Considere seus caminhos – 2
Antes de ler este texto, recomendamos a leitura de Ageu 1 e 2
Estava com minha família hoje a tarde em casa de amigos e encontramos um livro infantil lá com o seguinte título: ‘Um Livro sem Figuras’. Eu peguei o livro e fui logo ao final dele, para ver se o título era um blefe e, na verdade, haveria figuras no final. Mas não, não havia.
Tive, então, que dar um certo incentivo para as minhas crianças quanto a examinarem o livro, dizendo a elas que não era chato ler um livro sem figuras, porque os livros, na verdade, são para serem lidos, então, basta que contenham palavras.
Mas… não era muito convincente meu discurso e eu sabia que seria desafiador convencê-las, principalmente porque quando estou lendo para elas em casa, como quando li algo das “Crônicas de Nárnia”, elas ouviam atentas a leitura, mas ficavam ansiosas mesmo era para segurarem o livro quando eu acabasse, a fim de verem as figuras. E até a menorzinha, que nem entende nada ainda da estória, também segura o livro com atenção, maravilhada com as figuras.
Hoje a noite examinaremos Ageu, capítulo 2. E nele encontraremos figuras que ilustram os sermões pregados por Ageu. Óbvio que não são figuras visuais, mas são figuras no sentido de ilustrar, de fazer mais compreensível as mensagens dadas por Ageu.
Vimos pela manhã que o profeta Ageu pregou 4 sermões ao povo:
▪ Considere seus caminhos (cap. 1);
▪ Considere as promessas de Deus (2:2-9);
▪ Considere seu pecado (2:10-19);
▪ Considere seu Deus.
O capítulo 2 contém ilustrações dessas mensagens. Vamos começar vendo duas ilustrações a respeito de sermos melhores ‘construtores do Reino’. Vimos no capítulo 1 o desafio para construirmos o templo. Claro que o significado disso para nós é diferente do que foi para aqueles ouvintes de Ageu naqueles dias. Para nós hoje construir o templo significa buscar nossa santificação e cumprir a ordem de evangelizar, porque quanto mais nos santificamos e quanto mais pregamos a Cristo, mais o edifício de Deus, que é o Corpo de Cristo, cresce.
CONSIDERE AS PROMESSAS DE DEUS
Então, você ouviu a mensagem do capítulo 1 nesta manhã e foi desafiado a ser um melhor construtor. E, assim, de início, o texto traz dois princípios a serem observados por nós, a fim de sermos melhores construtores.
O primeiro é: tenha confiança no futuro da sua obra, do seu trabalho. Veja o verso 3, do capítulo 2: “Quem há entre vós que, tendo ficado, viu esta casa na sua primeira glória? E como a vedes agora? Não é esta como nada diante dos vossos olhos, comparada com aquela?” Os mais velhos entre o povo tinham visto a glória do primeiro templo. E o que eles tinham agora era praticamente nada diante do templo construído por Salomão. E isso os deixou abatidos.
Mas, então, vêm os versos 4 e 5: “Ora, pois, esforça-te, Zorobabel, diz o Senhor, e esforça-te, Josué, filho de Jozadaque, sumo sacerdote, e esforça-te, todo o povo da terra, diz o Senhor, e trabalhai; porque eu sou convosco, diz o Senhor dos Exércitos. Segundo a palavra da aliança que fiz convosco, quando saístes do Egito, o meu Espírito permanece no meio de vós; não temais.”
O Senhor os estava fazendo olhar para o passado e se lembrarem de que Ele esteve com Israel. Ele os tirou do Egito. Ele lhes deu o maná.
O Deus Todo-Poderoso que lançou as dez pragas no Egito, que abriu o Mar Vermelho estava garantindo que ainda estava com eles. E, por causa de o Senhor Deus estar com eles, deveriam pois colocar os olhos no futuro. A ordem era: ‘olhem para trás e lembrem do que Deus fez por vocês e olhem para frente para contemplar o que Ele fará de novo’.
“Porque assim diz o Senhor dos Exércitos: Ainda uma vez, daqui a pouco, farei tremer os céus e a terra, o mar e a terra seca; E farei tremer todas as nações, e virão coisas preciosas de todas as nações, e encherei esta casa de glória, diz o Senhor dos Exércitos.” (vv. 6-7).
‘Estremecer a terra’ aí é uma referência ao que aconteceu no Monte Sinai, quando Deus falava com Moisés e o monte tremia, fumegava, ninguém – nem mesmo um animal – podia sequer tocar no monte, sob pena de morrer. E o temor era tanto que o povo disse a Moisés que ele ouvisse a voz de Deus, porque ninguém mais tinha coragem de estar ali, tamanho era o poder.
Quando Moisés desce do monte, traz as palavras da aliança que Deus estava fazendo com Seu povo, a promessa do Messias. E Ageu está dizendo que uma vez mais aconteceria o céus, a terra, o mar sendo sacudidos. Mas, dessa vez o Senhor faria tremer não só as nações que se encontravam nas proximidades do Sinai quando foram dadas as palavras da Aliança a Moisés. Mas, o Senhor sacudirá todas as nações.
E quando o Senhor assim o fizer, todas as nações convergirão para Israel. A figura usada aqui é como se fosse uma toalha de piquenique. As pessoas costumam forrar o chão com uma toalha e nela distribuem as guloseimas do piquenique. Geralmente, a melhor maneira de retirar todo o lixo que se acumula na toalha é segurar as pontas da toalha, sacudi-la e todo o lixo vai para o centro da toalha.
O Senhor sacudirá as nações e tudo o que sobrar delas convergirá a Israel. Apocalipse descreve que os reis da terra trarão suas riquezas a Jerusalém (Ap. 21:24). Quando Jesus estabelecer seu reino, todos os reis que estiverem na terra se curvarão diante Dele. Israel será o centro do mundo. Todas as nações trarão seus tesouros. Tudo o que tiver valor na terra estará debaixo da autoridade de Jesus.
Ageu, então, os estava fazendo olhar para o passado, no Sinai, quando Deus sacudiu Israel e aqueles povos circunvizinhos, e os estava fazendo olhar para um futuro de fato muito distante para eles, um futuro em que a terra será sacudida novamente e todas as nações serão governadas pelo Rei dos reis. E naquele tempo, a glória do Templo será muito maior que aquele templo que eles tinham conhecido e que agora estava destruído. (V. 9).
E isso é uma palavra de encorajamento para nós que somos os construtores atuais do templo de Deus, que é a Igreja. Quantas vezes nos frustramos por evangelizarmos a tantos e poucos são os frutos… Pregamos o Evangelho de Cristo muitas e muitas vezes e a resposta que vemos é muitos ouvidos fechados e corações endurecidos. E isso pode nos deixar desencorajados, desanimados.
Mas, aí devemos nos lembrar das palavras de Ageu: uma vez mais o Senhor vai abalar a terra e Jesus virá para reinar e todos aqueles que lhe pertencem reinarão com Ele! Se você olhar para esse futuro, o seu desânimo vai embora. A mensagem de Ageu aqui é: olhe para o passado e veja o que o Senhor já fez e, então, olhe para o futuro e contemple o que Ele fará.
CONSIDERE SEU PECADO
Vimos, então, o primeiro princípio para sermos bons construtores, qual seja, olhar para o futuro. O segundo princípio é: busque a santidade no desempenho de seu trabalho como construtor.
O povo se anima a construir o templo. Passa a olhar para o futuro e isso lhes encoraja. Então, Ageu vem a eles alguns meses mais tarde e o problema agora é outro. Eles passaram a não tratar com os seus pecados. É como se pensassem ‘bem, haverá um novo templo glorioso no futuro, não preciso me preocupar com o meu pecado, pois o futuro está garantido.’
Então, Ageu lhes trouxe uma mensagem diferente: “Ao vigésimo quarto dia do mês nono, no segundo ano de Dario, veio a palavra do Senhor por intermédio do profeta Ageu, dizendo:
Assim diz o Senhor dos Exércitos: Pergunta agora aos sacerdotes, acerca da lei, dizendo:
Se alguém leva carne santa na orla das suas vestes, e com ela tocar no pão, ou no guisado, ou no vinho, ou no azeite, ou em outro qualquer mantimento, porventura ficará isto santificado? E os sacerdotes responderam: Não.” (vv. 10-12)
Aqui a figura é: se um sacerdote que estava limpo tocasse em algo impuro, aquilo que estava impuro se limparia? E a resposta foi: ‘não’. Então vem a outra pergunta aos sacerdotes: “Se alguém que for contaminado pelo contato com o corpo morto, tocar nalguma destas coisas, ficará ela imunda? E os sacerdotes responderam, dizendo: Ficará imunda.” (v. 13).
O que ele está dizendo é: ‘se algo está limpo, santificado e toca em algo impuro, o impuro não ficará limpo’. É como se você tivesse um copo com água contaminada com todo tipo de sujeira e aí você tenta purificar essa água derramando um pouco de água limpa no copo. É óbvio que a água suja não ficará limpa por causa disso. Santidade não é contagiosa. Você não transforma a impureza em pureza. Se você tocar em algo impuro, vai se contaminar.
Só que eles acreditavam que poderiam santificar o impuro e não ser contaminados pela impureza. Nesse raciocínio é que eles se casaram com pessoas das diversas nações pagãs ao redor de Israel. Eles estavam desobedecendo ao Senhor, mas acreditavam que o cônjuge pagão é que seria santificado por eles. Criam que eles não seriam contaminados com a impureza.
O segundo ponto dessa nossa ilustração é: se você pegar aquele copo contendo água suja e colocar um pouco de água limpa nele, á água suja não vai ficar limpa, mas a água limpa é que ficará contaminada. Era isso que Ageu estava pregando ao povo. Se algo é santo e toca em algo impuro, este não ficará santo por causa daquele. Mas se o puro é tocado pela impureza, por certo se contaminará.
E isso se aplica nas nossas vidas hoje. Nós não mantemos a pureza, a santidade de forma passiva. Nós buscamos a pureza e nisto devemos nos afastar do que é impuro. Não há como manter-se puro tocando na impureza. A premissa maior desse silogismo é que a santidade não é comunicada, ou seja, nós não transmitimos santidade, não temos o poder de transformar aquilo que é impuro em puro. Mas, a premissa menor é: a impureza é comunicada, transmitida e contagiosa. Se nos relacionarmos com a impureza, seremos contaminados.
Ageu os estava dizendo que se eles queriam trabalhar em prol do reino, teriam que manter e buscar santidade em suas vidas. Então, ele diz, no verso 14: “Assim é este povo, e assim é esta nação diante de mim, diz o Senhor; e assim é toda a obra das suas mãos; e tudo o que ali oferecem imundo é.” Ou seja: você não pode estar engajado em trabalhar na obra do Senhor e ter um coração impuro, porque tudo o que você fizer será imundo.
Você pode até estar engajado em evangelizar a muitos, mas se você mesmo está em pecados ocultos, está impuro. Não adianta encobrir seus pecados com suas boas obras. Aliás, isso é o que é ensinado no catolicismo. Mas, essa não é uma doutrina bíblica. É errada. Nós cremos que somos salvos pela fé apenas. Mas, uma vez salvos, devemos buscar sermos santos, para agradar a Deus e, para tanto, devemos nos purificar do que pode nos contaminar.
Se você está em pecado e fazendo a obra de Deus para encobrir o pecado, isso não vai funcionar. Só o arrependimento genuíno (que implica abandonar o pecado) pode te limpar. Quando você confessa o seu pecado e o abandona, aí Deus te limpa.
Lembra do episódio em que Jesus está lavando os pés dos apóstolos? Quando Ele chega em Pedro, este diz: ‘de jeito nenhum, sem chance, sou menor que o Senhor, como pode o Senhor me lavar os pés?’. E aí Jesus replica: ‘bem, se eu não puder lavar os seus pés, você não tem parte comigo, Pedro.’ Quando ouve isto, Pedro, então, se rende e pede um banho completo. ‘Lava tudo, Senhor!’. Aí, Jesus tem que lhe explicar que não era necessário esse banho, porque só os seus pés estavsm sujos.
O que o Senhor estava ensinando a Pedro e a nós é que quando somos salvos, somos purificados. Mas, ainda estamos neste mundo, neste corpo, andando por aí. E nossos pés precisam ser lavados. Ou seja, se nos contaminamos com algum pecado, precisamos ser purificados. Precisamos confessá-lo, precisamos ser limpos dele. Não se trata do banho inicial, de quando fomos salvos. Mas, precisamos lidar com o pecado e a impureza que suja nossos pés enquanto estamos caminhando nesse mundo.
CONSIDERE SEU DEUS
“E veio a palavra do Senhor segunda vez a Ageu, aos vinte e quatro dias do mês, dizendo:
Fala a Zorobabel, governador de Judá, dizendo: Farei tremer os céus e a terra;
E transtornarei o trono dos reinos, e destruirei a força dos reinos dos gentios; e transtornarei os carros e os que neles andam; e os cavalos e os seus cavaleiros cairão, cada um pela espada do seu irmão.
Naquele dia, diz o Senhor dos Exércitos, tomar-te-ei, ó Zorobabel, servo meu, filho de Sealtiel, diz o Senhor, e far-te-ei como um anel de selar; porque te escolhi, diz o Senhor dos Exércitos.” (vv.20-23).
Nesse sermão, Ageu não se dirige ao povo, mas a uma única pessoa: Zorobabel. Lembre-se de que Israel nesse tempo já não tinha um rei. Havia um profeta, um sacerdote, mas não havia um rei. Zorobabel era um governador. O que aconteceu com o último rei foi exatamente o que foi profetizado pelo profeta Jeremias (22:24-26). O Senhor cumpriu sua Palavra de juízo e o rei Jeoiaquim foi feito cativo na Babilônia e lá morreu. E este foi o último descendente de Davi a reinar sobre Israel.
Mas, no tempo de Ageu havia passado cerca de um século desde o início do cativeiro. E Zorobabel, que era um governador, também era descendente de Davi. E mais, ele faz parte da linhagem do Messias. Tanto na genealogia de Jesus descrita em Mateus (por parte de José) e Lucas (por parte de Maria), Zorobabel é citado.
Em Jeremias 22:24, Deus tira o anel da mão, numa figura de que Ele estava rompendo temporariamente com a promessa de um descendente de Davi assumir o trono. Mas, em Ageu, o Senhor está com o anel de volta. E Zorobabel traz de volta a promessa de que um descendente de Davi voltaria ao trono.
Zorobabel encorpa a promessa de um descendente de Davi que viria a reinar. Ele mesmo não era um rei. A tradição judaica diz que os judeus até tentaram fazê-lo rei. Mas, isso não deu certo. Eles estavam debaixo de domínio d império persa. E não tiveram um rei, até que Jesus veio. E Jesus foi descendente de Zorobabel. O livro de Ageu, então, termina com uma promessa: a promessa do Messias.
Vamos orar:
Senhor, nós nos sentimos encorajados em Tua obra, porque sabemos que Tu és quem constrói a igreja.
Podemos trabalhar na obra, mas sem o Senhor qualquer trabalho é vão.
Então, somos agradecidos ao Senhor por Tua obra em nós e através de nós.
Tu és o construtor. As portas do inferno não podem prevalecer contra a igreja, porque Tu és o Mestre Construtor.
Então, não queremos estar desencorajados.
Queremos olhar para o futuro, queremos olhar para o que o Senhor fará em nossas vidas.
Queremos confessar nossos pecados e purificar nosso coração, para que nossa obra não seja em vão.
Leva-nos a isso para que o Senhor seja glorificado através daquilo que fazemos.
Em nome de Cristo.
Amém.
Este estudo está dividido em 2 partes:
Considere seus caminhos – Parte 1
Considere seus caminhos – Parte 2
Este texto é uma transcrição e tradução do sermão “Extreme Earth Makeover”, de Jesse Johnson, em 03/01/2016.
Você poderá ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:
https://youtu.be/e7-lQ_r6Hyo
Tradução e transcrição feitos pelo site Rei Eterno
Jesse Johnson é pastor da Immanuel Bible Church, em Springfield, Virgínia, EUA.
Site: http://immanuelbible.net/