Juízo do Grande Trono Branco -2

 


Este é o sexto de uma série de sermões de John MacArthur sobre o Reino Milenar de Cristo e o juízo do grande trono branco (Apocalipse 20). Clique aqui e veja os links dos outros já publicados.


A maioria evita o livro de Apocalipse por não o entender. E isso é triste, pois o livro começa dizendo:

Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo (Apocalipse 1:3).

Não conhecer esse livro é perder uma bênção derramada por Deus sobre aqueles que compreendem a verdade sobre a volta de Jesus Cristo, principalmente por vermos a proximidade desse acontecimento. A maioria não está olhando para o futuro, e vive tentando extrair tudo que pode do presente, como se isso fosse tudo.

Mas o livro de Apocalipse é uma declaração tremenda e profunda sobre o retorno de Jesus Cristo, cuja verdade deve ser compreendida – tanto quanto possível – por cada crente. Há coisas no livro de Apocalipse que não podemos entender completamente, tal como ocorreu com os profetas do Antigo Testamento, que escreveram sobre o Messias e só entendiam parte da grandiosidade dessa verdade.

Em toda a literatura profética que ainda não foi cumprida, há certas coisas que são incompreensíveis para nós e difíceis de interpretar. Tentar colocar tudo em uma ordem correta, alinhar tudo em uma cronologia perfeita e fixar o tempo de todos os eventos em relação a todos os outros eventos é algo muito desafiador. Mas, isso não é o principal.

O principal é ter a realidade abrangente de que, no futuro, Deus vai julgar o mundo através do Senhor Jesus Cristo. Esse julgamento está no horizonte. Todos os eventos associados a esse julgamento são dados no livro de Apocalipse. Haverá um grande e terrível juízo na volta de Jesus Cristo (Apocalipse 19), daí teremos o Reino Milenar (Apocalipse 20: 1 a 10) e, no final, haverá o Juízo do Grande Trono Branco, ou o Juízo Final (Apocalipse 20: 11 a 15).

Agora, vamos continuar o primeiro sermão sobre esse assunto.

A CENA

Voltamos à cena mais séria de toda a Bíblia, porque o Juízo do Grande Trono Branco é o último dia do homem no tribunal de Deus. É o dia em que todos os pecadores não redimidos, de todas os séculos, serão enviados para o inferno eterno.

Apocalipse 20
11 E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para eles.
12 E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras.
13 E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras.
14 E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte.
15 E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo.

Este será o julgamento final de Deus. E, quero enfatizar muito fortemente, que este será um julgamento justo. E por que será justo? Porque Deus é justo.

Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos justos são; Deus é a verdade, e não há nele injustiça; justo e reto é. (Deuteronômio 32:4)

Ele é um juiz justo, e todos os Seus veredictos são verdadeiros e justos. Portanto, os homens têm bons motivos para ter medo de enfrentá-Lo, inclusive porque Ele tem todo o registro de seus pecados. Alguns olham para essa verdade e dizem: “Isso é uma injustiça!”. Mas não é.

  • Deus não pode deixar de ser justo, porque Sua santidade é a fonte de Sua justiça. Sua santidade e perfeição absoluta não permitem que Ele faça nada além do que é justo.
  • A vontade de Deus é justiça, é a regra suprema de justiça, é o padrão de equidade. Sua vontade é sábia e verdadeira.
  • A justiça flui da natureza de Deus. Não é que Deus faça o que é justo, mas algo é justo porque Deus faz. A justiça de Deus não pode ser medida pela mente humana, a justiça plena emana apenas de Deus.

E aqueles que se recusam a arrepender-se de seus pecados, conforme o evangelho de Jesus Cristo, experimentarão um julgamento justo por seus pecados. Deus disse a Israel: “É a tua destruição, ó Israel, estares tu contra mim, contra o teu auxílio”, e Jesus disse aos líderes religiosos: “morrereis em vossos pecados, porque se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados” (João 8:24).

A justiça final e definitiva é a expressão correta, verdadeira, santa e justa de Deus contra os pecadores que não se arrependem e não recebem a graça do perdão. E é sobre essa justiça final que estamos lendo aqui em Apocalipse, capítulo 20, o ato final de um Deus santo, justo e reto, que está dando aos homens exatamente o que eles merecem e o que eles escolheram.

As palavras são totalmente claras. O julgamento que é descrito aqui é chamado de Juízo do Grande Trono Branco, por razões óbvias. É o mesmo julgamento que é chamado por Daniel de “ressurreição para a desgraça eterna” ou “para o desprezo eterno”.

Multidões que dormem no pó da terra acordarão: uns para a vida eterna, outros para a vergonha, humilhação e para o desprezo eterno (Daniel 12:2)

Também é chamada por nosso Senhor Jesus de “ressurreição para a condenação” (João 5:29). Este será o evento, quando todos os ímpios de toda a história humana serão ressuscitados e trazidos perante o tribunal final para serem sentenciados ao inferno eterno.

Existem quatro elementos nesse texto que estamos examinando: a cena, depois a convocação, então o padrão de julgamento e, depois, a sentença. No sermão anterior começamos a ver a cena, agora vamos concluir esse primeiro elemento.

Apocalipse 20
11 E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para eles.
12 E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus…

Essa é a cena. Vimos que há um Grande Trono Branco, Deus na forma de Cristo sentado nele, e da gloriosa presença divina, a terra e o céu desaparecem, e nenhum lugar é encontrado para eles. Essa será a “descriação”. Toda a criação deixará de existir.

Não se trata de uma alteração ou reconfiguração, mas a criação desaparecerá na não existência. A Escritura diz que o céu e a terra passarão (Mat. 24:35), e é aqui que o cumprimento disso é descrito. Pedro diz que “os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que nela há se queimarão” (II Ped. 3:10).

Lembre-se, nesse tempo o Reino já terá acabado e esse será o fim dos tempos. Estaremos, assim, à beira da eternidade, quando haverá “um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe” (Ap. 21:1). Esse é o estado eterno, o tempo não existirá mais. Quando o Reino Milenar findar, será o fim do tempo. E os elementos irão se dissolver. Quando Deus fechar o livro na hora certa, o Universo como o conhecemos terá que chegar ao fim.

Você diz: “Por que isso é verdade?” Tempo e criação começaram juntos porque, cientificamente, não pode haver criação sem tempo.

Você diz: “O que você quer dizer com isso?” Vamos voltar à palavra de Pedro: “elementos” (II Ped. 3:10). Pedro usa um termo em grego que significa as unidades básicas. As partes básicas da matéria. Elementos referem-se aos componentes básicos da criação, da matéria.

E você sabe o que isso significa? Se você tem formação científica, sabe disso. Deixe-me explicar de forma simples: matéria são partículas em movimento. A maior parte do que você vê é espaço. Parece sólido, mas não é. A matéria são partículas em movimento controlado. Você aprendeu assim nas aulas de ciências em algum lugar.

A ciência diz que o movimento requer tempo, porque se algo se move de um lugar para outro, tem que haver intervalo de tempo para que isso ocorra. Se algo estava num lugar e agora está em outro lugar, o fato de que se moveu exige passagem de tempo, mesmo que seja apenas uma fração de segundos [um corpo não pode ocupar ao mesmo tempo dois lugares distintos no espaço].

Não pode haver matéria, a menos que haja tempo, porque não pode haver movimento, a menos que algo possa se mover de um lugar para outro. E nada pode se mover de um lugar para outro, a menos que haja uma passagem de tempo. Sem tempo, não há movimento. Sem matéria, não há criação.

Então, quando o tempo terminar, a criação como a conhecemos terminará, porque não será mais possível haver no Universo partículas em movimento. Então, quando a Palavra de Deus diz que o céu e a Terra passarão, os elementos se dissolverão e o Universo deixará de existir, é porque o tempo acabará. O tempo começou ao mesmo tempo que a criação começou. Quando o tempo deixar de existir, a criação também deixará de existir.

Portanto, a criação será “incriada”, e em algum lugar sem a presença do tempo e sem espaço, o Grande Trono Branco terá seu lugar. Nessa época, os piedosos já terão sido todos transladados para a glória da presença de Deus, e todos os ímpios aparecerão nesta cena, a do juízo eterno.

Os termos que a Bíblia usa para descrever o lugar dos mortos são familiares para nós. No Antigo Testamento “Seol” [normalmente traduzido como “abismo”, como em Números 16:33 etc.) é o hebraico de “Hades”. É um lugar para onde vão os ímpios mortos. Todos os ímpios mortos, de toda a história humana foram para um lugar chamado “Seol” (ou Hades). É onde suas almas eternas estão desde que morreram.

Seus corpos não foram ressuscitados ainda. Seus corpos permanecem, de alguma forma, na terra, no fundo do mar ou onde quer que seja, mas suas almas já estão no Hades. Hades ou Seol, aparentemente, é apenas um lugar temporário.

Não é o inferno eterno, embora sejam um lugar de tormento. Quando o homem rico morreu, na parábola do rico e de Lázaro (Lucas 16: 19-31), imediatamente ele estava em tormento. O Hades da ordem atual do Universo é um lugar de tormento, remorso e angústia, assim como o inferno eterno.

Todos os espíritos dos ímpios que morreram, em todos os séculos, estão no Hades, mas isso é apenas temporário. Apocalipse 20:13 diz que “e a morte e o hades deram os mortos que neles havia”. Por quê? “morte e o hades foram lançados no lago de fogo” (v.14).

Esse será o fim do Universo como o conhecemos, incluindo o lugar que existe em algum ponto deste Universo, um lugar chamado Seol ou Hades, um lugar de punição, de remorso, de dor e de terror. E será, finalmente, eliminado com o fim deste Universo, em favor de um lugar final chamado inferno ou lago de fogo.

A cena, então, é realmente incrível. À medida que o Universo se dissolver, o Hades e a morte se dissolverão com ele. E todos os corpos sairão, porque o Hades será esvaziado. Corpos ressuscitados serão criados para os ímpios mortos. É por isso que é chamada de “ressurreição para condenação” ou, como Daniel chamou, “ressurreição para o desprezo eterno”.

A diferença entre o Hades e o inferno eterno é que no Hades o sofrimento é da alma, enquanto no inferno será o sofrimento da alma em um corpo ressuscitado, um corpo eterno adequado para o inferno eterno.

A CONVOCAÇÃO

E assim, a cena dá lugar à convocação, pois todos os ímpios de toda a história humana serão chamados perante o Juiz. Esta é a segunda característica, então, nessa visão surpreendente, a verdadeira convocação e reunião de todos os ímpios que viveram em todos os séculos.

Desde a morte, eles têm sido atormentados no lugar de punição, até serem finalmente enviados para o inferno permanente e eterno, com corpos ressuscitados adequados para o sofrimento eterno. O versículo 13 de Apocalipse 20 diz: “E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o hades deram os mortos que neles havia.” Aqui está a convocação.

O mar tem que desistir de seus mortos porque, o capítulo 21:1 diz que “o mar não mais existe”. E antes que ele deixe de existir, ele dará todos os seus mortos. Mesmo que corpos tenham sido literalmente destruídos, eles serão ressuscitados. Deus trará um corpo de ressurreição para todos os ímpios.

Hades é um termo geral. Na verdade, alguns tradutores sabiamente não o traduziram [é comum a tradução como inferno]. É um termo geral que descreve a morada dos espíritos mortos daqueles que são separados de Deus e punidos.

É como um criminoso sendo mantido na prisão até a sentença final e, depois da sentença, indo para a penitenciária. Hades é a palavra do Novo Testamento para Seol, o túmulo. Hades aparece dez vezes no Novo Testamento e Seol aparece sessenta e cinco no Velho Testamento. É o lugar das almas em que são punidas enquanto esperam sua sentença final, quando serão transferidas para um lugar eterno chamado inferno.

Lucas 16, diz no versículo 23: “E no hades, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio”. É um lugar de tormento. Quando Jesus disse “edificarei a minha igreja, e as portas do hades não prevalecerão contra ela” (Mateus 16:18), a expressão “portas do hades” se refere à morte.

Com o Universo se desintegrando, nada mais poderá reter os mortos. Não haverá mais mar e terra. Não haverá mais morte para segurá-los. Não haverá mais Hades para aprisioná-los. Todo o Universo será incriado e todos os ímpios chegarão ao Grande Trono Branco. E diz, então, o versículo 13: “E foram julgados, cada um deles”. Cada um deles. Ninguém será dispensado. Todos os ímpios mortos de todas as eras serão julgados lá.

O PADRÃO

Então, vimos a cena e a convocação. Em terceiro lugar, quero que observemos neste texto o padrão. E isso é algo muito importante para entender. Qual será o padrão pelo qual eles serão julgados? Será um padrão absoluto.

  • E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros. (Ap. 20:12)
  • E foram julgados, um por um, segundo as suas obras. (Ap. 20:13)
  • E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida foi lançado para dentro do lago de fogo. (Ap. 20:15)

Vamos começar, em primeiro lugar, com “de acordo com suas obras”, tanto no versículo 12, quanto no versículo 13. Deus tem registros perfeitos e abrangentes da vida de cada pessoa. Na verdade, o final do versículo 12, diz que eles foram julgados pelas coisas que foram escritas nos livros, de acordo com seus atos. Isso quer dizer que Deus vai agir com justiça, usando o registro absoluto e perfeito de tudo o que cada pessoa já fez. Está tudo nos livros. A onisciência registrou tudo.

Deus mantem registros perfeitos, completos, sem falhas, abrangentes, de cada pensamento, palavra e ato realizado ao longo de sua vida. Os pecadores serão julgados de acordo com o padrão perfeito de Deus. E qual é o padrão de Deus? Santidade e perfeição (Mateus 5:48 e I Pedro 1:15 e 16).

Os homens não justificados estarão no juízo sob a maldição da lei. Gálatas 3:10 diz: “Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las”. Se alguém já quebrou uma lei de Deus uma vez, e não foi justificado pelo sangue do Cordeiro de Deus, está amaldiçoado.

Portanto, o mundo inteiro dos ímpios será julgado de acordo com suas obras. Os redimidos não estarão nesse juízo, porque seus pecados foram cobertos pelo sacrifício de Cristo. Os redimidos serão recompensados com base no serviço prestado a Deus, mas será um julgamento por recompensas e não por condenação.

Em Lucas 8:17, Jesus diz: “Porque não há coisa oculta que não haja de manifestar-se, nem escondida que não haja de saber-se e vir à luz”. Deus vai revelar cada segredo de cada coração, “no dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens” (Romanos 2:16). Ninguém será indesculpável no juízo eterno. Romanos 2:15 diz que as exigências da lei estão gravadas no coração de todos os homens.

Pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis (Romanos 1:19,20)

Ninguém poderá alegar ignorância, porque Cristo é a luz que ilumina todo homem que vem ao mundo (João 1:9). O conhecimento de Deus está no coração de cada homem. Se eles seguissem esse conhecimento, viriam para a verdade. Portanto, eles serão julgados de acordo com seus atos. Não haverá alegação de inocência por não conhecer a Deus e Sua vontade.

Voltando a Apocalipse 20:12, aqui diz que os livros foram abertos. Esta cena é registrada por Daniel:

Daniel 7
9 Eu continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e um ancião de dias se assentou; a sua veste era branca como a neve, e o cabelo da sua cabeça, como a limpa lã; o seu trono, chamas de fogo, e as rodas dele, fogo ardente.
10 Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares de milhares o serviam, e milhões de milhões estavam diante dele; assentou-se o juízo, e abriram-se os livros.

É a mesma declaração que João faz em Apocalipse. Esses livros são o registro de cada pensamento, palavra e ação de cada pecador. É uma situação oposta ao que ocorre com os redimidos, dos quais o Senhor diz que “jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades” (Hebreus 10:17). Mas, do ímpio, todo pecado será lembrado.

O inferno não será como um grande buraco onde todos são jogados no mesmo lugar com o mesmo nível de tormento. Não. A vida de cada pessoa será avaliada de forma única, e a punição de cada pessoa será consistente com essa avaliação única.

Assim como os redimidos serão recompensados de forma distinta, também haverá graus diferentes de punição de acordo com graus de pecaminosidade. Jesus disse:

Mateus 10
14 E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés.
15 Em verdade vos digo que, no Dia do Juízo, haverá menos rigor para o país de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade.

Em outras palavras, as pessoas de uma cidade ou vila que rejeitaram a pregação dos apóstolos serão ressuscitadas e sofrerão mais duro juízo do que as pessoas de Sodoma e Gomorra. Mas será apenas graus diferentes de ranger de dentes, dor e remorso. Não deixará de ser também um sofrimento eterno.

Mateus 11
21 Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram, há muito que se teriam arrependido com pano de saco grosseiro e com cinza.
22 Por isso, eu vos digo que haverá menos rigor para Tiro e Sidom, no Dia do Juízo, do que para vós.
23 E tu, Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serás abatida até ao hades; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje.
24 Porém eu vos digo que haverá menos rigor para os de Sodoma, no Dia do Juízo, do que para ti.

Jesus sempre deixou claro que existem graus de tolerância e punição. Em Marcos 12:38-40, ao se referir às hipocrisias dos escribas, Jesus disse: “Estes receberão mais grave condenação”. Existe condenação maior e menor. Jesus reiterou o assunto na parábola do mestre e seus servos:

Lucas 12
45 Mas, se aquele servo disser em seu coração: O meu senhor tarda em vir, e começar a espancar os criados e criadas, e a comer, e a beber, e a embriagar-se,
46 virá o Senhor daquele servo no dia em que o não espera e numa hora que ele não sabe, e separá-lo-á, e lhe dará a sua parte com os infiéis.
47 E o servo que soube a vontade do seu senhor e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites.
48 Mas o que a não soube e fez coisas dignas de açoites com poucos açoites será castigado. E a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá.

O inferno terá poucos açoites para alguns e muitos para outros. O capítulo 10 de Hebreus adiciona outra passagem a essas. Diz: “De quanto maior punição será considerado digno aquele que pisou o Filho de Deus e considerou o sangue do pacto uma coisa profana?” (v.29). Em outras palavras, se você ouve o evangelho e o rejeita, você tem um julgamento maior do que aquele que não o ouviu.

Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus. (Romanos 2:5)

Quanto menos exposto à verdade, melhor será para um ímpio. Quanto menos ele ouve e rejeita, maior será a punição. Cada rejeição do pecador ao Evangelho, e quanto mais ele se aprofunda no pecado, maior será seu castigo eterno. Quando Deus permite que o pecador prospere, ele não está tornando as coisas melhores para ele, mas está tornando as coisas piores.

Tentar ganhar a salvação, enquanto rejeita a graça, apenas adiciona a punição final. Portanto, os falsos cristãos sofrerão o pior inferno, porque pisotearam a Cristo e, por meio da justiça própria, tentaram obter a salvação. Eles sabem mais; portanto, eles sofrerão mais.

Todos os pecadores no inferno serão completamente miseráveis, mas não de forma igual. A punição se ajustará às suas obras. É por isso que os livros serão abertos. O julgamento se encaixa no registro, e Deus é absolutamente, exatamente e precisamente justo.

E então, o versículo 12 diz: “E foi aberto outro livro, que é o livro da vida”. Nos tempos antigos havia livros que mantinham os registros dos criminosos. Isso existe até hoje, mas os computadores hoje cumprem a função desses livros. Deus também registra em livros todas as obras dos ímpios.

Mas, as cidades antigas também tinham outro livro: o livro com os nomes dos cidadãos leais e honestos. E João também vê nesta cena particular um livro com o nome dos redimidos. Há várias referências na Bíblia a respeito desse segundo livro.

… naquele tempo, livrar-se-á o teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro. (Daniel 12:1)

E um memorial [livro de recordações] foi escrito diante dele, para os que temeram o Senhor, e para os que se lembraram do seu nome. (Malaquias 3:16)

Mas, não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus. (Lucas 10:20)

E peço-te também a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes essas mulheres que trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os meus outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida. (Filipenses 4:3)

À universal assembleia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus (Hebreus 12:23)

Esse é um livro especial. É o livro que lista aqueles que pertencem ao Senhor, aqueles que são servos leais e fiéis de Deus. E João diz que o livro foi aberto, ou seja, o livro da vida. Esse livro contém os nomes daqueles que tomaram parte na primeira ressurreição. O livro da vida é mencionado em Apocalipse 3:5; 13:8; 17:8; 21:27 e 22:19. É uma lista dos eleitos, a lista dos fiéis, a lista dos redimidos de todos os tempos, todos os que tiveram seus pecados perdoados porque vieram a Cristo.

Mas os mortos, diz Apocalipse 20:12, foram julgados pelas coisas que foram escritas nos livros de acordo com suas obras. A implicação é que nenhum de seus nomes estava naquele outro livro, o da vida. Todos os mortos tiveram que ser julgados a partir das coisas escritas nos livros, de acordo com suas ações. A implicação: porque seus nomes não estavam no livro da vida.

Alguns deles ficarão assustados. Esse será o dia em que se cumprirá algo que Jesus falou no sermão monte.

Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade. (Mateus 7:22,23)

Mais de cinquenta vezes na Bíblia, o padrão para o julgamento eterno é apresentado como atos, obras, e os mortos serão julgados de acordo com seus atos, todos os quais são registrados.

O final de Apocalipse 20:13 diz: “De acordo com seus atos”. O pecador pode se declarar culpado enquanto ainda está vivo neste mundo, reconhecer sua culpa, arrepender-se e pedir a Deus um perdão completo pela graça – com base na morte substitutiva de Cristo – ou ele pode ir a julgamento depois da morte.

O comentário final sobre o padrão de julgamento está no versículo 15, de Apocalipse 20: “E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo”.

A única esperança de o pecador apagar o registro de seus pecados condenatórios é ter seu nome no livro da vida. A única esperança de o pecador escapar do julgamento final é ter vindo com arrependimento, reconhecendo sua culpa, clamando a um Deus misericordioso para perdoá-lo por amor de Jesus, e aí terá seu nome escrito no livro da vida. Não fazer isto é enfrentar o tribunal de Deus.

Muitos imaginam: “Eu sou uma boa pessoa, já fiz coisas boas o suficiente para que Deus me deixe entrar no céu”. Oh, que engano trágico é esse! Isaias 64:6 diz que todos os nossos atos de justiça são como trapos de imundícia para Deus. Efésios 2:9 diz que a salvação “não vem das obras, para que ninguém se glorie”.

A loucura dos pecadores é que eles escolhem enfrentar o tribunal de Deus considerando que lá poderão se declarar inocentes, em vez de se declararem culpados agora e receberem o perdão por meio de Jesus Cristo.

O LAGO DE FOGO

Vimos a cena, a convocação e o padrão pelo qual os réus são medidos. Isso nos deixa com outra grande realidade, e vou guardá-la para a próxima vez: O lago de fogo. O que significa ser jogado nesse lago? O lago de fogo é o castigo eterno. Há mais detalhes sobre isso, e vamos examinar na próxima vez. Mas, basta neste momento saber que é um castigo eterno.

E é isso que todos recebem ao rejeitar a graça de Deus em Jesus Cristo. Que coisa mais tola, que coisa horrível! E você diz: “Por que um Deus amoroso faria isso?” Bem, porque um Deus amoroso também é um Deus justo. Não se trata do que um Deus amoroso faz, mas do que uma pessoa pecadora o faz para merecer tal destino.

Para chegar ao lago de fogo:

  • Você tem que rejeitar a Deus, a quem você conhece pela revelação que está em você e ao seu redor. [A Bíblia afirma que Deus se revelou ao homem através da criação, embora essa revelação não seja suficiente para salvar o homem – pois só a revelação de Cristo o pode – é suficiente para condenar o homem, que se torna indesculpável por sua incredulidade].
  • Você tem que rejeitar a lei moral, que está escrita no seu coração.
  • Você tem que rejeitar a consciência, o sistema de advertência divina dado a todo ser humano.
  • Você tem que rejeitar a revelação de Cristo que está no mundo.
  • Você tem que rejeitar o evangelho.
  • Você tem que rejeitar o perdão gratuito.
  • Você tem que passar por muitos portões para chegar ao lago de fogo.
  • Você tem que rejeitar as doces palavras das Escrituras: “Que Deus amou o mundo de tal maneira que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”
  • Você tem que rejeitar o amável convite: “O que vem a mim, de maneira nenhuma o lançarei fora”.
  • Você tem que rejeitar as palavras do apóstolo, onde ele diz: “O dom gratuito de Deus é a vida eterna, mas o salário do pecado é a morte”.
  • Você tem que rejeitar a promessa maravilhosa de que o sangue de Cristo nos limpa de todo pecado.

Não é uma questão de justiça de Deus, é uma questão de o homem amar o pecado e comprar a ilusão de que, no final, ele será considerado bom o suficiente. Não culpe Deus. O inferno é para pessoas que para sempre não terão ninguém para culpar além de si mesmas.

Vamos nos curvar juntos em oração.

Pai, enquanto pensamos sobre isso, é tão opressor para nós, que até as palavras falham. Nós olhamos para nossas próprias vidas, em primeiro lugar, e ficamos maravilhados, com gratidão. Sentimos vontade de explodir em uma doxologia de louvor para agradecer ao Senhor por nos salvar. Ao mesmo tempo, Senhor, sentimo-nos tão tristes, angustiados no fundo, ao contemplar o terrível fim dos ímpios.

Não é de se admirar que o apóstolo João, ao ver isso, sentiu uma amargura no estômago. Não é à toa que Paulo disse: “Conhecendo o terror do Senhor, persuadimos os homens”. Oh, Deus, como podemos nos conter? Como não podemos chamar os homens ao arrependimento? Como não podemos suplicar aos pecadores que evitem o julgamento? Se pudermos, somos de fato insensíveis, frios, indiferentes, nada parecidos com Cristo, que se sentou sobre Jerusalém e chorou por todos os que estavam perdidos. E nada parecidos com o Senhor, pois Tu choraste, através dos olhos de Jeremias, por pessoas perdidas.

Pai, ajude-nos a entender o que está por vir. Ajude-nos a entender o que está por vir, não apenas no julgamento final, mas no momento da morte de cada pessoa ímpia, pois ela entra no Hades do sofrimento temporário, apenas para ser, finalmente, transportada para o inferno final.

Pai, pedimos que nos torne gratos, por um lado, e zelosos, por outro, para proclamarmos o evangelho salvador de um Deus misericordioso e amoroso que está chamando e insistindo, embora os pecadores não escutem. Nós, como Paulo, recebemos o ministério da reconciliação, para clamarmos às pessoas que se reconciliem com o Senhor por meio de Cristo.

Agradecemos pelo Senhor ter tornado isso possível, e por oferecer a qualquer pecador – que reconhecer sua culpa – um perdão e uma ressurreição de vida, em vez de uma ressurreição para o Grande Trono Branco. Que essas verdades penetrem profundamente em nós e nos dê um novo zelo por aqueles de fora que estão rumando para um futuro tão terrível.

E, Pai, sabemos que este ministério é aquilo pelo qual a igreja existe na Terra e a razão pela qual vivemos. Dá-nos oportunidades, ó Deus! Abra as portas para que possamos compartilhar o perdão que está disponível em Cristo. Pedimos essas coisas em Teu grande nome, Amém.


Este texto é uma síntese do sermão “Man’s Last Day in God’s Court, Part 2″, de John MacArthur em 27/11/1994.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/66-78/mans-last-day-in-gods-court-part-2

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


Clique aqui e veja os links de todos os sermões traduzidos de John MacArthur sobre o livro do Apocalipse.


 

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