Divórcio e Novo Casamento – 4
Este é o quarto de 6 sermões sobre Mateus 19:1-12, quando Jesus foi questionado pelos fariseus sobre o divórcio e o novo casamento. Nesses sermões, John MacArthur faz um extenso estudo da Palavra de Deus, envolvendo vários textos bíblicos que tratam do princípio bíblico da indissolubilidade do casamento e a exceção mencionada por Jesus. O texto abaixo é continuação do terceiro sermão. Para entendimento do assunto, é imprescindível a leitura dos três sermões anteriores e dos 2 restantes, conforme links no final deste texto.
Retomamos hoje nosso estudo em Mateus 19:1-12, que contém o ensinamento de nosso Senhor sobre o divórcio. Estamos examinando exatamente o que o Senhor diz neste texto. E é tão importante que façamos isso, para que possamos estabelecer uma base sólida para a nossa compreensão da vontade de Deus em relação ao casamento e ao divórcio. Inicialmente vou resumir rapidamente o que vimos nos três sermões anteriores e depois seguir adiante.
Vimos que o capítulo 19 de Mateus inicia com o fim do ministério de Jesus na Galileia. Durante vários anos, Ele esteve lá ensinando, pregando, curando pessoas, fazendo milagres, revelando-se como o Messias e proclamando a verdade de Deus. Agora, Ele deixa a Galileia para trás e segue Sua jornada rumo a Jerusalém, onde seria crucificado e depois ressurreto. Mas, no caminho, Ele atravessa o rio Jordão a leste e entra em uma área conhecida como Perea (que significa “o além”). E temos nos capítulos 19 e 20 o que é conhecido como o ministério de Jesus na Perea. Tal como o ministério Galileu, apenas muito mais breve, o Senhor prega, ensina, cura e as multidões O seguem. E, sem dúvida, a maioria não cria, mas alguns creram.
Ele é confrontado, em Mateus 19:3, pelos fariseus. Eles lhe fazem uma pergunta que realmente não é fruto de alguma dúvida deles sobre o divórcio, pois eles não têm intenção de ouvir uma resposta ou obter informações. Tudo o que eles querem fazer é prendê-Lo. Eles perguntam: “É lícito ao marido repudiar a sua mulher por qualquer motivo?”.
O divórcio era aceito pela grande maioria. Era uma doutrina popular. Os fariseus se divorciavam frequentemente por qualquer motivo banal, como queimar o jantar. Além disso, ali era um território sob o poder de Herodes Antipas, o mesmo que prendeu e decapitou João Batista por causa do assunto divórcio. Então, os fariseus queriam tornar Jesus impopular, desacreditado e vê-Lo ter o mesmo fim de João Batista. Foi o que chamamos de ataque. E é um ataque.
O segundo ponto que olhamos foi a resposta de Jesus. Ele não responde com novos argumentos, mas cita Deus. Ele volta todo o caminho até chegar em Gênesis 1:27 e Gênesis 2:24, e lhes diz, no verso 4: “Vocês não leram?” Em outras palavras: “seu argumento não é comigo, sua argumentação é com Deus!” E Ele diz que Deus, no princípio, fez um homem e uma mulher e que seriam uma só carne. Não havia peças de reposição. Um homem e uma mulher, uma união matrimonial abençoada por Deus, indivisível e totalmente juntos ou colados um ao outro. Por terem surgido mais homens e mulheres, nada mudou no conceito original de Deus.
Citando Deus, a quem os fariseus diziam obedecer, Jesus não deixou margem para a falsa e permissiva doutrina deles. Jesus disse: “O que Deus ajuntou não o separe o homem” (Mateus 19:6). Ou seja, qualquer casamento tem Deus por testemunha. Atônitos, os fariseus contra argumentam: “Por que mandou, então, Moisés dar carta de divórcio e repudiar?” (Mateus 19:7). Ou seja, “se tua doutrina é verdadeira, porque Moisés ordenou o divórcio?”. Eles queriam agora fazer Jesus entrar em contradição com Moisés, a quem os judeus veneravam.
Vimos que eles apenas distorciam o texto de Deuteronômio 24:1-4, onde Moisés não ordenou o divórcio, ele apenas o tolerou por causa da dureza de seus corações e proibiu o casamento com um adúltero contaminado. Não há nenhuma ordem para se divorciar. Eles inventaram uma mentira para respaldar seus divórcios e adultérios. Jesus lhes respondeu: “Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossa mulher; entretanto, não foi assim desde o princípio” (Mateus 19:8).
Havia uma permissão no Antigo Testamento para o divórcio, e verso 9, Jesus o reitera: “quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra comete adultério [e o que casar com a repudiada comete adultério]”. Em outras palavras, Jesus reitera o fundamento do divórcio do Antigo Testamento, que era o adultério. Conforme vimos na última vez, ele vem sob uma categoria ampla, a fornicação [porneia], que inclui não somente a relação sexual ilícita com outra pessoa do sexo oposto, mas a bestialidade, o homossexualismo, incesto, pedofilia etc. Não era simplesmente um ato, mas um pecado sem arrependimento, resultado de um coração endurecido pelas trevas.
O Antigo Testamento punia o adultério com a morte, liberando a parte inocente a casar novamente. Na sua graça, Deus livrou o adúltero da morte imediata e permitiu o divórcio para romper o matrimônio manchado pela dureza do pecado no coração de um dos cônjuges, liberando o inocente para se casar novamente. Nós vimos isso em detalhes na última vez.
Assim, o Senhor simplesmente afirma o padrão do Antigo Testamento. E então, a pergunta deles é muito simples: “você pode se divorciar por todos os motivos”? e Jesus responde: “não”. Não, desde o início, Deus não queria o divórcio. Por que Moisés permitiu isso? Ele permitiu isso por causa da dureza do coração, mas apenas por uma razão foi permitido no Antigo Testamento e isso é ilustrado pelo próprio Senhor em Jeremias 3:8. Depois de 700 anos de adultério espiritual de Israel com ídolos, Deus finalmente diz que se divorciou de Israel por causa do adultério espiritual.
Isso não significa que você pode se divorciar de seu cônjuge por adultério espiritual, por algo que ele faz em sua mente. Quando isso se filtra para os seres humanos, é para a própria união adúltera, o ato adúltero e nada menos que isso. Mas, Deus é a ilustração de quem se divorciou com base no adultério. Mas o divórcio por qualquer outro motivo, diz o nosso Senhor, faz com que as pessoas que se casaram novamente, depois desse divórcio, se transformem em adúlteros. Nesse ponto, os fariseus foram embora. Qual o motivo? Eles eram hipócritas adúlteros, que se divorciavam constantemente por qualquer motivo, alegando que Moisés havia ordenado isto. Jesus os expôs publicamente como um bando de adúlteros, citando Deus.
Mas, neste momento, os discípulos seguiram com outra discussão sobre o casamento. E Não temos o conteúdo da conversa, apenas as respostas. Eles estão realmente chocados com a resposta que Jesus deu aos fariseus. Eles ficam assustados, porque Jesus não estendeu a lei do Antigo Testamento, simplesmente a reafirmou. Se Deus matou os adúlteros com a pena capital que Ele atribui em Levítico, nunca haveria qualquer divórcio, mas Deus, na sua graça, deixou viver alguns adúlteros. E, portanto, o divórcio pode ser uma concessão da misericordiosa quando esse adultério torna o coração duro e inconciliável. Ainda há um lugar para o perdão, onde há arrependimento. Mas em qualquer outra situação, o divórcio é pecado e afronta a Deus.
Os discípulos cresceram em uma cultura onde o divórcio era simplesmente desenfreado, muito parecido com o nosso mundo atual. E tudo o que o Senhor disse, deixa-os em dificuldades. Então, chegamos ao quinto ponto neste pequeno esboço desses 12 versículos de Mateus 19. Como esses homens se apropriam dessa verdade? Como eles lidam com isso? Isso realmente provocou suas mentes. Era uma mensagem estranha à experiência de seus dias, em relação ao ensino que eles receberam. Eles foram criados em uma cultura onde o divórcio era realmente uma virtude. Deixe-me citar alguns dos escritos talmúdicos dos rabinos:
Entre aqueles que nunca contemplarão a face do inferno está aquele que teve uma esposa ruim. Esse homem está a salvo do inferno porque ele expiou seus pecados na terra.
Uma esposa ruim é como a lepra para o marido. Qual é o remédio? Deixe-a, divorcie-se dela e seja curado de sua lepra.
E então, se um homem tivesse uma esposa ruim (no conceito dele), era um dever religioso se divorciar dela. Agora, foi este ensino que os discípulos receberam. Você poderia imaginar seus filhos sendo criados sob este ensino? Bem, foi assim que eles foram ensinados. E então, o Senhor vem e diz aquelas palavras aos fariseus. E eles olham esse padrão muito estreito e muito difícil… E veja a reação, no versículo 10: “Se essa é a condição do homem relativamente à sua mulher, não convém casar”. Você entende o que eles estão dizendo? “Rapaz, se você entra nesse negócio e não pode sair dele, seria melhor nunca entrar”. Isso é o que eles estão dizendo.
Bem, eles perceberam muito bem o que o Senhor estava dizendo, não é? Eles realmente entenderam tudo. Há muitas pessoas hoje que pensam assim. Evitam o casamento porque não estão dispostos a fazer um compromisso vitalício. Você percebe isso. Evitam o casamento porque não querem comprometer-se. Eles só querem qualquer coisa que não signifique compromisso. O mundo perdeu o significado mais rico da vida, que é uma verdadeira relação amorosa que dura toda a vida. O mundo se conformou com uma falsificação barata. E ouça o que dizem alguns textos bíblicos:
Bebe a água da tua própria cisterna e das correntes do teu poço. Derramar-se-iam por fora as tuas fontes, e, pelas praças, os ribeiros de águas? Sejam para ti somente e não para os estranhos contigo. Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade, corça de amores e gazela graciosa. Saciem-te os seus seios em todo o tempo; e embriaga-te sempre com as suas carícias. Por que, filho meu, andarias cego pela estranha e abraçarias o peito de outra? Porque os caminhos do homem estão perante os olhos do Senhor (Provérbios 5: 15-21).
O que acha uma esposa acha o bem e alcançou a benevolência do Senhor (Provérbios 18:22).
A casa e os bens vêm como herança dos pais; mas do Senhor, a esposa prudente (Provérbios 19:14).
É a melhor coisa da vida. É bom. Então, quando os discípulos disseram que não seria bom se casar sob as condições que Jesus ensinou, o que eles estavam refletindo era uma atitude bastante comum na sociedade em que viviam e do ensino que receberam. E nós temos o mesmo tipo de mentalidade hoje: a rejeição ao compromisso e a busca de emoções novas, um tal romantismo que o mundo chama de amor, um amor que morre.
E quando isto acontece, eles partem para outra pessoa e assim sucessivamente. Uma busca desenfreada por emoções novas que resulta num vazio, nada além do vazio, mas é assim que o mundo é. Então, a pessoa rejeita o casamento porque o que ela menos deseja é o compromisso. O resultado mais triste é que o mundo produz uma geração desorientada, crianças mal amadas, solitárias e isoladas que não veem relacionamentos significativos de longo prazo para se identificarem. Isto é uma tragédia, realmente uma terrível tragédia!
Ouça, se você se casar por um sentimento emocional, está cometendo um grande e terrível erro. Agora, eu não sou contra as emoções, deve haver um pouco disso, mas você deve ver além das emoções: a virtude, o caráter. É melhor você poder ver à luz dos valores e entender se compartilha valores comuns com a pessoa com quem pretende se casar. Valores espirituais e valores da vida em comum. E você deve entender que está fazendo um vínculo para toda uma vida. Um vínculo segundo a Palavra: um homem, uma mulher, uma só carne, uma obra de Deus, sem divórcio. Esse é o plano de Deus. O mundo nem sequer pode entender isso, é algo estranho para ele.
Vou tentar ilustrar a diferença entre um relacionamento com amor verdadeiro e um mero relacionamento de busca por emoções românticas.
Ontem ouvi a história de um cavalheiro que estava no ministério e casado havia quase 50 anos. Seus filhos hoje estão no ministério. Um deles é professor de seminário e ele estava falando da história da morte da esposa daquele cavalheiro, a mãe desses filhos.
Eles haviam se casado há muito tempo. Em uma manhã, ela desceu e eles estavam tomando café da manhã, como faziam por anos e anos e anos. E ela tomou seu café da manhã e caiu sobre a mesa. Ele a pegou e a colocou em seu carro, sem dizer nada a seus filhos, e a levou ao hospital. Quando chegou lá, ela já estava morta. Bem, você tem que estar com alguém, vinculado em amor a uma pessoa por 50 anos, para entender o vazio que esta morte trouxe para aquele homem. Ele sabia que ela estava com o Senhor Jesus Cristo, isto trouxe consolo.
E, depois que o enterro aconteceu, ele voltou com seus filhos e, no caminho para casa, disse para seus filhos que tinha que voltar ao cemitério. E então, eles pararam o carro e disseram: “Pai, não queremos que você volte. Você não precisa de mais tristeza, precisamos continuar”. E ele disse: “Não, eu tenho que voltar”. Nenhum argumento dos filhos foi bem sucedido. Eles voltaram e ele foi ao túmulo, se ajoelhou e o acariciou, ficou por alguns instantes e então disse: “agora está tudo bem, podemos ir”.
Ele voltou e entrou no carro e disse a seus filhos: “Este é um bom dia. Este é um dia maravilhoso”. E seus filhos perguntaram: “O que você quer dizer com isso?”. E ele respondeu: “Exatamente o que eu disse. Eu sempre quis que ela fosse primeiro, este é um bom dia”. Qualquer um que conheça o significado do amor verdadeiro, sempre quer que a outra pessoa vá primeiro, porque não quer que seu cônjuge sofra a dor, a tristeza, a ansiedade da solidão e o enterro da pessoa amada. E seu filho declarou a todos: “Eu ouso dizer que os nossos relacionamentos românticos estão muito longe deste verdadeiro amor”.
E ele estava certo. As pessoas se conformam com um substituto barato da amizade rica, profunda, emocionante e significativa que duas almas unidas podem experimentar à medida que os anos se seguem. E os discípulos precisavam ouvir o que as pessoas hoje precisam ouvir, o que você e eu precisamos ouvir, e isso é o que o casamento é: um compromisso vitalício no qual não podemos deixar de amar. Essa é a razão para entrar nele. Porque na genuinidade dessa amizade ao longo da vida, Deus vai te abençoar de formas que você nunca irá experimentar se viver solteiro, nunca.
Deixe-me dar um passo adiante e dizer isso: eu não sei o que alguns de vocês estão procurando, mas parece-me que alguns de vocês, em vez de recuarem, deveriam olhar para Cristo e começar a ter critérios diferentes para avaliar as pessoas. Eu olho por aqui e vejo todas essas adoráveis pessoas solteiras, mas não são o que alguns estão procurando. E isso me preocupa. Procure encontrar uma pessoa divina com quem você compartilhe valores comuns em Jesus Cristo e com quem você possa construir um profundo e significativo companheirismo. Busque isto. Deus lhe dará algo que tem valor.
Você vê, os discípulos perderam o ponto que muitas pessoas hoje perdem. Não entre em um relacionamento vitalício com a pessoa errada. É melhor você ter certeza de que está procurando valores espirituais e é melhor ter certeza de que está se envolvendo com alguém cujos compromissos espirituais são tão profundos e tão fortes quanto os seus. E, se você ainda não encontrou isso, melhor desacelerar. Ou, de outra forma, você pode passar toda a vida com uma pessoa tentando manter um relacionamento, e isso é difícil. Isso é muito difícil. Então, por um lado, encontre alguém com fé tão preciosa e com valores, que ame Jesus Cristo e tenha como objetivo de vida o mesmo que você. Caso contrário, é melhor você recuar, enquanto pode.
O casamento é uma aliança sagrada e é o maior presente que Deus pode nos dar nesta terra, posso dizer-lhe isto da minha própria experiência: duas pessoas que amam Jesus Cristo e se amam e vivem uma vida juntos sob a liderança e direção de Deus e no poder do Espírito. É como Deus quis.
Em vez de rejeitar o compromisso que envolve o casamento, você deveria deseja-lo, porque é o plano ordenado por Deus. Mas, tem que ser com a pessoa certa, com a qual você ficará ligado por toda a vida. Se você for guiado por emoções românticas, e se isso é tudo o que você tem, você está afogado antes de começar seu casamento. Ele será um problema.
Então, você não sabia tudo o que estava no versículo 10, não é? Bem, é isto. Então, o que acontece? O que o Senhor diz? Ele diz aos discípulos, no versículo 11: “Nem todos são aptos para receber este conceito, mas apenas aqueles a quem é dado”. Ou seja, nem todos os homens podem receber a declaração que Ele tinha feito aos fariseus, sobre o compromisso vitalício do casamento. Em suma, Ele quis dizer aos discípulos:
Ok. Vocês estão certos. Se não podem lidar com isto, melhor mesmo não casarem e ficar solteiros, pois assim vocês não entrarão em algo que não poderão sair. Neste caso, ficar solteiro é uma dádiva, é a melhor coisa para vocês.
Você pode dizer que não quer se casar, porque não quer se comprometer, mas ficará sujeito às tentações e sentimentos. É uma escolha. E algumas pessoas que deveriam ter se casado há muito tempo, ainda são solteiras, não porque não haja alguém para casar, mas porque provavelmente estão procurando a pessoa errada. Eles estão procurando aparência em vez de caráter, em alguns casos. Ou talvez porque ainda não sejam a pessoa certa que outra pessoa procura. Mas devemos procurar o casamento, isso é para a maioria das pessoas. E isso é o que nosso Senhor quer dizer.
Ele disse que nem todos podem ser solteiros, mas somente aqueles a quem é dado. Nem todos podem receber isso. A propósito, a palavra traduzida como receber, no grego, é uma palavra interessante, basicamente significa “ter espaço ou espaço para algo”. O uso metafórico é “abraçar algo com coração e mente”. Nem todo mundo pode lidar com ser solteiro. Eu mesmo não poderia lidar com esta situação. E Deus sabe disso e é assim com a maioria das pessoas. Deus nos fez para o casamento e para o que ele tem para nós. O versículo 12 diz:
Porque há eunucos de nascença; há outros a quem os homens fizeram tais; e há outros que a si mesmos se fizeram eunucos, por causa do reino dos céus. Quem é apto para receber receba.
Eunuco significa alguém que não se dedica à atividade sexual com o sexo oposto. E alguns nasceram assim do ventre de sua mãe, a área sexual está subdesenvolvida ou não desenvolvida, ou malformada ou qualquer outra coisa e não tem capacidade para funcionar bem.
Há alguns eunucos que foram feitos eunucos pelos homens. E isso se refere à castração. Você sabe que, ao olhar para a história, no período antigo, você descobre que havia homens escolhidos para trabalhar nos haréns e que eram castrados, a fim de que não fossem além dos limites do que deveriam, no meio de um grupo de mulheres no harém do rei. Havia pagãos religiosos que sentiam que a castração era uma maneira de agradar a Deus ou seus deuses.
E então, em terceiro lugar, Jesus diz, existem eunucos que se tornaram eunucos por dedicação e compromisso. Eles se tornaram eunucos pelo amor ao reino dos céus. Em outras palavras, há pessoas que são solteiras por amor a Deus. Para se dedicarem exclusivamente a Deus.
E você percebe que neste último caso, o eunuco que é assim porque decidiu se dedicar exclusivamente ao Senhor, não é solteiro por rejeitar assumir um compromisso que não pode sair. Isto não resolveria nada, é inútil. Você apenas iria atravessar uma vida com os piores problemas, tentando lidar com seus desejos. Neste último grupo estão aqueles que são solteiros pelo amor ao reino dos Céus. Paulo fala sobre esses em I Corintios, os que receberam o dom do celibato para a glória de Deus e para o serviço de Cristo.
Agora, deixe-me dizer algo às pessoas solteiras. Se você tem o celibato, não sente necessidade de se casar, e sente o Espírito de Deus levando você a servir a Cristo como uma pessoa solteira, isso é bom. Isso é muito bom. Penso que Paulo lhe diria que é melhor. Porque você é livre para dar sua vida em serviço a Cristo, mas essa deve ser a única razão, salvo os motivos relacionados à saúde. Portanto, não podemos evitar o casamento pelo simples motivo de ele ser um compromisso de uma vida, em essência.
Eu vi pessoas solteiras em outros lugares e aqui em nossa igreja, que foram dotadas pelo Espírito de Deus para o celibato, um viver único para Jesus Cristo, e elas são excepcionalmente dotadas pelo Espírito Santo e são maravilhosas bênçãos no corpo de Jesus Cristo. Mas, se não é este seu caso e não há nenhum problema de ordem física, é divino que você ame o casamento como Deus o instituiu no princípio.
Agora, veja o final do versículo 12: “Quem é apto para o receber, receba”. Receba o quê? Bem, receba todo esse ensinamento. Sobre o que? Sobre o celibato? Sim. Sobre o casamento? Sim. Tudo. Quero dizer, temos que ouvir tudo isso, casar-nos em um vínculo vitalício, sem divórcio. A exceção está nos casos que Jesus mencionou, ou seja, os eunucos por três motivos diferentes. Fora isso, o casamento é a norma e eu quero que você ouça isso e receba.
E acho que esta é uma declaração muito importante no final do versículo 12, porque o Senhor sabia que a maioria das pessoas não suportaria ouvir isso. Se eu falar isto no meio de qualquer grupo mundano, as pessoas diriam: “Quem é esse idiota? De onde ele veio?”. Elas não são capazes de receber isso.
Alguns anos atrás, quando fui convidado por um rabino para estar em uma na aula de filosofia, ele me pediu para falar sobre sexo na visão cristã, e então eu fui. Agora, eu sabia que ninguém iria se interessar por aquilo que eu iria falar. Eu sabia que os estudantes universitários não estão interessados na ética bíblica sobre o sexo.
Então, eu sabia que tinha que planejar bem minha estratégia. E, para começar minha exposição na aula, eu disse logo que nenhum deles iria aceitar minhas palavras; que nenhum deles ficaria interessado em aceitar o que a Bíblia diz sobre a ética cristã para o sexo; que nenhum deles sairia dali desejando viver aquilo. Fui enfático: “Eu sei que vocês não querem e nem ouvirão atentamente o que eu digo, eu estou tranquilo quanto a isto”.
Bem, é claro, quando você diz isso aos estudantes universitários imediatamente eles dizem: “Oh, sim?”. Então, você os tem exatamente onde você quer. E então um sujeito disse: “Por que não te ouviremos? Como você sabe que não aceitaremos? Por que não aceitaremos o que você diz?” Eu disse: “Por uma coisa básica: a Bíblia não tem autoridade na sua vida. Porque você não ama o Senhor Jesus Cristo e, por isso, a Bíblia não tem autoridade na sua vida e, portanto, o que Deus diz não tem sentido para você. A menos que você O conheça e O ame, você não pode aceitar o que Ele diz”. E o mesmo rapaz me disse: “Bem, como você faz isso, então?”. E eu estava certo onde eu queria estar. E então, apresentei o evangelho de Jesus Cristo, e o Rabino disse: “É melhor continuar com a ética sexual”.
Veja, esse é o pacote completo. Deus não me chamou para consertar as buscas sexuais de uma sociedade pagã, eles não estão interessados nesses princípios. A Bíblia não tem autoridade no mundo. Minha mensagem não é para o mundo, é para os crentes.
Mas, se você pode receber o ensino de Cristo, é melhor que o receba. Em outras palavras, se você tem a vida de Deus em sua alma, ama o Senhor Jesus Cristo e se encontra sob a autoridade da Palavra de Deus, então você receberá esse ensinamento de que o casamento, fruto de um compromisso para toda uma vida, é para a glória de Deus, salvo se você tem algum problema físico ou tem o celibato para dedicar sua vida exclusivamente a Cristo. Um casamento sob a benção de Deus instala uma amizade significativa e muito profunda entre um homem e uma mulher, um cordão tecido de duas almas.
Um homem me chamou outro dia e queria que eu falasse em sua igreja. Ele me disse: você vai trazer sua amiga-esposa? Penso que é uma maneira interessante de se referir à esposa. E eu desci e ele me deu seu novo livro que foi dedicado à sua amiga-esposa. E assim é: amiga-esposa. Uma amizade que absolutamente não conhece limitações, sem limites, sem inibições. O mais verdadeiro tipo de amizade, mais puro, essa é a expressão do amor mais profundo e mais verdadeiro, que é cuidar e compartilhar tudo. Mas, se você estiver à busca de emoções, certamente colherá relacionamentos rasos e frágeis, que nunca poderão alcançar este nível.
Bem, é isto que o Senhor ensinou em Mateus 19:1-12. Um ensino forte. Você diz: “eu tenho muitas perguntas, John. E se eu já estiver divorciado ou casado novamente e etc. etc., você sabe alguma coisa? Pois elas não são respondidas neste texto…”.
Sim, eu sei que Mateus 19 não responde a todas as perguntas. Mas existe no Novo Testamento comentários sobre o ensinamento de Jesus. E assim, na próxima vez vamos analisar os comentários bíblicos sobre o ensino de Jesus que estão no capítulo 7 de I Coríntios. Vamos examinar os comentários de Paulo sobre o ensino de Jesus acerca do casamento e divórcio, que nos ajuda a lidar com a bagunça já estabelecida pelo pecado.
Mas, por hoje, quero finalizar falando sobre as seis razões para o casamento.
Primeiro motivo para o casamento: procriação, ter filhos. Em Gênesis 1:28, Deus disse ao homem e a mulher: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a…”. Os filhos são herança do Senhor (Salmo 127:3) e onde há casamento, há filhos. Mas, hoje os casais evitam filhos, porque não querem que crianças interfiram no seu viver a busca de emoções. E quando têm filhos, os empurram para as creches etc., para que nada interfira em suas buscas egoístas.
Segundo motivo para o casamento: por prazer. Hebreus 13:4 diz: “Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros”. O leito é imaculado. I Corintios 7:4-5 diz: “A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim a mulher. Não vos priveis um ao outro…”. Eles pertencem um ao outro.
Terceiro motivo para o casamento: por pureza. Em 1 Coríntios 7:2 diz: “mas, por causa da fornicação, cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido”. É por pureza.
Quarto motivo para o casamento: para provisão. Eu amo isto. Efésios 5 diz que o homem deve nutrir, conservar, prover, cuidar, ser como um salvador para sua esposa. O casamento é uma provisão de segurança, é uma provisão de carregar, alimentar e cuidar. Se um homem não é provedor de sua própria casa, ele é pior do que um incrédulo.
Quinto motivo para o casamento: para parceria. Quando Deus fez Eva, disse que fez uma ajudante idônea para Adão (Gênesis 2:18). Alguém que venha junto e o ajude para que você não faça sozinho as coisas, você as faz junto a seu cônjuge. Há força nessa irmandade. E eu confesso a você que minha esposa é forte onde sou fraco e eu tendo a ser forte onde ela é fraca, e é assim que deve ser. Minha intensidade no ministério depende dela, que cuida das crianças, supre as necessidades domésticas etc., enfim, ela faz tudo o que preciso para ser livre para fazer o que eu faço. É uma verdadeira parceria. E eu forneço todos os recursos que ela precisa para fazer o que Deus ordenou para ela fazer e, por isso, é uma parceria.
Sexto motivo para o casamento: é a imagem de Cristo e sua igreja. Efésios 5:22-32 é uma demonstração viva disso. Jesus ama e tem um relacionamento interminável e contínuo com Sua noiva, a quem Ele ama (a igreja). E para quem Ele vive e morreu, e esta é uma realidade bíblica para o casamento. “Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja” (v.31-32).
Deus ordenou o casamento por procriação, prazer, pureza, provisão, parceria e como uma imagem de Seu relacionamento com Sua igreja. Deus ordenou que o casamento deve durar toda a vida e que ele deve estar cheio de amor. E deve ser abençoado, realizado, deve ser a graça da vida. E não há motivos para querer sair de algo assim, mas para entrar.
Você deve estar certo em suas motivações e certificar-se de ter escolhido a pessoa certa, porque vã é a aparência, muito rápido você vai se esquecer dela, mas você saberá o que cada um é em termos de caráter e valores. E decida ficar solteiro apenas por problemas físicos ou celibato para servir ao reino de Deus. Você deve ter certeza de se é capaz de viver assim e isto só será possível se Cristo estiver no controle de sua vida.
Alguns psicólogos fizeram um estudo e chegaram a uma teoria de que você é o que você é porque está se ajustando à pessoa mais importante da sua vida. Quem é a pessoa mais importante na sua vida, essa é a pessoa que você está tentando agradar. Muito simples para o cristão, não é? Quem é a pessoa mais importante em nossa vida? Cristo. Isso resolve o problema, realmente, porque agora podemos dizer ao Senhor: eu posso receber isto. Vamos nos curvar em oração.
Pai, faça o Teu trabalho em todos os corações. Obrigado, porque o Senhor nos deu o padrão divino e agora sabemos onde estamos. Podemos colocar nossas vidas à luz desse padrão e podemos ver. Nós sabemos que, quando falhamos, o Senhor nos perdoa. Onde nós caímos, Tu nos escolhes. Onde estamos maltratados e machucados Tu nos restauras. E o Senhor sabe como juntar todas as peças de uma vida errada. Pai, ajuda-nos, antes de mais nada, a afirmar o padrão e depois, na próxima semana, a falar sobre como lidar com todas as dificuldades, nos dê uma compreensão clara da aplicação do Teu padrão divino para nós. E Senhor, oro pelos jovens nesta igreja que estão contemplando o casamento, que o Senhor os esteja orientando para uma decisão certa e um compromisso vitalício. Para aqueles que estão recém-casados e talvez se perguntando que nem sempre sentem que os seus casamentos estão dentro desse Teu padrão, ajude-os a construir um amor profundo, verdadeiro e permanente.
E faça deles aqueles que compartilham a graça da vida. Para aqueles que estão contemplando o divórcio ou lutando com casamentos se desfazend, tragas grande força e poder para sustentar essas uniões. E opere Tua vontade. Para aqueles que pecaram e já estão se perguntando como encontrar seu caminho de volta, sabemos que o Senhor concede perdão e restauração. Deus, faz dos casamentos desta igreja, casamentos que podem ser uma imagem de Cristo e Sua Igreja redimida. Tudo isso, oramos por uma razão e essa é para que Cristo seja glorificado, de quem somos e a quem servimos. Amém.
Esta é uma série de 6 sermões sobre Mateus 19:1-12 e outros textos bíblicos sobre divórcio e novo casamento, conforme links abaixo.
01. Divórcio e Novo Casamento – Parte 1
02. Divórcio e Novo Casamento – Parte 2
03. Divórcio e Novo Casamento – Parte 3
04. Divórcio e Novo Casamento – Parte 4
05. Divórcio e Novo Casamento – Parte 5
06. Divórcio e Novo Casamento – Parte 6
Este texto é uma síntese do sermão “Jesus’ Teaching on Divorce, Part 4″, de John MacArthur em 01/05/1983.
Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:
https://www.gty.org/library/sermons-library/2339/jesus-teaching-on-divorce-part-4
Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno