preciso relato de uma testemunha ocular das origens, o próprio Criador. Agora, apesar dessa abordagem bem definida da Palavra de Deus, muitas pessoas, incluindo cristãos, se voltaram para a ciência e para cientistas que falam com suposta autoridade sobre Gênesis.

Na verdade, existem teólogos, muitos deles comentaristas da Bíblia, pastores, pregadores conhecidos e populares, alguns dos quais vocês até conhecem, que negam o relato de Gênesis. Eles negam categoricamente o relato de Gênesis, porque aceitam a ciência evolucionária em um grau ou outro.

Eu já disse isso a você o tempo todo e vou repetir de novo: a ciência nunca conseguiu provar nada que negue o registro de Gênesis. Na verdade, o registro de Gênesis é o que responde ao mistério da ciência. Mas, infelizmente, cristãos e teólogos cristãos, comentaristas da Bíblia, professores universitários cristãos, bem como pastores e professores, negaram o relato de Gênesis, sendo intimidados pela ciência.

Agora, há um comentário sobre Gênesis de grande importância. Um livro que eu diria que é absolutamente confiável, e é o único livro confiável. Um comentário verdadeiro, infalível, inerrante e autorizado sobre o que foi escrito em Gênesis. Um livro divino indiscutível, um comentário inspirado, celestial, sobre Gênesis que fala com autoridade absoluta e é incontestável em sua veracidade. E, francamente, para mim, este livro resolve para sempre a questão da precisão de Gênesis. Que livro é esse? É o Novo Testamento.

Não foi escrito por nenhum cientista e nem mesmo por um cientista criacionista. Não foi escrito por teólogos. Foi escrito por homens simples, que receberam as palavras para escrever por parte do próprio Deus, para que o Criador seja o seu autor. Você tem em Gênesis o relato da Criação. Você tem, no Novo Testamento, o comentário inspirado do Criador sobre o registro de Gênesis. Se você for ao Novo Testamento, verá que:

  • Há afirmação da Criação em seis dias (Hebreus 4:4)
  • Existe afirmação do “fiat” [palavra traduzida como “haja” ou “faça-se” em Gênesis, no relato da Criação] divino, ou criação instantânea (Hebreus 11:3 etc.)
  • Há afirmação de que o homem foi feito à imagem de Deus (Tiago 3:9)
  • Há afirmação de que Adão foi criado e depois Eva (I Tim. 2:13 etc.)
  • Há afirmação da Queda e do Dilúvio em termos muito específicos (II Pedro 2:5; Lucas 17:27; Mateus 24:38-39 etc.) 
  • Há afirmação sobre Noé e sua família (Hebreus 11:7 etc.)
  • Todo o registro de Gênesis é mencionado com muito cuidado pelo inspirado Novo Testamento (Hebreus 1:10-11; João 1:1-3; Colossenses 1:16-17 etc.) 

Hubert Thomas, em seu livro sobre Gênesis 1 a 11, na introdução, escreve o seguinte:

Na verdade, três pontos principais são demonstrados pela leitura da lista que fornecemos. Esses três pontos confirmam que o Novo Testamento não pode, em nenhum caso, ser usado para sustentar qualquer tipo de teoria evolucionária.

Ele está absolutamente certo. Não encontramos nada sobre evolução em Gênesis. Não está lá! Você não pode encontrar evolucionismo em nenhuma parte do Antigo Testamento nem do Novo Testamento.

E então, Thomas prossegue apresentando três razões:

Em primeiro lugar, sem exceção, as referências à Criação, e especialmente as citações de Gênesis 1 a 11, apontam para eventos históricos. Eles não são diferentes da morte histórica do Senhor Jesus Cristo no Gólgota. No que diz respeito ao Novo Testamento – a criação “ex nihilo” [a partir do nada], a criação de Adão e Eva, Caim e Abel, Noé e o Dilúvio – não há lenda nem parábola. Tudo se refere a pessoas e eventos de significado histórico e universal.

Em segundo lugar, sem exceção, a Criação é sempre mencionada como um evento único que ocorreu em um momento específico no tempo passado, não algo que esteja acontecendo o tempo todo, como é a teoria da evolução. A Criação aconteceu, foi consumada. Aconteceram eventos que corromperam o mundo, e agora ele aguarda uma nova criação que acontecerá no futuro em um determinado momento.

Em terceiro lugar, os relatos da Criação em Gênesis 1 a 3 são considerados no Novo Testamento como literalmente verdadeiros, históricos e de importância insuperável. A doutrina do Novo Testamento, baseada nesses relatos de Gênesis 1 a 3, seria sem qualquer validade, e até mesmo errônea, se os eventos de Gênesis não fossem historicamente verdadeiros. Por exemplo, considere a entrada do pecado no mundo: se Adão não fosse o cabeça de toda a raça humana, então Jesus Cristo, o último Adão, não seria o cabeça da nova criação.

Ele está se referindo a Romanos, onde é dito que como em Adão todos morreram, então em Cristo todos serão vivificados. E, claramente, o escritor do Novo Testamento, sob a inspiração do Espírito Santo, viu o pecado e a morte entrarem no mundo por meio do próprio homem histórico, Adão, e por meio de seu ato histórico de desobediência.

E assim, isso resume o problema para nós. O Novo Testamento faz muitas referências a Gênesis e à Criação. E essas referências fluem de modo muito natural. O Novo Testamento não aparece dizendo: “Oh, eu sei que é difícil de acreditar em Gênesis e eu sei que você vai realmente ter dificuldade em engolir isso, mas é assim que as coisas são.” Não faz isso. Não há tentativa de defesa de Gênesis no Novo Testamento, nenhuma tentativa de dirimir a incredulidade de alguém. O relato de Gênesis é simplesmente declarado como um fato no Novo Testamento. Por exemplo:

  • Mateus 13:35 diz: “publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo”, indicando que houve um momento em que o mundo foi fundado.
  • Marcos 13:19 diz: “Porque naqueles dias haverá uma aflição tal, qual nunca houve desde o princípio da criação, que Deus criou, até agora, nem jamais haverá”.
  • João 1:3 declara: “Todas as coisas foram feitas por ele [Jesus], e sem ele [Jesus] nada do que foi feito se fez.” Esse é apenas um versículo que sozinho rebate a ideia da evolução, que se baseia na criação do Universo por obra do acaso, por algum processo aleatório. Tudo o que existe foi feito por Deus.
  • Atos 4:24 declara: “E, ouvindo eles isto, unânimes levantaram a voz a Deus, e disseram: Senhor, tu és o Deus que fizeste o céu, e a terra, e o mar e tudo o que neles há”. Essa é uma declaração que mostra a abrangência da obra criatória de Deus.
  • Atos 14:15, ainda afirma: “E dizendo: Senhores, por que fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões, e vos anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o céu, e a terra, o mar, e tudo quanto há neles”. Deus criou tudo: o céu, a terra, o mar e tudo o que neles habita.
  • Romanos 1:20, diz: “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis”.

E mais:

  • Em 2 Coríntios 4:6, temos: “Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo.” Isso é exatamente o que Ele fez no primeiro dia, como relatado em Gênesis. Ele ordenou que a luz brilhasse nas trevas.
  • Colossenses 1:16 diz: “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele.”
  • Hebreus 1:10 diz: “E: Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, e os céus são obra de tuas mãos.” E veremos que isso aconteceu no Segundo Dia.
  • Em Hebreus 11:3, lemos: “Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente.” Isso é a criação “ex nihilo”. Deus criou coisas que são visíveis, mas não foram feitas a partir de nada que existisse antes.
  • Em Mateus 19, Jesus disse: “Não lestes que Aquele que os fez no princípio os fez homem e mulher?”. Novamente, falando da humanidade como sendo o resultado direto do ato criativo de Deus.
  • Atos 17:26 diz: “E de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação”. Ele é o criador de todas as nações dos homens.
  • 1 Coríntios 11: 8 e 9: “Porque o homem não provém da mulher, mas a mulher do homem. Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem.” Novamente, a afirmação da criação.

E mais:

  • 1 Timóteo 2:13 e 14 novamente afirma os fatos narrados em Gênesis: “Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão.”
  • Romanos 5:14 reafirma a Queda: “No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não tinham pecado à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir.”
  • Romanos 5:17, no mesmo sentido: “Porque, se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo.” 1 Coríntios 15:21 também: “Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem.”
  • E eu os lembro novamente de 2 Pedro 3: 5 e 6, como Pedro se refere ao Dilúvio e até mesmo ao mundo pré-formado quando foi afogado pela água, quando ele diz que: “Eles voluntariamente ignoram isto, que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus, e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste. 6 Pelas quais coisas pereceu o mundo de então, coberto com as águas do dilúvio”.
  • Efésios 3:9 afirma: “E demonstrar a todos qual seja a comunhão do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo”. Tiago 3:9: “Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus.” Novamente, o Novo Testamento afirma Gênesis no sentido de que Deus é Aquele que fez o homem à Sua imagem.
  • Apocalipse 4:11 diz: “Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas.” Apocalipse 10:6, no mesmo sentido: “E jurou por aquele que vive para todo o sempre, o qual criou o céu e o que nele há, e a terra e o que nela há, e o mar e o que nele há, que não haveria mais demora”.
  • Em Apocalipse 14:7, lemos: “Dizendo com grande voz: Temei a Deus, e dai-lhe glória; porque é vinda a hora do seu juízo. E adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.” Romanos 1:25 declara: “Pois estes mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.”
  • Em Hebreus 2:10, temos: “Porque convinha que aquele, para quem são todas as coisas, e mediante quem tudo existe, trazendo muitos filhos à glória, consagrasse pelas aflições o Príncipe da salvação deles.” E por aí vai. Mais e mais o relato da Criação é referido no Novo Testamento.

Agora, como já dissemos, a evolução foi apresentada, na verdade, como uma alternativa ateísta para explicar a existência de todas as coisas, uma alternativa sem Deus. E a evolução exige uma fé irracional no acaso impotente. Mas, evolução não pode acontecer. É impossível. Foi comprovado pela ciência que não pode acontecer, como vimos, por causa do DNA, sistemas de informação do código genético.

A criação é a fé racional no Deus Todo-Poderoso. A evolução é a fé irracional no acaso impotente. A evolução é, realmente, naturalismo. Qualquer tipo de evolução é uma forma de naturalismo.

O naturalismo acredita que Deus existe apenas na mente de não intelectuais, apenas na mente de pessoas religiosas de nível inferior. O naturalismo diz que a natureza é tudo o que existe. E essa é praticamente a suposição subjacente a todas as ciências naturais. É a base de toda filosofia naturalista e humanística. É a base de todo trabalho intelectual. É a base de toda moralidade, ou melhor, imoralidade. Em outras palavras, a base de toda a nossa cultura é essa ideia de que a natureza é tudo o que existe.

Se o naturalismo for verdadeiro, então o homem criou Deus, Deus não criou o homem. E a crença em Deus nada mais é do que uma superstição infundada e, mais importante, uma vez que é uma superstição, não temos que ouvir nada que venha da Bíblia tola, nem os Dez Mandamentos, as leis morais e assim por diante.

Portanto, o naturalismo não está interessado no que as pessoas religiosas pensam. Elas são consideradas uma ameaça. Elas não são intelectuais. São mais do que um incômodo, pois se intrometem na liberdade moral da nossa cultura. Na verdade, nossa cultura nem fala mais sobre moralidade. Fala apenas sobre direitos e valores, não é? E os direitos e valores devem ser decididos por cada indivíduo.

Para a nossa cultura, as pessoas não cometem erros por causa do pecado. Elas agem errado porque de alguma forma estenderam demais seus direitos. De alguma forma, elas tinham valores distorcidos. As pessoas de nossa cultura são psicologizadas em vez de ideologizadas.

Para elas, não existe Criador, não existe lei moral, não existe juiz moral. Não há propósito para a vida. Não há razão para a vida, exceto passar por ela o mais feliz possível. Não há destino. E não existe uma teologia verdadeira. No mundo de um naturalista, do humanista, no mundo evolucionário, não existe teologia verdadeira. Portanto, um teólogo é realmente uma interrupção inútil.

Na verdade, as pessoas de nossa cultura que abraçaram o naturalismo provavelmente esperariam que os teólogos estivessem em um nível tão baixo na cadeia evolutiva que não pudessem sobreviver. Para elas, não existe uma teologia verdadeira, porque não existe um Deus verdadeiro.

A questão para os evolucionistas não é que Gênesis não seja crível. Trata-se de um relato simples e direto. Não é que eles queiram discutir sobre se Gênesis é verdadeiro ou não, pois eles já ganharam essa batalha em nossa cultura. E é por isso que estou pregando sobre esses assuntos.

Ouça, eles já convenceram a maior parte do mundo cristão de que Gênesis não é verdade. Eles atacaram Gênesis, com sucesso, com suas teorias implacáveis, ilusões científicas, manobras e deturpação. Eles atacaram com sucesso Gênesis e fizeram a maior parte do mundo cristão evangélico acreditar que Gênesis não é um relato verdadeiro. Porém, eles não estão tentando desacreditar apenas Gênesis. Quero dizer, isso por si só não lhes dá muito terreno.

O verdadeiro problema para os evolucionistas é que se Deus criou o homem e se preocupa tanto com o que ele faz, a ponto de estabelecer as consequências eternas para seu comportamento, isso é uma séria ameaça aos prazeres pecaminosos deles. O evolucionista naturalista odeia Deus e ama o pecado.

Seria bom você ler o livro de Paul Johnson, o livro do historiador sobre os intelectuais [refere-se ao livro Os Intelectuais]. É uma leitura absolutamente fascinante sobre as biografias das pessoas que moldaram a sociedade ocidental. Elas eram perversas, para dizer o mínimo, em suas próprias vidas pessoais. O naturalista odeia a Deus e ama o pecado.

O evolucionista teísta que quer trazer a evolução, impô-la a Gênesis e meio que casá-la com Deus, dirá que ama a Deus e que odeia o pecado, mas na verdade ele ama muito pouco a Deus e ama muito sua reputação acadêmica.

Agora, deixe-me dizer uma coisa: a disciplina governante no mundo, na questão da vida neste planeta, o reino de pensamento mais importante, a arena mais importante de compreensão não é a ciência. Você ouviu bem? Você provavelmente pensaria que fosse. A supremacia da ciência permeia o pensamento de nossa sociedade.

Peguei revistas esta tarde para ler: Newsweek, Time. Uma delas tinha algum tipo de elo perdido na capa. A outra prometia nas páginas internas mostrar a diferença na composição do cérebro de um criminoso em relação a uma pessoa normal, e continha alguns tipos de fotos de algumas análises médicas de padrões cerebrais. E então, a discussão girava em torno dos processos de evolução que levam ou não a esse tipo de comportamento.

A rainha das ciências em nosso mundo hoje, no sentido de que o conhecimento é a ciência, é a ciência naturalista. Ela deveria ter todas as respostas para tudo, mas o fato é que não tem. A disciplina governante na questão da vida no Universo em cada ponto não é a ciência. A disciplina governante é a teologia.

A única maneira de entender o Universo, a história do homem, o comportamento e por que as pessoas fazem o que fazem, a única maneira de entender o fluxo da vida e de onde viemos e para onde vamos é quando você entende uma teologia verdadeira.

Não podemos, então, permitir que nossa teologia desocupe seu trono no início da Bíblia e tome um banquinho, enquanto a ciência sobe ao trono. A ciência e todas as outras disciplinas, todos os outros domínios ou áreas, esferas, paradigmas do pensamento humano se submetem ao rei de todas as disciplinas. E o rei de todas as disciplinas é uma verdadeira teologia, e a verdadeira teologia é a que vem da Palavra de Deus.

Teólogos não são respeitados hoje. Isso é trágico. E, em certa medida, eles não são respeitados, porque abandonaram sua posição. Não são respeitados os teólogos que defendem sua posição porque são o inimigo para nossa cultura.

Há um esforço concentrado para pintá-los como não intelectuais, pessoas presas à superstição e fantasia. Mas cada um de vocês, como cristãos, nem precisariam ter aulas. Vocês são todos teólogos. E eu quero que vocês entendam o que quero dizer com isso. Vocês entendem teologia.

Vocês podem não entender todas as nuances da teologia. Porém, deixem-me dizer uma coisa: vocês são todos teólogos, porque conhecem o Deus vivo e verdadeiro, conhecem os meios pelos quais Ele é conhecido. Além disso, vocês conhecem a Palavra do Deus vivo, que é a substância de toda a verdade em teologia.

Dê à Evolução o trono e você fará da Bíblia a serva do homem e cortejará o desastre. Porém, a rainha das ciências hoje é o naturalismo. Tudo remonta a ele, e o naturalismo é definido em termos evolucionários. Portanto, o que rege toda a nossa sociedade é a Evolução. Conseguiu até a entrar na teologia agora!

Estou lendo uma série de fontes diferentes recentemente, onde os escritor estão dizendo: “O próprio Deus também está evoluindo.” Para eles, Deus está em processo de se tornar o que Ele gostaria de se tornar. Portanto, até mesmo Deus foi arrebatado e é apenas mais um pequeno pedaço do processo evolutivo.

Dê à Evolução o trono e ela assumirá tudo. Dê a ela o trono nos primeiros versículos do primeiro livro da primeira página da Bíblia, e você abdicou no início. Em um mundo que evolui, é muito difícil ter pontos fixos. É por isso que os educadores hoje são relativistas. Eles são relativistas em tudo. Você sabe, você ouve sobre nós termos problemas nas escolas, e você ouviu isso recentemente: “Bem, o que vamos fazer? Não podemos permitir que crianças atirem nas escolas. O que vamos fazer sobre isso? Temos que ensinar a eles alguns padrões.”

Então, eu tenho uma ótima solução: simplesmente leve para cada escola os melhores professores de Bíblia em uma determinada comunidade e deixe-os ter acesso a todas as crianças em todos os dias durante uma semana, e apenas deixe-os ensinar a Palavra de Deus para elas. Esse é o padrão. Esse é o padrão absoluto. Pouco provável que isso aconteça. Quando os educadores dizem: “Precisamos de ajuda, temos que fazer algo”, eles usam esta frase: “Esclarecimento de valores”. Ou seja, valores novamente.

O que significa esclarecimento de valores? Bem, você sabe, eles têm que trabalhar duro e não magoar as pessoas. O seu raciocínio moral significa que tenho toda a liberdade para fazer o que quiser, mas minha liberdade termina onde seu nariz começa.

A ideia é: se eu quiser sair e bater minha cabeça contra a parede, se eu quiser sair e me comportar de uma certa maneira, tudo bem. Mas não posso pegar uma arma e atirar em você, porque agora invadi seu espaço. Então, eu tenho que aprender a raciocinar moralmente e saber que minhas liberdades têm algumas limitações morais e a limitação é onde, pelos padrões da sociedade, eu ultrapassei alguma linha que afeta você.

A propósito, a sociedade está tão confusa que não sabe o que fazer a respeito. Eles estão permitindo que as pessoas produzam videogames, programas de televisão, música, filmes que cruzam os limites ao criar influências malignas na vida de jovens que são mortais, como se alguém colocasse uma arma em suas cabeças e disparasse.

Não há esperança para uma sociedade onde a evolução naturalista é a rainha das ciências. Os alunos vão receber esclarecimentos sobre os valores através de professores que não têm nenhum padrão moral. Eles irão aprender raciocínio moral com pessoas que não têm absolutos. E então, eles serão informados de que precisam criar seu próprio estilo de vida: sem autoridade, sem pecado, sem lei divina fixa, sem vergonha, sem culpa, sem consequências definidas.

Mas, há uma coisa em nossa sociedade sobre a qual as pessoas não são relativistas. Você sabe o que é? Evolução. Esse é o absoluto dominante em nossa sociedade. Se você diz que não acredita na Evolução, você é, literalmente, visto como um idiota, alguém que não tem noção, alguém que não tem a capacidade de raciocínio normal.

Há uma relatividade abrangente, até que se chegue ao absoluto fixo que faz o sistema relativo funcionar, que é a Evolução. Veja, se você vier e disser: “Bem, você sabe, eu não acredito na Evolução… acredito na Criação feita por Deus”, todo o castelo de cartas relativístico desmorona, porque tem que haver aleatoriedade, livre escolha, livre expressão.

Para nossa cultura, você não pode ter absolutos fixos, não pode ter o legislador, uma lei e um juiz. Portanto, o único absoluto que persevera em meio a essa relatividade é o absoluto da Evolução. E eles estão absolutamente convencidos de que tudo o que existe hoje é resultado do acaso e de processos aleatórios. Como um escritor disse, e nunca esquecerei a declaração: “O Universo como o conhecemos é apenas uma daquelas coisas que acontecem de vez em quando.”

Mas, ao contrário de tudo isso, a teologia é a rainha das ciências. A teologia é o campo de pensamento mais importante. Ela é o elemento controlador de todo o entendimento humano. Uma fé inabalável na exatidão e veracidade da Bíblia está no cerne de toda teologia sólida, a qual tem seu início em crer no relato de Gênesis. Isso é crítico para uma cosmovisão cristã.

Como eu disse há algumas semanas, o Master’s College participa da Christian College Coalition, 110 faculdades cristãs, das quais apenas cinco ou seis afirmam a veracidade do relato de Gênesis. Portanto, temos cem faculdades cristãs que não têm uma cosmovisão cristã. O que é, então, uma faculdade cristã?

Estou tentando fazer duas coisas nessas mensagens: dar a vocês algum pensamento racional, filosófico, algumas nuances científicas, antes de deslizarmos para o texto, mas vamos para o texto.

O PRIMEIRO DIA DA CRIAÇÃO

Vejamos o primeiro dia, Gênesis 1:1 e 2: “No princípio, Deus criou os céus e a terra, a terra era sem forma e vazia”, ou seja, deserta e desabitada. Lembre-se, isso é o que dissemos que significa a expressão “sem forma e vazia”. Estava desolada e desabitada. Ainda não tinha sido moldada ou habitada por qualquer ser vivo. E era completamente imersa em escuridão.

Na sequência: “e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.” A palavra “abismo”, é uma palavra do Antigo Testamento para se referir ao oceano.

Então, no primeiro dia, Deus criou o tempo, o espaço e a matéria. Deus os criou do nada. E quando Deus criou a Terra, era ela “tohu” e “bohu”, sem forma e vazia. A Terra, nessa fase da Criação, tinha todos os seus elementos misturados, talvez como lama, por assim dizer, não separados, e era totalmente coberta por água e rodeada pela escuridão.

E então, no primeiro dia, versículos 3 a 5: “E disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.”

Portanto, no primeiro dia, Deus criou os elementos essenciais de tempo, espaço e matéria. Deus, então, adicionou luz. Ele fixou o ciclo contínuo e permanente de luz e escuridão, dia e noite, dos dias solares de 24 horas. É por isso que diz o versículo 5 “e foi tarde e manhã”.

E alguém pode dizer: “Bem, mas o Sol ainda não tinha sido criado, nem a Lua, então como havia luz?” Isso é bom, pois mostra o poder de Deus. Ele poderia adicionar a luz à Sua criação da maneira que Ele quisesse, até mesmo anexar essa luz aos corpos celestes, que foi o que Ele fez, como veremos mais tarde.

Então, basicamente, no primeiro dia os elementos são criados e a Terra foi deixada informe, desabitada e rodeada pela escuridão. Então, a luz foi criada e há uma sucessão de luz e escuridão no ciclo normal de 24 horas, e esse foi o primeiro dia.

O SEGUNDO DIA DA CRIAÇÃO

Vamos para o segundo dia. Deus continuou a moldar esses elementos em um ambiente habitável para a vida que Ele criaria. E então, Deus disse, nos versículos 6 a 8 de Gênesis 1:

Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas. E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi. E chamou Deus à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo.

  • No primeiro dia, Deus separou a luz das trevas.
  • No Segundo dia, Deus separou o céu da Terra. É a isso que a palavra “expansão” se refere.
  • No terceiro dia, como veremos, Deus separou a água da terra seca.

Então, nos três primeiros dias da Criação, houve uma série de separações. Antes que Deus criasse a vida, Ele tinha que separar a luz das trevas e criar o ciclo contínuo de luz e escuridão de um dia solar de 24 horas.

Ele tinha que separar o céu da Terra, o que Ele fez no segundo dia. Então, Ele tinha que separar a água, sob a qual a Terra estava coberta completamente no primeiro e no segundo dias, da terra seca, para que houvesse ambiente para a vida aquática e terrestre. Assim, o Universo estava pronto para a vida nos primeiros três dias.

Vejamos isso em mais detalhes. Versículo 6: “Então, Deus disse,” e novamente eu lembro a você que a Criação foi simplesmente pela Palavra de Deus. Ele declarou coisas à existência. Quando o segundo dia começou, quando o amanhecer chegou, o Universo era claro e escuro, a Terra era uma massa indiferenciada de elementos completamente engolidos pela água.

Mas, então, Deus disse: “Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas.” E isso é bastante interessante. No primeiro dia, a Terra estava toda coberta de água. No segundo dia, Deus separou aquela água em dois lugares. Ele colocou uma expansão no meio e uma parte da água estava acima e outra parte permaneceu na Terra.

E entre esses dois elementos de água existia uma expansão. A palavra “expansão” é a palavra hebraica “raqia”, que significa “espalhar magreza”. E olhando no Antigo Testamento para encontrar seu uso, vemos que em Êxodo 39:3, quando os hebreus estavam fazendo os utensílios para a adoração a Deus no tabernáculo, o texto diz que eles pegaram ouro e martelaram as folhas de ouro, para as achatar, afinar. Aí é usada a mesma palavra traduzida como “expansão” em Gênesis 1:7.

A “expansão” se refere a uma camada tênue que circundava a Terra. Em volta da Terra havia essa camada de água suspensa e a camada de água que cobria a superfície da Terra. Era como se Deus tivesse dividido a camada de água que cobria a Terra em duas partes, sendo que uma das partes ficou suspensa em volta da Terra. E a expansão ficava entre essas duas camadas.

Veja o versículo 8. Deus chamou de quê essa expansão? Céus. Refere-se ao que entendemos como céu, o espaço acima de nós. A palavra hebraica usada aí é “shamayim”, que significa o céu ou os céus. Refere-se ao Universo e ao espaço acima de nós. Portanto, até o segundo dia não havia céu. Não havia o espaço, como conhecemos, e Deus simplesmente dividiu a camada de água que cobria a superfície terrestre e liberou um pouco daquela água, enviando-a para cima.

O escritor judeu Cassuto diz: “Disto podemos inferir que imediatamente após sua formação o firmamento ocupou por si mesmo o lugar designado para ele pela vontade de Deus, que é a visão dos céus como o conhecemos. Assim que o firmamento foi estabelecido no meio da camada de água, ele começou a subir, arqueando como uma abóbada.”

Isso é muito gráfico. Deus cortou, dividiu essa água, e então ela simplesmente começou a subir e a se expandir até criar um espaço intermediário entre essa camada e a Terra. Cassuto diz:

Em seu curso ela se expandiu arqueando como uma abóbada, no curso de sua expansão para cima ela se ergueu ao mesmo tempo que as águas superiores repousavam em cima do espaço. Isso marcou um avanço considerável na organização dos componentes do Universo. Acima agora está a abóbada do céu, rodeada pelas águas superiores. Abaixo se estende a extensão das águas mais baixas, isto é, as águas do vasto mar que ainda cobria toda a pesada matéria indiferenciada sobre a Terra. O Universo estava começando a tomar forma.

Bem, Gênesis é um relato muito razoável escrito por Moisés. Conforme você volta à literatura antiga, irá ler algumas lendas que se desenvolveram na mitologia mesopotâmica que são interessantes de comparar com o relato de Gênesis. Há várias histórias pagãs que tentam explicar a Criação. Nenhuma delas advoga a Evolução.

Mas, por exemplo, as lendas da Mesopotâmia dizem que depois do deus Marduk – e a propósito, você pode encontrá-lo com muitos nomes diferentes, dependendo da nação a que você pertence ou de qual versão você quer – ter vencido Tiamat, a deusa do oceano mundial, descrita como um grande e poderoso monstro marinho, bem como os outros monstros e monstruosidades que ela havia criado para ajudá-la em seu combate, depois que ele tinha matado seu principal inimigo com suas armas, ele cortou sua carcaça horizontalmente e a dividiu em duas metades que ficavam uma em cima da outra. Da metade superior ele formou um céu e da metade inferior ele fez a Terra, que incluía o mar.

Você pode ler toda essa história no relato babilônico da Criação. E diz realmente o texto traduzido: “Ele a partiu como um peixe em duas partes. A metade dela ele pôs vigas do céu. Ele puxou uma barra e colocou um relógio ”, que se refere à Terra abaixo. Em resumo, o mito sacerdotal babilônico, que os gregos também seguiram, diz que a parte superior do Universo e a Terra são o resultado do corte ao meio do corpo de Tiamat, ou Tamtu, ou Tamte, segundo seus diferentes nomes. Eu só lhes apresento isso para mostrar como essas lendas são bizarras e tolas.

Mas, o que a Bíblia diz é completamente razoável. Deus levou as águas para cima e deixou ainda uma quantidade de água inundando a Terra, e no meio dessas duas camadas de água, criou o separador entre as águas, a expansão, que chamamos de céu, espaço, o vasto espaço do Universo.

O versículo 7 basicamente reitera: “E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi.” E, novamente, ele repete a mesma declaração, apenas para ter certeza de que você entendeu. Existe uma expansão e Deus a separou. As águas subiram, algumas das águas permaneceram abaixo, Ele criou um espaço no meio.

Apenas algumas notas de rodapé aqui: é importante entendermos que tudo isso é ato criativo de Deus. Isso quer dizer que todo poder criativo acontecendo aqui, de proporções que estão absolutamente além de nossa capacidade de compreensão, é o poder de Deus.

O versículo 7 diz que “Deus fez”. E algumas pessoas argumentam: “Bem, isso não é criar, essa não é a palavra “bārā”, mas é outra palavra, “asah”, em hebraico”. Mas, “asah” tem significado diferente de “bārā”? Muitas vezes os professores da Bíblia farão distinções que não deveriam fazer, porque todas as línguas têm sinônimos, e até mesmo palavras que têm tons de variação podem ser usadas como sinônimas.

E a questão aqui é: a expressão “Deus fez” muda a ação real de Deus? E a resposta é não. Ela não significa nenhuma atividade diferente da parte de Deus do que criar do nada. Na verdade, no capítulo 2, versículo 3, o versículo diz: “E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que Deus criara e fizera.”

Os verbos traduzidos como “criar” e “fazer” nesse texto são as palavras “bārā” e “asah”, basicamente apresentadas como sinônimas no texto. E eu acho que é maravilhoso que o Espírito de Deus tenha colocado essas duas palavras como sinônimas no verso 3 do capítulo 2, para que não nos preocupássemos se havia alguma distinção entre elas.

A palavra “bārā” é definidora. E aqui, neste contexto, significa criar algo do nada, ou dito de outra forma, fazer algo que transcende a capacidade normal, fazer algo que não pode ser feito. E “asah” é apenas um sinônimo de “bārā”.

Agora, “bārā” pode ser usada simplesmente para se referir a um processo mais simples de criação. É usada assim em Isaías 54:16, onde lemos: “Eis que eu criei o ferreiro, que assopra as brasas no fogo, e que produz a ferramenta para a sua obra; também criei o assolador, para destruir.”

Em Isaías 57:19, Deus diz: “Eu crio os frutos dos lábios: paz, paz, para o que está longe; e para o que está perto, diz o SENHOR, e eu o sararei.” A palavra “bārā”, traduzida como o verbo criar nesses textos, não se refere necessariamente ao mesmo poder de criação exibido em Gênesis.

Portanto,”bārā” nem sempre significa criar no sentido de “ex nihilo”, ou seja, criar a partir do nada, a criação do “fiat” divino, mas, no contexto de Gênesis, é distintamente o que significa. E a palavra “asah” é apenas mais uma palavra para afirmar a mesma coisa. Podemos dizer que é um sinônimo.

A propósito, em Êxodo, para vocês, estudiosos, Êxodo 34:10, “asah” é usada como sinônimo de “bārā”. Então, eu os vejo usados como sinônimos.
Podemos dizer assim: no contexto de Gênesis, a palavra “asah” é usada para especificar o tipo de “bārā” ou o tipo de criação de que trata o versículo. Deus está criando e nessa criação Ele faz algo que nunca existiu. E então, no versículo 7, Ele fez a expansão. Ainda era criação, mas era um componente da criação, era o fazer de algo que nunca existiu antes.

A questão da separação da água acima e abaixo do céu gerou muita discussão. A questão é: o que é essa água? E, você sabe, eu tenho que confessar para você, eu não sei. Pode ser que no fim do espaço infinito haja água. Nós sabemos que há água no ar, isso nós sabemos.

Pode haver alguma outra característica que não conhecemos bem no final da abóbada ilimitada do espaço celestial. Eu não sei. Muitos acreditam que na Criação foi criado ao redor da Terra um dossel de água. Essa é a visão de Whitcomb e Morris, de que as águas acima da expansão eram como um vapor que envolvia toda a Terra e criou uma espécie de ambiente de estufa.

E é por isso, eles sugerem, que os animais e as plantas viviam tanto. Havia animais que viviam o suficiente para se tornarem dinossauros enormes. Havia pessoas vivendo o suficiente para se tornarem como Matusalém, que viveu mais de 900 anos de idade, porque eram protegidas da luz ultravioleta por causa daquele dossel de água.

E então, no Dilúvio, esse dossel se desprendeu e afogou a Terra, junto com o cataclismo tectônico que ocorreu sob a Terra, que quebrou os elementos básicos do planeta e criou o ambiente pós-dilúvio. Mas, não podemos ter certeza acerca disso. As sugestões são de que esse vapor era um dossel de vapor d’água ao redor da Terra. Não há nada aqui no texto de Gênesis sobre isso. Então, pessoal, vocês não podem ser dogmáticos sobre isso. Mas, parece uma explicação razoável.

E foi sugerido que esse vapor de água tinha a capacidade de transmitir a radiação solar de entrada e de reter e dispersar grande parte da radiação refletida da superfície da Terra. Assim, serviria como uma estufa global, mantendo temperaturas quentes uniformemente agradáveis em todo o mundo.

Esses cientistas dizem que com temperaturas quase uniformes, grandes movimentos de massa de ar seriam inibidos, tempestades de vento seriam desconhecidas. Sem circulação de ar global, o ciclo hidrológico do mundo atual não poderia ser implementado. Não poderia haver chuva, exceto diretamente sobre as massas de água das quais a água poderia ter evaporado.

Sem circulação de ar global, porque estava tudo protegido por aquele dossel, não haveria turbulência, sem partículas de poeira transportadas na alta atmosfera. O vapor de água no dossel teria sido estável e não teria se precipitado [caído em forma de chuva].

Além disso, o planeta teria sido mantido não apenas em temperatura uniforme, mas em umidade confortável e uniforme por meio de evaporação local diária e condensação, como orvalho ou neblina. A combinação adicional de temperatura quente e umidade adequada em todos os lugares levaria a extensas áreas de vegetação exuberante em todo o mundo, sem desertos estéreis e sem calotas polares.

Um dossel de vapor seria eficaz para filtrar a radiação ultravioleta, os raios cósmicos, outras energias destrutivas etc. E então, no Dilúvio, quando Deus quis afogar a Terra, Ele simplesmente soltou aquele dossel de água suspenso e afogou a Terra. A partir daí, todos nós fomos expostos à luz ultravioleta, a vida foi encurtada e as pessoas passaram a viver apenas décadas e não séculos.

Foi assim mesmo? Bem, não é dito isso em Gênesis. O texto de Gênesis não especifica um dossel, mas diz que havia águas acima e abaixo. Tem havido bons cientistas criacionistas que afirmaram que essa teoria do dossel não se sustenta. Robert Whitelaw e Walter Brown resumiram as dificuldades encontradas na teoria do dossel:

Um grande dossel de vapor ou gelo aumentaria tanto o calor, que torraria todas as coisas vivas, se não houvesse movimento de ar e apenas tivesse esse calor. Também a luz das estrelas, que Deus disse que seria para sinal e para as estações, mal poderia ter sido vista e a luz do Sol não poderia ter alcançado o calor suficiente para sustentar as plantas tropicais. Ainda haveria o problema da pressão, pois um dossel de vapor com mais de 12 metros de água aumentaria tanto a pressão em sua base que sua temperatura ultrapassaria 220 graus Fahrenheit. Além disso, nem vapor, líquido ou gelo, poderia ter sobrevivido fisicamente por muitos séculos entre a Criação e o Dilúvio, que corresponde a alguns milhares de anos. Ele iria condensar, evaporar ou vaporizar, não iria simplesmente ficar lá. Outra questão é que um dossel ao redor da atmosfera não teria sido protegido da luz ultravioleta, que teria desassociado a água em hidrogênio e oxigênio, destruindo imediatamente o dossel.

Olha, eu não vou entrar nessa discussão. Eu não tenho ideia do que realmente havia no início. Tudo que sei é que havia água aqui embaixo e água lá em cima. Isso é tudo que eu sei.

Agora, a teoria do dossel faz sentido. Havia água lá em cima em algum lugar. Talvez não fosse água como o primeiro grupo de cientistas disse que seria, e talvez não estivesse fazendo o que o segundo grupo de cientistas pensou que faria se estivesse lá em cima. Mas, o fato é que a água estava lá em cima.

Agora, você diz: “essa é uma explicação não científica muito simples.” Bem, eu sou um teólogo. Isso é o que a Bíblia diz. Não dá uma explicação da ciência, mas apenas diz que uma parte da água subiu e outra parte ficou aqui. Nós poderíamos dizer isso com segurança. A explicação pode ser que Deus criou um tipo de dossel, uma espécie de abóbada no Universo, um tipo de água na atmosfera que era controlada para não produzir os efeitos nocivos que Whitelaw e Brown mencionaram.

Nós sabemos que havia água lá em cima e no Dilúvio, a água desceu, de acordo com Gênesis 7, e afogou toda a Terra. Então, entre as águas, Deus criou o espaço. Olhe para esta nota, isso é realmente interessante. Versículo 7, final do versículo, “E assim foi.” Isso é redundante? O versículo 6 diz: “Haja uma expansão no meio das águas”. No versículo 7, “E Deus fez a expansão.” E, por que Ele acrescenta: “e assim foi”? Isso é apenas um tipo redundante de comentário editorial?

Não, mas serve a um propósito muito necessário, uma declaração muito crítica. Não há tal comentário no versículo 3. Deus disse: “Haja luz e houve luz”. Não diz: “e assim foi.” Eu vou te dizer por quê. Essa pequena frase – “e assim foi” – usada nos versículos 9, 11, 15 e 24, serve para afirmar algo que é fixo, que não muda, que permaneceu para sempre.

Você não pode dizer “e assim foi” depois do versículo 3, “Haja luz e houve luz”, porque há a sequência contínua de luz e trevas. A luz não é fixa,mas alterna com as trevas. Mas, quando o texto diz que Deus criou os céus, isso é fixo e por isso a expressão “e assim foi” se presta ao entendimento da natureza firme, fixa e imutável desse elemento da Criação.

E o versículo 8 termina, dizendo: “Deus chamou a expansão de Céus.” E por falar nisso, Ele não disse que estava bom ainda. Deus não disse isso no primeiro nem no segundo dias. Ele não vai dizer isso até o versículo 10, quando a Terra já era habitável. Só a partir de então Ele dirá “é bom”, somente depois que finalmente o planeta foi moldado em sua condição habitável.

E o versículo 8 termina o relato do segundo dia, dizendo: “E chamou Deus à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo.” Ele fez tudo isso em um dia: criou o firmamento, a expansão, os céus. E aí seguirá o terceiro dia. Em algum momento aqui, os anjos foram criados. Você sabe quando? Fique ligado. Eu ia te contar esta noite, mas agora não há mais tempo.

Gostaria apenas de encerrar com um pequeno louvor. Escute o que diz o Salmo 104:

1 BENDIZE, ó minha alma, ao SENHOR! SENHOR Deus meu, tu és magnificentíssimo; estás vestido de glória e de majestade.
2 Ele se cobre de luz como de um vestido, estende os céus como uma cortina.
3 Põe nas águas as vigas das suas câmaras; faz das nuvens o seu carro, anda sobre as asas do vento.
4 Faz dos seus anjos espíritos, dos seus ministros um fogo abrasador.

Agora, se já havia vento no momento da Criação, então talvez Whitcomb e Morris estejam errados afinal … ou pelo menos eles exageraram na questão da hipótese do efeito dossel. Mas, aqui está a louvável lembrança do salmista de Deus estendendo o céu, levando a água para as câmaras superiores.

E ele louva a Deus, dizendo: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor! Senhor! Deus meu”. E, nos versículos 5 e 6, ele diz: “Lançou os fundamentos da terra; ela não vacilará em tempo algum. Tu a cobriste com o abismo, como com um vestido; as águas estavam sobre os montes.” Você pode ver todas as alusões à Criação aqui, afirmando o que aconteceu. E veremos mais nesse Salmo, à medida que Deus separa a terra do mar e cria as fontes, os vales e os animais. É um texto tremendo, tremendo!


Esta é uma série de diversos sermões sobre Gênesis. Clique aqui e veja os links dos demais sermões já publicados.


Este texto é uma síntese do sermão “Creation Day 2”, de John MacArthur em 02/05/1999.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/90-213

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


 

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