Amigos e Inimigos de Cristo

A verdadeira adoração produz corações generosos e prontos para a prática de boas obras. A fé verdadeira resulta em boas obras, mas as boas obras não resultam na fé verdadeira (Ef. 2:8-10). Adorar a Cristo é sempre a maior prioridade de um verdadeiro cristão e da igreja do Senhor.

Voltamos a olhar para Marcos 14:1-16, continuando sermão anterior.

Os capítulos 14 a 16 é a seção do evangelho de Marcos que chamaríamos de Santo dos Santos. É aqui que vamos para trás do véu, por assim dizer, para o lugar onde o sangue é derramado e aspergido, desta vez não simbolicamente, mas genuinamente para satisfazer a Deus e proporcionar redenção a todos os que creem.

Toda a Bíblia nos conduz a este momento. É o ponto mais alto de toda a história da redenção, começando desde a eternidade, com o plano redentor de Deus através do sacrifício de seu filho. É com isso que se ocupa Marcos 14 a 16.

Aqui temos diversos personagens que participam desse momento da vida de Jesus, mas quem está no comando de tudo é Deus. Temos os inimigos e amigos de Jesus, o traidor e os discípulos. Mas, Deus é o poder invisível que está por trás de tudo o que está aconteceu. Tudo se desenrolou conforme o plano de Deus.

No sermão anterior, vimos como Deus trabalhou para cumprir seu objetivo de forma minuciosa. Seu objetivo era que Jesus morresse como um cordeiro sacrificial na sexta-feira, às 3 horas da tarde, na Páscoa, exatamente no mesmo horário em que os cordeiros eram sacrificados pelos sacerdotes no templo. Jesus é o verdadeiro Cordeiro Pascal.

Os inimigos de Jesus

Os líderes religiosos eram inimigos de Jesus. E Marcos começa o capítulo 14 falando deles. Eles não queriam matar Jesus durante a Páscoa e a Festa dos Pães Asmos (Marcos 14:1-2), queriam esperar a dispersão da multidão, pois imaginavam que a aparente entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, quando ele foi aclamado como rei por uma multidão superficial (Marcos 11:1-11) havia sido uma demonstração de fé e lealdade.

Mas eles não estavam no comando, Deus já havia determinado que Jesus seria morto na Páscoa, como um cordeiro pascal. A mão invisível de Deus dirigiu tudo para que acontecesse conforme o plano eterno divino.

Um dos amigos de Jesus: uma mulher adoradora chamada Maria (Marcos 14:3-9).

Marcos 14
³ Estando ele em Betânia, reclinado à mesa, em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher trazendo um vaso de alabastro com preciosíssimo perfume de nardo puro; e, quebrando o alabastro, derramou o bálsamo sobre a cabeça de Jesus.
Indignaram-se alguns entre si e diziam: Para que este desperdício de bálsamo?
Porque este perfume poderia ser vendido por mais de trezentos denários e dar-se aos pobres. E murmuravam contra ela.
Mas Jesus disse: Deixai-a; por que a molestais? Ela praticou boa ação para comigo.
Porque os pobres, sempre os tendes convosco e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem, mas a mim nem sempre me tendes.
Ela fez o que pôde: antecipou-se a ungir-me para a sepultura.
⁹ Em verdade vos digo: onde for pregado em todo o mundo o evangelho, será também contado o que ela fez, para memória sua.

Essa história também é registrada em Mateus 26, e, com mais detalhes, em João 12. Aqui está uma mulher que era uma verdadeira adoradora de Cristo. Por meio de um ato de adoração amorosa, ela antecipou a ungir Jesus para a sepultura.

Lucas 7:36-50 tem uma história sobre outra mulher, em outro lugar, em outra ocasião, ungindo os pés de Jesus. Esse evento ocorreu na casa, curiosamente, de um fariseu também chamado Simão. Aquela era uma mulher pecadora. O Simão ali era um fariseu. Essa é uma história diferente em uma ocasião diferente.

No caso de Marcos 14:3-9 não se tratava uma mulher pecadora buscando salvação, mas de uma mulher que era uma verdadeira seguidora de Jesus.

Embora Marcos e Mateus não citem o nome dela, João diz que se tratava de Maria, irmã de Marta e Lázaro (João 12:3). Portanto, foi um gesto de uma mulher que era adoradora verdadeira do Deus vivo.

Marcos 14:3 diz que essa cena ocorreu em Betânia (cerca de 3 Km de Jerusalém). Quando Jesus foi celebrar a Páscoa em Jerusalém, ele chegou em Betânia no sábado anterior e entrou em Jerusalém na segunda-feira da semana da cruz (João 11 e 12).

Como vimos em sermões anteriores, desde a segunda-feira da semana da cruz, Jesus ia a Jerusalém durante o dia, mas estava hospedado em Betânia, na casa de seus amigos Maria, Marta e Lázaro.

João nos diz exatamente quando e a mulher que fez aquele ato de adoração

João 12
¹ Seis dias antes da Páscoa, foi Jesus para Betânia, onde estava Lázaro, a quem ele ressuscitara dentre os mortos.
² Deram-lhe, pois, ali, uma ceia; Marta servia, sendo Lázaro um dos que estavam com ele à mesa.
³ Então, Maria, tomando uma libra de bálsamo de nardo puro, mui precioso, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos; e encheu-se toda a casa com o perfume do bálsamo.

Está claro que aquele ato de adoração de Maria, irmã de Lázaro e Marta, aconteceu no sábado anterior, quando Jesus chegou em Betânia.

No relato de Marcos este fato não está na sequência cronológica, pois ele insere essa informação no contexto que fala da quarta-feira, dois dias antes da cruz. Quis Marcos relembrar este fato.

Os inimigos de Jesus estavam buscando como prender e matar Jesus. Maria, como uma verdadeira adoradora, estava ungido Jesus para seu sepultamento (Marcos 14:8).

E, segundo Marcos 14:3, isso aconteceu na casa de Simão, o ex-leproso, provavelmente curado por Jesus. Os leprosos não conviviam socialmente, pois as pessoas temiam contágio da doença. Não é exagero supor que Simão planejou esta refeição sabendo que Jesus estava vindo para Betânia.

Era um costume comum lavar os pés durante uma refeição. Em João 13 Jesus lavou os pés dos discípulos. Até mesmo colocar perfume nos pés era um costume. Neste caso, o ato de Maria foi muito além de um mero costume.

Ela trouxe um frasco de alabastro com um bálsamo de nardo puro (sem diluição), um perfume muito caro. Calcula-se que ele valia 300 denários, equivalente ao salário de um ano.

Marcos diz que ela derramou o bálsamo sobre a cabeça de Jesus. João acrescenta que ela também usou o bálsamo para ungir os pés de Jesus e os enxugou com seus cabelos, além de ter inundado a casa com cheiro daquele perfume caríssimo. Foi uma demonstração profunda de afeto sacrificial.

Marcos diz que alguns ali se indignaram com Maria, considerando um desperdício. João revela que Judas Iscariotes, o traidor, foi um que também expressou indignação (João 12:4-6). E a justificativa dele era que aquele perfume deveria ter sido vendido e o dinheiro ter sido dado aos pobres.

João 12:6 diz que Judas “não disse isso porque tivesse cuidado dos pobres; mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, tirava o que nela se lançava”. Em outras palavras, ele quis dizer: “poderia ter vendido o perfume para que eu pudesse furtar mais dinheiro”.

Jesus respondeu: “Deixai-a; por que a molestais? Ela praticou boa ação para comigo” (Marcos 14:6). Foi um ato de profunda devoção de Maria. E Jesus, tomando emprestado Deuteronômio 15:11, completou: “Porque os pobres, sempre os tendes convosco e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem, mas a mim nem sempre me tendes” (Marcos 14:6-7).

Adorar a Cristo é a prioridade máxima. A verdadeira adoração a Cristo produz corações generosos para a prática de boas obras, inclusive a caridade. A fé verdadeira resulta em boas obras, mas as boas obras não resultam na fé verdadeira (Ef. 2:8-10). Adorar a Cristo é sempre a maior prioridade de um verdadeiro cristão e da igreja do Senhor.

E Maria já havia dado exemplo de priorizar a adoração. Em Lucas 10:38-42, quando Jesus foi à casa daquela família, Marta, uma verdadeira seguidora de Jesus, estava preocupada com muitos serviços, mas Maria ficou sentada aos pés de Jesus, aprendendo, prestando atenção em cada palavra que Ele dizia.

E Jesus lhe disse: “Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada” (Lucas 10:41,42).

Os inimigos de Jesus sabiam que Jesus falou que morreria e ressuscitaria. Presumo que Maria também sabia. E ela tinha bons motivos para crer nisso, porque Jesus havia ressuscitado Lázaro, seu irmão, dentre os mortos (João 11:1-46). E Jesus disse: “Ela fez o que pôde: antecipou-se a ungir-me para a sepultura” (Marcos 14:8).

E tão significativo foi o ato de adoração de Maria, que Jesus disse: “Em verdade vos digo: onde for pregado em todo o mundo o evangelho, será também contado o que ela fez, para memória sua” (Marcos 14:9).

E é exatamente sobre isso que estamos falando agora, dois mil anos depois. Sabemos que o miserável traidor estava ali naquela casa, mas também sabemos que ali também estava Maria, que deu uma demonstração inequívoca de fé e devoção a Cristo.

A próxima pessoa que Marcos 14:10-11 fala é de Judas Iscariotes, o traidor.

Marcos 14
¹⁰ E Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os principais sacerdotes, para lhes entregar Jesus.
¹¹ Eles, ouvindo-o, alegraram-se e lhe prometeram dinheiro; nesse meio tempo, buscava ele uma boa ocasião para o entregar.

Judas Iscariotes era um dos Doze. O nome Judas é uma forma grega de Judá, seu significado é “louvor a Deus”. Iscariotes significa que ele é da vila de Kerioth, 37 quilômetros ao sul de Jerusalém. Ele era o único não galileu entre os apóstolos.

Judas seguia Jesus por motivos egoístas, orgulhosos e materialistas, queria bens, poder e glória. E quando esse sonho começou a se desmoronar, o câncer maligno e não curado na sua alma miserável se espalhou até corromper totalmente a sua mente.

Ele viu que as coisas não estavam caminhando na direção que desejava: Jesus era rejeitado, perseguido e jurado de morte pelos líderes religiosos. E o próprio Jesus falava constantemente que seria preso e morto (Mt. 16:21; 20:17-19 etc.).

Judas queria um reino, não uma cruz. Ele queria sair, mas não sem uma compensação pelos tempo perdido seguindo Jesus. Ele estava disposto a tudo para pegar mais algum dinheiro.

Então, tomado por Satanás (Lc. 22:3; João 13:27), Judas procurou os líderes religiosos para arquitetar um plano para indicar onde Jesus estaria naquela noite de quinta-feira. Ele precisava de um local sem multidões ao redor. Lucas 22:6 diz que “Judas concordou e buscava uma boa ocasião de lhe entregar sem tumulto”.

Jesus sabia que o plano estava em andamento. Em Marcos 14:18, quando comiam juntos, Jesus disse: “Em verdade vos digo que um dentre vós, o que come comigo, me trairá”. E Judas fez isso em troca de 30 moedas de prata, conforme vemos em Zacarias 11:12-13. Aquele valor era o preço de um escravo, segundo Êxodo 21:32.

Judas estava frustrado, pois pensou Jesus o elevaria a uma posição de grandeza em um reino. Naquele momento ele só queria conseguir dinheiro e fugir, pois sabia que os discípulos entrariam em caos. Satanás entrou em Judas e o moveu contra o Senhor (Lc. 22:3; João 13:27).

O que Satanás estava tentando realizar? Ele queria matar Jesus na cruz?

Não. Isso é o oposto do que ele queria fazer.

Satanás não queria colocar Jesus na cruz, ele sabia o que a cruz significava. Ele não estava buscando a crucificação de Cristo. Mas ele nunca esteve no comando de nada. Satanás não sabia que estava agindo para cumprir o propósito de Deus.

Em Mateus 16:21-23, quando Jesus falou aos discípulos que “lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitado no terceiro dia”.

Pedro disse: “Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá”. Jesus, de forma veemente, respondeu: “Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens”.

Satanás queria manter Cristo longe da cruz e impedir o plano de Deus. Ele sabia que Jesus era o Cordeiro morto desde a fundação do mundo, pois conhecia todas as profecias do Antigo Testamento e entendia que os sacrifícios levíticos apontavam para o sacrifício perfeito que saciaria a justiça divina.

Ele sabia que Jesus veio para salvar seu povo dos seus pecados (João 1:29). Ele sabia que a sombra da cruz cobriu toda a vida de Jesus. Ele sabia que essa era a expiação satisfatória que Deus havia planejado.

Satanás sabia que se Jesus morresse naquela cruz, seu reino de trevas e domínio seriam destruídos para sempre. Deus queria Jesus morto na cruz e Satanás quis impedir isso.

Então, por que Satanás incitou Judas a trair Jesus?

A resposta é bem simples. Havia um plano para matar Jesus, mas o Sinédrio temia a reação da multidão naqueles dias de festa, acreditando que ela impediria a crucificação. Os líderes religiosos levaram a sério a multidão chamando Jesus de rei em sua entrada em Jerusalém (Mc. 11:9-10).

Os líderes religiosos não queriam matar Jesus naquele período da Páscoa e da Festa dos Pães Asmos, quando multidões estavam em Jerusalém (Marcos 14:2). Eles temiam um tumulto incontrolável. E era exatamente isso que Satanás queria fazer.

Satanás queria criar um cenário que interrompesse a direção de Cristo até a cruz. Ou seja, ele queria ver um rei sem cruz. Se Jesus não morresse na cruz como o Cordeiro Pascal, não haveria redenção

A coisa mais triste sobre Judas é que ele era um dos doze. Sob a influência diária do Senhor Jesus Cristo, ele se tornou o oposto dos outros onze. Os demais apóstolos se tornaram santos; ele se tornou um filho do inferno, uma ferramenta nas mãos de Satanás.

Para ele, os dias andando com Jesus se tornaram mais e mais frustrantes, e, em seguida, eles se tornaram intoleráveis. Durante o tempo que ele andou com Jesus, ele o viu trilhando um caminho oposto às suas pretensões.

O pecado de Judas não tem igual, mas o paralelo mais próximo ao pecado de Judas é o pecado de Adão, porque Adão andou e conversou com Deus. Os dois são facilmente os crimes mais hediondos já cometidos. Assim, uma vez que Satanás entrou em ação, Judas deu continuidade ao plano.

É tão difícil imaginar um traidor entre os doze homens que Jesus escolheu. Mas Deus sempre esteve no controle total. O traidor estava apenas cumprindo as Escrituras. Em sua oração sacerdotal, Jesus disse:

Enquanto eu estava com eles, eu os guardava no teu nome que me deste; e os conservei, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura (João 17:12).

Em Judas Iscariotes temos a lição da loucura da oportunidade perdida. O desperdício do privilégio de conhecer a verdade de Cristo, ver Sua beleza e Sua glória, e, mesmo assim, ser tomado pelas trevas contra a luz. A lição do perigo do amor ao dinheiro, poder, ambição e coisas temporais.

A traição aconteceu num momento em que Judas e os líderes religiosos não queriam, por temer a reação da multidão. Mas era o momento que Satanás queria que acontecesse, potencializando um possível motim. Todos subestimaram a inconstância da multidão.

Por fim, temos mais um grupo: Os discípulos.

Marcos 14
¹² E, no primeiro dia da Festa dos Pães Asmos, quando se fazia o sacrifício do cordeiro pascal, disseram-lhe seus discípulos: Onde queres que vamos fazer os preparativos para comeres a Páscoa?

O Senhor tinha um plano de celebrar a Páscoa na quinta-feira à noite. Jerusalém estava lotada. Ele precisava de um lugar secreto para estar com os doze discípulos. E, por isso, Judas saiu dali para consumar sua traição, Jesus estava longe das multidões.

O Senhor conhecia os pensamentos de Judas. O covarde Judas Iscariotes contava com a escuridão da noite, o futuro conhecimento do lugar secreto em que Jesus estaria e a distância da multidão. Ele não queria perder aquela oportunidade, mas tudo só aconteceu no tempo que Deus planejou.

Marcos 14
¹³ Então, enviou dois dos seus discípulos, dizendo-lhes: Ide à cidade, e vos sairá ao encontro um homem trazendo um cântaro de água;
¹⁴ segui-o e dizei ao dono da casa onde ele entrar que o Mestre pergunta: Onde é o meu aposento no qual hei de comer a Páscoa com os meus discípulos?
¹⁵ E ele vos mostrará um espaçoso cenáculo mobilado e pronto; ali fazei os preparativos

Estamos na quinta-feira. Jesus enviou Pedro e João (Lc. 22:8) para encontrar um homem carregando uma jarra de água. Isso seria algo raro, pois era uma tarefa realizada por mulheres. Eles precisavam de um sinal incomum.

O dono da casa já estava com um espaçoso cenáculo mobiliado e disponível para aquele encontro. Não sabemos se Jesus havia feito isso previamente ou foi sobrenaturalmente que tudo aconteceu.

Judas saberia o local secreto em que Jesus estaria, mas apenas na celebração da Páscoa, e não antes. Além de celebrar a Páscoa, Jesus tinha muitos ensinos a passar para os discípulos, registrados em João 13 a 17.

Apenas Pedro e João teriam conhecimento exato do local antes da noite de quinta-feira. Jesus precisava de um tempo a sós com seus discípulos, então Judas não poderia ter prévio conhecimento do local.

Ali seria um lugar perfeito para Judas entregar Jesus, pois estaria longe da multidão. Os líderes religiosos poderiam prender Jesus, pois ele estaria sozinho com seus discípulos. Mas Jesus agiu de forma que sua prisão não fosse ali, mas no Jardim do Getsêmani, para onde eles foram depois da celebração da Páscoa (Marcos 14:32).

Jesus sabia que era essencial celebrar a Páscoa com seus discípulos naquela noite (Lucas 22:15). Durante aquela refeição final, ele transformou a celebração da Páscoa na Ceia do Senhor, que relembra sua morte na cruz. Sobre a ceia, Paulo escreveu:

Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha. (1 Coríntios 11:23-26).

Em vez de lembrar os cordeiros abatidos no Egito, o pão e o cálice passaram a significar o corpo e sangue do Cordeiro sacrificial de Deus (1 Cor. 11: 23-26). Além de celebrar a Ceia do Senhor, Jesus também deu aos discípulos palavras vitais de promessas e esperança para fortalecê-los após a sua morte (João 13 a 17).

Por que Jesus celebrou a Páscoa na quinta-feira e não na sexta-feira?

Os galileus observavam a Páscoa na quinta-feira à noite, enquanto os da Judeia comemoravam na sexta-feira. Os dois dias eram reconhecidos e legitimados como a Páscoa.

Os judeus da parte norte de Israel (incluindo a Galileia) contavam os dias a partir do nascer do sol até o próximo nascer do sol. A maioria dos fariseus, aparentemente, também usou esse método.

Por outro lado, os judeus da região sul de Israel (incluindo a Judeia) contavam os dias do pôr-do-sol ao próximo pôr-do-sol. Isso incluiria os saduceus, intimamente relacionados ao sacerdócio e as questões do Templo,

O duplo método de contar os dias resultava em benefícios práticos na Páscoa, permitindo que a festa fosse comemorada em dois dias consecutivos. Isso teria facilitado as condições de superlotação em Jerusalém, especialmente no templo, onde todos os cordeiros não teriam que ser mortos no mesmo dia

Então, Jesus comeria a Páscoa com seus discípulos na quinta-feira à noite e ainda morreria como o cordeiro pascal na sexta-feira à tarde, no mesmo horário em que os sacerdotes sacrificavam os cordeiros.

Conclusão

O drama da cruz envolveu uma miríade de atores: de líderes religiosos antagônicos como Caifás; devotos adoradores como Maria; um traidor como Judas Iscariotes e fiéis e íntimos seguidores como Pedro e João.

Mas, em última análise, tudo aponta de volta para Deus, o Pai, cuja mão invisível soberanamente orquestrou todos os detalhes de acordo com seu plano perfeito (Atos 2:23; 3:18; 4:28).

Em sua crucificação, o Senhor Jesus não foi uma vítima. Em vez disso, ele era o Filho de Deus vitorioso que, de forma submissa, obedeceu ao Seu Pai celestial, a ponto de morrer numa cruz.

[Jesus] subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai (Filipenses 2:6-11).

Jesus tomou emprestado a vida humana por 33 anos. Ele nasceu em uma manjedoura emprestada. Ele morou em casas emprestadas durante todo o Seu ministério. Ele entrou em Jerusalém num animal emprestado.

Ele pegou emprestado um alojamento de amigos em Betânia, pegou emprestado o cenáculo para a Páscoa, pegou emprestado uma cruz romana por algumas horas e pegou emprestado um túmulo.

Mas, na verdade, ele era dono de tudo. Tudo foi criado por ele e para ele (Cl. 1:16). Ele venceu e recebeu um “nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai”. Vamos orar.

Pai, nós Te agradecemos pela Tua Palavra. Como é revigorante e enriquecedor quando nos reunimos para contemplá-la. O Senhor orquestrou tudo poderosamente conforme teus próprios propósitos.

Todos nós vivemos funcionando dentro de um grande plano soberano e sobrenatural para realizar teus propósitos e tua vontade. O Senhor está no controle de tudo.

Vemos a mão onipotente da providência divina até mesmo na preparação para a morte do Salvador, para que tudo estivesse de acordo com o teu plano perfeito. Isto é maravilhoso!

Tudo isto fala da autoria divina das Escrituras, bem como da mão divina em todos os eventos da história, especialmente na encarnação, vida, morte, ressurreição e glorificação de Jesus.

Quão encorajador é, Senhor, mais uma vez contemplarmos a veracidade da Tua Palavra. Que presente é termos a tua verdade. Agradecemos-Te pela Tua preciosa Palavra! E aguardamos com ansiedade aprender mais dela. Em nome de Cristo, amém.


Leia também:

Desvendando Judas
Chamado de Judas Iscariotes (1)
Chamado de Judas Iscariotes (2)


Esta é uma série de  sermões de John MacArthur sobre o Evangelho de Marcos.

Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos já publicados desta série.


Este texto é uma síntese do sermão “Players in the Drama of the Cross, Part 2”, de John MacArthur, em 10/4/2011.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/41-72/players-in-the-drama-of-the-cross-part-2

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno.


 

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