Vinde a Mim!

O homem sem Deus, cheio de si mesmo e se gloriando em sua pretensa sabedoria, se torna um nada. Mas, aqueles que creem se tornam tolos para este mundo, mas, perante Deus, são sábios, justos, santos e salvos. Eles não se gloriam em si mesmos, mas no Senhor.

Vamos contemplar por algumas semanas a pessoa de Jesus, sua obra e sua palavra em alguns cenários únicos. Começaremos hoje com Mateus 11: 25 a 30, um texto muito conhecido.

Mateus 11
25 Por aquele tempo, exclamou Jesus: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos.
26 Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.
27 Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.
29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.
30 Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.

Nosso Senhor tem algo a dizer a você agora. No verso 28 ele fez um gracioso convite: “vinde a mim”. Esse convite é uma expressão da Sua missão. Em Lucas 19:10 Ele disse: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido”. Essa é a missão dele. Ele veio buscar e salvar os perdidos.

Essa sempre foi a missão de Deus. O profeta Isaías escreveu:

Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom e vos deleitareis com finos manjares. Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis misericórdias prometidas a Davi. Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar (Isaias 55: 1-7).

Essa é uma série de convites de Deus para vir a Ele. Deus é por natureza um Salvador. A missão de Deus no mundo é uma missão de salvação. Não se trata de mudanças sociais, mas de vida eterna.

E o Messias veio cumprir essa missão, ou seja, fornecer o sacrifício necessário para tornar possível o perdão aos pecadores. Ele veio para isso. Jesus disse: “aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração”, esse é o coração do evangelista Jesus.

Eis aqui o meu servo, que escolhi, o meu amado, em quem a minha alma se compraz. Farei repousar sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará juízo aos gentios. Não contenderá, nem gritará, nem alguém ouvirá nas praças a sua voz. Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega, até que faça vencedor o juízo. E, no seu nome, esperarão os gentios. (Mateus 12:18-21)

Esse texto de Mateus 12: 18-21 é o cumprimento da profecia em Isaias 42: 1-4. Um texto evangelístico do Antigo Testamento é repetido no Novo Testamento para nos lembrar novamente que o propósito de Deus no Antigo Testamento era o mesmo do Novo Testamento, ou seja, convidar os pecadores a virem a Ele para a salvação.

A profecia de Isaías diz que era o desejo de Deus salvar os gentios, e isso não viria através de uma revolução violenta ou pela força. O senhor não iria tirar vantagem daqueles que são fracos. A salvação viria com terna compaixão. O Senhor “veio buscar e salvar o perdido” (Lucas 19:10).

A mensagem de Jesus foi sempre a mesma:

Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede. (João 6:35)

Se alguém tem sede, venha a mim e beba. (João 7:37)

Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida. (João 8:12)

Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; (João 11:25)

Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. (Mateus 11:28)

Quando Jesus disse “e achareis descanso para a vossa alma” (Mateus 11:29), humanamente pode significar liberdade do medo e da preocupação. De repouso em face de uma posição estável, confiável e sustentadora. O descanso pode ter um significado de longo alcance.

Mas o que o descanso significa no vocabulário de Deus? Do que Ele está falando aqui?

Ele não está realmente falando sobre as coisas que supomos serem descanso. É sinônimo de salvação. É o descanso que vem para a alma que foi perdoada e recebeu a vida eterna. É por isso que Ele chama isso de “descanso para a vossa alma”.

É o descanso que Hebreus 4:3 diz: “Nós, porém, que cremos, entramos no descanso, conforme Deus tem dito […]. Quando Israel entrou na terra prometida, tendo ouvido as boas-novas, rejeitou obedecer ao Senhor e não entrou em seu descanso” (Hebreus 4:5-6).

Mas Hebreus 4:6 diz que o descanso, ou seja, a salvação, ainda está disponível para todos os que vierem com fé. Esse descanso da salvação não pode vir através de um líder, nem mesmo Moisés, mas apenas por meio de Jesus Cristo. É o descanso que se recebe pela fé e não pelas obras.

Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham (Apocalipse 14:13).

Estamos falando de um descanso depois que deixarmos este vale de lágrimas, este mundo. É o descanso eterno. É a salvação. Agora, com isso em geral, vamos voltar a Mateus 11.

Mateus 11
25 Por aquele tempo, exclamou Jesus: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos.

O que Mateus quis dizer com “por aquele tempo” ou “naquela época” no início de Mat. 11:25?

Em que fase estamos na vida e no ministério de Jesus? Isso é importante para compreender o significado vital deste texto.

Jesus estava perto do fim de seu ministério na Galileia. Fez obras poderosas e muitos milagres inegáveis. Havia evidências claras de que Jesus era o Messias, o Cristo, o tão esperado Rei, o Deus eterno encarnado. Somente Deus poderia fazer o que Ele fez e dizer o que Ele disse.

Em Mateus 10 Jesus comissionou Seus apóstolos a proclamar a mensagem do reino. Nos capítulos 11 e 12, começamos a ver os resultados.

Como o povo da galileia recebeu a mensagem de Jesus e dos apóstolos?

A resposta da galileia foi: “Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores” (Mateus 11:19). Essa foi a avaliação da Galileia em relação ao Filho de Deus, depois que Ele completou Seu ministério milagroso ali.

A atitude do povo da Galileia foi realmente uma amostra da total rejeição que Ele logo receberia de toda a nação. A popularidade inicial se transformou em uma oposição feroz. A Galileia o rejeitou.

As cidades nas quais Jesus ensinou e operou numerosos sinais não se arrependeram e rejeitaram o Filho de Deus. E foi tão severa a rejeição, que Jesus disse:

Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas se teriam arrependido com pano de saco e cinza. E, contudo, vos digo: no Dia do Juízo, haverá menos rigor para Tiro e Sidom do que para vós outras. Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até ao céu? Descerás até ao inferno; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se fizeram, teria ela permanecido até ao dia de hoje. Digo-vos, porém, que menos rigor haverá, no Dia do Juízo, para com a terra de Sodoma do que para contigo. (Mateus 11:21-24)

Sodoma foi destruída em uma fúria ardente e divina por sua perversão. Ninguém em Corazim, Betsaida ou Cafarnaum defenderia a perversão em Sodoma, mas, no entanto, o julgamento daquelas cidades será ainda mais severo, elas rejeitaram o Filho de Deus, o Salvador.

Então, qual é o veredicto das pessoas na Galileia sobre Jesus? “Ele é um comilão, é um beberrão, é amigo de cobradores de impostos e pecadores.” Esse foi o veredicto das pessoas na Galileia. E um duro juízo foi pronunciado sobre aquelas pessoas.

Jesus foi surpreendido pela rejeição na Galileia? Ele foi desaninado por aquela rejeição?

Surpreendentemente, é nesse contexto que chegamos ao versículo 25. Após Jesus proferir duro juízo sobre cidades da Galileia, ele diz: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos” (Mateus 11:25).

Parece que está completamente fora de sequência, não é mesmo? Depois de perceber a rejeição da Galileia e proferir juízo, ele diz: “Graças te dou, ó Pai…”.

Como isso é possível? Nós entenderíamos se Ele dissesse: “Pai, o que deu errado? Como isso aconteceu? Houve alguma falha na estratégia? O Senhor não levou em consideração que eu precisava de algum apoio divino neste esforço? Como acabou assim? Por que tanta rejeição?

Mas ele louvou ao Pai, e disse: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra”. Nada acontece que não esteja sob o controle de Deus. Ele é o Criador e possuidor de tudo que existe. Deuteronômio 10:14 diz:

Eis que os céus e os céus dos céus são do Senhor, teu Deus, a terra e tudo o que nela há. (Deuteronômio 10:14)

Jesus sabia que a única maneira possível de alguém responder à mensagem do evangelho seria se o Pai a revelasse a essa pessoa. Ele disse:

Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. (Mateus 11:25).

Todos os homens são dignos do inferno, mas Deus, em sua soberana vontade e graça, escolheu alguns para a salvação, e essa escolha desfaz a utilidade da sabedoria humana. Ele decidiu salvar homens desprezíveis, segundo o mundo. A salvação depende do chamado soberano e irresistível de Deus

A palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus. Pois está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos instruídos […] Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura da pregação. Nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus. (1 Coríntios 1: 18-19, 21, 23-24).

Deus confundiu ocultou a palavra da cruz dos sábios e entendidos. E, então, quem Ele escolheu?

Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus. (1 Coríntios 1:26-29).

O homem sem Deus, cheio de si mesmo e se gloriando em sua pretensa sabedoria, se torna um nada. Enquanto isso, aqueles que creem se tornam tolos para este mundo, mas, perante Deus, são sábios, justos, santos e salvos. Eles não se gloriam em si mesmos, mas no Senhor.

Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção,
para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor. (1 Coríntios 1:30,31).

O que Deus ocultou aos sábios e instruídos segundo o mundo?

Agora você pode voltar a Mateus 11:25, onde Jesus diz: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos”.

Que coisas Jesus está se referindo? Aquelas que dizem respeito ao Rei, ao reino, a sua messianidade, a seu senhorio, a sua obra como Salvador. Estes coisas não estão disponíveis para o homem natutal, desprovido de uma ação do Espírito Santo.

Por que o ímpio não pode entender essas coisas? O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente (1 Coríntios 2:14).

A sabedoria humana não pode compreender a verdade da salvação, pois somente Deus pode revelar a verdade. E Ele escolheu aqueles a quem ele faria isso. O homem jamais poderá alcançar a verdade se não for por uma intervenção divina.

Por isso a liderança religiosa de Israel, cheia de soberba, orgulho, autoconfiança e autossuficiência, esteve três anos face a face com Jesus, viu obras espantosas que autenticavam a divindade de Jesus, ouviram ensinos celestiais e estavam diante de cumprimentos proféticos, mas não reconheceram o Filho de Deus, antes o considerou um endemoninhado.

O Senhor faz distinção e escolheu os humildes. Joao 12:36 registra uma cena trágica: Jesus retirou-se da presença da liderança religiosa e passou a se ocultar deles. A luz se apagou para eles eternamente. E os versículos seguintes registram:

E, embora tivesse feito tantos sinais na sua presença, não creram nele, para se cumprir a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor? Por isso, não podiam crer, porque Isaías disse ainda: Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, para que não vejam com os olhos, nem entendam com o coração, e se convertam, e sejam por mim curados. (João 12:36-40)

Aqui há uma explicação da catastrófica rejeição dos judeus a Jesus. O endurecimento de Israel não somente foi prevista na Escritura, mas também foi fruto do plano soberano de Deus no endurecimento judicial na nação. Aqui vemos a soberania de Deus coexistindo paralelamente com a responsabilidade humana.

Não se trata de condenação à capacidade intelectual, mas ao orgulho intelectual. Não é a inteligência que impede o homem de entrar no reino, é o orgulho dessa inteligência.

Não é a inteligência que leva alguém ao reino, é a humildade. A própria inteligência não é uma entrada nem uma barreira, mas o orgulho da inteligência é o problema fatal. O Senhor mantém distância dos soberbos e atenta para os humildes (Salmo 136:8).

Quem entra no reino?

O humilde, o que lamenta sua condição pecadora, o manso, o que tem fome e sede de justiça (Mat. 5:3-12). É aquele que reconhece o seu desamparo, o seu vazio, o seu nada, profundamente consciente de sua miséria espiritual e que nada pode oferecer a Deus a não ser um clamor de misericórdia.

Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes (Tiago 4:6)

Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos. (Isaías 57:15)

O Senhor contou a parábola de um fariseu e um publicano que vão ao templo orar. Enquanto o fariseu se gabava como praticante de boas, o publicano apenas lamentava sua condição de pecador, dizendo: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!” (Lucas 18: 13).

Então o Senhor concluiu aquela parábola dizendo: “Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado” (Lucas 18:14).

Em Mateus 18:3, Jesus disse: “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus”. Em Isaias 66:2 diz: “mas o homem para quem olharei é este: o aflito e abatido de espírito e que treme da minha palavra”.

Por que Deus escolheu os humildes em vez dos elevados? Por que a salvação é baseada na eleição soberana?

Mateus 11
25 Por aquele tempo, exclamou Jesus: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos.
26 Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.

Isso é incrível. Por que Deus escolheu os humildes em vez dos elevados? Por que a salvação de Deus é baseada em Seu propósito soberano de eleição? Aqui está a resposta de nosso Senhor: “Isso foi do agrado de meu Pai”. Ou seja, porque Ele quis fazer dessa maneira.

Talvez você esperasse que Jesus desse muitas explicações para tentar lhe explicar a eleição soberana, mas ele apenas disse: “porque foi assim que Deus quis fazer! Isso é o bastante! Ele é soberano!” E ele completa dizendo que estava envolvido nisso.

Mateus 11
27 Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.

Em outras palavras, Jesus disse:

Eu Estou envolvido nisso. Nós nos conhecemos intimamente como membros da Trindade. Estamos em perfeito acordo. O Pai revela a quem Ele quer porque isso Lhe agrada; e estou em perfeito acordo com isso, e revelo a verdade a quem quero.

Ele sempre deixou muito claro essa verdade:

Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora. […] E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia. […] Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. (João 6:37, 39, 44).

As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar. Eu e o Pai somos um. (João 10:27-30)

Ele tem toda a autoridade. O Pai lhe entregou todas as coisas. Não há diminuição em Cristo em comparação com o Pai. Jesus disse: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mateus 28:18).

Durante todo seu ministério Jesus exibiu autoridade absoluta sobre os demônios, as doenças, a natureza, a vida e a morte. Ele tinha autoridade absoluta para perdoar, salvar e julgar.

O Pai lhe entregou todas as coisas, ou seja, a verdade, a justiça, a glória, a paz, a alegria, o consolo, o refrigério, a esperança, a libertação do pecado, a vitória sobre a tentação, a vitória sobre o mundo, a comunhão com Deus, o amor de Deus, a vida de Deus e até a eternidade.

Tudo isso vem de Cristo, que opera em perfeita harmonia com o Pai. Este é o plano eterno. Em outras palavras, o conhecimento do Filho de Deus é o conhecimento perfeito do Pai e de seu plano eterno. Sua vontade se harmoniza perfeitamente em Jesus.

Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus. (Colossenses 1:18-20)

Lutero disse:

Aqui é aniquilado todo o mérito humano e todos os poderes e habilidades da razão ou do livre arbítrio com que os homens sonham. Tudo isso não conta nada diante de Deus.

Tudo é concedido por Cristo. Tudo! De nenhuma outra maneira um pobre pecador pode conhecer a salvação. A salvação é o encontro do pecador humilde e desamparado, exposto à revelação de Deus pela graciosa e soberana vontade de Deus, que o escolheu para que ele entenda a verdade e abrace a verdade.

O convite a todos: “Vinde a mim”.

Bem, Jesus continuou dizendo:

Mateus 11
28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.

Incrível! Em meio a tais declarações absolutas sobre a salvação ser pela revelação de Deus a certas pessoas, Jesus diz: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”.

Não é uma inconsistência. É a soberania de Deus e a responsabilidade do homem coexistindo em paralelo. Do lado divino, é tudo de Deus; do nosso lado, são todos os que vêm. Você deveria estar feliz por não poder harmonizar isso, porque então você teria que ser Deus.

O que Jesus quis dizer com “cansado”?

A busca cansativa pela verdade, o fardo esmagador da culpa, uma consciência incômoda tentando infrutiferamente ser justa, correta; tentando ganhar sua salvação com alguma cerimônia religiosa. Portanto, se você está cansado de se esforçar para ganhar a salvação, Jesus diz: “Venha a mim”.

E “sobrecarregado” — o que isso significa?

Isso implica que alguém carregou sobre você um enorme fardo de leis, tradições e cerimônias que o dominam e é tão difícil de carregar. São os fardos pesados que são colocados sobre os ombros dos homens (Mateus 23:4). Paulo disse: “um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem nós” (Atos 15:10).

Se você está cansado de carregar o peso das obras formais, da autojustiça, da autorrealização e de rituais religiosos; se você está cansado de culpa, vazio, mentiras, “Venha a Mim”. A boa notícia é que você não precisa descobrir o que está acontecendo no decreto eterno, você só precisa vir.

Se você está insatisfeito com o lugar onde está, se não tem a resposta e sabe disso, se está cansado de tentar ser uma pessoa melhor, se está cansado de tentar corresponder às expectativas religiosas, expectativas morais, se você for dominado pelo fardo do pecado, “Vinde a Mim”, “venha a Mim”. Isso é simples o suficiente? “Venha até mim.”

Isso é realmente arrependimento. Você está se afastando do pecado. O coração humilde vê a futilidade do esforço próprio, vê o peso do pecado e o fardo opressivo e a ansiedade da religião e, em completa exaustão, desmorona sob o fardo, clama, faminto e sedento de graça e misericórdia, e faz como o publicano: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!” (Lucas 18: 13).

O que Jesus quis dizer com “Venha a Mim”?

Bem, isso é fé. Crendo que “em nenhum outro há salvação” (Atos 4:12), o coração humilde, exausto com o esforço de encontrar o caminho para a verdade e a salvação, tocado pela graça soberana na qual ele compreende a verdade do evangelho, ansiosamente abandona o pecado e vem a Cristo, declara Cristo como Salvador e Senhor. É um total compromisso com Ele.

Isso é suficiente? Bem, é. Mas há mais uma coisa que precisa ser entendida.

Mateus 11
29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.
30 Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.

Isso é uma ordem. “Tomai o Meu jugo”. O jugo ou canga é uma peça feita de madeira e utilizada para prender os bois à carroça ou ao arado. Jesus deve ter feito alguns na carpintaria de José.

Neste caso, o jugo tem sentido figurado de submissão. Então, a declaração na salvação é: “Estou submetendo tudo a Ti, tudo, de uma forma que pode ser descrita como usar um jugo”. Em alguns círculos judaicos “tomar um jugo” significava ser um dos seguidores de um determinado mestre. E o Senhor está dizendo: “Deixe-me ser seu Mestre, seja meu discípulo”.

Mas o jugo de Jesus é suave, seu fardo é leve. Ele é manso e humilde de coração. Não é o jugo opressor da religião hipócrita. Seus mandamentos não são pesados (1 João 5:3).

Na verdade, obedecemos a Ele porque O amamos. Jesus disse: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama” (João 14:21).

Ao contrário do jugo dos fariseus, o jugo de Jesus produz descanso para a alma. Não é o jugo da lei, das obras e do esforço humano. Não é o jugo pesado, opressor e irritante de um fardo grande e insuportável, carregado na carne que leva ao desespero, frustração e ansiedade.

E com alegria nós cantamos sobre a devoção completa a Deus e a Cristo. Não estamos sob um fardo pesado. A humilde submissão a Cristo torna a vida leve.

O pecador desesperado pelo fardo de seus pecados, humildemente clama ao Senhor, então ele é tocado pela verdade e pela graça soberana. O coração se abre, arrepende-se do pecado, crê no Senhor Jesus Cristo, vem a Ele, reconhece-O como Salvador e Senhor, submete sua vida.

E qual é o resultado de tudo isso?

O descanso da alma. Não há nada melhor do que isso. O descanso da alma é maravilhoso.

Esse descanso o Senhor ofereceu no Antigo Testamento:

Assim diz o Senhor: Ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para a vossa alma; mas eles dizem: Não andaremos. (Jeremias 6:16).

O mesmo convite é feito for Jesus: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mateus 11:29). Isso é o que Jesus oferece. Vamos orar.

Senhor, eu oro para que, em Sua misericórdia e graça, abra os olhos das pessoas hoje, para que o Senhor as faça ver. Abra seus ouvidos; fazer com que eles ouçam.

Abra seus corações; para que que se arrependam, creiam e se submetam; correr para Ti para descansar, para desistir do cansaço do pecado e do cansaço da falsa religião pelo descanso que vem de Cristo.

Aqueles de nós que te conhecem compreendem todos os dias, todos os momentos de vigília, quão compassivo és, ó Deus, quão terno, quão bondoso, quão misericordioso.

Sabemos que Tu desceste para cuidar de nós e para nos estender simpatia, porque o mostraste quando estiveste aqui neste mundo. O Senhor sofreu as coisas que sofremos para que pudesse ser um Sumo Sacerdote compassivo, alguém a quem podemos ir e encontrar um trono de graça, não de lei, e saber que podemos receber graça em tempos de necessidade.

Regozijamo-nos com gozo indescritível e cheio de glória por carregar o Teu jugo. É fácil, o fardo é leve, porque Tu estás em nós pelo Teu Espírito Santo, nos capacitando. Temos a Tua Palavra para nos iluminar, temos o Teu povo para ministrar a nós e temos toda a riqueza do céu derramada em nosso favor.

E Tu és um Senhor e Salvador perfeito, amoroso, compassivo, gracioso e misericordioso; e nos regozijamos em servi-lo, e sempre o faremos, um dia com perfeição.

Mas até então, agradecemos pelo jugo que é fácil e pelo fardo que é leve, pois o Senhor os carrega essencialmente para nós. Corações abertos até hoje, nós oramos, para a Tua glória. Amém.


Clique aqui e veja também o índice com os links dos sermões traduzidos sobre o Evangelho de Mateus


Este texto é uma síntese do sermão “Come to Me”, de John MacArthur em 16/04/2023.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/81-137/come-to-me

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


 

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