O Sacrifício Vivo
Há algum tempo atrás tive uma conversa com uma jovem casada que disse que estava tendo sérios problemas para viver a vida cristã. Ela disse que praticava coisas que não agradavam ao Senhor, e que ela não tinha capacidade de mudar a situação, de fazer diferente. Contou que estava “buscando mais de Deus”, buscando experiências espirituais em um ambiente carismático, pentecostal. Ela disse que estava tentando conseguir tudo o que poderia receber de Deus.
A vida cristã não é o que você recebe de Deus, mas o que você dá a Ele. Muitos estão à procura de uma igreja na perspectiva do que aquela igreja pode oferecer a eles. Mas a vida piedosa não é sobre o que você ganha, mas o que você dá. E isso é cristalino em Romanos 12:
1 Rogo-vos, portanto, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
2 E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
São versos familiares, talvez até memorizados por muitos de vocês, mas o que eles nos dizem é que a vida cristã é primariamente um ato de adoração mediante o qual nos entregamos. Vimos que, com algumas pequenas seções de encorajamento, os onze primeiros capítulos de Romanos tratam sobre a doutrina da salvação. E quando chegamos ao capítulo 12, a Epístola se torna prática. A primeira coisa a dizer é muito importante: sua resposta ao que Deus fez por você é dar a Deus uma oferta espiritual, a saber, você mesmo em sacrifício vivo, santo e agradável. Isto é adoração.
Em João 4:23, Jesus diz que o Pai procura os verdadeiros adoradores, que O adoram em espírito e verdade. É sobre adoração. II Pedro 2:5 diz que somos chamados para oferecer “sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo”. A verdadeira vida cristã é, claramente, o cristão agindo como um sacerdote dando ofertas agradáveis a Deus.
A natureza dessa adoração é descrita em Romanos 12:1-2, em termos de “um sacrifício vivo e santo”. Essa é a linguagem sacerdotal, sacrificial e levítica. Isso nos leva de volta ao Antigo Testamento, ao sistema sacrificial, quando o sacerdote vinha e colocava uma oferta no altar para ser sacrificada. Os sacerdotes ofereciam sacrifícios mortos e não sacrifícios vivos. Eles estavam oferecendo sacrifícios mortos que retratavam o sacrifício redentor de Cristo na cruz.
Somos chamados para oferecer sacrifícios vivos e não sacrifícios mortos. Esse sistema sacrificial de animais mortos se foi, ele foi abolido (Hebreus 9:11-12) quando Jesus morreu na cruz e o véu no templo foi rasgado (Marcos 15:38). Há um novo tipo de sacrifício na Nova Aliança, na economia do Novo Testamento, e é um sacrifício vivo. Você e eu devemos nos colocar no altar diante de Deus como uma oferenda a Ele. Esse é um ato essencial e supremo de adoração.
Em Romanos de 1 a 11, temos tudo o que Deus fez. Agora, no capítulo 12, temos a nossa responsabilidade, nossa oferta completa, universal e abrangente de nós mesmos a Deus como se fôssemos sacerdotes nos colocando em um altar.
Então, isso é o que me leva a dizer que a vida cristã não é baseada no que você pode obter de Deus. Você já recebeu tudo o que precisa em sua salvação. A vida cristã tem como premissa o que você dá a Deus. Sempre foi assim. Deus nunca Se satisfez com sacrifícios de corações pecaminosos. É por isso que, em 1 Samuel 15:22, lemos: “Obedecer é melhor do que sacrificar”. O sacrifício tinha um lugar, era uma figura do sacrifício de Cristo que viria, mas Deus não aceitou sacrifícios que vieram de corações pecaminosos.
Em Amós 2, Ele diz: “Pare suas músicas e suas ofertas, não suporto vossos ajuntamentos, afaste de mim seus cânticos, são muitas as vossas transgressões e graves os vossos pecados”. No Salmo 51:17 diz: “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado, a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus”. Note que esses eram os sacrifícios que Deus aceitava no Antigo Testamento. É o mesmo que Ele quer hoje. O sacrifício de um animal simbolizava o sacrifício de Cristo, que iria satisfazer a Deus, mas era um coração contrito e quebrantado que O satisfazia. Ele queria o coração e depois a obediência no sacrifício como uma manifestação de um coração rendido a Ele. Na Nova Aliança, os sacrifícios de animais se foram, e agora é só o coração que Deus quer que seja dado a Ele.
Há quatro elementos em um sacrifício vivo. Eles se sobrepõem e se entrelaçam, mas, no entanto, eles podem ser identificados em Romanos 12:1-2 de quatro maneiras. O sacrifício vivo aceitável e agradável a Deus incorpora a alma, o corpo, a mente e a vontade. Esses são os quatro elementos. E, obviamente, eles estão todos ligados uns aos outros, mas eles nos ajudam a ver aspectos de nós mesmos que devemos dar a Deus.
Antes de tudo, vamos falar sobre a alma sendo dada a Deus, que quer dizer a pessoa interior ou seja, nós estamos falando de salvação. Isso está implícito em Romanos 12:1, quando diz: “Rogo-vos irmãos”. Paulo está escrevendo para pessoas que já haviam dado suas almas a Deus. Mateus 16:26, Jesus disse: “que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma?”. Ninguém pode agradar a Deus se não se entregar a Ele, a sua alma, a essência de quem é. Esse é o alicerce do sacrifício. Tudo começa com a alma.
Agora, deixe-me expandir um pouco na linguagem deste primeiro verso. “Rogo-vos, portanto, irmãos, pelas misericórdias de Deus…”. “Portanto” é simplesmente uma transição para a consequência do que foi estabelecido antes. Nos 11 capítulos anteriores Paulo tratou das misericórdias de Deus. Estamos falando de “misericórdias” e não apenas de uma misericórdia.
O que são “misericórdias”? Tudo aquilo que é dado imerecidamente. Tudo o que nos foi concedido e que não merecemos. Paulo fala das misericórdias de Deus que nos foram dadas, das quais não somos dignos. Com base nas misericórdias de Deus, devemos apresentar nosso corpo como um sacrifício vivo. Essas misericórdias estão todas ligadas à nossa salvação. Elas têm a ver com a salvação da alma, então é por isso que é o primeiro ponto. Aqui nossos irmãos, que receberam as misericórdias de Deus, suas almas se tornaram possessão de Deus. Eles colocaram suas almas no altar.
O homem vem espiritualmente falido em pecado, necessitado de perdão, querendo o céu e não o inferno. Ele se entrega a Deus, coloca sua confiança em Jesus Cristo, desvia-se do seu pecado e recebe o dom da vida eterna. Essa é a alma sendo colocada no altar, o eu mais profundo, quem você é.
A definição de “salvação” é uma definição abrangente no livro de Romanos. Se nós apenas pegarmos a frase “as misericórdias de Deus” e expandi-la, vemos que ela incorpora tudo o que é parte da salvação que foi literalmente exposto nos onze primeiros capítulos. Toda a provisão da maravilhosa misericórdia de Deus para o pecado do homem, salvação com todos os seus componentes.
Romanos tem uma lista impressionante desses componentes: o amor de Deus derramado sobre nós, a graça concedida, o dom do Espírito Santo, a paz, a fé, o conforto, a esperança, a paciência, a bondade, a justiça de Cristo que nos foi imputada, o perdão, a justificação, a segurança, a vida eterna, a libertação do pecado, a adoção, a contínua intercessão do Espírito por nós, a reconciliação etc. E Paulo fala tanto sobre eles nos 11 primeiros capítulos de Romanos, que encerra o capítulo 11 com essas palavras:
32 Porque Deus a todos encerrou na desobediência, a fim de usar de misericórdia para com todos.
33 Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos!
34 Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro?
35 Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído?
36 Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!
E então, ele começa o capítulo 12 dizendo: “Rogo-vos, portanto, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus…”.
Algumas pessoas falam que a chave para ser santificado é apenas olhar para a cruz, centrar em Cristo, até ser conformado à sua imagem (II Cor. 3:18). Mas o Evangelho expande isso, olhando também para o que Cristo provê, olhando para as misericórdias de Deus. Então, o que me motiva a fazer da minha vida um sacrifício vivo? As misericórdias de Deus. O Salmo 116:12 diz: “que darei ao Senhor por todos os seus benefícios para comigo?”. Eis a resposta: sua vida como um sacrifício vivo. Isso é, o que você dá.
Romanos 12: 1 e 2 responde à oração do Salmo 116 e começa com a alma. Primeiro, você entrega sua alma a Deus com fé em Jesus Cristo, e é aí que começa. Começa com a alma e, então, quando você contempla tudo o que a salvação é, isso se torna o motivo motriz da santificação.
Muitos dizem: “Por que tantos ensinamentos doutrinários?” Quanto mais você entende sobre a grandeza de sua salvação e quanto mais rica for sua compreensão sobre ela, maior sua motivação para se oferecer constantemente como um sacrifício vivo. E é exatamente isto que Paulo faz na carta aos Romanos, depois de expor ricamente a doutrina, faz uma transição com a palavra “portanto” e segue para a aplicação, para o comportamento.
Uma das coisas que queremos fazer como pastores é constantemente lembrá-lo das glórias da salvação, para que não se perca na sua memória o que Deus fez por você, para que sua gratidão eleve sua obediência e sacrifício. Tudo começa na salvação, quanto você entrega sua alma a Deus, e todas as realidades maravilhosas da salvação se conectam para motivar uma vida em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus.
Em segundo lugar, o corpo deve ser apresentado a Deus. É isso que o versículo 1 diz: “apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” Não se refere simplesmente àquilo que é tangível e visível, mas a todos os componentes do ser humano – como você pensa e como raciocina, tudo o que você é como um ser humano.
Apresentar era um verbo relacionado com o templo da Velha Aliança. Significa render-se, desistir, oferecer-se, não reter nada. Como um sacerdote que trazia um sacrifício e colocava tudo no altar, você põe seu corpo no altar e, fazendo isso, você está dizendo: “Eu te dou, meu Deus, meu corpo”. Isso não é difícil de entender. Eu não o dou como um sacrifício morto, mas como um sacrifício vivo. Eu ofereço continuamente meu corpo para os Seus propósitos e ofereço-o como um sacrifício vivo e sagrado separado do pecado. Romanos 6 diz:
12 Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões;
13 nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça.
16 Não sabeis que daquele a quem vos ofereceis como servos para obediência, desse mesmo a quem obedeceis sois servos, seja do pecado para a morte ou da obediência para a justiça?
Assim como oferecestes os vossos membros para a escravidão da impureza e da maldade para a maldade, assim oferecei, agora, os vossos membros para servirem à justiça para a santificação.
Há pessoas que falam sobre santificação como se fosse um processo passivo. Não é. Esta é uma ordem: “apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo”. Essa é uma ação, Você apresenta seu corpo, entrega seu corpo a Deus. Esse é o seu dever e isso é necessário para a sua santificação. Há muitas passagens que afirmam isso, tais como:
Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição; que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra, (I Tess. 4:3-4)
Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado. (I Cor. 9:25-27)
A cultura romana acreditava em um dualismo filosófico, onde mente e espírito eram bons, nobres e elevados, e o corpo não era importante. O corpo era basicamente malvado. Você deixa o corpo fazer o que quer que seja, e isso é irrelevante. Isso é dualismo filosófico. Isso é inaceitável para Deus, e Paulo está dando uma mensagem aos romanos que iria contra a sua filosofia.
Deus quer o seu corpo como um sacrifício oferecido a Ele em santidade, não apenas seu espírito e sua mente. Podemos encontrar pessoas se dizendo espirituais que desconsideram que Deus também quer nosso corpo, e isto é parte da filosofia que dominava Roma. Mas, Deus quer nossos corpos em sacrifício santo e agradável a Ele. E este é um ato que nos impõe colocar o corpo em submissão. I Tessalonicenses 5:23 diz:
O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.
Você poderia comparar isso com Abraão e Isaque. Isaque estava prestes a ser um sacrifício morto, mas Abraão, que ofereceu Isaque, estava fazendo um sacrifício vivo. O que ele estava sacrificando? Seu filho, seu amado filho, as promessas de Deus, o pacto de Deus, seu herdeiro, sua esperança, seu futuro, tudo. Mas ele estava disposto a fazê-lo por obediência. Isso é um sacrifício vivo. Esse sacrifício vivo engloba o corpo, e isso se torna explicitamente declarado em Hebreus 11:
19 Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus,
20 pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne,
21 e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus,
22 aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura.
Toda vez que você ouve esta linguagem de sacrifício e oferenda a Deus, engloba corpo, alma e o espírito. Oferecer-se a Deus em sacrifício vivo envolve esses três elementos. Isso agrada a Deus. Ele jamais ficará satisfeito com a ausência de qualquer um deles.
O sacrifício era parte do serviço de adoração a Deus no Antigo Testamento, mas sua figura é usada na Nova Aliança. Este é o dever sacerdotal de todo cristão, como sacerdote diante de Deus: oferecer-se. Esse é o seu serviço espiritual de adoração. Por quê? Porque em sua salvação, você declarou Deus como seu soberano, Cristo como seu Senhor e Mestre, e esta é sua responsabilidade, então, vir a adorá-Lo e oferecer-se como um sacrifício vivo. A adoração real não é algo elaborado. Orações não são liturgias, nem rituais, nem velas, nem vitrais, nem nada externo. É a entrega da alma e do corpo a Deus.
Em terceiro lugar, e isso é óbvio, a mente deve ser dada a Deus. Esses elementos estão todos interligados. Se você não der sua mente a Deus, você não será capaz da sustentar a dedicação de seu corpo a Deus. Provérbios 23:7 diz: “como você pensa em seu coração, assim você é”. A mente é crítica.
Romanos 12:2 diz: “Não se conforme com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente”. Junto com o corpo, a mente deve vir. Se você decidiu hoje abandonar tudo aquilo que desagrada a Deus, você sai daqui com uma boa intenção. Mas se não houve uma mobilização de sua mente nesse sentido, seu corpo sairá daquele altar. Isso é apenas parte da realidade. A mente é crítica. Então, como lidamos com a mente? Não se conforme com este século.
O que queremos dizer com “século”? O mundo caído, não redimido, o sistema de Satanás, o kosmos. João usou essa linguagem – o sistema mundial do mal. Toda a massa flutuante de ideias, pensamentos, opiniões, visões, religiões, filosofias, teorias, axiomas, especulações, esperanças, impulsos, objetivos, aspirações, tentações etc. É um sistema com um poder real, efetivo e esmagador. É o instrumento que Satanás usa para promover seus objetivos e ambições, e ele é implacável quanto a isso.
Então, se você vai apresentar seu corpo em sacrifício vivo para Deus, você terá que se certificar de que sua mente, que determina como o seu corpo funciona, não esteja completamente absorvida nesse sistema mundial. “O mundo inteiro”, diz 1 João 5:19, “jaz no maligno”. E em I João 2:15-17 diz:
15 Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele;
16 porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo.
17 Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente.
Os propósitos, ética, padrões e moralidade do mundo são todos satânicos. É todo do reino das trevas. O crente foi transformado, removido do mundo, tirado do reino das trevas e trazido para o reino da luz. Agora ele deve apresentar seu corpo e, para que isto aconteça, ele deve reprogramar sua mente para longe da corrupção mundana. Isso é uma coisa desafiadora para se fazer.
A escola programa os jovens para serem atraídos pelo espírito do mundo. É por isso que grande parte da cultura pop pertence a pessoas entre 10 a 25 anos. Elas são muito vulneráveis. Não podemos nos conformar com isso. A ordem bíblica é não sermos moldados pelo mundo que jaz no maligno, mas sermos transformados pela renovação de nossa mente.
A palavra grega traduzida como “transformar” (Rom. 12:2) deriva da palavra “metamorfose”, indicando uma mudança na aparência externa. Mateus usa a mesma palavra para descrever a transfiguração de Jesus (Mat. 17:2). Assim como Jesus exibiu, de maneira breve e limitada, a Sua natureza interior divina e a Sua glória na transfiguração, os cristãos devem manifestar, exteriormente, a sua natureza interior redimida, não apenas uma vez, mas diariamente.
Esse tipo de transformação pode ocorrer somente à medida que o Espírito Santo transforma nossos pensamentos por meio do estudo e meditação perseverante da Palavra de Deus. A mente renovada é uma mente cheia da Palavra de Deus e controlada por ela. Você precisa ser transfigurado em forma gloriosa. Sua imagem exterior, quem você é, deve vir do céu e não do inferno. Deixe-se transformar pela renovação de sua mente.
A Palavra de Deus é a fonte da renovação. I Coríntios 2:16 diz que o cristão tem a mente de Cristo. Colossenses 1 diz:
9 Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual;
10 a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus;
Você vai fazer isso quando sua mente estiver totalmente ocupada pela verdade divina. A alma é redimida. Então você diz: “Eu quero entregar meu corpo ao Senhor”. Isso vai depender da mente. Ela se torna o campo de batalha onde o espírito deste século luta contra a nova natureza. Filipenses 2:5 diz: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus”. Ou seja, “tende a mesma mente que também estava em Cristo Jesus”. Reprograme seu modo de pensar à uz da Palavra.
É por isso que em Deuteronômio 6, quando Deus estava estabelecendo Seu povo, Ele disse:
6 Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração;
7 tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.
8 Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos.
9 E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.
Sua mente deve estar comprometida com isso. A alma é dada a Deus, e então o corpo pode ser dado a Deus. E esse sacrifício vivo do corpo dado a Deus pode ser sustentado como uma oferenda a Deus somente quando a mente está sendo constantemente renovada pela verdade da Palavra de Deus.
Finalmente, a vontade deve ser dada a Deus. Nós conhecemos sobre muitas coisas, mas não necessariamente fazemos o que deveríamos. A vontade é uma realidade muito importante. A palavra final, então, é que você deve provar, pela sua vida, qual é a vontade de Deus. Não se trata de provar no sentido de que você valida Deus, mas no sentido de que você demonstra a vontade de Deus. Você demonstra a vontade de Deus. Você coloca a vontade de Deus em exibição, porque você faz a vontade Dele.
Você mostra ao mundo a vontade de Deus ao praticá-la. Não se trata de um teste para saber se a vontade de Deus é boa e agradável. É colocá-la em exibição em sua vida para ser a prova viva de que a vontade de Deus é boa e agradável.
Viver a vida cristã é um desejo forte gerado pela vontade, baseado no que a mente conhece da Palavra de Deus, que determina o que o corpo faz, tudo em gratidão pelas misericórdias de Deus concedidas graciosamente a nós em Cristo. Essa é a essência do caminho da santificação. Não há outra maneira de chegar lá. Os verbos usados no texto de Romanos 12:1-2 estão numa forma (no texto original) que indicam uma ação contínua. Isso mostra que temos que nos entregar a Deus como sacrifícios vivos continuamente.
Seja grato por ter pessoas ao seu redor na mesma jornada, certo? Seja grato por ter os recursos fornecidos para que sua mente possa ser a mente de Cristo. Vença a batalha e a vontade. Renda-se às coisas certas, nobres e boas. E tudo isso nós fazemos porque estamos muito gratos e abastecidos com as misericórdias de Deus, e é por isso que estamos aqui – porque todas essas misericórdias basicamente vêm até nós através da cruz de Cristo em Sua ressurreição. Vamos nos curvar juntos em oração.
Somos gratos novamente, Senhor, por termos sido capazes de considerar estas coisas que nos impõem uma grande responsabilidade, um grande dever. Mas, ao mesmo tempo, esse dever e essa responsabilidade são o caminho para a alegria, bênção, satisfação, contentamento, paz, utilidade, recompensa eterna, por isso agradecemos por este lembrete.
Agora, quando chegamos ao pé da cruz, é com um novo senso de compromisso, um novo sentido de afirmação. Cada um de nós, em nosso próprio coração, queremos oferecer-Te um sacrifício vivo – alma, corpo, mente, vontade para Ti. Essa é a nossa oração e desejo.
Este texto é uma síntese do sermão “Elements of a Living Sacrifice”, de John MacArthur em 16/03/2014.
Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:
https://www.gty.org/library/sermons-library/80-414/elements-of-a-living-sacrifice
Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno