Dilúvio: A Inundação Global (2)
Temos hoje um grande privilégio. Vamos ouvir o Senhor nos falar através da Sua Palavra. Abra sua Bíblia no capítulo 7 de Gênesis. Já me perguntaram várias vezes: “Você vai pregar sobre todo o livro de Gênesis?”. E também: “Você vai pregar sobre todo o Antigo Testamento?”. E eu disse: “Eu não creio que eu vou viver até os 200 anos…”. Nós vamos continuar, por enquanto, na sequência dos 11 capítulos de Gênesis, porque são críticos para nós entendermos o mundo em que vivemos.
Quando chegamos ao capítulo 7 de Gênesis, encontramos o relato do Dilúvio. Nós intitulamos esta série de “Ondas do Julgamento”. Vamos ler a partir do verso 17:
17 E durou o dilúvio quarenta dias sobre a terra, e cresceram as águas e levantaram a arca, e ela se elevou sobre a terra.
18 E prevaleceram as águas e cresceram grandemente sobre a terra; e a arca andava sobre as águas.
19 E as águas prevaleceram excessivamente sobre a terra; e todos os altos montes que havia debaixo de todo o céu, foram cobertos.
20 Quinze côvados acima prevaleceram as águas; e os montes foram cobertos.
21 E expirou toda a carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de gado e de feras, e de todo o réptil que se arrasta sobre a terra, e todo o homem.
22 Tudo o que tinha fôlego de espírito de vida em suas narinas, tudo o que havia em terra seca, morreu.
23 Assim foi destruído todo o ser vivente que havia sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; e foram extintos da terra; e ficou somente Noé, e os que com ele estavam na arca.
24 E prevaleceram as águas sobre a terra cento e cinquenta dias.
Esse é um relato muito direto e simples do Dilúvio. O que nós temos dito a você enquanto estamos passando por essa parte da Escritura é que isso foi uma inundação mundial. Esta não foi uma inundação local no Vale da Mesopotâmia, no Oriente Médio. Esta foi uma inundação mundial. E há um fenômeno fascinante no mundo que confirma o relato de Gênesis como de uma inundação mundial. E é algo que você pode não saber nem pensar a respeito.
O fato de que houve uma inundação mundial é muito difundido, está em todo o planeta. E a prova de que estou falando é a tradição presente em culturas diversas sobre ter havido uma inundação global, um dilúvio. No meu estudo acerca de religiões e culturas que fiz nos meus dias de seminário, tive conhecimento sobre algumas das antigas histórias de inundações que, literalmente, existem em todas as partes habitadas do mundo.
Existem mais de 270 diferentes nações, raças e tribos que têm em sua tradição uma história de um dilúvio. Só para vocês terem uma ideia: os babilônios têm tal história em suas tradições. Era chamado de “Gilgamesh”. Mas, deixem-me apenas lhes dar uma seleção aleatória de vários povos que têm uma história de um dilúvio global: a tribo Samokubo de Pádua, Nova Guiné; os índios Athapascan, na costa oeste dos Estados Unidos; os índios Papago, do Arizona; os índios algonquinos, do Nordeste dos Estados Unidos; várias tribos brasileiras; o povo nativo de Cuba; do México; do Alasca; os Hottentots; os groenlandeses; os nativos do Havaí. Estes últimos têm uma história de uma inundação com um personagem principal chamado Nu’u.
A história de um dilúvio também está presente nas tradições galês, lituana, da Índia, da China e do Egito. Essa é apenas uma amostra dos 270 grupos de pessoas diferentes que têm uma história de um dilúvio em sua tradição. Obviamente, essas histórias são cheias de erros de suas falsas religiões e heranças culturais.
Mas, algumas estatísticas interessantes nos ajudam a vislumbrar certas semelhanças de tais histórias com o relato bíblico do Dilúvio. Das 270 narrativas de inundações nessas diversas culturas, 88% dizem que havia, no meio da inundação, uma família favorecida que foi poupada. Em 70% é relatado que os sobreviventes se salvaram em uma embarcação. 95% delas dizem que a única causa dessa grande catástrofe que veio em todo o mundo foi uma inundação.
66% dessas tradições dizem que a grande enchente veio por causa da perversidade do homem. 67% dessas histórias de enchentes contam que os animais também foram salvos. 57% das histórias dizem que os sobreviventes acabaram em uma montanha. Muitas delas usam alguma forma de nome parecido com o nome de Noé, como a lenda havaiana sobre “Nu’u”. Muitas delas falam sobre aves sendo enviadas, sobre um arco-íris e que oito pessoas foram salvas.
Então, você tem, em todo o planeta, relatos muito diversos com elementos comuns da verdade. Isso não deve nos surpreender. É claro que todos esses relatos, apesar de serem confusos em função das influências das tradições variadas, têm uma fonte comum. Realmente houve um Dilúvio. E foi uma inundação mundial. Essas histórias provêm de uma fonte comum, porque toda a humanidade vem de uma única família: a família de Noé. Todas as tribos do mundo saíram daquela família e, assim, elas teriam, na sua própria origem, uma história de um Dilúvio.
Hugh Miller, um investigador cuidadoso dessas histórias, no século XIX, escreveu e cito:
A destruição de quase toda a raça humana em uma idade adiantada da história do mundo por um grande dilúvio parece ter impressionado tanto as mentes dos poucos sobreviventes e parece ter sido transmitida aos seus filhos com tal terror, de modo que seus descendentes remotos, do presente, ainda não a esqueceram. Ela aparece em quase todas as mitologias e está presente nos países mais distantes e entre as tribos mais bárbaras.
O Dilúvio aconteceu e criou, essencialmente, uma história que foi transmitida a partir daquela primeira família e que foi sendo tecida em toda a história humana. O Dilúvio foi o segundo grande evento catastrófico na História do mundo. O primeiro foi a Criação. Isso foi catastrófico. A criação do Universo em seis dias de 24 horas por Deus, a partir do nada, foi a primeira grande catástrofe. O Universo foi criado maduro, crescido, pronto. A segunda grande catástrofe foi o Dilúvio. A Criação durou seis dias. O Dilúvio durou um ano e um mês. A Criação nos deu a primeira Terra. O Dilúvio nos deu a segunda Terra, a Terra que conhecemos.
Esses dois eventos explicam nosso mundo, e somente a Bíblia dá um registro preciso desses dois eventos. Quem escreveu esse registro? O Criador e o Juiz. Aquele que criou tudo em seis dias e que afogou o mundo em um ano e um mês. Ele inspirou esses relatos históricos para nós. Esta é a Bíblia. Esta é a Palavra de Deus. E para os cristãos, o ponto de partida para entender nosso mundo é a Escritura. Interpretada com precisão. A Bíblia é o ponto de partida para a verdadeira compreensão de todos os assuntos que ela aborda.
Digo isso novamente: a Bíblia é o ponto de partida para o verdadeiro entendimento de cada assunto que aborda e de toda verdade que importa. O que a Bíblia diz em Gênesis não é diferente do que diz nos Salmos ou em Isaías, Mateus, Romanos, Atos ou do que ela diz em Apocalipse. Esta é a Palavra de Deus e este é o ponto de partida para uma verdadeira compreensão de cada assunto que a Bíblia aborda.
A verdadeira compreensão da Criação é encontrada nos primeiros capítulos do Gênesis. A verdadeira compreensão acerca de uma inundação mundial não pode ser encontrada ao estudarmos na Epopeia de Gilgamesh, da Babilônia, não deve ser adquirida estudando alguma lenda tribal. A verdadeira compreensão do Dilúvio, bem como a verdadeira compreensão da Criação, deve ser adquirida através da compreensão da Bíblia.
Como compreender a Bíblia? Só há uma maneira, que é interpretá-la com a boa hermenêutica. A hermenêutica é simplesmente um meio, uma ciência, uma maneira de interpretá-la. E usamos o que é chamado de métodos de interpretação literal, histórico, gramatical. Pelo método literal, interpretamos a Bíblia em seu valor nominal, as palavras recebem o mesmo significado usado na linguagem usual. Pelo método gramatical, interpretamos as palavras em seu uso gramatical normal.
O método histórico nos mostra que o texto examinado não se trata de mito, lenda, alegoria ou fantasia. Mas, de História verdadeira. Assim, nós buscamos o sentido literal, com literal compreensão da gramática e o relato real histórico. É assim que entendemos a Bíblia. Essa é a forma de interpretar seja Romanos, seja Mateus, Isaías, Jeremias, Salmos ou Provérbios. Porém, para algumas pessoas, parece ser um absurdo interpretar Gênesis dessa forma. Isso é muito triste. E essas pessoas acabam distorcendo os primeiros onze capítulos de Gênesis.
Mas, você precisa entender uma coisa: com algumas exceções apenas, todos os livros do Novo Testamento se referem a Gênesis de 1 a 11. Vamos encontrar em todo o Novo Testamento referências a assuntos que estão nesses onze capítulos iniciais da Escritura. Além disso, cada capítulo de Gênesis 1 a 11, é citado em alguma parte no Novo Testamento. Assim, os escritores do Novo Testamento criam em Gênesis 1 a 11 como realidade, como História. Cada escritor do Novo Testamento refere-se a Gênesis 1 a 11. E o senhor Jesus Cristo se referiu pessoalmente aos sete primeiros capítulos de Gênesis.
Em resumo, todos os escritores do Novo Testamento consideraram Gênesis 1 a 11 de forma literal. Eles levaram a palavra de Deus a sério. Eles creram nela. E é dessa forma que temos que interpretar esses onze capítulos de Gênesis. Você pode ser ignorante a respeito de astrofísica, geologia, microbiologia, genética ou qualquer outra área da Ciência. Mas, você não pode ser voluntariamente ignorante quanto à Palavra de Deus.
Certa vez, Jesus, respondendo a uma indagação quanto às Escrituras, disse: “Você não leu? Você não sabe o que a Bíblia diz?”. Em Mateus 22:29, Ele disse: “Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus.”. Esse é o problema real. Assim, devemos abordar Gênesis da mesma forma que fazemos com qualquer parte da Bíblia. E nós somos responsáveis perante Deus para interpretá-lo como História precisa, cujo texto deve ser entendido da maneira normal que você compreende a linguagem e a História.
Quando você se aproxima do texto de Gênesis 6 a 9, o que você encontrará aqui é simples: Deus enviou um dilúvio e afogou todo o mundo. É isso que esses capítulos dizem. Esta inundação foi um julgamento de Deus contra o pecado do homem. O homem havia se tornado tão pecador, que apenas oito pessoas foram tomadas como justas diante de Deus e foram poupadas. O resto de toda a raça humana, bem como todos os outros animais que não estavam na arca, exceto os aquáticos, também foram destruídos.
Deus preservou oito pessoas e encheu a arca de pares de animais que repovoariam a Terra. Isso é o que Gênesis diz e é muito simples de entender. Então, estamos olhando para o relato das Escrituras e aqui está o registro da segunda grande catástrofe na História do planeta: o Dilúvio. Agora, podemos aprender algumas lições essenciais à medida que olhamos para o Dilúvio.
Em primeiro lugar, Deus tem liberdade absoluta e poder sobre Sua criação. Ele a fez em seis dias, e pode destruí-la em quarenta. Ele tem liberdade absoluta e poder sobre Sua criação. Deus não é impotente. Deus não está num processo de tentar chegar a ser o que Ele realmente quer ser. Deus tem liberdade absoluta e poder sobre Sua criação.
Em segundo lugar, aprendemos com o Dilúvio que Deus odeia o pecado. Deus é intolerante com o pecado e o julga com uma ira fatal. Nós também aprendemos que o julgamento de Deus não poupa nenhuma alma culpada. Deus literalmente destruiu toda a humanidade, com exceção de oito pessoas. Ele não é sentimental sobre o pecado. Nós também aprendemos que a graça e a salvação de Deus têm um significado profundo à luz do Seu juízo.
Porque sabemos que Deus tem absoluta liberdade e poder sobre Sua criação, porque sabemos que Deus odeia o pecado e é intolerante e o julga com uma ira mortal, porque sabemos que o Seu julgamento não poupa a alma culpada, então, a graça e a oferta de salvação assumem um significado profundo. O Dilúvio nos mostra que Deus é severo com relação ao pecado. Então, quando Ele te oferece graça e salvação e uma fuga do juízo, entenda o que Ele está te oferecendo.
Há comentaristas e teólogos que gostariam que acreditássemos que o Dilúvio foi uma pequena inundação local, que apenas o Vale da Mesopotâmia ficou um pouco inundado. Porém, há pelo menos 30, e talvez mais, indicadores no texto dos capítulos 6 a 9 que mostram que essa inundação abrangeu o mundo inteiro. Vamos ver alguns deles. Eu não vou falar sobre todos os 30. Talvez cinco…
Um motivo: temos a linguagem nos capítulos 6, 7, 8 e 9. À medida que você lê, repetidamente e novamente, o texto diz que o todo o mundo estava coberto, que as montanhas estavam cobertas, que tudo sob o céu pereceu. A linguagem é extensiva, abrangente. Em segundo lugar, sabemos que esta foi uma inundação mundial e, escute esta, pense nisso: porque a estrutura da arca e sua capacidade de armazenamento seria um absurdo se a enchente fosse local.
Seria insano construir uma caixa gigante, passar 120 anos construindo-a, a fim de abrigar milhares de animais se a inundação fosse num ponto localizado no Vale da Mesopotâmia. Deus não teria dito a Noé para fazer isso. Ele apenas teria dito a Noé que saísse do Vale. Noé teria tido 120 anos para sair dali. Ele poderia ter ido a qualquer lugar que ele desejasse naquele período de tempo. Lembre-se que quando Deus disse a Ló que iria destruir Sodoma e Gomorra, o que Ele disse para Ló fazer? Apenas: saia! Qual sentido teria ajuntar todos aqueles animais em uma arca, se a inundação fosse localizada? Teria algum sentido?
Outro motivo pelo qual sabemos que se tratou de uma inundação mundial é que, após o Dilúvio, Deus prometeu nunca mais exterminar os seres vivos através de uma inundação. No capítulo 8, o fim do versículo 21, Deus diz: “Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice, nem tornarei mais a ferir todo o vivente, como fiz.“
Em outras palavras, não haverá qualquer holocausto mundial como este. No capítulo 9, versículo 11, “E eu convosco estabeleço a minha aliança, que não será mais destruída toda a carne pelas águas do dilúvio, e que não haverá mais dilúvio, para destruir a terra.” O versículo 15 diz: “Então me lembrarei da minha aliança, que está entre mim e vós, e entre toda a alma vivente de toda a carne; e as águas não se tornarão mais em dilúvio para destruir toda a carne.”
Deixe-me dizer uma coisa, com base nesses versículos que acabamos de ler: se o Dilúvio foi uma inundação local, então Deus não lhe disse a verdade, pois desde que Noé saiu da arca houve muitas e muitas inundações locais. Assim, os versículos que acabamos de ler seriam uma mentira, se a enchente fosse local.
Já houve dezenas de milhares de inundações locais desde aquela época. Lemos sobre elas o tempo todo. Quando Deus disse: “Eu estou fazendo uma promessa de nunca, jamais destruir as pessoas novamente em uma inundação como essa”, Ele não poderia estar se referindo a uma inundação local, pois isso acontece o tempo todo.
Outro motivo pelo qual sabemos que o Dilúvio foi no mundo inteiro é porque Gênesis, depois do Dilúvio, traça as genealogias a partir de Noé e sua família. Veremos isso nos capítulos 9 e 10. Quando o Senhor começar a apresentar a genealogia, começando no versículo 18 do capítulo 9, todas partem da família de Noé.
Outro motivo é que as referências bíblicas quanto ao Dilúvio sempre afirmam a sua universalidade. Você pode ver uma série de porções das Escrituras que se referem ao Dilúvio. Um seria o Salmo 104. Ouça os versículos 5 a 9:
5 Lançou os fundamentos da terra; ela não vacilará em tempo algum.
6 Tu a cobriste com o abismo, como com um vestido; as águas estavam sobre os montes.
7 À tua repreensão fugiram; à voz do teu trovão se apressaram.
8 Subiram aos montes, desceram aos vales, até ao lugar que para elas fundaste.
9 Termo lhes puseste, que não ultrapassarão, para que não tornem mais a cobrir a terra.
O Salmo 104 é uma descrição do que aconteceu no Dilúvio. Deus cobriu as montanhas. As montanhas se ergueram. Os vales foram abatidos. Os mares foram reunidos nos grandes abismos, os grandes vales e Deus nunca mais faria isso com a Terra.
Em 2 Pedro 3, há uma passagem familiar onde Pedro diz, em outras palavras, que o Senhor destruirá o mundo no futuro por fogo e, se você pensa que Ele não fará isso, é só olhar para Dilúvio, quando Ele destruiu o mundo pela água. Este texto trata da comparação da destruição de toda a Terra no futuro com a destruição de toda a Terra no passado. Assim, vimos cinco das cerca de trinta razões diferentes pelas quais devemos ver o Dilúvio como uma inundação universal.
Agora, voltemos para o texto de Gênesis 7. Vamos começar no versículo 17, e vamos seguir a narrativa. Há uma série de elementos que fornecem certas marcas de referência na narrativa. Os versículos anteriores trataram de narrar como a inundação ocorreu. Aí vêm os versículos 17 a 20:
17 E durou o dilúvio quarenta dias sobre a terra, e prevaleceram as águas e levantaram a arca, e ela se elevou sobre a terra.
18 E prevaleceram as águas e prevaleceram grandemente sobre a terra; e a arca andava sobre as águas.
19 E as águas prevaleceram excessivamente sobre a terra; e todos os altos montes que havia debaixo de todo o céu, foram cobertos.
20 Quinze côvados acima prevaleceram as águas; e os montes foram cobertos.
A palavra prevaleceram [ou ‘cresceram’ em outras versões] aparece cinco vezes. A palavra água é usada seis vezes [na versão em inglês]. No texto original são 60 palavras hebraicas em que a ideia predominante se dá através de 20 palavras que têm a ver com a água prevalecendo. Além disso, você tem 8 usos da palavra todo do versículo 19 ao versículo 23. Então, o dilúvio prevaleceu. Este é o fluxo do texto.
O texto mostra o drama das águas subindo e prevalecendo, até que a arca passa a flutuar e, então, as montanhas são cobertas. Este é o relato das Escrituras. A Palavra do Senhor nos diz porque Deus fez isso. Capítulo 6, versículo 5: “E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente.”. E então, no versículo 7, Ele disse: “Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito.”
Assim, a Palavra se concentra no porquê do Dilúvio mais do que no como. Tudo o que sabemos sobre como o Dilúvio ocorreu está no versículo 11 do capítulo 7: “romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se abriram“. A água veio de baixo e veio de cima.
Gostaria de falar algo curioso, que talvez seja útil para você. Há inúmeros livros explicando, supostamente, como o Senhor fez o Dilúvio. Há teorias de como Ele abriu as fontes do abismo, como Ele separou a camada de água que cercava a Terra antes do Dilúvio. Existem todos os tipos de explicações científicas. Existem livros e artigos publicados de revistas especializadas em assuntos geofísicos, biológicos, radiação, estratificação, fósseis, continentes, oceanos, montanhas, calotas polares, lagos, datação por radiocarbono, nitrogênio oceânico.
Eu cheguei a ler até um estudo sobre o Dilúvio onde o autor afirma que tinha conseguido uma das provas da inundação numa bola de estrume de uma preguiça gigante encontrada em estratos em algum lugar. Não me pergunte o que ele quis dizer com isso. Eu realmente não sei e não me importo. Mas, o fato é que existem todos os tipos de correntes científicas as quais foram geradas a partir do que as Escrituras dizem. Mas não passam de teorias.
A verdade é que as Escrituras não gastam nenhum tempo explicando como se deu a inundação. A Bíblia está muito mais focada no porquê do Dilúvio. E ao invés de você ficar muito ocupado na tentativa de descobrir a geologia do Dilúvio, ou sua hidrologia, os seus efeitos geofísicos e biológicos, ou o seu impacto na radiação, o carbono 14 ou o nitrogênio oceânico, que nos leva a crer em uma inundação recente e uma criação recente, o Senhor gostaria que você estivesse mais preocupado com o impacto que o pecado tem na vida humana. Essa é a mensagem.
O que precisamos entender, a Escritura já nos disse. Verso 17: “E durou o dilúvio quarenta dias sobre a terra…”. Agora, já foi dito a nós no versículo 12: “E houve chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites.” E há outras repetições na narrativa. Eu já disse antes que essas repetições são presentes no texto porque a narrativa mostra o desenrolar da história em dimensões diferentes: primeiro, Deus diz que o Dilúvio vai acontecer, e então acontece, e aí Ele nos diz o que aconteceu. Isso também reforça a ideia de que se trata de História, não de um mito.
A Bíblia diz que a inundação veio e choveu por quarenta dias. Isso não seria possível com a hidrologia da Terra de hoje. Não há água suficiente acima da Terra para fazer chover por quarenta dias e cobrir a Terra. Mas, no mundo pré-diluviano, é muito provável que não havia chuva. Gênesis nos fala disso. O solo era regado por uma névoa e fontes subterrâneas. Havia grandes reservas de água no interior da Terra. Essas águas brotavam em nascentes, criavam rios e regavam o solo. Não havia chuva, diz Gênesis 1 e 2.
Há uma discussão muito interessante sobre isso. Segundo a ciência, em uma determinada altitude a atração gravitacional da Terra é neutralizada, de modo que aquilo que se encontra nesse espaço fica em órbita. E nós sabemos disso, porque temos todo esse lixo espacial flutuando, em órbita, lixo que nós colocamos lá no espaço. De acordo com um cientista chamado Hazen, se você fosse apontar um único corpo que seria um candidato perfeito para ficar em suspensão lá em cima, este seria uma molécula de água. Ela pode existir no vácuo, ocupar seu próprio espaço e orbitar.
E, aparentemente, foi o que Deus fez. Ele colocou moléculas de água flutuando em uma cobertura que protegia a Terra. E é por isso que as pessoas e os animais viviam tanto tempo naquela época. Os dinossauros eram répteis que viviam muito e, portanto, ficavam enormes, já que répteis são animais que nunca param de crescer durante suas vidas. Os homens viviam mais de 900 anos. Este modelo de cobertura de umidade em torno da Terra parece consistente com a Escritura.
Havia um tipo de efeito estufa. Não havia variação de temperatura. Não havia pólos congelados. Havia, literalmente, um ambiente tropical que abrangia toda a Terra. E uma das ótimas provas disso, é claro, é o depósito maciço de mamutes que foram descobertos na borda da calha polar, contendo basicamente animais e plantas. O que esses mamutes estavam fazendo lá no Pólo Norte? Foram encontrados centenas de milhares enterrados no gelo do Pólo Norte. O que eles estariam fazendo vivendo lá?
Como todos sabemos muito bem, os elefantes são animais tropicais. Eles vivem na África e na Índia. Eles comem plantas. O que eles estariam fazendo no Pólo Norte? Bem, a resposta é que eles foram atingidos por uma grande inundação, afogados e congelados durante a Idade do Gelo que ocorreu nas calotas polares quando a água do Dilúvio baixou. Antes disso, havia um ambiente de estufa por toda a Terra.
Mas, então, no Dilúvio, primeiro as fontes do abismo se abriram. Literalmente, Deus rachou a Terra com pressão vulcânica e abriu os grandes abismos de água. A água surgiu do interior da Terra e, com o poder vulcânico, a cinza e os destroços entraram no espaço e, provavelmente, fizeram com que a camada de umidade que envolvia a Terra caísse em forma de chuva por 40 dias e 40 noites, gerando uma inundação maciça.
Os cientistas fizeram alguns cálculos bastante exóticos e determinaram que a quantidade de água que pode ter caído na Terra em forma de chuva a partir daquela camada de umidade que existia seria de cerca de 2,5% da atual massa oceânica de água, o que significa que a maior parte da água do Dilúvio deve ter brotado do interior da Terra. Mas, isso também não explica de onde veio toda aquela quantidade de água, porque se apenas 2% da água veio da camada suspensa de umidade, como a Terra poderia manter 98% da água do Dilúvio em seu interior?
Então, mesmo na melhor das hipóteses, tais cálculos são apenas suposições. Tudo o que sabemos é que Deus abriu a Terra e gerou o que equivale a erupções vulcânicas em todo o planeta, através do que foram criadas as montanhas, os vales, as bacias oceânicas. Os escombros dessas mega explosões foram enviados para o espaço, fazendo com que a camada de água suspensa caísse em forma de chuva. Não podemos apresentar nenhuma explicação científica para tudo isso, assim como não podemos apresentar uma explicação científica acerca da Criação.
Antes que Deus fizesse isso, como sabemos, Noé, sua esposa, seus filhos e as esposas destes foram reunidos na arca junto com os animais. E uma vez que eles entraram, diz o final do versículo 16: “o Senhor o fechou dentro”. Então, segundo o verso seguinte, “durou o dilúvio quarenta dias sobre a terra, e cresceram as águas e levantaram a arca, e ela se elevou sobre a terra.“. Lembre-se de que a arca foi projetada por Deus para flutuar com segurança em águas agitadas e que teria que suportar estar na água por mais de um ano.
A arca se levantou rapidamente, elevando-se sobre a terra que, literalmente, foi afogada debaixo dela. O verso 18 diz: “prevaleceram as águas e cresceram grandemente sobre a terra; e a arca andava sobre as águas.”. O texto dá a entender a elevação crescente das águas. Apesar do poder e da fúria da tempestade, da divisão da terra e das erupções vulcânicas, literalmente jogando detritos no espaço a quilômetros de altitude, a arca flutuava, protegida por Deus, não pela habilidade da engenharia e não pela habilidade da navegação, porque não havia como navegar na arca. Era apenas uma caixa flutuando, sendo cuidada por Deus.
O versículo 19 continua mostrando a elevação em escala crescente das águas: “as águas prevaleceram excessivamente sobre a terra”. A pequena caixa está balançando e flutuando. Toda a humanidade e todo o mundo animal foram reduzidos ao que está naquela pequena caixa balançando no alto das águas. E eles vão cada vez mais alto até que todas as “montanhas em todos os lugares sob os céus fossem cobertas”.
Como veremos mais adiante, as montanhas, como as conhecemos hoje, foram um produto do Dilúvio. As montanhas antes do Dilúvio eram sem dúvida mais baixas, talvez fossem como colinas. Quando o Senhor trouxe o Dilúvio, Ele levantou essas montanhas. Mas, no início, parece que a água cobriu essas montanhas baixas, que eram características do ambiente tropical do mundo pré-inundação.
O versículo 20 diz: “Quinze côvados acima prevaleceram as águas; e os montes foram cobertos.” Quinze côvados equivalem a 6.858 metros de altura. E, é claro, hoje temos montanhas de mais de 8.000 metros. Essas montanhas provavelmente não existiam antes do Dilúvio. A água que gerou a inundação não seria suficiente para cobrir as montanhas que existem hoje.
Se você quiser ter um pequeno vislumbre de um evento cataclísmico como este, você pode fazer algumas leituras sobre a explosão do Monte Sta. Helena, em 1980. A explosão de vapor liberou energia equivalente a 20 milhões de toneladas de TNT quando essa montanha explodiu. Derrubou 388 km² de floresta em seis minutos. Agora, imagine como foi a remodelação de toda a superfície da Terra no Dilúvio!! Bem, imagine isso acontecendo por todo o planeta!!
No Lago Spirit, ao norte do vulcão Sta. Helena, formou-se uma enorme onda por causa da tremenda explosão. Houve o que equivalia a um maremoto, que despojou as encostas de árvores a 260 metros acima do nível do lago. A produção total de energia, gerada pela explosão da montanha, de acordo com o que eu li, foi equivalente a 40 milhões de toneladas de TNT ou 20.000 bombas A, que foi a bomba lançada sobre Hiroshima. E isso foi apenas um vulcão. Mas, no Dilúvio, quando Deus rompeu o planeta e o remodelou, seria como uma explosão do Monte Sta. Helena multiplicada por quase um número infinito de vezes.
A face da Terra foi alterada por explosões de vapor, deslizamentos de terra, ondas de água, cinzas de pedra-pomes quentes, fluxos de lama. Seiscentos metros de estratos foram formados em poucos minutos. E eu falei disso há algumas semanas atrás, e eu vou te contar de novo: os estratos não são formados por depósitos paulatinos durante milhões e milhões de anos. Isso não acontece. Há vários estudos que comprovam que os estratos são criados por uma força que faz com que as camadas se sobreponham, sendo que as camadas onde há fósseis mais recentes ficam na parte inferior, em vez de no topo.
Então, há muitas maneiras de ver o que aconteceu em nosso mundo no Dilúvio, acerca dos estratos geológicos. Há estudos sobre isso. Várias vezes visitei Pompéia e vi a inacreditável devastação e destruição que foi criada pelo Monte Vesúvio, outro vulcão. E há muitos outros vulcões estudados. Krakatoa é outro vulcão que é quase indescritível quanto ao seu poder de reorientar a superfície da Terra.
E assim, o versículo 24 nos diz que esta água continuava subindo e subindo, enquanto as fontes do abismo estavam sendo rompidas e a grande camada de água na atmosfera condensou começou a inundar a Terra. “E prevaleceram as águas sobre a terra cento e cinquenta dias.” Este é um comentário um pouco tranquilo, considerando-se o caos que deve ter sido. A Bíblia, em Gênesis, não nos dá qualquer ideia do tremendo distúrbio que ocorreu no Dilúvio. Mas, Salmos nos dá um pouco de dica. Você se lembra? Você estava ouvindo quando eu li o Salmo 104? Deixe-me ler para você novamente:
“Lançou os fundamentos da terra; ela não vacilará em tempo algum” (v. 5). Essa foi a criação original. Versículos 6 e 7: “Tu a cobriste com o abismo, como com um vestido; as águas estavam sobre os montes. À tua repreensão fugiram; à voz do teu trovão se apressaram.“. Ou seja, na repreensão de Deus, as águas começaram a fugir e, quando as águas começaram a fugir, “à voz do teu trovão se apressaram. Subiram aos montes, desceram aos vales, até ao lugar que para elas fundaste” (7-8). Então, é assim que está descrito nos Salmos. A enchente veio. E, quando Deus começou a dissipar o dilúvio, Ele empurrou as montanhas para cima e a água caiu nas grandes bacias oceânicas.
O Salmo continua dizendo: “Termo lhes puseste, que não ultrapassarão, para que não tornem mais a cobrir a terra” (v. 9). Esta água prevaleceu na Terra por cento e cinquenta dias. Isso inclui os quarenta dias e quarenta noites de chuva. Então, foram cinco meses de 30 dias. A água subindo, subindo, subindo, subindo. E em cento e cinquenta dias, atingiu o seu auge. Era água e água somente em todos os lugares. Em toda parte. A Terra havia sido devolvida ao que era sua condição inicial. Você lembra no capítulo 1, versículo 2 do Gênesis?
“A terra era sem forma e vazia, e a escuridão estava sobre a face do abismo e o Espírito de Deus se movia sobre a superfície das águas“. Antes de Deus moldar a Terra original, ela tinha uma massa de água cobrindo-a. No Dilúvio, a Terra voltou ao seu estágio original. A diferença é que no Dilúvio havia uma devastação acontecendo abaixo da superfície da água, restando vivos apenas alguns peixes.
A propósito, li no LA times que na ampliação do metrô aqui em Los Angeles, foi encontrada uma enorme camada de fósseis de peixes. É uma ilustração perfeita do que o Dilúvio fez. Dez milhares de fósseis de peixe. Sem dúvida, esses peixes foram atingidos por algum tipo de deslizamento de lama, estratos, como resultado do holocausto do Dilúvio. Quase nada sobreviveu na água que cobriu todo o planeta e as pessoas que restaram foram aquelas oito na arca.
Aquelas pessoas estavam completamente sós. Não consigo imaginar quais foram as conversas entre elas. Levou cerca de dois meses e meio, depois dos cento e cinquenta dias, antes de a água ter recuado o suficiente para se poder ver uma montanha. Antes que Deus tivesse erguido uma montanha para fora da água. Levou cerca de mais quatro meses e meio antes que a pomba pudesse encontrar terra seca. Quase oito meses antes, eles podiam sair da arca.
E, eles ficaram, no total, um ano e um mês na arca, antes que pudessem sair e descobrir o que restava do mundo. E, essencialmente, não restava nada do que eles conheceram antes do Dilúvio. Era um mundo completamente novo. Recapitulando, o primeiro ponto que vimos foi: A inundação prevaleceu.
Agora, vamos ao segundo ponto. E isto é o que o Senhor quer que você conheça. Ele não está interessado na geologia. Ele está interessado na teologia.
Verso 21: “E expirou toda a carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de gado e de feras, e de todo o réptil que se arrasta sobre a terra, e todo o homem.” Destruição total de toda a vida. Morte por afogamento. Gado, pássaros, animais domésticos e selvagens, tudo o que enxergava, tudo o que voava e, o mais importante, toda a humanidade morreu.
“Tudo o que tinha fôlego de espírito de vida em suas narinas, tudo o que havia em terra seca, morreu” (v. 22). Tudo. A flora e a fauna morreram. Qualquer ser vivo que precisasse de ar, que precisasse de oxigênio ou monóxido de carbono para viver, morreu. Tudo. Agora, qual é o objetivo de tudo isso? O objetivo de tudo isso é nos ensinar sobre o futuro dos pecadores. O seu futuro é devastador. Todos morreram. Eles foram destruídos em um holocausto de julgamento.
É interessante o fato de que Gênesis não traz uma nota de simpatia aqui. Não há comentários sobre o terror dos condenados. À medida que as águas se erguiam, você pode imaginar, que começou a chover e eles estavam dizendo: “O que é isso? Nunca tínhamos tido chuva antes… Isso é bom, refrescante…”. E, então, a água já cobria seus tornozelos, depois seus joelhos e o pânico deve ter se instalado.
Mas, não há descrição disso em Gênesis. A crosta terrestre estava sendo fraturada através de explosões vulcânicas, gás e vapor, arremessando com violência os detritos na estratosfera. Mas, não há nenhum comentário de simpatia ou lamento registrado em Gênesis. A decisão foi sem arrependimento por parte de Deus e sem retorno. Os pecadores e seu ambiente corrompido devem ser destruídos. Aconteceu uma vez. E isso acontecerá novamente. Os ímpios serão destruídos pelo fogo que irá incinerar todo o Universo. Esse fato é claramente descrito no final do Novo Testamento, em 2 Pedro.
Voltando a Gênesis 7, o versículo 23 é importante. Isso foi dito antes várias vezes, mas aqui está novamente: “Assim foi destruído todo o ser vivente que havia sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; e foram extintos da terra; e ficou somente Noé, e os que com ele estavam na arca.”
Deus não se mostra relutante em assumir a responsabilidade pelo extermínio de todos esses seres. Ele assume toda a responsabilidade por toda essa destruição. Este não foi um desastre natural. Este foi um julgamento sobrenatural. Deus fez isso. Deuteronômio 32:39: “Vede agora que eu, eu o sou, e mais nenhum deus há além de mim; eu mato, e eu faço viver; eu firo, e eu saro, e ninguém há que escape da minha mão.“. Ezequiel 33:29: “Então saberão que eu sou o Senhor, quando eu tornar a terra em desolação e espanto, por causa de todas as abominações que cometeram.“
Salmo 34:16: “A face do Senhor está contra os que fazem o mal, para desarraigar da terra a memória deles.“ Deus nunca reluta em assumir toda a responsabilidade pelo julgamento dos pecadores. Ele atribui esse juízo a Si mesmo. Eu sei que isso incomoda muitas pessoas. Pode até mesmo nos incomodar. Mas é assim que é. Ele assume toda a responsabilidade pela vida e pela morte. Porém, novamente, devemos nos lembrar da graça, no final do versículo 23: “e ficou somente Noé, e os que com ele estavam na arca.”
Noé era um homem perfeito? Ele era um homem sem pecado? De modo nenhum. Ele era um crente no Deus verdadeiro, que se arrependeu de seu pecado e procurou obedecer a Deus. Ele era justo, de acordo com o capítulo 7, versículo 1. O versículo 13 indica que ele e sua família foram poupados, não por suas habilidades, mas pela graça de Deus. Hebreus 11: 7 diz: “Pela fé Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu e, para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé.”
E, com essa preparação, o texto diz que condenou o mundo e se tornou um herdeiro da justiça que é segundo a fé. Ele creu no verdadeiro Deus. Ele desejou conhecer e servir o verdadeiro Deus. E foi salvo por Deus, como Ló, em Gênesis 19, foi salvo do fogo e do enxofre que destruíram Sodoma e Gomorra. A lição aqui é a lição do julgamento e da graça. Essa lição vem no maravilhoso versículo de abertura do capítulo 8: “Mas Deus se lembrou de Noé…”. Que grande afirmação! Isso é fundamental.
“Mas Deus se lembrou de Noé…”. Essa é uma reiteração do que lemos no final do versículo 23. Noé foi poupado porque Deus se lembrou dele. Deus recorda perfeitamente quem pertence a Ele. Você não precisa se preocupar, quando Deus envia julgamento, que Ele possa não lembrar que você deveria ser protegido. Ele sabe disso. Ele sabe disso. “Zakaris” o verbo usado no Antigo Testamento para lembrar, é usado com Deus como sujeito 73 vezes. E eu acho que o que é interessante sobre este verbo é que é mais frequentemente seguido pela preposição “de”. Deus “lembrou de”.
Isso quer dizer que não se trata de alguma ideia cognitiva que Deus tem. Mas é algo que Ele precisa fazer. Deus lembrou-se de fazer isso ou de dizer isso, indicando que a lembrança de Deus é uma ação tomada em favor de alguém. Assim, Deus se lembrou de Noé. Ou seja, Deus se lembrou de providenciar proteção para Noé. Deus se lembrou de Noé durante o Dilúvio, não esqueceu que ele estava flutuando naquela arca, que era como um pequeno ponto em uma Terra coberta pela água.
Não havia mais ninguém. A arca estava confinada. Eles estavam à deriva, sem controle, sem ideias sobre aonde estavam, crendo apenas na promessa de Deus. Não era possível escapar da arca. Eles nunca poderiam sair dali para dar uma volta. Não havia como fugir. E quanto mais tempo eles estavam lá, conscientes de sua própria pecaminosidade, como seria dia a dia, eles provavelmente estavam mais conscientes da maravilhosa graça de Deus. E Deus se lembrou deles. Ele lembrou.
E também lembrou, de acordo com o versículo 1, do capítulo 8, de “todos os seres viventes, e de todo o gado que estavam com ele na arca…“. Para o homem viver na Terra, ele precisaria dos animais, porque os homens estão no topo da cadeia alimentar e, além disso, os animais oferecem várias utilidades ao homem. Assim, Deus estava muito ciente daquela pequena caixa que flutuava acima da água, porque Deus se lembrou, é como se Ele dissesse: “Isso é o suficiente!”.
Então Deus gerou um vento, na língua original um “rooack”, que é a mesma palavra usada para “Espírito” no capítulo 1, verso 2: “o Espírito movia-se sobre as águas”. Em gênesis 1, significando o Espírito Santo. No texto de Gênesis 8, significa vento. Literalmente, Deus enviou um vento. Provavelmente seja verdade que não havia vento na Terra antes do Dilúvio. Havia uma hidrologia completamente diferente. Havia um ambiente terrestre completamente diferente.
Não havia o tipo de vento que conhecemos hoje, porque não havia o tipo de ciclo da água que conhecemos hoje, com evaporação, condensação, precipitação. Então, Deus teve que criar o vento, por assim dizer. Havia talvez uma brisa suave antes do Dilúvio. Mas, em Gênesis 8, verso 1, Deus criou o vento. Esse vento começaria a mover as águas, auxiliando e ajudando na evaporação, o que agora poderia ocorrer mais rapidamente, já que o Sol estava completamente exposto, pois a grande camada de água que circundava a Terra havia sido removida.
Deus enviou o que deve ter sido um vento quente para passar sobre a Terra e isso ajudou a diminuir a água. Mas, ainda se passariam dois meses e meio até que as partes superiores das montanhas ficassem visíveis. Ainda quatro meses ou quatro meses e meio até que pudessem encontrar qualquer terreno. E mais de um ano até poderem deixar a arca. Porém, Deus se lembrou de Noé. É por isso que Ele enviou o vento.
E não apenas isso, versículo 2, as fontes do abismo, que haviam sido abertas, de acordo com o capítulo 7, versículo 11, estavam agora fechadas: “Cerraram-se também as fontes do abismo e as janelas dos céus, e a chuva dos céus deteve-se.” Deus desligou a água. As cavernas subterrâneas já não estavam pressurizadas, elas colapsaram e as elevações da superfície mudaram de forma correspondente. Aí a água começou a fluir pelas colinas e montanhas para os vales, indo parar nos rios e nas cavernas profundas que se tornaram as bacias oceânicas.
Tudo isso, pessoal, foi milagroso. Tudo isso foi estupendo em poder e em criatividade. Deus criou cadeias montanhosas de até quase 9000 metros. Ele criou profundidades oceânicas. Há algumas partes do mar no Pacífico que estão abaixo de 11.000 metros de profundidade. Deus remodelou a Terra e Ele reprimiu a água abaixo da Terra e as águas acima dela. E o versículo 3 diz: “as águas iam-se escoando continuamente de sobre a terra, e ao fim de cento e cinqüenta dias minguaram.” Ou seja, foi o ponto de cento e cinquenta dias, como já ouvimos, que a água começou a diminuir.
Versículo 4: “E a arca repousou no sétimo mês, no dia dezessete do mês, sobre os montes de Ararate.” Você diz: “Bem, qual é o sétimo mês?” Eu não sei. Ninguém sabe. Nós não sabemos que tipo de calendário eles tinham. Nós presumimos que eles tinham um calendário lunar, com meses de 30 dias e eles contavam seus dias dessa forma. É por isso que 150 dias são cinco meses de 30 dias. Mas nós não sabemos qual era o sétimo mês. Não temos ideia. Você diz: “Bem, então, por que essa informação está aqui em Gênesis?”. Está aqui pelo mesmo motivo de todos os outros detalhes estarem aqui, isto é para que possamos saber que esse relato é História.
Toda essa precisão de detalhes está aqui para nos dizer que esta é a história que realmente aconteceu. Eu tenho uma pequena nota na Bíblia de Estudos MacArthur que lista a cronologia do Dilúvio. No 600º ano de Noé, segundo mês, décimo dia, ele entrou na arca. No ano 600 de Noé, segundo mês, décimo sétimo dia, a inundação começou. As águas inundaram a Terra por 150 dias. Cinco meses de 30 dias, incluindo os 40 dias e 40 noites. No ano 600 de Noé, sétimo mês, sétimo dia, as águas começaram a diminuir. E por aí vai. E você tem essa repetição até o fim do relato bíblico.
E aqui nos é dito que no sétimo mês e no décimo sétimo dia, a água tinha recuado até o ponto em que a arca descansava nas montanhas de Ararat. Agora, o texto diz Montanhas de Ararat, não Monte Ararat. Existe um Monte Ararat, que hoje os árabes chamam de Beak Arida. Possui 5.181 metros de altura. Mas é apenas uma montanha em uma cadeia de montanhas chamadas de as Montanhas de Ararat. O nome antigo é Urarto.
Fica no que é hoje a Armênia, sudeste da Turquia, na parte do sul da Rússia, noroeste do Irã. Abrange toda essa área. E a arca pousou nas Montanhas de Ararat. Pode ter pousado no Monte Ararat. Nós não temos nenhuma maneira de saber isso com precisão. A Bíblia apenas diz Montanhas de Ararat. E o Monte Ararat é a montanha mais alta dessa cadeia. E, como não havia outros picos visíveis ainda, verso 5: “foram as águas indo e minguando até ao décimo mês; no décimo mês, no primeiro dia do mês, apareceram os cumes dos montes.“
Ararat é a montanha mais alta na cadeia de Ararat. A arca navegou em tamanha altitude que, literalmente, foi empurrada pelo fluxo de águas e parou em algum lugar daquela cadeia. Eles tiveram que esperar até as outras montanhas se tornaram visíveis, o que indica que eles estariam sobre um monte de menor altitude que os demais naquela cadeia de montanhas. Nós não conhecemos todos os detalhes, mas essa é uma consideração possível.
Então, o dilúvio diminuiu porque Deus se lembrou de Noé e de sua família e manteve Sua promessa. Aqui temos a lição da graça de Deus, da misericórdia de Deus e da lembrança de Deus. Você sabe, há muitas pessoas que estiveram nas Montanhas de Ararat tentando encontrar a arca. Você já leu algo disso? Há quem tenha passado a vida inteira tentando encontrar a arca. Isso é importante? Não. Não tem absolutamente nenhuma importância. Não preciso encontrar a arca para crer no que a Bíblia diz. É suficiente o que a Bíblia diz.
É o mesmo que eu penso sobre o Sudário de Turim. Qual a importância disso? Nenhuma. Precisamos de uma prova de que o Sudário foi usado para envolver o corpo de uma pessoa morta através de crucificação? Nós já sabemos que Jesus morreu e ressuscitou, não é? Sabemos porque cremos na Escritura. A Bíblia é nossa autoridade, não um pedaço de pano velho [referindo-se ao Sudário de Turim].
Do mesmo modo, a arca nunca foi encontrada. É suficiente saber que a Bíblia diz que o Dilúvio aconteceu. Agora vivemos em um mundo novo, pessoal. Quando Noé saiu da arca, entrou no nosso mundo. O Grande Canyon agora estava aqui. Os Alpes estavam aqui. Uau! Os vales e as montanhas, os lagos, os córregos estavam aqui. As sementes ainda estavam aqui, e as plantas começaram a crescer novamente, os animais se espalharam e passaram a se reproduzir e a se movimentar pelo planeta.
Os animais se espalharam e o homem fez o mesmo. E este é o nosso novo mundo. Hoje, setenta por cento do planeta é coberto pela água que veio do Dilúvio. Este é o nosso mundo pós-julgamento. E toda essa história serve para nos avisar do que vai vir no futuro. E eu só preciso terminar lembrando o que eu mencionei sobre 2 Pedro 3:5: “E não perdoou ao mundo antigo, mas guardou a Noé, a oitava pessoa, o pregoeiro da justiça, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos ímpios… “.
Pedro está dizendo: “Você não acredita que Deus vai julgar o mundo? Você não crê que o Senhor virá? Você acha que tudo vai continuar do mesmo jeito? Bem, não vai, porque o planeta que conhecemos agora não é o mesmo da Criação.” Verso 5: “E não perdoou ao mundo antigo, mas guardou a Noé, a oitava pessoa, o pregoeiro da justiça, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos ímpios”. Isso se refere à Terra primitiva, à Terra pré-inundação, à Terra antediluviana. E então, com aquela água, Deus a destruiu, inundou.
Pedro continua, dizendo: “Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios.”. Haverá juízo novamente. Você sabe, há evidências do Dilúvio em todo o mundo. Evidência de fósseis no Grande Canyon, a estratificação da terra, o registro geológico, as lendas e os mitos e tudo isso, as tradições que apontam para o Dilúvio nesses 270 diferentes grupos de pessoas… A Terra está literalmente repleta de evidências do Dilúvio.
Até mesmo as pessoas que construíram o metrô em Los Angeles têm evidência do Dilúvio. E há, o mais importante, o registro bíblico desse Dilúvio, que é um aviso, um aviso permanente sobre a vinda do julgamento pelo fogo. “Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.” (vv. 8-9).
Por que você acha que o Dilúvio veio aos 1600 anos após a Criação, mas aqui estamos 4500 anos depois, e o julgamento pelo fogo não veio? Porque o Senhor é … paciente … não querendo que ninguém se perca, mas que todos venham arrepender-se. “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.” Vai acontecer.
Você diz: “Oh, passaram-se 4.000 anos, e isso não aconteceu!”. Lembre-se disso: com o Senhor, mil anos é como um dia. Isso vai acontecer. Não é de se admirar que os céticos não queiram aceitar que houve um dilúvio universal, pois o Dilúvio é uma pré-visualização do juízo que virá. Claro que eles não querem aceitar que Deus destruiu o mundo inteiro por causa do pecado. Mas, isso é exatamente o que Ele fez. O Dilúvio é o maior aviso dado por Deus sobre o que aguarda esse planeta e sua população de incrédulos.
Mas, há uma arca de segurança. Qual? É Cristo. Os que crêem Nele serão escaparão desse julgamento e Deus se lembrará deles, como Ele se lembrou de Noé. Muitos crentes em Deus, como Enoque, Abel, Adão, Eva e outros já estavam mortos quando chegou o Dilúvio e eles já estavam com o Senhor. Muitos crentes morreram e estão com o Senhor agora. Mas aqueles crentes que estarão vivos quando o julgamento vier, serão livrados desse julgamento, como Noé foi. Porque Deus conhece quem pertence a Ele. Que grande promessa!
Leve a sério o julgamento, e você levará a sério a graça e a salvação. Oremos.
Senhor, tem sido um dia maravilhoso, e é incrível como a Escritura abre nossas mentes à compreensão da História, como nunca a aprenderíamos em uma universidade ou em uma escola. Esta é a coisa mais importante para saber sobre a História: que o pecado traz juízo divino. Essa é a maior lição da História. Não há apenas o Dilúvio para provar isso, mas há o Monte Vesúvio, Monte Krakatoa, Monte Sta. Helena em suas explosões para mostrar o tremendo poder do juízo divino. E há inundações e holocaustos o tempo todo na história do mundo, dando uma amostra do que virá sobre todos os pecadores: a morte e a destruição. Não há nenhum exemplo tão profundo disso, tão claro como o Dilúvio. É um grande aviso. E quando começamos a ver o aviso e a levar a sério o julgamento, podemos levar a sério a graça que vem àqueles que, diante do julgamento pelo pecado, se arrependem de seus pecados e creem no Senhor. Que muitos venham à fé em Cristo, que nos livra da ira vindoura. Para a Tua glória, nós pedimos essas coisas. Amém.
Esta é uma série de sermões sobre o Dilúvio. Por similaridade do assunto, o sermão referente a Gênesis 6:1-4 pode ser substituído pelo sermão pregado por John MacArthur sobre I Pedro 3:17-22 (Clique aqui e leia). Veja abaixo os links dos sermões já publicados desta série.
- O Dilúvio (Parte 1) A Destruição da Humanidade (1)
- O Dilúvio (Parte 2) A Destruição da Humanidade (2)
- O Dilúvio (Parte 3) A Arca da Fé de Noé
- O Dilúvio (Parte 4) O Julgamento no Horizonte. A Arca é Fechada.
- O Dilúvio (Parte 5) A Inundação Global – Parte 1
- O Dilúvio (Parte 6) A Inundação Global – Parte 2
- O Dilúvio (Parte 7) A Milagrosa Restauração da Humanidade
- O Dilúvio (Parte 8) Vida e Morte no Novo Mundo
Clique aqui e leia os sermões traduzidos de John MacArthur sobre o livro de Gênesis
Este texto é uma síntese do sermão “The Power of Divine Judgment in the Global Flood”, de John MacArthur em 08/04/2001.
Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:
https://www.gty.org/library/sermons-library/90-260/the-power-of-divine-judgment-in-the-global-flood
Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno