Como Resistir ao Diabo (2)
A falta de santidade deixa o cristão vulnerável ao grande inimigo de sua alma. Tudo o que Satanás precisa para atacar um cristão é a injustiça. Onde quer que haja pecado em sua vida, Satanás tem uma abertura, e ele pode atacar e causar sérios danos.
Vamos agora continuar o sermão anterior sobre como resistir ao diabo.
Efésios 6
10 Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder.
11 Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo;
12 porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.
13 Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis.
14 Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça.
15 Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz;
16 embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno.
17 Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus.
Os três primeiros capítulos da carta aos Efésios é sobre a salvação. Os três últimos capítulos é sobre a santificação. E então Paulo chega à sua ênfase final falando da guerra que enfrentamos por fazermos parte do reino da luz. Porque pertencemos ao Senhor, estamos em guerra com o diabo e as suas maquinações.
O versículo 11 resume o texto: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo”. O diabo tem planos, para você permanecer firme tem que se revestir de toda a armadura de Deus.
Temos um inimigo sobrenatural. As Escrituras o identificam como o príncipe deste mundo (João 16:11), o príncipe das potestades do ar (Ef. 2:2), o deus deste século (2 Cor. 4:4) e o príncipe dos demônios (Lc. 11:14-23). Esta é a força real e sobrenatural da maldade nas regiões celestiais.
Ele tem nomes pessoais. 52 vezes nas Escrituras ele é mencionado como Satanás, que significa “adversário”. 35 vezes ele é referido como o diabo, que significa “caluniador”.
Ele também é chamado de serpente, o grande dragão, o leão que ruge, o maligno, acusador, ladrão, assassino, mentiroso etc. Em Apocalipse 9:11 ele é chamado de Abadom ou Apoliom (que significa destruidor).
Este espírito poderoso e suas hostes demoníacas batalham contra o Deus uno e trino. Eles odeiam tudo sobre Deus. Eles odeiam a verdade, as Escrituras, Israel, a igreja, a justiça, a Palavra de Deus e qualquer coisa relacionada a Deus.
Satanás e seus demônios estão fazendo guerra contra Deus de todas as maneiras que podem. Eles são a força espiritual por trás da força humana e visível do mal que vemos no mundo. Eles controlam o sistema mundial. Pedro diz que ele “anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1 Pedro 5:8).
Mas ele não é capaz de arrebatar os redimidos das mãos do Pai e do Filho (João 10:28-30); ele não pode nos separar de Cristo (Rm. 8: 37-39); ele não pode mudar nossa condição de redimido (I Pedro 1:3-5). Por quê? “porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo” (1 João 4:4).
Ele não pode obter a vitória sobre aqueles que nasceram de novo. Embora Satanás governe o sistema mundial do mal, nós vencemos o mundo porque estamos em Cristo (1 João 5: 4-5). Portanto, não queira dar a Satanás mais poder do que ele tem.
Mas ele ataca os redimidos com o objetivo de lhes tornar inúteis no reino de Deus. Ele almeja transformar muitos cristãos em infrutíferos, sem alegria e improdutivos.
Nossa responsabilidade é resistir. A escritura não nos ensina a perseguir o diabo, falar com o diabo e dar ordens a ele. Isso é uma tolice. Ele é um poderoso e experiente ser sobrenatural sobre o qual você não tem autoridade, como tinha Cristo e os apóstolos. Nós temos que resistir a ele e permanecemos firmes. É isso que a escritura nos ensina.
Os demônios exercem seu ofício há milênios no mundo. Eles são astutos e implacáveis. E embora eles conheçam seu fim desde o início, eles resistem e lutam contra Deus porque são permanentemente tão maus que não podem fazer mais nada do que o mal.
Eles são os globalistas definitivos, que estão empurrando o mundo em direção a um reino mundial final e maligno, governado pelo Anticristo, sob o poder total de Satanás.
O mundo avança abertamente para um governo mundial. E não é um esquema de homens, é um esquema de Satanás, e ele está se movendo rapidamente nessa direção. Tudo aponta para isso.
Nossa luta não é contra homens, mas contra quem opera através dos homens: Satanás. Os ímpios são peões nas mãos de Satanás. Mas por trás deles, a verdadeira luta é contra as forças sobrenaturais que estão fazendo tudo o que podem para destruir a obra de Deus e a utilidade do povo de Deus.
O sentido de “luta” no original é de “balançar para frente e para trás”, é uma palavra usada para luta livre, quando dois oponentes lutam entre si. Estamos em uma luta livre contra um inimigo muito poderoso, que não deve ser encarado levianamente.
No final, o Senhor triunfará esmagando Satanás e o lançando no lago de fogo e enxofre (Rm. 16:20; Ap. 19 e 20). Mas enquanto isso estamos vivendo “o dia mau” (Ef. 6:13). Satanás não oferece trégua, seus ataques não param. Não podemos ver o que acontece no mundo espiritual, mas não tenha dúvidas dessa terrível batalha.
O que temos que fazer? “Revesti-vos de toda a armadura de Deus” (Ef. 6:11). O sentido no original é colocar a armadura de Deus e nunca mais tirá-la. É uma espécie de uniforme permanente enquanto estivermos neste mundo. Essa guerra nunca para. Não há tempo para descansar, não há licença e nem férias. Paulo escreveu:
Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão. (1 Coríntios 15:58).
E o que é essa armadura?
Paulo viu muitos soldados romanos em sua vida e ministério, e ele encontrou no soldado romano uma boa ilustração do que é necessário para o crente ser vitorioso na batalha contra as maquinações do diabo.
O cinturão da verdade (Ef. 6:14)
Paulo diz: “cingindo-vos com a verdade”. O soldado romano vestia uma túnica larga feita de tecido. O combate antigo era corpo a corpo, e uma túnica longa se constituía um grande obstáculo e perigo.
O cinto era necessário para não deixar a túnica folgada. Cingir era uma maneira de juntar as pontas soltas como uma preparação para a batalha. Ou seja, colocar a túnica em uma posição que não seria prejudicial para o soldado, enfraquecendo ou mesmo eliminando sua força de combate.
E Paulo tomou isso emprestado do livro de Isaias, quando o profeta, falando do Messias, disse: “A justiça será o cinto dos seus lombos, e a fidelidade, o cinto dos seus rins” (Isaías 11:5).
Nesse caso o profeta falou do cinturão de justiça e do cinturão de fidelidade. É isso que une tudo enquanto o Messias vai para a guerra. Fala da prontidão final do Messias para o conflito final. Ele está preparado para a batalha.
No caso de Efésios 6:14 a “verdade” ou “veracidade” é o cinto que junta todas as pontas espirituais soltas. A ideia é de um comprometimento sincero em lutar e vencer sem hipocrisias – o domínio próprio em devoção à vitória. Tudo que atrapalha (as pontas) está preso. Veja isso em outros textos bíblicos com o mesmo sentido:
Cingido esteja o vosso corpo, e acesas, as vossas candeias. Sede vós semelhantes a homens que esperam pelo seu senhor… (Lucas 12:35,36)
Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo. Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo. (1 Pedro 1:13-16)
Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado. (1 Cor. 9:25-27)
Então é aqui que começamos. Precisamos nos comprometer com esta batalha. Devemos nos apresentar como um sacrifício vivo (Rm. 12:1-2) e assumirmos o compromisso de travar a batalha de todo o coração. Então esse é o ponto do cinto. Você prende todas as pontas soltas da sua vida, entende a seriedade da guerra e entra no combate como um soldado preparado.
A couraça da justiça (Ef. 6:14)
A couraça era, geralmente, um pedaço de couro duro ou um material pesado e sem mangas, tendo chifres ou cascos de animais costurados nela, que cobria todo o tronco do soldado, protegendo o coração e outros órgãos vitais.
Como a justiça ou a retidão é uma característica distinta do próprio Deus, não é difícil compreender por que ela é a principal proteção do cristão contra Satanás e suas artimanhas.
Se alguém é um cristão verdadeiro, ele já tem a justiça de Cristo imputada na sua salvação. Portanto, o apóstolo não está ensinando que você encontre por si mesmo a justiça que o salva. Não é isso. Não se trata de autojustiça.
A justiça de Deus imputada a nós é a base de nossa vida cristã. Protege-nos do inferno, mas não é, em si, proteção contra ataques de Satanás na vida presente.
Em Filipenses 3:9 Paulo falou que sua salvação foi baseada exclusivamente na justiça imputada de Deus. Mas, ele falou de sua vida cristã envolvida em um outro tipo de justiça: a prática de sua justiça imputada (Fp. 3:12-14).
A couraça da justiça é parte da armadura espiritual contra o nosso adversário. É a vida prática vivida em obediência à Palavra de Deus. Tem um sentido prático.
Quando um cristão vive fielmente em obediência a Jesus Cristo e em comunhão com ele, a própria justiça de Cristo produz no cristão a justiça prática e diária que se tornará a couraça espiritual dele.
A falta de santidade deixa o cristão vulnerável ao grande inimigo de sua alma. Tudo o que Satanás precisa para atacar um cristão é a injustiça. Onde quer que haja pecado em sua vida, Satanás tem uma abertura, e ele pode atacar e causar sérios danos.
Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros. Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo […] Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem. E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção. Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia. (Efésios 4:25-27, 29-31)
Quando alguém vem à fé em Cristo, a justiça de Cristo é imputada a ele. O verdadeiro cristão é santo nesse sentido. Nesta condição ele inicia um processo de santificação que vai durar toda sua vida.
A obediência para ser piedoso e santo produzirá o tipo de justiça pelo Espírito Santo que lhe permitirá estar seguro contra os ataques de Satanás. Você tem que entender isso. Você não pode cultivar o pecado. Você não pode ter áreas de sua vida entregues ao pecado. Isso o deixa em vulnerabilidade aos poderes das trevas.
Uma vida onde o pecado encontra brechas, além de dar vantagens ao inimigo de nossas almas, causa perda de alegria, produz esterilidade, traz opóbrio a glória de Deus e ainda resultará em perda de recompensas eternas.
Calçados os pés com a preparação do evangelho da paz (Ef. 6:15)
Os soldados romanos usavam botas com pregos nelas para que se prendessem ao chão durante o combate, evitando escorregar. O calçado de um soldado é mais importante do que de um atleta, porque a sua própria vida pode depender deles.
Um soldado com calçados inadequados estaria em perigosa situação no campo de batalha. Ele não poderia lidar bem com sua espada ou escudo, não poderia avançar rapidamente ou até mesmo recuar e poderia ter dificuldades para evitar quedas.
É isso precisamente o que o apóstolo Paulo vê aqui. Ele vê o crente precisando de calçados que o ancorem, que lhe permitam enfrentar o ataque do inimigo e se mover sem escorregar.
E quais são os calçados? “O evangelho da paz”. Esse evangelho da paz pertence às boas novas que, por meio de Cristo, os cristãos estão em paz com Deus e ele está do lado deles.
E essa confiança do apoio divino que permite ao cristão permanecer firme, sabendo que, uma vez que ele está em paz com Deus, Deus é a sua força.
Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? […] Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. (Romanos 8:31, 37-39)
Qual a condição dos ímpios?
Naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo. (Efésios 2:12)
Qual a condição do cristão?
Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo. Porque ele é a nossa paz… (Ef. 2:13,14).
Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida; (Romanos 5:10).
O ímpio tem Deus como seu inimigo, bem como vive dominado pelo inimigo de sua alma, Satanás. Mas o evangelho trouxe ao cristão a paz com Deus e o fez ser filho de Deus. Essa é a paz que ocorreu através de Cristo.
O cristão foi reconciliado com Deus, ele vive ao lado de Cristo. Em vez de ter Deus e o diabo contra ele, ele agora tem Deus que lhe garante que Satanás nunca poderá alterar essa condição gloriosa.
Nunca haverá condenação para quem está em Cristo Jesus (Rm. 8:1). Nada jamais separará o cristão do amor de Cristo (Rm. 8:37-39). O cristão venceu o maligno (1 João 5:18). Maior é aquele que está nele do que aquele que está no mundo (1 João 4:4). Ele venceu o mundo (1 João 5:4-5).
E mesmo se o cristão eventualmente pecar, “temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo” (1 João 2:1), para que nada possa separá-lo de Deus. Temos um advogado, um intercessor, um grande sumo sacerdote que intercede a nosso favor. Temos todos os recursos divinos à disposição.
O escudo da fé (Ef. 6:16)
Embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. (Efésios 6:16)
Existem várias palavras gregas para diferentes escudos. Os soldados romanos usavam vários tipos de escudos, mas dois eram os mais comuns.
a) O primeiro era um pequeno escudo redondo, que era fixada ao braço por duas tiras de couro. Era relativamente leve e usado para desviar os golpes de espada de um adversário na luta corpo-a-corpo.
b) O segundo tipo, que Paulo usou aqui, é a pela palavra grega “θυρεὸν” (thyreon). Era um escudo grande projetado para proteger todo o corpo do soldado que estava na linha de frente da batalha. Era produzido de uma peça sólida de madeira e coberta com metal ou couro.
Esse segundo tipo de escudo eram usados em uma falange. Em extensão de muitas centenas de metros, os soldados marchavam lado a lado à frente do exército e, por vezes, bem na frente do inimigo.
Em efésios 4:13 Paulo diz: “até que todos cheguemos à unidade da fé…”, ou seja, a unidade de crenças cristãs. Mas o “escudo da fé” não se refere a isso, mas a confiança plena em Deus. Quem confia no Senhor renova suas forças todos os dias. Sem fé é impossível agradar a Deus (Heb. 11:6).
Mas os que confiam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam. (Is. 40:31)
A confiança contínua do cristão na Palavra de Deus e nas promessas de Deus é absolutamente necessária sobre todas as coisas. Sem essa confiança, o cristão está em uma batalha cruel e vulnerável aos dardos inflamados do inimigo ou flechas flamejantes.
Naqueles tempos, em uma batalha, o inimigo passava piche nas pontas das flechas e ateava fogo. Essas flechas flamejantes mortais chovia sobre o oponente, produzindo grandes estragos e mortes.
Esses dardos inflamados ou flechas flamejantes refere-se às tentações. Satanás é especialista em lançar tentações contra os cristãos. Trata-se de impureza, ira, egoísmo, incredulidade, medo, decepção, desânimo, luxúria, ganância, cobiça, orgulho etc.
O que quer que esteja vindo em nossa direção são as flechas flamejantes do inimigo. E qual é a defesa? É “o escudo da fé”. O que isso significa? Você terá uma proteção eficaz contra as tentações de Satanás se crer plenamente em Deus e em sua Palavra.
Quando lança tentações, Satanás quer que nos convencer de que precisamos delas, que são coisas desejáveis e que Deus é mau e apenas um “estraga prazeres”. Foi exatamente isso que Satanás fez no jardim. Deus havia dito ao homem:
Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás. (Gen. 2:17)
Mas Satanás disse a Eva:
É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal. (Gen. 3:4-5)
E então Adão e Eva duvidaram da Palavra de Deus, ficaram vulneráveis ao ataque do inimigo e a raça humana caiu:
Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu. (Gen. 3:6)
Satanás está sempre dizendo:
Não confie em Deus, confie em mim. Vou te dar as verdadeiras alegrias. Eu lhe darei a verdadeira realização. Eu lhe darei a verdadeira satisfação. Você encontrará realização experimentando aquilo que Deus rejeita.
No deserto Satanás tentou colocar dúvidas em Jesus. Ele sugeriu que Jesus buscasse a satisfação da carne, dos olhos e almejasse a soberba da vida. (Lc. 4: 1-13).
Portanto, o escudo da fé é a confiança consistente de que o Senhor tem o melhor para nós. E Sua vontade é incomparável, é a melhor, é a mais satisfatória, é a mais prazerosa, é a mais gratificante e que produz alegria plena.
Cada vez que pecamos permitimos que nossa carne acredite na mentira do diabo, de que há satisfação no pecado e que é uma satisfação maior do que a satisfação na obediência a Deus. A proteção que temos é a plena fé em Deus, na sua Palavra e nas suas promessas.
O capacete da salvação (Ef. 6:17).
Tomai também o capacete da salvação… (Ef. 6:17)
Sem o capacete o soldado romano nunca entraria em uma batalha. Alguns capacetes eram feitos de couro grosso coberto com placas de metal, e outros eram de metal pesado moldado ou batido. Eles geralmente tinham proteção para o rosto. O propósito do capacete, óbvio, era proteger a cabeça de uma lesão.
O fato de que o capacete está relacionado com a salvação indica que os golpes de Satanás se dirigem à segurança do crente e sua garantia em Cristo. Satanás busca nos atingir com o desânimo e dúvidas.
Paulo não está falando aqui a respeito de obter a salvação, ele está falando para aqueles que verdadeiramente nasceram de novo e que se tornaram filhos de Deus.
No momento salvação somos livres da condenação do pecado. Na santificação somos libertos do poder do pecado, que não tem mais domínio sobre nós. Mas almejamos sermos salvos também da presença do pecado, e isso ocorrerá quando estivermos no céu na presença de Deus, onde jamais haverá pecado.
Mas, para nos desanimar, Satanás aponta para nossas falhas, nossos pecados, nossos problemas não resolvidos, a nossa saúde debilitada, ou qualquer outra coisa que parece negativo em nossas vidas, a fim de nos fazer perder a confiança no amor e cuidado de nosso Pai celestial.
Satanás também nos tenta ao desânimo quando vemos outros crentes passando por momentos de provação. Por isso Paulo escreveu: “vos peço que não desfaleçais nas minhas tribulações por vós, pois nisso está a vossa glória” (Ef. 3:13).
Ele tenta nos desanimar quando não podemos ver os resultados de nosso serviço ao Senhor. Quando os crentes gálatas enfrentaram esse problema, Paulo lhes disse: “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos” (Gal. 6:9).
Quando Paulo enfrentava uma dura luta e pediu ao Senhor que removesse um mensageiro de Satanás, Deus lhe respondeu: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Cor. 12:9).
Esse é o capacete da salvação: a compreensão de que podemos entrar plenamente nesta batalha confiante de que temos proteção contra os golpes satânicos na nossa mente. Estamos protegidos quando temos plena convicção da esperança “de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Fp. 1:6).
a) Não esperamos que nossos pecados sejam perdoados: isso é passado.
b) Não esperamos a santificação: isso está acontecendo agora.
c) Esperamos o cumprimento final da salvação: seremos entregue à presença do Senhor para sempre.
Se você foi justificado, está sendo santificado, e futuramente será glorificado. A glorificação é a salvação final.
E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou. (Romanos 8:30)
Quando Paulo diz “glorificou” ele usou o tempo verbal grego no passado para enfatizar uma certeza no futuro.
Nota: O verbo grego difere do português, por não dar ênfase ao momento da ação, o tempo, e sim à sua qualidade, estado e tipo. No português o tempo verbal está mais relacionado com o “quando”, mas no grego com o “como”.
Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém! (Judas 1:24,25)
Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, sem mácula, que ñão pode murchar, reservada nos céus para vós outros que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo. (1 Pedro 1:3-5)
As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar. (João 10:27-29)
A fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo; em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória. (Efésios 1:12-14)
As pessoas me perguntam ocasionalmente: “Você não se preocupa com o que o diabo pode fazer com você?” Nunca pensei assim em toda a minha vida, porque sei o que ele pode fazer comigo se minha vida não for o que deveria ser.
Eu sei que ele pode me tornar inútil, e pode tirar minha alegria e tudo mais. Mas eu sei o que ele nunca me separará da salvação final. Isso me permite ir para a batalha sem medo. Nada pode me separar do amor de Cristo cumprido na glória final.
A espada do Espírito (Ef. 6:17)
A espada a que Paulo se refere aqui era a única arma do soldado romano. Era uma arma entre 15 cm e 46 cm de comprimento, usada tanto para o soldado se defender como atacar o inimigo. Estava sempre de fácil acesso e pronta para uso.
Foi a espada levada pelos que foram prender Jesus no Getsêmani (Mat. 26:47); usada por Pedro quando ele cortou a orelha do servo do sumo sacerdote (Mat. 26:51) e utilizada por carrascos de Herodes para matar Tiago (Atos 12:2).
“Espada do espírito” também pode ser traduzida por “espada espiritual”, referindo-se à natureza da espada. O sentido original indica o Espírito Santo como a origem da espada.
Ele é o Espírito da verdade (João 14:17), é o mestre residente no crente que ensina todas as coisas e traz a Palavra de Deus à nossa lembrança (João 14:26).
Na tentação do deserto Jesus enfrentou o diabo com a Palavra de Deus. Cristãos ignorantes em relação à Palavra serão vítimas da investidas de Satanás.
Portanto, temos em nossas mãos a arma perfeita, tanto para usar defensivamente como Jesus fez no deserto, quanto para usar ofensivamente. As pessoas nascem de novo e são santificadas pela espada do Espírito.
Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade. Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra. (João 17: 17-20)
A Palavra de Deus só será uma efetiva espada espiritual se você a conhecer, para que você saiba qual é a resposta bíblica às investidas de Satanás. E também para usar a Palavra ofensivamente por causa de seu imenso poder para salvar e santificar.
Toda a armadura de Deus é na verdade uma imagem de Jesus Cristo.
– Cristo é a verdade.
– Cristo é a nossa justiça.
– Cristo é a nossa paz,
– Cristo é fiel, ele é quem garante a nossa salvação.
– Cristo é Palavra viva de Deus.
Quando você foi salvo, você recebeu a Cristo. Quando você recebeu a Cristo, você recebeu a verdade, a justiça, a paz, a fé, a salvação final e a verdade divina. Você recebeu a armadura.
A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz. Andemos honestamente, como de dia, não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências. (Rm. 13: 12-14)
Vestir a armadura e se revestir de Cristo é a mesma coisa. Você tem Cristo. Ele é tudo que você precisa. Tenha profunda comunhão com Cristo e você vencerá o inimigo e permanecerá firme.
Paulo continua dizendo “com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos” (Ef. 6:18). Leia: Orar em Todo o Tempo
Pai, agradecemos-te pelo tempo que passamos juntos e consideramos a tua verdade divina. Agradecemos-Te pelo dom de Cristo, não só na Sua morte e ressurreição, mas na Sua presença; pois a própria armadura de que precisamos é Cristo.
Que realidade incrível. E agora pensamos em Sua morte por nós, Sua ressurreição, que nos proporcionou reconciliação, redenção e salvação. E recebemos não apenas a salvação de Cristo, mas o próprio Cristo. Que possamos nos revestir dele, da Sua pessoa.
Que sejamos inextinguíveis diante todas as flechas flamejantes de Satanás. Que sejamos inesgotávelmente fiéis para travar a batalha, mantendo os olhos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Amém.
Leia também: Como Resistir ao Diabo (1)
Este texto é uma síntese do sermão “How to Resist the Devil, part 2”, de John MacArthur, em 14/12/2022.
Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:
https://www.gty.org/library/sermons-library/49-40/how-to-resist-the-devil-part-2
Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno