O cristianismo instantâneo
Na era das coisas instantâneas inventou-se também o cristianismo instantâneo.
Este cristianismo entrou em cena com a era da máquina.
Os homens inventaram as máquinas com dois propósitos:
Queriam coisas importantes com muita rapidez e queriam mais tempo para desfrutar os prazeres.
Ora, o cristianismo instantâneo tem os mesmos objetivos.
Dispensa o passado, garante o futuro e dá ao homem a liberdade de desfrutar o mundo com plena boa consciência.
Diz que somos santos por vocação e não por um caráter transformado a imagem de Cristo.
Os homens são conduzidos a por sua confiança em suas experiências e cercam-se de uma visão equivocada do Evangelho.
São ensinados sobre uma decisão instantânea que é capaz de resolver seus problemas.
Certamente que a vida do cristão é formada por decisões.
Mas a questão é: Quanto se pode realizar nesse ato de fé? Quanto fica ainda para ser feito?
Até onde pode nos levar uma decisão?
O cristianismo instantâneo tende a tornar a fé um ato terminal e assim abafa a necessidade de contínua e consistente progressão espiritual.
Não entende a verdadeira natureza da vida cristã, vendo-a como uma vida estática.
Mas a vida cristã é uma vida dinâmica que precisa se expandir a luz da Palavra e da comunhão com Deus.
O cristianismo instantâneo omite o fato de que o novo convertido é um organismo vivo e, tal como um bebê, precisa de nutrição e exercício para crescer normalmente.
O cristianismo instantâneo não leva em consideração que o ato de fé em Cristo deve resultar numa intensa relação pessoal entre Deus e o homem reconciliado.
Jamais um encontro singular seria suficiente para sustentar uma viver sobrenatural.
O cristianismo instantâneo despreza a lei de desenvolvimento vigente em toda a natureza.
Considera que a salvação é resultado de uma ou duas experiências.
O cristianismo instantâneo ignora os efeitos santificantes do sofrimento, de se levar a cruz e da obediência.
Não consegue entender a necessidade de treinamento espiritual, necessário para o desenvolvimento de hábitos santos e preparo para a luta contra o mundo, o diabo e a carne.
Esta indevida preocupação com o ato inicial de crer tem criado, em alguns, uma psicologia de contentamento, ou pelo menos de ausência de expectativas.
Isto conduziu a desapontamentos com a fé cristã.
Deus parece estar muito longe e o mundo perto demais, e a carne é poderosa demais para que se lhe possa resistir.
Por outro lado, outros se apegam erroneamente às promessas, num esforço de se eliminar a necessidade de vigiar, lutar e orar.
Isto os faz livres para desfrutar o mundo, crendo que depois receberão o céu como uma espécie de bônus.
Fico a indagar se o homem que escreveu o texto abaixo reconheceria este cristianismo instantâneo como a mesma fé pela qual ele morreu. Temo que não.
Filipenses 3
7 Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo.
8 E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo,
9 E seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé;
10 Para conhecê-lo, e à virtude da sua ressurreição, e à comunicação de suas aflições, sendo feito conforme à sua morte;
11 Para ver se de alguma maneira posso chegar à ressurreição dentre os mortos.
12 Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus.
13 Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim,
14 Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
15 Por isso todos quantos já somos perfeitos, sintamos isto mesmo; e, se sentis alguma coisa de outra maneira, também Deus vo-lo revelará.
16 Mas, naquilo a que já chegamos, andemos segundo a mesma regra, e sintamos o mesmo.
A W Tozer