Tempos Trabalhosos
Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos.
2 Timóteo 3:1
As palavras desse versículo contêm um aviso sobre perigos iminentes. E há quatro elementos nesse aviso:
- Primeiro: A maneira de como o aviso é feito: “sabe, porém, isto”.
- Segundo: O próprio mal do qual somos advertidos: “tempos trabalhosos”.
- Terceiro: O modo de como os tempos trabalhosos nos serão introduzidos: “sobrevirão”.
- Quarto: O tempo em que eles sobrevirão: “nos últimos dias”.
Vejamos cada um desses elementos.
A MANEIRA COMO O AVISO É FEITO: “SABE, PORÉM, ISTO”
No capítulo 2, Paulo estava tratando com Timóteo, dizendo, em outras palavras:
Timóteo, além das outras instruções que eu te dei, de como se comportar na casa de Deus, pelas quais poderás ser apresentado como um padrão para todos os ministros do evangelho no futuro, devo acrescentar também: ‘sabe, porém, isto’.
E assim, como justificativa do meu desígnio atual, se Deus me permitir, desde logo quero colocar aqui que é dever dos ministros do evangelho prever e observar os perigos em que as igrejas estão caindo. Que o Senhor nos ajude, bem como a todos os outros crentes, a sermos despertados para esta parte de nosso dever!
Você sabe como Deus apresenta nosso dever de alertar o Seu povo (Ezequiel 33) na parábola do vigia, de alertar os homens sobre os perigos que se aproximam. E, verdadeiramente, Deus nos deu esta lei: se advertimos as igrejas dos perigos que se aproximam, cumprimos nosso dever, se não o fizermos, seu sangue será requerido de nossas mãos.
O Espírito de Deus previu que negligenciaríamos esse dever de alertar. E, assim, a Escritura nos impõe dever, por um lado, e, por outro, requer o sangue do povo das mãos dos vigias, se eles não cumprirem seu dever. É o que diz o profeta Isaías: “E clamou: Um leão, meu Senhor! Sobre a torre de vigia estou em pé continuamente de dia, e de guarda me ponho noites inteiras” (Isaías 21:8)
Um leão é um símbolo do julgamento que se aproxima. “Rugiu o leão, quem não temerá? Falou o Senhor DEUS, quem não profetizará?”, diz o profeta Amós (3:8). É dever dos ministros do evangelho advertir sobre perigos iminentes.
O apóstolo, falando a Timóteo, fala também a nós, a todos nós: “sabe, porém, isto”. Deve ser uma grande preocupação de todos os que professam seguir a Cristo, de todas as igrejas, ter seus corações muito fixos nos perigos presentes que se aproximam. Há muito tempo que ansiamos por sinais, testemunhos e evidências de libertação, e coisas como essas, que quase perdemos o benefício que advém de todas as nossas provações, aflições e perseguições.
O dever de todos os crentes é estar atentos aos perigos presentes e iminentes. “Ó Senhor”, dizem os discípulos, qual será o sinal da tua vinda?” (Mat. 24). Eles estavam com os pensamentos fixados na vinda do Senhor. Nosso Salvador responde:
1. Haverá muitos erros e falsos mestres. Muitos dirão: ‘Eis aqui Cristo’ e ‘Eis aqui Cristo’.
2. Haverá apostasia da santidade: “a iniquidade abundará, e o amor de muitos esfriará.”
3. Haverá grande angústia das nações: “Nação se levantará contra nação, e reino contra reino”.
4. Haverá grandes perseguições: “E eles vos perseguirão e vos levarão perante os governantes; e sereis odiados de todos por causa do meu nome.”
5. Haverá grandes sinais da ira de Deus vinda do céu: “Haverá muitos erros e falsos mestres: muitos dirão: ‘Eis aqui Cristo’ e ‘Eis aqui Cristo’.
O Senhor Jesus Cristo informou aos crentes como eles deveriam aguardar por Sua vinda. Ele nos contou sobre todos os perigos. Esteja atento a essas coisas. Eu sei que você é capaz de ignorá-las. Mas deveria atentar para elas com diligência. Não estar sensível a um perigo atual, é o tipo de falsa segurança que a Escritura condena; e vou te dizer o porquê:
- É esse estado de coração que, dentre todos os outros, Deus mais detesta e abomina. Nada é mais odioso para Deus do que alguém que alimenta uma falsa sensação de segurança em dias perigosos.
- Uma pessoa que assim age, em épocas perigosas, está seguramente sob o poder de alguma luxúria predominante, quer isso seja evidente ou não.
- Essa sensação de falsa segurança sem sentido é um certo sinal de que a ruína se aproxima. Irmãos, por favor, saibam disso, peço a vocês, por sua e por minha própria alma, que sejam sensíveis e afetados pelos perigos dos tempos nos quais somos lançados. O que são eles, se Deus me ajudar e me der um pouco de força, mostrarei a vocês pouco a pouco.
O PRÓPRIO MAL DO QUAL SOMOS ADVERTIDOS: “TEMPOS TRABALHOSOS”
Há o mal e o perigo propriamente ditos, e são tempos difíceis, tempos perigosos, tempos de grande dificuldade, como os das pragas, quando a morte está a cada porta, nas vezes que tenho certeza de que nem todos escaparemos. Não direi mais nada agora, porque é sobre isso que falarei principalmente depois.
O MODO DE COMO OS TEMPOS TRABALHOSOS NOS SERÃO INTRODUZIDOS: “SOBREVIRÃO”
Não temos nenhuma palavra em nosso idioma que expresse a força dessa palavra no idioma original. No latim, seria “immineno, incido” – como a descida de uma ave até a sua presa. Nossos tradutores a traduziram como “sobrevirão”, isto é, “sobrevirão tempos trabalhosos”, indicando um acontecimento futuro. Aqui está a mão de Deus nestes tempos trabalhosos. Eles virão, serão tão instantâneos em sua vinda, que nada os impedirá. Eles vão surgir repentinamente e irão prevalecer.
Nossa grande sabedoria, então, será observar o desagrado de Deus em épocas perigosas, uma vez que existe uma mão judicial de Deus nelas, e vemos em nós mesmos razões suficientes para que elas venham. Mas quando elas virão?
O TEMPO: “NOS ÚLTIMOS DIAS”
As palavras “últimos” ou “últimos dias” são tomadas de três maneiras nas Escrituras:
- Às vezes, referindo-se ao “tempo do evangelho“, em oposição ao “tempo da nação judaica”, como em Heb. 1:2: “Nos últimos dias nos falou por seu Filho.”
- Também, a expressão “últimos dias” pode ser usada como os dias em direção à consumação de todas as coisas e do fim do mundo.
- Frequentemente, a expressão se refere aos últimos dias da igreja. Tim. 4:1, diz: “Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios”. Da apostasia decorrerão as estações perigosas, os tempos trabalhosos.
Se estamos vivendo agora tempos trabalhosos ou não, você deve julgar. E devo dizer que, a propósito, podemos e devemos testemunhar contra essa apostasia e lamentar os pecados públicos dos dias em que vivemos. É algo tão glorioso ser um mártir por prestar testemunho contra os pecados públicos de uma época, assim como por prestar testemunho de qualquer verdade do evangelho, seja qual for.
Agora, quando a apostasia, as doutrinas de demônio e o engano estão presentes, sem dúvida estamos diante de “tempos trabalhosos”. Eis as razões:
1 – Igrejas e pastores podem ser contaminados com isso. Os historiadores nos contam uma praga em Atenas, no segundo e terceiro anos da guerra do Peloponeso, pela qual morreram multidões; e dos que viveram – e poucos escaparam – perderam um membro, ou parte de um membro, como um olho, um braço, um dedo, pois a infecção foi grande e terrível.
E, verdadeiramente, irmãos, de onde vem essa praga – da prática visível de luxúrias impuras sob uma profissão de fé externa – embora os homens não morram, ainda assim um perde um braço, um olho e uma perna por causa dela: a infecção se espalha até o melhor dos mestres. Isso faz gerar os “tempos trabalhosos”.
2 – É perigoso, por causa dos efeitos, pois quando as luxúrias predominantes quebram todos os limites da luz e do poder divinos, por quanto tempo você acha que as regras humanas manterão tais pessoas em ordem? Elas passam por cima de tudo. E se vierem a romper todas as restrições humanas como romperam com as divinas, encherão tudo com ruína e confusão.
3. Eles são perigosos na consequência: ou seja, porque atraem os juízos de Deus. Quando os homens não recebem a verdade em amor a ela, mas têm prazer na injustiça, Deus lhes envia uma forte ilusão, para crerem no engano. Então, II Tess. 2:10-11 é uma descrição de como o papado veio ao mundo. Os homens professavam a verdade da religião, mas não a amavam, porém amavam a injustiça e a impiedade. Assim, Deus lhes enviou o Papa. Essa é a interpretação dessa passagem de Tessalonicenses, de acordo com os melhores teólogos.
Você professará a verdade e, ao mesmo tempo, amará a injustiça? A consequência é que vai desenvolver uma falsa segurança baseada em superstição e impiedade. Além desse exemplo, coisas semelhantes podem ser ditas quanto a julgamentos temporais, dos quais não preciso mencionar.
VAMOS AGORA CONSIDERAR QUAL É O NOSSO DEVER EM “TEMPOS TRABALHOSOS”
1 – Devemos lamentar grandemente as abominações públicas do mundo e da terra em que vivemos. Em Ezequiel 9, Deus envia Seus julgamentos e destrói a cidade, antes, porém, põe uma marca nas testas dos homens que suspiram de tristeza e indignação por todas as abominações que são feitas no meio dela.
Você encontrará essa passagem referida em Apocalipse 7:3: “Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que hajamos selado nas suas testas os servos do nosso Deus”, ou seja, que lamentam as abominações que são feitas na terra. Os que choram em Ezequiel são referidos como os servos de Deus em Apocalipse. E sinceramente, irmãos, certamente devemos nos culpar acerca desse assunto, pois ficamos quase que conformados que os homens deveriam ser tão maus, enquanto ficamos parados, vendo o que pode resultar disso.
Cristo foi desonrado, o Espírito de Deus blasfemado e Deus provocado para agir contra a terra em que vivemos e, ainda assim, não fomos afetados por essas coisas. Posso dizer com sinceridade: às vezes trabalhei com meu próprio coração nisso. Receio, porém, que todos nós tenhamos ficado extremamente aquém do nosso dever nesse assunto.
Diz o salmista: “Rios de águas correm dos meus olhos, porque os homens não guardam a tua lei” (Salmos 119:136). Profanação horrível do nome de Deus, abominações horríveis que nossos olhos viram e nossos ouvidos ouviram, e ainda assim nossos corações não foram afetados por eles! Você acha que esse é um estado de coração que Deus exige de nós em uma época dessas – sermos frios com relação a tudo e não lamentarmos as abominações publicamente feitas contra o Senhor?
Os servos de Deus chorarão. Eu poderia falar, ainda, daqueles preconceitos que nos impedem de lamentar os pecados e abominações de nossa geração contra Deus. Mas vocês podem lembrar de todos esses preconceitos que nos impediram de prestar mais atenção a esse dever de nos lamentarmos pelas abominações públicas contra o Senhor.
E deixe-me dizer que, de acordo com a regra das Escrituras, ninguém pode ter nenhuma evidência de que escaparemos dos julgamentos externos que Deus trará em resposta a essas abominações, se não tivermos sido lamentadores por elas. As consequências dessas abominações podem recair sobre os culpados por elas, mas também sobre nós. Não há qualquer evidência das Escrituras que digam o contrário. Como Deus pode lidar conosco nessas situações, eu não sei.
Essa é, pois, uma parte do dever deste dia: que humilhemos nossas almas por todas as abominações cometidas contra o Senhor em nossa terra e, em particular, porque não nos lamentamos por causa delas.
2. Nosso segundo dever, em referência a esses tempos trabalhosos, é cuidar para que não sejamos infectados com os males e pecados deles. Alguém poderia pensar que não corremos esse perigo. Mas, na verdade, na melhor das minhas observações, esse é, e tem sido, o quadro das coisas. A não ser mediante uma dispensação extraordinária do Espírito de Deus, à medida que os pecados de alguns homens crescem muito, as graças de outros homens diminuem muito.
Nosso Salvador nos disse, em Mateus 24:12: “Por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará”. Um homem pensaria que a abundância de iniquidade no mundo deveria causar grande estímulo para amarmos uns aos outros. “Não”, diz nosso Salvador, o contrário será considerado verdadeiro: à medida que os pecados de alguns homens aumentam, as graças de outros diminuem. E estas são algumas razões:
A – Nesse período, isto é, em tempos de multiplicação da iniquidade, estamos propensos a ter pensamentos leves sobre grandes pecados. O profeta Jeremias considerou algo terrível o fato de o rei Jeoaquim ter jogado no fogo o rolo da profecia de Jeremias até que fosse consumido. Diante da exortação do profeta, eles não tiveram medo, nem rasgaram suas vestes, nem o rei, nem nenhum de seus servos que ouviram todas essas palavras, como está em Jeremias 36:24.
Aquelas pessoas agiram como loucas, tanto por causa de serem confrontadas com seu pecado, quanto pelo julgamento. E onde os homens (mesmo que eles em outros aspectos sempre sejam sensatos) passam a sentir menos o pesar pelo pecado, eles rapidamente também ficarão sem juízo, insensatos.
E temo que a grande razão pela qual muitos de nós não tenha nenhuma impressão em nossos espíritos acerca dos perigos nos dias em que vivemos, é porque não somos sensíveis ao pecado, não sentimos o pesar necessário por causa dele.
B – Os homens tendem a ver seu próprio pecado como algo menor, pois se comparam com pecados maiores de outros homens, e assim, julgam-se menos pecadores. Há aqueles que prestam sua homenagem ao diabo, andando em tais e tais abominações, mesmo assim se veem como infratores menores.
Embora eles não vivam em práticas grosseiras de pecado como outros vivem, eles pecam na omissão dos seus deveres, na conformidade com o mundo e em muitas concupiscências tolas, ofensivas e barulhentas. Eles se confortam com o fato de acreditarem que outros são culpados de maiores abominações.
C – Ore para que todos se lembrem disso, que a conversação em geral no mundo sempre está cheia de perigo. A maioria das pessoas sábias adquire conhecimento proveitoso a partir de conversar com outras pessoas sábias. A má conversação é a primeira coisa que faz de uma época ser um “tempo trabalhoso”.
Não sei se essas coisas podem ser motivo de preocupação e utilidade para você. Mas, elas me parecem ser, e não posso deixar de familiarizá-lo com elas.
Uma segunda estação perigosa ou tempo trabalhoso, em que dificilmente chegaremos, é quando os homens tendem a abandonar a verdade, e os sedutores abundam para reunir tais homens, e você sempre terá essas coisas juntas. Você vê muitos sedutores? Você pode ter certeza de que há uma propensão na mente dos homens para abandonar a verdade; e quando houver tal propensão, eles nunca desejarão sedutores – ou seja, aqueles que desviarão a mente dos homens da verdade, pois existe a mão de Deus e a de Satanás neste negócio.
Deus abandona os homens, num ato de Seu juízo, quando os vê cansados da verdade e propensos a abandoná-la. É nesse momento que Satanás aparece e desperta sedutores. Isso caracteriza os “tempos trabalhosos”. O apóstolo descreve isso em I Tim. 4:1: “Ora, o Espírito fala expressamente que, nos últimos dias” (ou seja, nestes dias perigosos) “alguns se afastarão da fé, dando ouvidos a espíritos sedutores e doutrinas de demônios”.
E assim, Pedro adverte aqueles para quem escreve, II Pedro 2:1, 2, que:
E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade.
Chegará um tempo cheio de perigos, que arrastará os homens da verdade para a destruição. Como podemos saber se há uma propensão na mente dos homens, em qualquer época, para se afastarem da verdade? Existem três maneiras pelas quais podemos saber:
1 – A primeira é o mencionada em 2 Tim. 4:3, que diz: “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências.”
Quando os homens se cansam da sã doutrina – quando é clara demais, pesada demais, considerada entorpecida, comum demais, alta demais, misteriosa, quando uma coisa ou outra os desagrada, e eles ouvem algo novo, algo que pode agradá-los, é um sinal de que, em tal momento, muitos são propensos a abandonar a sã doutrina. E conhecemos muitos deles.
2 – Quando os homens perdem o poder da verdade em suas conversas e estão propensos e prontos a se separar da profissão de fé em suas mentes. Você vê um homem mantendo a profissão da verdade enquanto tem uma conversa mundana? Ele quer apenas iscas da tentação, ou um sedutor, para tirar a fé dele.
Uma inclinação para ouvir as novidades, e a perda do poder da verdade na conversa, são um sinal de propensão a essa declinação da verdade. Isso é um dos perigos dos “tempos trabalhosos”. E por que é perigoso? Porque as almas de muitos são destruídas nesses tempos.
O apóstolo nos diz diretamente, em 2 Pedro 2:1, sobre “falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição.”
E o que acontecerá? Verso 2: “muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade.” Irmãos, enquanto está tudo bem conosco, pela graça de Deus, e nossas próprias casas não são inflamadas pelo engano e erro, orem, não pensem que os tempos não são perigosos, quando tantos caem em erros perniciosos e em rápida destruição.
Você diria que o tempo da peste [referindo-se a uma epidemia naquela época] não foi perigoso, por que você ficou vivo? Não. O fogo não foi terrível, porque suas casas não foram queimadas? Não. Você dirá que foi uma praga terrível e um fogo terrível. E ore, considere: os “tempos trabalhosos” são perigosos, pois é quando multidões têm tendência a se afastar da verdade, e Deus, com um julgamento justo, permite a Satanás incitar sedutores para atraí-los para caminhos perniciosos, e suas pobres almas perecem para sempre.
Além disso, nessas épocas há uma grande habilidade para trabalhar a indiferença na mente daqueles que não pretendem abandonar totalmente a verdade. Eu mesmo não pensava que viveria neste mundo para ver as mentes daqueles que dizem ser cristãos tão indiferentes às doutrinas da eterna eleição de Deus, à eficácia soberana da graça na conversão dos pecadores, à justificação pela imputação da justiça de Cristo. Mas muitos são indiferentes a isso.
Posso afirmar que na geração anterior a essa tudo isso traria muita insatisfação aos crentes professos. Mas, agora, grandes cristãos professos se tornaram indiferentes a tais doutrinas. Não estamos tão preocupados com a verdade como nossos antepassados. Eu poderia dizer que éramos mais santos.
3 – Essa propensão a se afastar da verdade é uma estação perigosa, “tempos trabalhosos”, porque é a maior evidência da retirada do Espírito de Deus de Sua igreja, pois o Espírito de Deus nos foi prometido para esse fim: para nos conduzir a toda a verdade.
Quando a eficácia da verdade começa a decair, essa é a maior evidência da partida e retirada do Espírito de Deus. E eu acho que isso é uma coisa perigosa; pois se o Espírito de Deus se afasta, nossa glória e nossa vida são afastadas de nós.
Qual é o nosso dever em relação a estes “tempos trabalhosos”? As previsões de perigo nos são dadas para nos instruir em nosso dever, que são estes:
I – O primeiro dever é não se contentar com o que você julga ser uma profissão sincera da verdade, mas trabalhar para ser encontrado no exercício de todas as graças que dizem respeito à verdade. Existem graças que devemos exercitar, e se isso não for encontrado em nossos corações, toda a nossa profissão de fé resultará em nada. E quais são essas graças?
A – Amor: “Porque eles não amaram a verdade…”, ou seja, eles declararam crer no evangelho, mas eles não receberam a verdade em amor a ela. Faltou amor à verdade. A verdade não fará bem a nenhum homem onde não houver amor. “Falai a verdade em amor” é a substância da nossa profissão de fé cristã. Orem, irmãos, trabalhemos para amar a verdade, e tirar todos os preconceitos de nossas mentes, para que possamos fazê-lo.
B – Experimentar a verdade em nossa própria vida, é a segunda graça. É a grande e única regra para nos preservar em tempos perigosos, que é trabalhar para termos a experiência do poder de toda verdade em nossos corações. Se assim for, aprendemos do Senhor Jesus. Como? “quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; e vos renoveis no espírito da vossa mente; e vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade.” (Ef. 4: 22-24).
Isso é aprender a verdade. A grande graça que deve ser exercida com referência à verdade em uma época como essa é exemplificá-la em nossos corações no poder dela. Trabalhem pela experiência do poder de toda verdade em seus próprios corações e vidas.
C – Zelo pela verdade é a terceira graça. A verdade é o objeto mais apropriado para o zelo. Devemos “lutar sinceramente pela verdade, uma vez entregue aos santos”, estarmos dispostos, com a ajuda de Deus, a nos desapegarmos do nosso nome e reputação, e a sofrermos desprezo e escárnio, tudo o que este mundo possa lançar sobre nós, por prestarmos testemunho da verdade.
Tudo o que este mundo considera querido e valioso deve ser abandonado, mas não a verdade. Esse foi o grande fim pelo qual Cristo veio ao mundo.
II – O segundo dever é: apegue-se aos meios que Deus designou e ordenou para a sua preservação na verdade. Vejo que alguns estão prontos para dormir e não estão preocupados com essas coisas. Que o Senhor desperte seus corações! Mantenham os meios de preservação na verdade. Peçam a Deus por um ministério que valorize a verdade, conheça a verdade, ressoe fé. Apegue-se a isso.
Há pouca influência nas mentes dos homens desta ordenança e instituição de Deus, nos grandes negócios do ministério. Mas saiba que há algo mais nos ministros do que apenas ter melhores habilidades para discorrer sobre as doutrinas do que você, ou ter mais conhecimento, mais luz, melhores compreensões do que você.
Se você não enxergar mais no ministério do que isso, nunca fruirá os benefícios dele. Os ministros do evangelho são ordenança de Deus, o nome de Deus está sobre eles; Deus será santificado neles. Eles são a ordenança de Deus para a preservação da verdade.
III – O terceiro dever é: lembremo-nos cuidadosamente da fé daqueles que vieram antes de nós. Estou apto a pensar que não houve uma profissão de fé mais gloriosa por mil anos na face da terra do que entre os cristãos da última era. E de que fé eles eram? Eles eram meio arminianos e meio socinianos, metade papista e metade não sei o que, como hoje?
Lembrem-se de quão zelosos eles eram pela verdade, quão pouco suas almas santas teriam suportado ver essas deserções públicas da doutrina da verdade que vemos, e mesmo assim não lamentamos, não fazemos nada, nos dias em que vivemos.
Deus estava com eles, e viveram para Sua glória, e morreram em paz, deixando-nos exemplo. E lembre-se da fé em que viveram e morreram. Olhe em volta e veja se algum dos novos credos produziu uma nova santidade para exceder a deles.
Uma terceira característica que leva aos “tempos trabalhosos” é quando os crentes professos se misturam com o mundo e aprendem seus modos. Este foi o fundamento e a primavera dos primeiros “tempos trabalhosos” que houve no mundo, que trouxe primeiro um dilúvio de pecado e depois um dilúvio de miséria. Foi o começo da primeira apostasia pública, que resultou na mais severa marca do descontentamento de Deus.
Gênesis 6:2: “Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.” Esse é apenas um exemplo do povo de Deus, os filhos de Deus misturando-se ao mundo. Isso não foi tudo, pois eles tomaram para si esposas. Eles se misturaram com o mundo.
Qual é a consequência de se misturar dessa maneira com o mundo? Salmos.106: 35 diz: “Eles se misturaram com as nações…” e, então: “aprenderam suas obras.” Se alguma coisa pode fazer de uma época um tempo trabalhoso, essa é quando nos misturamos com o mundo e aprendemos suas obras.
Há duas coisas sobre as quais falarei neste tema: I. Onde os ministros se misturam com o mundo. II. O perigo disso.
I. Os cristãos professos se misturam com o mundo naquilo em que o mundo é, no que é próprio do mundo. Com aquilo que é mais eminente e visível do mal aqueles que se dizem crentes em Cristo não se misturam tão cedo; mas, naquilo que é do mundo – como na comunicação corrupta, no espírito do mundo, no extrato e fruto da vaidade da mente – naquilo com o qual o mundo está corrompido.
Um tipo de comunicação ruim e podre, pela qual as obras do mundo são corrompidas, vem do espírito do mundo. O diabo tem sua mão em todas estas coisas, mas é o mundo e o espírito do mundo que estão na comunicação corrupta. E como isso se espalhou entre os cristãos professos! Comunicação rasa, vaidosa e tola, em todas as ocasiões e lugares, além de nutrirem hábitos e roupas vãs do mundo, por exemplo.
Os hábitos e o vestuário do mundo são as coisas em que o mundo projeta mostrar-se o que é. Os homens podem ler o que o mundo é através de observar personagens evidentes nos seus hábitos e roupas que vestem. São cegos os que não conseguem enxergar a vaidade, loucura, impureza, luxo, nas roupas com que o mundo se veste.
A triste tendência dos cristãos professos de hoje em imitar os costumes do mundo em seus hábitos torna essa época um tempo trabalhoso, uma estação perigosa. É uma mistura em que aprendemos as maneiras do mundo. E tudo isso atrai os juízos de Deus.
Nisto, da mesma forma, somos parecidos como o mundo, no sentido de nos perturbarmos tão pouco com os pecados. Ló morava em Sodoma, mas sua alma justa se perturbava por causa dos atos e discursos ímpios. Somos indiferentes aos pecados e abominações que vemos ser praticados pelo mundo em que vivemos?
Para não falar da devassidão da vida e de outras coisas que acompanham essa triste mistura com o mundo que muitos cristãos fizeram nos dias em que vivemos – comunicação corrupta, imodéstia de vestuário, insensatez dos pecados e abominações do mundo ao nosso redor, são quase tanto presentes nos crentes quanto no mundo. Nós nos misturamos com o povo e aprendemos suas obras.
II – Essa época em que vivemos é perigosa, porque os pecados dos que se dizem seguidores de Cristo são diretamente contrários a todo o projeto da mediação de Cristo neste mundo. Cristo se entregou por nós, a fim de nos purificar de obras mortas e purificar para Si um povo peculiar (Tito 2:14). “Vocês são uma nação real, um povo peculiar.” Cristo tomou o ódio do diabo e de todo o mundo sobre Si e contra Si, por tirar um povo do mundo e torná-lo um povo peculiar para Si mesmo.
Assim, se nos misturarmos com o mundo novamente, esse é o maior desprezo que pode ser colocado sobre Jesus Cristo. Ele deu a vida e derramou o sangue para nos resgatar do mundo. Quão fácil é mostrar que isso é uma entrada para todos os outros pecados e abominações, e é aquilo pelo qual eu realmente acho que a indignação e o descontentamento de Deus logo virão contra muitos que se dizem cristãos, e sobre igrejas inteiras hoje em dia!
Se não nos diferenciarmos do mundo em nossos caminhos e obras, não nos diferenciaremos dele em nossos privilégios. Se somos iguais ao mundo em nossos caminhos, também o seremos em nossa adoração, ou não teremos absolutamente nenhuma adoração.
Quanto ao nosso dever em uma época tão perigosa, deixe-me deixar três advertências com você, e o Senhor as fixará em seus corações:
1 – A adesão a uma religião e o cumprimento de deveres religiosos não passam de um meio sofisticado de levar os homens de olhos vendados ao inferno. Não devemos nos contentar com uma pequena e simples profissão vazia de fé, quando estamos diante de uma realidade espiritual tão grande.
2 – Se você quer ser como o mundo, deve esperar ter a mesma sorte ou destino do mundo. O seu destino será como o do mundo. Pergunte e veja, em todo o livro de Deus, como será o mundo, quais são os pensamentos de Deus sobre o mundo, se ele não diz: “Se estiver na impiedade, será julgado” e que “a maldição de Deus está sobre ele.” Se, portanto, você é como o mundo, terá o mesmo destino do mundo. Deus não fará distinção.
3 – Por fim, considere que, dessa maneira, perdemos a causa mais gloriosa da verdade que já existiu no mundo. Não conhecemos que houve uma causa mais gloriosa da verdade, desde os dias dos apóstolos, do que o que Deus comprometeu com Sua igreja e Seu povo nesta nação, pela pureza da doutrina da verdade e das ordenanças. Mas perdemos toda a beleza e glória disso por essa mistura com o mundo.
Eu realmente acho que é mais do que tempo para que as congregações nesta cidade, através de seus líderes e membros, discutam em conjunto como parar esse mal, que comprometeu toda a glória de nossa profissão de fé. É um momento perigoso, quando os crentes se misturam com o mundo.
4 – É algo terrível, quando há no meio do povo que se diz de Deus, grande envolvimento com os deveres e obras externos, mas internamente há decadências espirituais. Agora aqui, meus irmãos, vocês sabem há quanto tempo venho tratando das causas e razões das decadências internas, e os meios a serem usados para nossa recuperação. Portanto, não insistirei mais neles.
5 – Tempos de perseguição também são tempos de perigo.
Agora, não preciso lhes dizer se estamos num tempo trabalhoso, ou numa estação perigosa, ou não. É seu dever investigar isso. Se não há uma retenção externa da verdade, como consequência de uma prevalência visível de concupiscências abomináveis no mundo; se não há propensão a abandonar a verdade, e sedutores trabalhando para atrair homens; se não há uma mistura de nós mesmos com o mundo, e com isso um aprendizado de suas obras e modos; se não há declínio na experiência interior, mas a manutenção de obras exteriores e ativismo religioso; e se muitos não estão sofrendo perseguição e angústia, analisem e ajam de acordo.
Sejamos todos exortados a fazer com que nossos corações sejam afetados pelos perigos dos dias em que vivemos. Você pode ter ouvido tudo isso e se esquecer rapidamente. Oh, que Deus tenha prazer em nos dar essa graça – para que possamos achar nosso dever de nos esforçar para termos nossos corações afetados pelos perigos desses tempos trabalhosos!
Não é hora de dormir no topo de um mastro em um mar agitado, quando há tantos perigos devoradores à nossa volta. É melhor considerar o seguinte:
A – Considere as coisas presentes, exerça domínio sobre elas e veja o que a palavra de Deus diz delas. Irmão, quando você observa alguma dessas coisas do mundo, se você deseja que seu coração seja afetado e que você sinta lamento no seu coração pelo pecado, examine o assunto à luz da Palavra e veja o que Deus diz a respeito, e fale com Deus sobre isso. Busque saber o que Deus disse sobre essas prodigiosas maldades e quais os Seus julgamentos.
Há uma frieza sobre os crentes professos, que os leva a se misturarem com o mundo e aprenderem as maneiras do mundo. Vocês nunca terão seus corações afetados em lamento pelos pecados do mundo, até que venham e inquiram a Deus sobre eles. E, então, vocês os encontrarão representados em uma taça da ira de Deus que fará seus corações doerem e tremerem.
B – Se você for sensível aos perigosos tempos atuais, preste atenção ao perigo de centrar-se em si mesmo. Enquanto sua maior preocupação for você mesmo ou o mundo, nem mesmo todos os anjos no céu podem torná-lo sensível ao perigo dos dias em que vive. Se você busca riquezas ou honras, enquanto se concentra nelas, nada pode torná-lo sensível aos perigos desses dias. Portanto, não se centre em si mesmo.
C – Ore para que Deus nos dê graça para sermos sensíveis aos perigos dos dias em que vivemos. Pode ser que embora milhares caiam à nossa direita e à nossa esquerda, ainda seremos capazes de estarmos atentos. Mas, acredite, isso é por pura graça. Faça suas orações particulares e secretas desta maneira, e que o Senhor nos ajude a direcionar nossas orações públicas nesse sentido, para que Deus torne nossos corações sensíveis aos perigos do tempo em que caímos nos últimos dias!
A próxima observação é que há sempre dois elementos em uma estação perigosa: o pecado e a miséria. Trabalhe para ser sensível ao primeiro, ou você nunca será sensível ao segundo. Embora haja julgamentos à porta – embora o céu esteja escuro sobre nós, e a terra tremer debaixo de nós hoje em dia, e nenhum homem sábio possa ver onde ele pode construir uma habitação permanente – podemos falar dessas coisas; e ouvir outras nações encharcando sangue; e há sinais do desagrado de Deus – avisos do céu acima e da terra abaixo; e quase nenhum homem consciente de tudo isso! Por quê? Porque os homens não são sensíveis a se lamentar pelo pecado, nem jamais serão, a menos que Deus os faça assim.
Tratarei dos pecados dos quais deveríamos estar sensíveis e atentos sob três categorias: os pecados do mundo pobre, miserável e perecível, em primeiro lugar, os pecados dos que professam seguir a Cristo, em segundo lugar, e nossos próprios pecados e decadências, em terceiro lugar. E trabalhemos para que nossos corações sejam afetados por eles.
O julgamento está se aproximando. E o propósito de dizer isso é para despertar seus líderes, e aqueles que estão na torre de vigia, para clamarem: “Um leão; meu senhor, vemos um leão”. A menos que Deus torne nossos corações sensíveis a nos lamentarmos e enxergarmos o pecado, não seremos sensíveis aos julgamentos de Deus.
Lembre-se de que existe uma estrutura especial de espírito em todos nós, em épocas perigosas como estas. E qual seria essa estrutura? É uma estrutura de espírito de luto. Mas, infelizmente, o que vemos hoje é uma alegria de espírito! Que o Senhor nos perdoe, e mantenha-nos em um estado de espírito humilde, quebrado e triste, pois é uma graça peculiar que Deus procura nesse momento.
Quando Ele derramar Seu Espírito, haverá um grande luto, conjunto e individual. Mas agora podemos dizer que não há luto. O Senhor nos ajude, pois temos corações duros e olhos secos diante de todos esses perigos que estão diante de nós!
A igreja deve se manter vigilante, com diligência e de acordo com as regras. Quando digo regra, quero dizer a vida disso, não o cumprimento exterior de regras. Não tenho maior dor em meu coração do que Deus se retirar de nossas igrejas, por causa dos pecados do povo, e nos deixar apenas a carcaça de regras e ordens externas. Para que Deus nos dá ordenanças? Por elas mesmas? Não, mas para que possam ser revestidas de fé e amor, mansidão de espírito e entranhas de compaixão, vigilância e diligência.
Se faltarem esses frutos, as regras também são negligenciadas. Mantenha um espírito que possa viver afetado pela retidão. Adquira um espírito de vigília sobre igreja, que não significa ficar desonestamente à procura de falhas, mas diligentemente, por puro amor e compaixão pelas almas dos homens, vigiá-los, para fazer o bem a eles, com tudo o que pudermos.
Conta a estória de um pobre homem, que pegou um cadáver e o montou em um cavalo, e ele caiu, e ele o montou de novo, e caiu. O mesmo acontece com a ordem e o governo da igreja; monte-os sempre que quiser, todos eles cairão, se não houver amor um pelo outro, um deleite no bem um do outro, “exortando-vos uns aos outros no tempo que se chama hoje, para que ninguém seja endurecido pelo engano do pecado” (Hebreus 13:13).
Considere que, em tempos como esses, nem todos sairemos ilesos. Você não pode mencionar sequer uma época considerada como “tempos trabalhosos” ou uma época perigosa nas Escrituras, sem que alguns terão sua fé derrubada, outros seguirão caminhos perniciosos e outros se desviarão.
Irmãos e irmãs, como vocês podem saber se você ou eu podemos cair? Vamos dobrar nossa vigilância, cada um, pois é chegada a estação em que alguns de nós podem cair. Não me refiro a perecermos eternamente. Deus nos livre de entrar no poço! Mas alguns de nós podem cair a ponto de perder um membro, ser ferido e mutilado, e nossas obras serão comprometidas com o fogo que as queimará. Deus acendeu um fogo em Sião que provará todas as nossas obras, e veremos em pouco tempo o que será de nós.
Por fim, preste atenção na grande regra que o apóstolo dá em tempos como aqueles com os quais estamos preocupados:
Todavia, o firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus; e: Qualquer que profere o nome do Senhor, então que se aparte da injustiça. (II Tim. 2:19).
O que, então, é necessário de nossa parte? “Aquele que profere o nome de Cristo se aparte da iniquidade.” Sua profissão de fé, seus privilégios, sua luz não o protegerão, você está em apuros, a menos que se aparte da iniquidade.
Há muitos que perecem, mesmo tendo feito uma profissão exterior de fé, mas nunca se apartaram da iniquidade. Oh, que nossos corações possam sangrar ao ver pobres almas em perigo de perecer, embora professem externamente a fé.
Um resumo de tudo? Tempos trabalhosos e estações perigosas chegaram sobre nós, muitos já estão feridos, muitos caíram. O Senhor nos ajude! a coroa caiu da nossa cabeça – a glória da nossa profissão de fé se foi, o tempo é curto – o Juiz está às portas.
Aceite apenas esta única palavra de conselho, meus irmãos: “Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que sejais havidos por dignos de evitar todas estas coisas que hão de acontecer, e de estar em pé diante do Filho do homem.” (Lc 21:36). Amém.
John Owen (1616-1683)
Texto Original: “Perilous Times” (http://www.mountainretreatorg.net/eschatology/perilous_times.html)
Traduzido pelo Site Rei Eterno