Maridos, Amai Vossas Mulheres…
Na última vez, começamos a conversar um pouco sobre a família. Iniciamos uma palavra às pessoas solteiras. Vou apenas dizer mais algo agora e avançar para uma palavra para os maridos.
Parte do problema no mundo em que vivemos são as muitas opções. Quando se morava em uma vila, não havia muitas opções para escolher um cônjuge.
Há uma ilusão que em algum lugar existe essa pessoa perfeita por aí, e você só precisa encontrar essa pessoa. Nada poderia estar mais longe da verdade. Tudo que você realmente precisa é de um cônjuge piedoso, alguém que ame o Senhor Jesus Cristo.
E eu lhe darei um aviso: você pode encontrar a pessoa ideal conforme seus sonhos. Alguém que fala, age e se comporta da maneira que você acha perfeito. Pode ter um maravilhoso senso de humor e ser intelectualmente interessante. Ou seja, o modelo perfeito dentro de seus sonhos. Mas se ambos não andarem em Espírito, esse casamento terá grandes problemas.
Mas você pode encontrar alguém que ama a Cristo e tem um coração para servir ao Senhor e andar no Espírito Santo. E se você estiver no mesmo caminho que essa pessoa, haverá uma união que encherá sua vida com completa alegria e bênção.
Haverá conflito no casamento, porque há conflito na vida. Haverá conflito no casamento, porque são dois pecadores juntos permanentemente. Mas a resposta para isso é ser obediente a Cristo, amar a Cristo, amar um ao outro e andar no poder do Espírito. O Senhor os capacitará a superar os conflitos e encherá suas vidas de profunda alegria e bênção, muito além daquilo que um solteiro experimenta. Gênesis diz:
1: 27 Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
1: 28 E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a
2:18 Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.
2:24 Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.
O casamento foi estabelecido para quatro funções:
- Número 1: Para gerar filhos. Salmo 127:3-5 diz: “Herança do Senhor são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão. Como flechas na mão do guerreiro, assim os filhos da mocidade. Feliz o homem que enche deles a sua aljava; não será envergonhado, quando pleitear com os inimigos à porta”.
- Número 2: Eliminar a solidão. Disse que não era bom o homem ficar sozinho. O homem precisa de um complemento para sua vida, ele precisa de companhia, amizade e responsabilidade.
- Número 3: Impedir a imoralidade. Em 1º Cor. 7:2 diz: “Mas, por causa da impureza, cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido”.
- Número 4: Proporcionar amor e carinho.
Foi para isso que Deus projetou o casamento. E quando chegamos a Gênesis 3, vemos a guerra que Satanás iniciou para se opor a Deus, contra tudo o que Deus ordenou e tudo o que Deus criou. O que faz de Satanás o inimigo número um do casamento.
Imediatamente após a queda, o casamento vem sendo atacado de fora, por Satanás, e de dentro, pelo conflito que surge no coração das duas pessoas que compõem essa união. No capítulo 4 de Gênesis, já há a poligamia, no capítulo 9, os maus pensamentos sexuais. No capítulo 16 de Gênesis, o adultério, no capítulo 19, a homossexualidade, no capítulo 34, a fornicação e o jugo desigual. No capítulo 38, o incesto e prostituição, e no capítulo 39, a sedução maligna.
E assim, a corrupção dessa união maravilhosa e magnífica que Deus projetou vem rapidamente e ocorre em todas essas várias formas; e, de repente, o mundo é um mundo de poligamia, de adultério, de homossexualidade, de fornicação, de jugo desigual, de incesto e de prostituição.
E a situação apodreceu tão rapidamente, que o capítulo 6 de Gênesis diz:
6:5 Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração;
6:7 Disse o Senhor: Farei desaparecer da face da terra o homem que criei…
6:12 Viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque todo ser vivente havia corrompido o seu caminho na terra.
Após o dilúvio, os homens e as mulheres ainda eram pecadores, ainda nascidos alienados de Deus, nascidos com um princípio de pecado operando em suas vidas com poder dominante. Era doloroso ver o casamento funcionar antes ou após o dilúvio. Antes do dilúvio, as pessoas viviam por 900 anos. Como seria o volume de divórcios, se as pessoas hoje vivessem esse tempo todo? Imagine um conflito íntimo acontecendo por séculos! Isso é difícil de imaginar.
O pecado atingiu a base da família e do casamento. Precisamos da graça de Deus para termos as motivações e escolhas corretas para o casamento. Somos pecadores e levamos essa condição para o casamento.
Hoje as pessoas que estão tentando se casar não têm uma geração por trás delas que possa modelar como é um bom casamento. Já tivemos gerações ruins de casamentos, e agora temos uma geração inteira de jovens que não têm modelo de como é um bom casamento. Eles são vítimas da revolução sexual, da revolução homossexual e do feminismo. E o casamento tem sido o cordeiro sacrificial no altar de todas essas afrontas a Deus.
E, apesar disso tudo, as músicas românticas são as mais populares. Você sabe o motivo? Porque ainda existe no coração de todo homem e de toda mulher um desejo profundo de ter um vínculo duradouro, de ser amado e cuidado por outra pessoa do sexo oposto. Deus colocou no homem e na mulher essas necessidades.
Mas o mundo constantemente fantasia sobre a garota perfeita, o homem perfeito, o relacionamento perfeito, o amor perfeito, o rosto bonito e o corpo atraente, na esperança de encontrar alguém que seja esse ídolo, que seja esse tipo de modelo humano que define o padrão para todos os outros seres humanos. E queremos encontrar uma pessoa assim.
Talvez haja uma união ocasional em que as pessoas se dão tão bem que são amigas para a vida toda, mas para o casamento ser tudo o que deveria ser, tem que ser um casamento em Cristo. Tem que ser um casamento monitorado e fortalecido pelo Espírito Santo, e é isso que estamos aprendendo.
Em Efésios 5:22 até o final do capítulo, temos o maior tratado sobre casamento já escrito. É paralelo com Colossenses 3, porém mais extenso. Paulo começa falando sobre a esposa e o marido, e depois entra no capítulo 6 falando sobre pais e filhos. O ponto de partida é “enchei-vos do Espírito” (Efésios 5:18). Todo ensino sobre casamento e família sai dessa realidade. Ele começa falando de três consequências básicas de alguém cheio do Espírito Santo:
Falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo. (Efésios 5:19-21)
Uma vida cheia do Espírito é demonstrada por uma vida em constante estado de adoração, gratidão e submissão uns aos outros. A submissão é um princípio geral que está dentro da experiência de todos os crentes, em todos os relacionamentos. A submissão se manifesta quando nos colocamos em posição de dar.
Um ancião da igreja, pastor ou líder, está em posição de submeter sua vida completamente ao encontro das necessidades da congregação. Isso é submissão. Você pode pensar que alguém que está em uma posição de liderança esteja apenas em uma posição de domínio e autoridade, mas isso não é liderança bíblica. Jesus disse:
Os reis dos gentios dominam sobre eles, e os que têm autoridade sobre eles são chamados benfeitores. Mas não sereis vós assim; antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve. Pois qual é maior: quem está à mesa, ou quem serve? Porventura não é quem está à mesa? Eu, porém, entre vós sou como aquele que serve. (Lucas 22:25-27)
A liderança espiritual é simplesmente submeter-se à realização das necessidades daqueles por quem se é responsável. Isso flui direto para o casamento. O marido deve submeter-se e humilhar-se a suprir as necessidades de sua esposa, como Cristo fez pela igreja:
Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. (Filipenses 2:4-8)
Gostamos de tratar sobre como as esposas devem se submeter a seus maridos, mas somos tendentes a não tratar sobre o papel de submissão do marido em relação a atender às necessidades de sua esposa, de fazer do seu casamento um refúgio de segurança, descanso, realização e alegria para ela. As Escrituras colocam esse peso sobre o marido.
O marido tanto é o cabeça, no sentido de que ele é quem deve proteger, cuidar da esposa e dos filhos, como deve ser aquele que através da proteção, cuidado e provisão atende as necessidades da família, tanto quanto ele puder. Isso é verdade em relação a sua esposa, bem como a submissão às necessidades de seus filhos. Como pai, ele tem que olhar para seus filhos e reordenar sua vida para atender às necessidades deles.
O homem no lar precisa cuidar de todas as necessidades espirituais de seus filhos, e essa é uma responsabilidade dele diante de Deus. Ele deve ser o líder espiritual de seus filhos, olhar para as vidas deles, para suas necessidades, e colocar sua vida em um curso para atender às necessidades deles. Isso é submissão. Então, estamos todos ligados a esse tipo de atitude submissa.
Na última vez, falamos sobre a esposa. Efésios 5:21-24 diz:
21 Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus;
22 As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor;
23 porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo.
24 De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos.
A expressão traduzida como “sejam submissas” não aparece nos originais de Efésios 5:22. O texto original dos versículos 21-22 diz: “Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus. Vós mulheres, a vossos maridos, como ao Senhor…”. Paulo apenas iniciou aplicações específicas a partir do princípio fundamental da submissão uns aos outros (v.21). Ele aplicou primeiro às esposas, depois aos maridos, aos filhos, aos pais, aos servos e aos senhores.
A ordem é irrestrita, aplicando-se a toda mulher cristã, não importando suas habilidades, conhecimento das Escrituras, maturidade espiritual, ou quaisquer outras qualificações em relação a seu marido. A submissão não deve ser ordenada pelo marido, mas exercitada de maneira voluntária e carinhosa pela mulher, como um ato de obediência ao Senhor.
A mulher cheia do Espírito Santo reconhece que o papel de liderança de seu marido não foi somente ordenado por Deus, mas é um reflexo da própria liderança amorosa e leal de Cristo para com a igreja. Isso independe do merecimento pessoal ou da condição espiritual do marido
Vejamos os deveres do marido. Efésios 5 diz:
25 Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela,
26 Para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra,
27 Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito.
28 Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama.
29 Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja;
30 Porque somos membros do seu corpo.
31 Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne.
32 Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja.
33 Assim também vós, cada um em particular ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie o marido.
Um conjunto muito longo e detalhado de instruções para o marido. Mantenha o contexto em mente: estamos falando de pessoas cheias do Espírito, que já entendem o princípio da submissão. O marido entende a submissão necessária às necessidades de sua esposa e a reunião dessas necessidades para lhe proporcionar um refúgio no qual seu coração pode descansar.
A ordem para os maridos é muito clara e única: “amem suas esposas”. Essa é a ordem. Não há mandamento para assumir autoridade sobre sua esposa. O marido é o cabeça, como está claro em I Coríntios 11:3, onde diz que “Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo”. Mas o mandamento não é tomar autoridade. Não diz uma palavra sobre isso.
Não há uma ordem para o homem tomar autoridade sobre a mulher. A ordem é amar sua esposa. E a palavra grega traduzida como “amar” em Efésios 5:25 é do verbo “ἀγαπᾶτε” (agapaō), que é o tipo de amor mais intenso, mais divino, mais sacrificial e mais humilde.
No grego, há outras palavras para expressar o verbo amar. Existe a palavra “eros”, da qual vem a palavra “erótico” – esse é um tipo de amor sexual. Existe a palavra “phileō”, -que é o verbo que está na palavra “Filadélfia”, a cidade do amor fraterno, significando o tipo de afeto humano normal. Existe até uma palavra para amor em família, e essa palavra é usada quando o apóstolo Paulo escreve a Timóteo e diz que as pessoas da sociedade, a sociedade mundana, perderam sua afeição natural, isto é, o amor da família. Mas a palavra usada em Efésios 5:25 se refere ao amor que se doa, o amor incondicional, o amor que se entrega, um amor decidido por quem ama, e não por solicitação ou mérito do ente querido.
É assim que devemos amar: porque decidimos e desejamos amar. É o tipo de amor que o Senhor tem por Sua igreja. Ele não nos ama porque somos amáveis. Ele não nos salvou porque éramos dignos. Ele não salvou alguém porque era mais amável que outra pessoa qualquer. Você pode ter casado com uma pessoa por considerá-la mais amável do que as outras pessoas, mas não foi assim que Deus escolheu você.
Deus predeterminou, por Sua própria vontade, colocar Seu amor em você, e Ele decidiu amá-lo incansavelmente para todo o sempre. É esse o tipo de amor com o qual um marido deve amar a mulher que ele toma como sua esposa. Esse amor deve ser “como Cristo amou a igreja”. Romanos 5:8 diz que Ele nos amou quando éramos inimigos e não quando éramos amáveis.
Nós O amamos apenas porque Ele nos amou primeiro. É disso que estamos falando. Você define seu amor por sua vontade. Isso é nobre. Foi assim que Cristo colocou Seu amor em nós. E isto foi de forma incondicional e eterna. Romanos 8:35 diz: “Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?”. E os versos 38-39 dizem:
Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Assim, Cristo nos ama com um amor inseparável, com um amor eterno, com um amor que não pode ser diminuído e que não pode ser substituído. E você deve amar sua esposa dessa maneira.
Você deve amar sua esposa com um amor que não pode ser quebrado pelas tribulações, angústias, perseguições, fome, nudez, perigo, espada. Não pode ser quebrado pela morte, vida, anjos, principados, coisas presentes, coisas por vir, poderes, altura, profundidade ou qualquer outra coisa criada no Universo. Foi assim que Cristo amou Sua igreja. É assim que um homem deve amar sua esposa.
Muitos anos atrás, no início da história da igreja, um homem chamado João Crisóstomo, um grande pregador, escreveu isso, traduzido para o inglês antigo:
Você viu a medida da obediência? Ouça também a medida do amor. Você gostaria que sua esposa te obedecesse como a igreja obedece a Cristo? Então, cuide dela como Cristo faz com sua igreja. E se for necessário que você dê a sua vida ainda mais, ou seja cortado em pedaços, mil vezes, ou suporte qualquer coisa que seja, não recuse. Cristo trouxe Sua igreja a Seus pés por Seu grande cuidado, não por ameaças, nem qualquer coisa assim. Desse modo, tenha tal conduta para com sua esposa.
Crisóstomo está dizendo que se você fosse cortado em mil pedaços, isso não diminuiria seu amor por sua esposa. A lei romana era muito diferente disso. Cato, escrevendo sobre o direito romano, disse: “Se você pegar sua esposa em um ato de infidelidade, poderá matá-la sem julgamento. Mas se ela o pegar em um ato de infidelidade, ela não ousaria tocá-lo com o dedo, de fato, ela não tem o direito”. Era assim no antigo mundo romano, quando Paulo estava escrevendo e confrontando a igreja com essas verdades.
A palavra ensinada aqui na carta aos Efésios foi um rompimento radical com o mundo daquela época, onde os homens tinham esposas por razões sociais, e concubinas por razões sexuais. E aqui encontramos a instrução da Palavra de Deus: “Ame sua esposa como Cristo ama Sua igreja, com um amor eterno e inquebrável”.
Pedro aponta três tipos de deveres que esse amor assume. I Pedro 3:7 diz:
Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações.
Pedro está dizendo que a submissão é uma responsabilidade do marido cristão. Embora não se submeta a mulher, como se ela fosse a líder no lar, deve submeter-se ao dever amoroso de ser sensível às necessidades, temores e sentimentos de sua esposa. O marido deve sujeitar suas necessidades às da esposa. Embora todos sejam iguais perante Deus, seja homem ou mulher, a esposa é fisicamente mais frágil e precisa da proteção, provisão e força da parte de seu marido.
A graça da vida que Pedro trata aqui, em que o marido e a esposa são herdeiros, não é a salvação, mas o casamento, a melhor relação que a vida terrena pode oferecer. O marido deve cultivar o companheirismo e a intimidade com a esposa, mesmo que ela não seja cristã. Quando o marido não se porta dessa forma bíblica, suas orações são prejudicadas.
Então, o marido deve amar a esposa como Cristo amou a igreja e a Si mesmo Se entregou por ela, como vimos em Efésios 5:25. E aqui está a primeira expressão: “se entregou por ela”. O marido cheio do Espírito ama sua esposa, não pelo que ela pode fazer por ele, mas pelo que ele pode fazer por ela.
E digo isso aos jovens: encontre uma mulher que decidam amá-la, dar sua vida por ela, suas habilidades, suas forças e energias, assim como Cristo fez pela igreja. Um amor que não conhece a tirania, apenas conhece o sacrifício. Cristo amou a igreja e se entregou por ela. Encontre uma mulher e se entregue a ela.
Trabalhe duro para suprir suas necessidades físicas. Invista nela espiritualmente. Cuide dela, dê toda proteção, provisão, cobertura e a preserve. Dê sua vida por ela. Encontre alguém que ama a Cristo, que deseje estar sob os cuidados de um homem, sob a proteção de um marido, e torne-se para ela o que Cristo é para a Sua própria igreja. Esse é o sacrifício que define o que o marido faz. O amor é sempre um verbo, está sempre em ação e em movimento. É um amor cheio do Espírito, que está sempre se sacrificando em favor de outra pessoa.
Digo isso aos jovens muitas vezes. E isso nos levará a um segundo ponto: se alguém disser “eu te amo” e quiser te levar ao pecado, isso não é amor, é luxúria. Cristo amou a igreja em sacrifício e, em segundo lugar, Ele amou a igreja com um amor purificador. Efésios 5:26-27 diz:
Para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito.
Quando um homem diz a você que te ama e quer atentar contra sua pureza, isso não é amor. Fuja desse homem. O contrário também é verdade. Se uma mulher disser a um homem”eu te amo”, e quiser roubar a pureza dele, isso não é amor. Fuja dessa mulher. O amor purifica. Esse é o verdadeiro amor. Essa é a ilustração que temos com o exemplo de Cristo. Ele amou Sua igreja, entregou-Se a ela para que a santificasse.
E diríamos que no contexto do casamento, o cônjuge ou o aspirante a cônjuge buscaria a pureza da pessoa amada, tanto a pureza espiritual, que vem com um verdadeiro entendimento da Palavra de Deus, verdadeira salvação e uma busca pela santificação, como a pureza física, que é parceira disso. Cristo purificou Sua igreja por meio da Palavra. O amor genuíno é purificador
Você, como marido, tem a responsabilidade de lavar sua esposa com a Palavra de Deus, prover lavagem contínua com a verdade das Sagradas Escrituras, para que todas as manchas sejam removidas. É o que diz o verso 27: “para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito”.
Paulo pode estar pensando em um costume que era realmente popular no mundo mediterrâneo antigo, o costume de banhar a noiva em água benta. Os católicos não inventaram a água benta. Ela já existia nas religiões pagãs antigas também. E um dos usos era um banho preparado com a suposta água benta, que havia sido santificada por algum ritual, e a noiva seria banhada nessa água benta antes do casamento, como um símbolo de purificação antes que seu marido a aceitasse.
Talvez Paulo tivesse isso em mente. Mas, o que quer que ele tivesse em mente, o princípio do casamento é simplesmente este: o casamento deve ser uma experiência purificadora. Em II Coríntios 11:3, fazendo paralelo com esta verdade, Paulo diz:
Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo.
Ele queria apresentar a Cristo uma virgem pura, e essa é a imagem que deve ser seguida no casamento: o casamento deve visar à purificação do cônjuge. Você não expõe seu cônjuge a coisas impuras, doutrinas falsas etc. Você é o protetor da pureza de sua esposa. O verdadeiro amor sempre se preocupa com a pureza da pessoa amada. Qualquer coisa chamada de amor que favoreça o pecado é um tipo falso de amor.
O amor verdadeiro favorece a produção do fruto do Espírito Santo na pessoa amada. O falso amor favorece a produção das obras da carne e atenta contra o caráter do outro. O amor verdadeiro, com o qual Cristo ama a igreja, busca a pureza absoluta da pessoa amada. Homens, é assim que vocês tem que ver seu casamento! Vocês se sacrificando por suas esposas! Você sacrifica sua vida e busca a pureza dela a todo custo, assim como Cristo faz com Sua própria igreja, e deseja apresentá-la a Si mesmo sem culpa e sem mancha. É um amor sacrificial e purificador.
Terceiro, é um amor carinhoso, afetuoso. Vemos isso nos versículos 28-29 de Efésios 5:
Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama. Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja; porque somos membros do seu corpo.
A analogia é muito simples. O Senhor cuida de Sua igreja. Essa é a questão. “Ame sua esposa como seu próprio corpo”. O que isso significa? Você cuida do seu corpo, não é verdade? É dar a mesma atenção à sua esposa que você tem a si mesmo, porque você é realmente uma só carne com ela. E se você não agir assim, isso é uma espécie de suicídio, é odiar-se a si mesmo. Alimentar ou nutrir a esposa significa prover o que trará vida a ela, crescimento e bem-estar. A palavra grega traduzida como “nutrir” ou “alimentar” é muito usada na Bíblia, principalmente quando se refere a nutrir crianças, proporcionando crescimento e desenvolvimento.
A esposa não deve ser aquela sobre quem está o peso de trazer provisão para a casa. O dever de prover e nutrir é do marido. Algo está seriamente errado, quando um homem vê sua esposa como fonte de provisão para si mesmo. Algo está igualmente errado quando um homem vê a sua esposa como cozinheira, lavadeira, babá e para satisfazê-lo fisicamente.
Um homem tem que ver sua esposa como um tesouro para ele cuidar e nutrir, da mesma maneira que o Senhor cuida de Sua igreja. Em toda a Escritura, o homem é o provedor, o protetor, o preservador, o nutridor e o estimador, como Cristo é para a Sua igreja. A igreja realmente não fornece nada, lançamos todo o nosso cuidado em Cristo, e Ele cuida de nós.
Até na maldição lançada por Deus por causa do pecado, as Escrituras demonstram que o homem será o provedor. Deus disse a Adão:
… Maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás. (Gênesis 3:17-19)
E o que Deus disse a Mulher?
Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará. (Gênesis 3:16)
Essa é a área em que cada um funcionará: o homem será o provedor, a mulher será a gestante. Você é o provedor, protetor e o cuidador de sua esposa, em todos os sentidos. É assim que um casamento se torna algo saudável e abençoador. É um amor sacrificial, purificador, carinhoso e, finalmente, é um amor inquebrável. Efésios 5:31 diz:
Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne.
Uma carne, indivisível. Dois se tornando uma só carne: uma união indivisível, íntima e indissolúvel. No princípio, Deus disse: “deixará o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gênesis 1:24).
A identidade individual é perdida. Não há mais identidade individual. O marido e a esposa estão perdidos um no outro numa unidade da mente, de coração, de propósito, espiritual, sexual, que resulta em filhos como produto dessa união. No verso 28 de Gênesis 1, Deus diz: “Sede fecundos, multiplicai-vos”.
É por isso que todo adultério, fornicação e infidelidade é condenado nas Escrituras, porque violam essa unidade, essa união. É por isso que Malaquias 2:16 diz: “Deus odeia o divórcio”. Por causa do pecado, Deus admitiu uma exceção para o divórcio, mas Ele odeia o divórcio, porque destrói esta instituição magnífica que Ele criou, que passa o padrão de justiça de uma geração para a seguinte.
Portanto, homens, amem suas esposas de modo sacrificial, purificador, carinhoso e permanentemente. Sejam absolutamente inquebrável em sua devoção e compromisso com suas esposas. Façam uma aliança com suas esposas que siga o padrão da aliança que Cristo fez com a igreja, e nada pode separar a igreja de Cristo. Nada deve separar vocês dois também. Cristo alguma vez rejeitaria a igreja? Não. Então, nem deve um homem jamais rejeitar sua esposa, ou uma esposa a seu marido.
Agora, há um motivo por trás de tudo isso, e isso está no versículo 32 Efésios 5:
Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja.
O casamento é muito sagrado. O que é um mistério? Nova revelação. Algo que estava oculto no passado e agora foi revelado. O mistério é o seguinte: nunca havia sido dito antes, nas Escrituras, que o casamento deveria seguir o padrão do relacionamento de Cristo com a igreja.
O casamento é sagrado. A igreja é uma com Cristo. Esse é o mistério – a igreja é uma com Cristo, e essa é a imagem do casamento. É sagrado em virtude de sua associação com o relacionamento entre Cristo e Sua igreja.
E então, um resumo, o versículo 33 de Efésios 5 diz:
Assim também vós, cada um em particular ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie o marido.
Bem simples, não é? Tudo isso em apenas uma pequena porção das Escrituras. Se seguirmos os padrões que o Senhor estabeleceu no casamento, ele será tudo o que gostaríamos que fosse, e mais do que jamais esperaríamos dele. Mas, o elemento que precisa estar lá são vidas cheias do Espírito Santo. Vidas que estejam sob o controle do Espírito Santo em todos os momentos, onde a Palavra de Cristo esteja habitando ricamente e haja um andar em obediência a Ele. Não sei em que condição está o seu casamento agora, mas sei como ele pode ser.
Alguns dizem: “Bem, eu me casei com a pessoa errada”. Abandone esse pensamento e se aproxime do casamento da maneira que as Escrituras nos dizem. Ande no Espírito, e o Senhor poderá trazer alegria e satisfação a um relacionamento que tenha enfrentado conflito e amargura. Tudo isso pode mudar. O mais importante é que você esteja conectado a Cristo de uma maneira que O honre e exalte. Ande no Espírito, obedeça à Sua Palavra. Se duas pessoas estão fazendo isso, elas podem caminhar juntas e conhecer a plenitude das bênçãos.
Outros dizem: “Bem, sinto falta da pessoa com quem deveria me casar”. Não, você tem a pessoa com quem se casou, e essa é a pessoa que Deus quer que você tenha pelo resto da vida; e você pode fazer desse casamento tudo o que Deus quer que seja, se você definir sua vida da maneira que as Escrituras lhe dizem para definir seu caminhar. Vamos orar.
Pai, agradecemos pela clareza com que a Palavra nos fala novamente sobre esse assunto, no qual parece haver tanto caos e confusão. Ajude-nos a nos humilhar e seguir o padrão da Sagrada Escritura, para sermos o que devemos ser um para o outro em nossos casamentos. Senhor, pedimos que cure casamentos agora mesmo, que não são mais o que deveriam ser, porque as pessoas não estão andando no Espírito. Eles não estão sob o controle do Teu abençoado Espírito Santo.
Eles não estão se submetendo um ao outro, não estão se amando, se respeitando, se humilhando. Eles não estão buscando a pureza um do outro, não estão se sacrificando um pelo outro. Oramos, Senhor, para que faça um trabalho nesses relacionamentos, por eles e pelos filhos que serão influenciados por esses casamentos, pois casamentos ruins são tragédias geracionais. Eles mandam os filhos para a próxima geração, para seus próprios casamentos, com todo tipo de experiências erradas, idéias erradas e amargura.
Dá-nos bons casamentos, que honrem a Cristo, casamentos cheios de alegria e bênção, para que possa haver outra geração que experimentará esse mesmo tipo de padrão, que entrará em casamentos esperançosos, felizes, realizados e desejando ser tudo o que pode ser, para que esses casamentos possam ser tudo o que eles viram no casamento de seus pais. Salve-nos da destruição que está acontecendo, principalmente na igreja, e que a igreja seja um oásis de casamentos saudáveis, onde o evangelho seja passado com alegria para a próxima geração.
Agradecemos pelos testemunhos que ouvimos hoje à noite sobre isso, de jovens que Te conheceram e agora podem olhar para a próxima geração, a geração que eles trarão ao mundo, para criá-la no conhecimento de Cristo, e dar esperança para geração seguinte sobre o que o casamento deveria ser. Que o testemunho daqueles que conhecem a Cristo e amam a Cristo seja claro, em um mundo em que o casamento se desintegra completamente ao nosso redor, e com ele toda a cultura. Que nossos casamentos sejam fortes e, para Tua glória, oramos em nome de Cristo. Amém.
Esta é uma série de sermões de John MacArthur sobre Família (maridos, esposas, filhos, criação de filho). Abaixo links dos sermões já publicados.
- Maridos, Amai Vossas Mulheres…
- A Submissão Santa da Esposa
- Criando Sombras Para os Filhos (4 sermões)
- A Bíblia e o Divórcio (6 sermões)
Este texto é uma síntese do sermão “Husbands, Love Your Wives ″, de John MacArthur em 26/02/2012.
Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:
https://www.gty.org/library/sermons-library/80-383/husbands-love-your-wives
Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno