A Superioridade de Cristo
Continuando nossa trilha pela epistola aos Hebreus, veremos agora mais um pouco dos três primeiros versículos desta tremenda carta. Como vimos no sermão anterior, nos três primeiros versículos, o escritor de Hebreus apresenta a pessoa de Jesus Cristo. O tema da epístola é a pessoa de Cristo, em Sua superioridade e preeminência. Não há outro como Ele, tudo e todos estão abaixo Dele.
E assim, em Hebreus chegamos à preeminência de Cristo, especialmente Hebreus 1:1-3. Alguém disse que Jesus veio do seio do Pai para o seio de uma mulher. Ele se revestiu de humanidade para que pudéssemos nos revestir de divindade. Ele se tornou Filho do Homem para que pudéssemos nos tornar filhos de Deus.
Ele nasceu contra as leis da natureza, viveu na pobreza, foi criado na obscuridade e apenas uma vez cruzou os limites da terra em que nasceu, e isso em Sua infância [quando morou no Egito]. Ele não tinha riqueza ou influência, e não teve treinamento nem educação nas escolas do mundo.
Seus parentes eram simples e pouco influentes. Na infância, Ele assustou um rei. Na infância, Ele intrigou os doutores eruditos. Na idade adulta, Ele governou o curso da natureza. Ele caminhou sobre as ondas e silenciou os mares. Ele curou as multidões sem remédios e não cobrou por Seus serviços.
Ele nunca escreveu um livro, mas nem todas as bibliotecas do país poderiam conter todos os livros sobre Sua pessoa. Ele nunca escreveu uma música, mas é o tema para mais músicas do que todas as demais já compostas. Ele nunca fundou uma faculdade, mas todas as escolas juntas não podem se gabar de tantos alunos quanto Ele tem.
Ele nunca praticou Medicina e, no entanto, curou mais corações partidos do que os médicos curaram corpos partidos. Este Jesus Cristo é a estrela da Astronomia, a rocha da Geologia, o leão e o cordeiro da Zoologia, o harmonizador de todas as discórdias e o curador de todas as doenças.
Ao longo da História, grandes homens vieram e se foram, mas Ele continua vivo. Herodes não pôde matá-Lo. Satanás não pôde seduzi-Lo. A morte não poderia destruí-Lo, e a sepultura não poderia retê-Lo. Este é o nosso Cristo, o preeminente, e Ele é o tema da epístola aos Hebreus. Ele domina o livro, de uma ponta à outra.
BREVE REVISÃO DO SERMÃO ANTERIOR
Hebreus é uma carta maravilhosa de um escritor desconhecido, um cristão desconhecido, para uma congregação de crentes judeus existentes em algum lugar fora da terra de Israel, que foram ganhos para Cristo por missionários apostólicos.
A ênfase da epístola é para os cristãos, embora ao longo dela haja pelo menos cinco advertências para os incrédulos, ou para aqueles que conhecem a verdade e a rejeitam, ou aqueles que ainda não entenderam a verdade. Seja se o escritor de Hebreus está se direcionando a um incrédulo que precisa receber a Cristo, ou a um crente que já O recebeu, ele está constantemente anunciando a superioridade de Cristo.
Mesmo os cristãos judeus corriam o risco de permanecerem presos à Antiga Aliança. E o autor de Hebreus queria que eles entendessem que não precisavam mais dela, que Cristo é totalmente suficiente.
E assim, o livro de Hebreus, para o cristão judeu, é um lembrete das glórias de seu Salvador, um encorajamento de que a Nova Aliança é realmente melhor do que a Antiga Aliança, e de que ele não precisa se apegar à Antiga Aliança, mas pode abandoná-la e crescer até à maturidade em Cristo na Nova Aliança.
E então, espalhadas por toda parte no livro estão advertências para o judeu não-cristão, que tratam das consequências condenatórias para aquele que rejeitar a preeminência de Cristo e a Nova Aliança. Encaixando o tema de exaltar Jesus Cristo ao crente e ao incrédulo, os versículos iniciais de Hebreus são elevados e sublimes em sua exaltação de Cristo, estabelecendo, no início da epístola, Sua preeminência absoluta e total. Jesus Cristo, superior a tudo e a todos que existem.
No Sermão anterior, vimos, em primeiro lugar, a PREPARAÇÃO PARA CRISTO.
No versículo 1. Observe isto: “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas…”. Para o homem saber alguma coisa sobre Deus, Ele tem que falar. Se existe um Deus, a única maneira de sabermos quem Ele é e o que Ele quer é se Ele falar.
E assim, Deus falou no passado, e o falar de Deus é o que chamamos de Antigo Testamento. Ele falou de muitas maneiras, de muitas formas, muitos padrões, em muitos momentos diferentes, mas era sempre Deus falando.
Seja por meio de um profeta ou de um sacerdote, seja por meio de um erudito ou indouto, seja por visão, parábola, diretamente do céu ou indiretamente, pela mente do homem, sempre foi Deus falando, de modo que o Antigo Testamento é a voz de Deus de fato. O Antigo Testamento era a mensagem de Deus para os homens, anunciando a vinda de Seu Filho. Então, realmente, todo o Antigo Testamento é uma preparação para Cristo.
Então, em segundo lugar, vimos no sermão anterior sobre a APRESENTAÇÃO DE CRISTO
na sequência do verso 1: “… a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho…”. A preparação de Cristo é o Antigo Testamento. A apresentação de Cristo é o Novo Testamento.
No Antigo Testamento, Deus falou de muitas maneiras, de muitas formas, através de muitos indivíduos diferentes. No Novo Testamento, Deus fala através de Seu Filho, e todos os escritores do Novo Testamento são comentaristas ou historiadores de Seu Filho, pois Jesus Cristo é o tema do Novo Testamento.
No Novo Testamento, ou o homem está escrevendo, por inspiração do Espírito Santo, a história da vida de Cristo, ou está registrando para nós princípios estabelecidos pela pessoa de Jesus Cristo, de modo que o Novo Testamento é, de fato, a revelação de Cristo, ou a apresentação de Cristo.
O Antigo Testamento era fragmentário, e nenhum profeta tinha toda a verdade. Mas quando Jesus veio, Ele é a verdade encarnada. Ele não é uma revelação fragmentária, Ele é Deus totalmente revelado, totalmente manifestado. Portanto, há dois estágios da revelação divina delineados para nós nessas declarações iniciais de Hebreus: o Antigo Testamento e o Novo Testamento.
Agora, observe o seguinte: a revelação divina, do Antigo Testamento ao Novo Testamento, é progressiva. A revelação progressiva partiu da promessa ao cumprimento. O Antigo Testamento é a promessa; o Novo Testamento é o cumprimento.
Jesus Cristo veio, e de fato disse: “Eu não vim abolir a lei” – que é o Antigo Testamento – mas fazer o quê? – “cumprir” (Mt 5:17). E assim, a revelação progride da promessa ao cumprimento.
De fato, o Antigo Testamento indica claramente que os homens de fé que o estavam escrevendo estavam confiando em uma promessa que ainda não haviam compreendido. Eles estavam confiando em uma promessa que ainda estava por vir. Deixe-me dar-lhes algumas ilustrações:
Hebreus 11:39-40, falando sobre os heróis da fé, declara que aquelas pessoas, por mais grandiosas que tenham sido, “tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa, provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados.” Em outras palavras, eles nunca viram o cumprimento da promessa; eles não a receberam. Eles simplesmente creram no que ia acontecer sem vê-lo totalmente realizado.
1 Pedro 1:10 diz: “Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada.” Pedro está falando que os profetas do Antigo Testamento olharam para o que escreveram e nem entenderam o que haviam escrito. O texto continua, nos versos 11 e 12:
11 Indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir.
12 Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos desejam bem atentar.
Os autores do Antigo Testamento estavam escrevendo sobre promessa não cumprida, e então, eles liam o que escreveram para tentar descobrir o que significava. Agora, essa é a essência da inspiração divina, pois eles nem mesmo entenderam sobre o cumprimento do que escreveram.
Assim, a revelação progressiva começa com promessa, no Antigo Testamento, e termina no Novo Testamento com o cumprimento, quando Deus fala em Seu Filho. E se você quiser ouvir o que Deus tem a dizer, meu amigo, ouça Jesus Cristo, e ninguém mais. A verdade de Deus não pode ser encontrada nas religiões, mas em Cristo. “Em nenhum outro há salvação”, disse Pedro (Atos 4:12).
“Deus nos falou nestes últimos dias por Seu Filho” (Hb 1:1). Isso quer dizer que Deus falou de forma conclusiva e exclusivamente por Jesus Cristo. Você diz: “E as pessoas que estão em todos os tipos de religiões?” Se elas não ouvem o que Deus diz na pessoa de Jesus Cristo, então elas não estão ouvindo Deus.
O Antigo Testamento nos diz pelo menos em duas passagens – Jeremias 23:18 e 22, e Amós 3:7 – que os profetas foram informados dos segredos de Deus, e eles escreveram esses segredos sem entendê-los. Mas, em Jesus Cristo, todos eles são compreendidos. Ele é o cumprimento. Ele é a palavra final de Deus.
2 Coríntios 1:20 diz o seguinte: “Porque todas quantas promessas há de Deus, são nele sim, e por ele o Amém, para glória de Deus por nós.” Em outras palavras, toda promessa se resolve em Cristo. Todas as promessas se tornam “sim”, e nEle todas elas se cumprem. Jesus Cristo, então, é a revelação final.
Agora, observe ainda a expressão “nestes últimos dias” (Hb 1:1). Que últimos dias? Nos últimos dias da promessa, nos dias do cumprimento da promessa. O dia do cumprimento de todas as promessas significa os últimos dias.
No Antigo Testamento, o judeu sempre via os últimos dias como o momento em que todas as promessas seriam cumpridas. Eles consideravam como os últimos dias o tempo em que o Messias viria, o reino viria, a salvação viria e Israel não estaria mais sob escravidão.
Os últimos dias se referem ao tempo em que as promessas pararam e o cumprimento das promessas começou. E, de fato, é exatamente isso que Jesus veio fazer. Ele veio para cumprir as promessas. Embora a promessa do reino ainda não foi totalmente cumprida, a era do seu cumprimento começou quando Jesus chegou, e não será finalmente concluído até que entremos nos céus eternos.
Mas, a era da promessa do Antigo Testamento terminou quando Jesus veio. E assim, vemos que Jesus Cristo não é um mero homem. Ele é a revelação de Deus concluída, culminada. Deus se expressou plenamente em Cristo, em total verdade.
Agora, isso faz de Cristo algo muito especial. Isso faz de Cristo algo mais do que apenas um humano, ou como muitos gostam de vê-Lo, apenas um ser humano especial, glorioso. Isso faz de Cristo algo infinitamente superior a qualquer outro ser criado. Pois Ele é Deus manifestado em carne, a revelação final e última de Deus, em quem todas as promessas de Deus são cumpridas.
A PREEMINÊNCIA OU SUPERIORIDADE DE CRISTO
Os versículos 2 e 3 de Hebreus 1 nos introduzem ao tema “A PREEMINÊNCIA DE CRISTO”. Vimos a preparação para Cristo, a apresentação de Cristo, e aqui, a preeminência de Cristo:
2 A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo.
3 O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas
Nesta breve mas potente seção, o Espírito Santo exalta Cristo como a expressão plena e final revelada de Deus. Ele é mais exaltado, mais excelente e superior a qualquer um ou a qualquer coisa. E nesses versículos, Ele nos diz que Cristo é o começo, meio e fim de todas as coisas.
Uma questão sempre levantada é sobre quem seja Jesus Cristo. E algumas pessoas dirão que Ele é um bom mestre, outras dirão que Ele é um fanático religioso, alguém dirá que Ele é falso ou até um criminoso. Há quem diga que Ele era um espírito. Outros dizem que Ele foi um revolucionário político.
Outros podem dizer que Ele era a forma mais elevada de vida humana, que possuía a faísca da divindade e a transformou numa chama forte, e que todos nós temos também essa faísca, mas não a abanamos o suficiente para transformá-la em uma chama forte, como Jesus fez.
Você vai encontrar muitas explicações sobre quem é Jesus, mas eu quero que você ouça o que Deus diz sobre quem Ele é. E aqui Deus dá Sua resposta, em uma apresentação sétupla de Cristo. Nos versículos 2 e 3 de Hebreus 1, você encontrará AS SETE EXCELÊNCIAS DE JESUS CRISTO. E elas são fantásticas, colocam-No acima e além de qualquer outra pessoa.
PRIMEIRA EXCELÊNCIA DE CRISTO: SUA POSIÇÃO DE HERDEIRO
Veja a primeira parte do versículo 2: “A quem constituiu herdeiro de tudo”.
A primeira coisa que aprendemos sobre Jesus Cristo é que Ele é o herdeiro de todas as coisas. Colossenses 1:16 diz:
Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele.
Se Jesus é o Filho de Deus, então Ele é o herdeiro de tudo o que Deus possui, e tudo o que existe encontra seu significado final quando chega ao controle de Jesus Cristo. Nos Salmos, o fato de que Jesus Cristo seria o herdeiro de tudo o que Deus possui é indicado.
No Salmo 2:6-7, temos Deus falando sobre Cristo: “Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte de Sião. Proclamarei o decreto: O Senhor me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei.”
Quando diz “eu hoje te gerei”, refere-se ao seu nascimento e à sua ressurreição, conforme Hebreus 1:5-6 e Atos 13:33-34. à Sua ressurreição. E continua, nos versos 8 e 9:
8 Pede-me, e eu te darei os gentios por herança, e os fins da terra por tua possessão.
9 Tu os esmigalharás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro.
O salmista indica que Deus teria um Filho que se tornaria o herdeiro de tudo o que Ele possui. E esse Filho é Jesus Cristo. No Salmo 89:27, temos Deus falando: “Também o farei meu primogênito mais elevado do que os reis da terra.”
E “primogênito” aí não significa que Jesus Cristo uma vez não existiu e que foi criado e passou a existir. O termo primogênito na Bíblia se refere àquele que possui o direito à herança. Não tem necessariamente um sentido cronológico, mas o sentido de um direito legal. E assim, Deus está dizendo: “Cristo será meu herdeiro”. O reino destinado a Deus, então, pertencerá a Jesus Cristo. Tudo o que foi criado foi feito por Cristo e para Ele.
Outro versículo me vem à mente, Romanos 11:36, que diz: “Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.” Então, tudo o que existe, existe para Jesus Cristo, para se tornar Dele. Ele é o herdeiro de todas as coisas, e ser elevado a esse tipo de plano fala de Sua igualdade com Deus.
Um carpinteiro galileu – crucificado nu e sangrando como um criminoso comum, fora da cidade de Jerusalém – imaginar que esse mesmo indivíduo é o Rei dos reis e Senhor dos senhores está além do entendimento natural.
Veja Apocalipse 5, e deixe-me provar isso para você. Até mesmo imaginar que um ser humano como Jesus poderia ser o herdeiro de tudo o que existe, e Rei dos reis e Senhor dos senhores por toda a eternidade, simplesmente não cabe no cérebro humano sem que haja revelação divina.
Em Apocalipse 5, Deus está sentado em um trono, e em Sua mão Ele tem um rolo, e esse rolo é o título de propriedade da Terra, e de tudo o que está nela. Esse pergaminho, ou essa escritura, é para o herdeiro, aquele que tem o direito de tomar a Terra. Com isso em mente, olhemos para o versículo 1:
E vi na destra do que estava assentado sobre o trono um livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos.
Nos tempos romanos, quando um testamento era escrito, tinha que ser selado 7 vezes. Era escrito, e à medida que o papel era enrolado, ele era selado, até completar 7 selos. E assim, ninguém poderia abri-lo sem violar os selos. O testamento é o documento que registra a vontade do testador, do autor ou dono da herança.
E João diz, no versículo 2: “E vi um anjo forte, bradando com grande voz: Quem é digno de abrir o livro e de desatar os seus selos?” Em outras palavras, quem é o herdeiro legítimo da Terra? Quem tem o direito de entrar e possuir a Terra?
O versículo 3 nos informa: “E ninguém no céu, nem na terra, nem debaixo da terra, podia abrir o livro, nem olhar para ele.” E João diz, no versículo 4: “E eu chorava muito, porque ninguém fora achado digno de abrir o livro, nem de o ler, nem de olhar para ele.”
E, então, o verso 5 diz: “E disse-me um dos anciãos: Não chores; eis aqui o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, que venceu, para abrir o livro e desatar os seus sete selos.” Quem é esse? Cristo.
O texto continua, verso 6: “E olhei, e eis que estava no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos um Cordeiro, como havendo sido morto, e tinha sete chifres e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus enviados a toda a terra.” Os “quatro seres viventes” são anjos, e “os sete espíritos de Deus” se refere à manifestação sétupla do Espírito Santo.
Nota do tradutor – sobre a manifestação sétupla do Espírito de Deus, leia Isaías 11:2, que cita as 7 manifestações do Espírito: “E repousará sobre ele o Espírito do SENHOR [1], o espírito de sabedoria [2] e de entendimento [3], o espírito de conselho [4] e de fortaleza [5], o espírito de conhecimento [6] e de temor [7] do SENHOR.”
O texto de Apocalipse 5 continua, verso 7: “E veio, e tomou o livro da destra do que estava assentado no trono”. Por quê? Porque Ele tinha o direito de tomá-lo; Ele é o herdeiro da Terra. E assim, em Apocalipse 5, vemos por profecia, na visão de João, que um dia Jesus Cristo virá, receberá o rolo da mão do Pai e herdará a Terra.
Em Apocalipse 6 começa a Tribulação, que é o registro de Cristo tomando de volta a Terra, que é Sua por direito, e um por um, Ele desenrola os selos. O texto relata os sete selos do Apocalipse sendo abertos. E em cada um dos sete, Cristo está possuindo e controlando Sua herança.
Finalmente, em Apocalipse 11:15, lemos o seguinte: “E o sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre.” Este é o sétimo selo sendo aberto. Trata-se do clímax. Quando Jesus romper o sétimo selo, as sete trombetas soarão, a Terra será Dele.
Jesus Cristo, então, é o herdeiro legítimo de tudo o que Deus tem. Você diz: “Quão rico é Jesus?” Ele é o herdeiro de tudo! Veja Hebreus 1:2 novamente: “A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo.”
Você não pode minimizar isso. A Bíblia diz que quando Cristo veio à Terra, Ele se tornou pobre por nossa causa, para que nós, pela Sua pobreza, enriquecêssemos (2Co 8:9). Ele era pobre, não tinha nada para Si mesmo. Ele não tinha onde reclinar a cabeça. Até Suas roupas Lhe foram tiradas. Ele foi enterrado em uma sepultura que não pertencia a Ele.
Na Terra, Ele foi pobre por nossa causa. Mas, um dia, Ele herdará todas as coisas, e de acordo com Filipenses 2: 9-11, todos os que existem no Universo, seja quem for, quando perguntados: “Quem é Rei?”, dirão: “É Jesus, Filho de Deus”:
9 Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome;
10 Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,
11 E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.
E assim, o Espírito Santo diz aos hebreus: “Este Jesus é o herdeiro de todas as coisas”, estabelecendo Sua primeira gloriosa proeminência. Em Atos 2:36, Pedro disse quase a mesma coisa, quando pregou aos judeus: “Saiba, pois, com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.”
É o mesmo Jesus. O carpinteiro da Galileia que morreu pregado numa cruz é, de fato, o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Ele governará o mundo!
Até mesmo Satanás sabia disso, porque quando ele O tentou no deserto, ele queria que Jesus se curvasse a ele, alegando ser ele o dono do mundo. Porém, Jesus é o herdeiro da herança garantida pela promessa de Deus. E é algo fantástico lembrarmos que você e eu, de acordo com Romanos 8:16 e 17, seremos coerdeiros com Cristo. Quando entrarmos em Seu reino eterno, juntos possuiremos tudo o que Ele possui. A Bíblia não diz que seremos co-cristos ou co-senhores, mas seremos coerdeiros.
E por incrível que pareça, mesmo Jesus Cristo sendo o herdeiro de tudo o que Deus possui, muitos ainda O recusam e rejeitam. Muitos ainda rejeitam o Antigo Testamento. Deus fala no Novo Testamento em Seu Filho, e eles continuam a rejeitar. Em Mateus 21, Jesus contou esta trágica parábola:
33 Ouvi, ainda, outra parábola: Houve um homem, pai de família, que plantou uma vinha, e circundou-a de um valado, e construiu nela um lagar, e edificou uma torre, e arrendou-a a uns lavradores, e ausentou-se para longe.
34 E, chegando o tempo dos frutos, enviou os seus servos aos lavradores, para receber os seus frutos.
35 E os lavradores, apoderando-se dos servos, feriram um, mataram outro, e apedrejaram outro.
36 Depois enviou outros servos, em maior número do que os primeiros; e eles fizeram-lhes o mesmo.
37 E, por último, enviou-lhes seu filho, dizendo: Terão respeito a meu filho.
38 Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e apoderemo-nos da sua herança.
39 E, lançando mão dele, o arrastaram para fora da vinha, e o mataram.
40 Quando, pois, vier o senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?
41 Dizem-lhe eles: Dará afrontosa morte aos maus, e arrendará a vinha a outros lavradores, que a seu tempo lhe deem os frutos.
42 Diz-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra, que os edificadores rejeitaram, essa foi posta por cabeça da esquina; pelo Senhor foi feito isto, e é maravilhoso aos nossos olhos?
43 Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos.
Rejeitar voluntariamente Jesus Cristo, como o mundo fez; crucificar Cristo, matar o Filho, tudo isso atrai a condenação e destruição total por parte de um Deus que punirá o mal. E para Israel, visto que o que ele fez foi tão flagrante, não apenas matando todos os profetas, mas matando o Filho, a promessa lhe foi tirada e foi dada a uma nova nação, a igreja, os gentios. E assim, os judeus foram postos de lado até o tempo de sua restauração.
Quão trágico é que embora Jesus Cristo seja claramente a revelação final de Deus, e o supremo Rei dos reis, Senhor dos senhores e herdeiro de tudo, os homens constantemente O rejeitam, crucificam-No novamente e O colocam em vergonha aberta.
SEGUNDA EXCELÊNCIA DE CRISTO: AUTOR DA CRIAÇÃO
Isso está no final do versículo 2: “por quem também fez o mundo”. Ou seja, Cristo é o agente pelo qual Deus criou o mundo. João 1:3 diz: “Todas as coisas foram feitas por Ele; sem Ele nada do que foi feito se fez”. Jesus Cristo é o agente da Criação.
Agora, meus amigos, eu já disse isso muitas vezes e, para mim, é uma prova única sobre quem é Jesus: mesmo enquanto viveu aqui na Terra, Jesus tinha a capacidade de criar, e isso o diferenciava do homem.
Se alguém pode criar, este é Deus; tem que ser. Deus não deu aos homens depravados o direito de criar. A capacidade de criar pertence a Deus e somente a Deus, e o fato de Jesus criar indica que Ele é Deus. Isso estabelece Sua superioridade absoluta sobre tudo. Ele criou tudo no mundo material. Ele criou tudo na esfera espiritual.
O homem manchou Sua criação com o pecado, mas Cristo a tornou boa originalmente, e até a criação, de acordo com Romanos 8, geme para ser restaurada ao que era no princípio, antes do pecado.
Agora, gostaria que você seguisse um pequeno raciocínio aqui, que está meio escondido no texto, se você não entender o grego. O final do versículo 2, diz: “Por quem também fez o mundo”. A palavra grega comumente traduzida como mundo é “kosmos”, mas essa não é a palavra usada aqui. A palavra traduzida como mundo no texto de Hebreus 1:2 é “aiōnas”.
Ela não significa o mundo material, mas as eras. Dessa forma, o texto não está dizendo que Jesus Cristo é apenas responsável pela criação do mundo material, físico, mas que é responsável por criar os próprios conceitos de tempo, espaço, força, ação e matéria.
Cristo é responsável por criar todo o Universo de tempo e espaço. O texto não usa a palavra “kosmos”, restringindo-a a esta Terra, mas faz de Cristo o criador do Universo, das eras, de todos os conceitos e limites da existência. Cristo fez tudo, cada pedacinho, sem esforço.
Sir John Eccles, Prêmio Nobel de Neurofisiologia, declarou em Chicago, em janeiro de 1968, que as chances para a combinação certa de circunstâncias terem concorrido para desenvolver vida inteligente na Terra eram, na verdade, contrárias a isso. Essa é uma declaração muito brilhante, no sentido de que as chances são contrárias à evolução.
Ele disse que as chances são de cerca de 400 mil trilhões para 1. Ou seja, ele afirmou que era fantasticamente improvável. Então, ele indicou que acreditava que o início do processo evolutivo ocorreu, mas nunca poderia ocorrer novamente, em qualquer planeta ou em qualquer outro sistema solar.
Agora, veja, este é o dilema da ciência: se você não considera Deus como o Criador, então você tem problemas reais. A ciência evolucionista acha que o homem é o produto de um processo evolucionário que partiu de algum lodo primitivo, e ninguém sabe de onde veio o lodo. Simplesmente estava lá.
A maravilhosa criatura, o homem, cujo coração bate 800 milhões de vezes em uma vida normal e bombeia sangue suficiente para encher uma série de vagões-tanque em uma ferrovia de Boston a Nova York, simplesmente evoluiu a partir de algo que o acaso gerou, segundo os evolucionistas.
Esse mesmo homem, que em 8 centímetros cúbicos de células cerebrais tem contidas todas as memórias de uma vida, cuja orelha transfere ondas de ar imediatamente para o fluido no ouvido interno, apenas deslizou para fora de algum lodo, segundo o Evolucionismo. Foi algum tipo de acidente cósmico.
Bem, um homem pode bancar o tolo e pode ser capaz de acreditar nesse tipo de idiotice, se nunca olhar para além do próprio nariz. Mas, se isso não for suficiente, deixe-o olhar para cima de vez em quando e tentar determinar se os céus foram ou não um acidente cósmico.
A. K. Morrison, um brilhante cientista, nos diz que as condições para a vida no planeta Terra e no Universo exigem bilhões de minúsculas circunstâncias envolvidas, que devem aparecer absolutamente simultaneamente no mesmo momento infinitesimal, para que qualquer tipo de vida apareça, o que torna a hipótese do acaso evolucionista uma crença além da possibilidade.
Por exemplo, considere a vastidão deste Universo. Você poderia fazer um buraco no Sol – seria preciso uma grande broca para fazê-lo – e você poderia colocar dentro dele 1.200.000 Terras, e ainda ter espaço para 4.300.000 Luas.
- O diâmetro do Sol é de 1.392.684 km, e ele está a 150 milhões de km de distância da Terra, mas a estrela mais próxima da Terra, depois do Sol, é a Alpha Centauri, que é cinco vezes maior que o nosso Sol.
- A Lua está a apenas 384.400 km de distância da Terra. Se você pudesse caminhar até ela, em 27 anos chegaria lá. Um raio de luz viaja a aproximadamente 300.000 km/s, então um feixe de luz alcançaria a Lua em 1 segundo, aproximadamente.
- Se pudéssemos nos mover na velocidade da luz – 300.000 km/s – chegaríamos a Mercúrio em 4 minutos e meio, que fica a 80 milhões de km de distância da Terra.
- Em 2 minutos e 18 segundos, passaríamos por Vênus, que está a 42 milhões de quilômetros de distância. Em 4 minutos e 21 segundos, chegaríamos a Marte, que está a 54 milhões de km de distância.
- Em seguida, chegaríamos a Júpiter, que está a 628 milhões de km de distância da Terra. Da Terra a Júpiter, na velocidade da luz, chegaríamos em 34 minutos e 35 segundos. E os números começam a não significar nada neste momento.
- Então, temos Saturno, que está duas vezes mais distante da Terra que Júpiter, cerca de 1.280.400.000 km de distância, e levaria 1 hora e 11 segundos para chegarmos lá, na velocidade da luz.
- Urano está a 2.720.400.000 km de distância da Terra. E então, temos Netuno, que fica a 4.350.400.000 km de distância da Terra [à velocidade da luz, levaríamos 4 horas, 2 minutos e 8 segundos para chegarmos lá, a partir da Terra].
- E então, chegaríamos a Plutão [na época da pregação deste sermão, Plutão era classificado como planeta], sendo sua distância da Terra calculada em 5.750.400.000 Km. À velocidade da luz, levaríamos 5 horas 19 minutos e 46 segundos para chegar lá.
- Mas, mesmo chegando a Plutão, que está tão distante, ainda sequer teríamos saído do Sistema Solar, que se move em uma órbita de 871.781 km/h através do espaço infinito. E a estrela mais próxima a nós, além do Sol, está dez vezes mais longe do que os limites do nosso Sistema Solar.
- A Estrela do Norte, para se ter uma ideia, está a 434 anos-luz de distância da Terra, mas isso ainda nem é muito longe, pois a estrela Betelgeuse está a 642,5 anos-luz de distância da Terra e o diâmetro da estrela Betelgeuse é 141.863 vezes maior que o diâmetro da Terra.
Agora, você diz: “De onde veio tudo isso? Quem o concebeu? Quem fez tudo isso?” Não pode ser um acidente, pois considerar toda essa magnitude do Universo como uma obra do acaso é uma das conclusões mais ineptas e estúpidas que já saíram da boca de alguém. Alguém criou o Universo, e minha Bíblia me diz que foi Jesus Cristo quem o fez.
Ele pode criar maravilhas além disso. Ele pode entrar em sua vida em um ato criativo. 2 Coríntios 5:17 diz: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criação é…”. Dessa forma, vemos o poder criador de Jesus.
TERCEIRA EXCELÊNCIA DE CRISTO: SEU RESPLENDOR
No versículo 3, de Hebreus 1, lemos em referência a Cristo: “O qual, sendo o resplendor de sua glória…”. Jesus é o resplendor da glória de Deus. A palavra traduzida como resplendor aí é “apaugasma”, que significa enviar luz, referindo-se a Jesus como a manifestação de Deus.
Ele expressa Deus para nós. Ele é o resplendor da glória de Deus. Ninguém pode realmente ver Deus. Nenhum de nós jamais o fará. O único esplendor que nos chega de Deus vem por meio de Jesus Cristo.
Assim como os raios do Sol atingem a Terra e a iluminam, aquecem e proporcionam vida e crescimento, Jesus Cristo é a gloriosa luz de Deus, brilhando nos corações dos homens.
Como você bem sabe, o brilho do Sol é da mesma natureza que o Sol. É tão velho quanto o Sol. Nunca houve Sol sem seu brilho, e o brilho não pode ser separado do Sol; e assim é com Cristo. Ele é da mesma natureza que Deus. Ele é tão eterno quanto Deus.
Nunca houve Deus sem Cristo, ou Cristo sem Deus, e nunca, ou de qualquer forma, Ele pode ser separado de Deus. E, no entanto, assim como o brilho do Sol não é o Sol, Jesus e Deus são distintos, nesse sentido. Em certo sentido Ele é Deus; em outro sentido, Ele é uma pessoa distinta.
Jesus Cristo, então, é o brilho da essência de Deus manifestado ao homem. Nós nunca saberíamos como Deus é se não tivéssemos Jesus para olhar. Em João 8:12, Jesus chegou ao templo no momento crucial, levantou-se e disse: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.”
Jesus Cristo é o brilho da glória de Deus, e Ele pode transmitir essa luz em sua vida e na minha, para que, literalmente, irradiemos a glória de Deus. É um mundo sombrio esse em que vivemos. Há a escuridão da injustiça, do fracasso, da privação, da separação, da doença e da morte. E há uma escuridão que é moral, pois os homens estão cegos por seus apetites e suas paixões ímpias.
É para este mundo escuro que Deus enviou Seus raios, como o Sol envia seus raios, e os raios de Deus são Jesus Cristo. Malaquias 4:2 diz: “Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, e cura trará nas suas asas; e saireis e saltareis como bezerros da estrebaria.”
Deus, que é aquele Sol de justiça, nos enviou os raios, Jesus Cristo. Sem o Filho de Deus, Jesus Cristo, a luz está apagada no coração do homem. Se você não conhece Jesus Cristo de maneira pessoal, só há escuridão em sua vida.
Em 2 Coríntios 4:6, o apóstolo Paulo nos fala do problema do homem: “Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo.” Isto é o que acontece quando Deus entra em sua vida: Ele te ilumina, e você entende a glória de Deus; você O vê, e você O contempla.
O problema está estabelecido no versículo 4, de 2 Coríntios 4, que trata daqueles que estão perdidos: “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.”
Deus enviou Seus raios na pessoa de Jesus Cristo, irradiando-os para o mundo do homem, para que o homem pudesse contemplar Sua luz e Sua glória, e para que o homem pudesse conhecer essa luz e, literalmente, irradiar essa luz também.
Mas, Satanás se move por este mundo para cegar a mente dos homens, para impedir que a luz do glorioso evangelho resplandeça sobre eles. Digo a você nesta noite o que certo compositor disse: “Venha para a luz, está brilhando para você. Docemente a luz raiou sobre mim”.
Que coisa tremenda é perceber que Jesus Cristo, que é a plena expressão de Deus na História humana, pode entrar em minha vida e me dar luz nas trevas deste mundo! Luz para conhecer Deus, entender Deus, conhecer a vida, conhecer o propósito, conhecer o significado, conhecer a felicidade, paz, alegria, companheirismo, tudo – e por toda a eternidade.
QUARTA EXCELÊNCIA DE CRISTO: ELE É A IMAGEM EXPRESSADE DEUS
O verso 3, de Hebreus 1, diz: “O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa…”. Jesus Cristo é a imagem expressa da pessoa de Deus.
Cristo não é apenas Deus manifesto, Ele é Deus em substância. Agora, estamos entrando em Teologia aqui. Jesus Cristo não é apenas Deus manifesto, e distintamente uma pessoa por Si mesmo, mas Ele também é Deus em substância. Ele é da mesma substância que Deus, e vou lhe mostrar o que isso significa.
A declaração “expressa imagem” (Hb 3:1) é usada no grego clássico para indicar uma marca ou um carimbo, ou a marca feita por um selo; uma gravura, por exemplo. E o que significa aqui no verso 3 é que Jesus Cristo é a reprodução exata de Deus. Jesus Cristo é, substancialmente, Deus.
Agora, observe que o versículo 3 diz “a expressa imagem da sua pessoa”, e a palavra “pessoa” aí significa substância ou essência. Cristo é a essência perfeita de Deus. Ele é a marca pessoal de Deus no tempo e no espaço.
Em Colossenses 1:15, lemos que Cristo é “a imagem do Deus invisível”, e a palavra grega traduzida como “imagem” aqui é “eikōn”, da qual obtemos a palavra ícone. “Eikōn” significa uma cópia precisa, uma reprodução ou uma imagem exata. Chamar Cristo de “eikōnion” de Deus significa que Ele é a reprodução exata de Deus.
Por exemplo, Colossenses 1:19 nos diz que em Cristo tudo de Deus se torna visível: “Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse”. E em 2:9, lemos: “Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade”.
Então, Cristo não é apenas Deus manifesto, mas Deus em essência. E sei que isso é difícil de entender. Eu mesmo não entendo. Só digo o que a Bíblia diz. Eu apenas sei que Ele é Deus, e ainda assim Ele é distinto em Sua própria pessoa, como Deus manifesto. Mas, não entendo isso completamente.
E uma coisa chocante é perceber que embora Deus se manifeste em Jesus Cristo, que Cristo é da substância de Deus, Ele é de fato Deus, Ele afirmou ser Deus, mas os homens continuam a rejeitá-Lo, a permanecerem cegos, nunca conhecendo a Deus, sendo separados de Deus e de tudo o que é bom e gracioso para sempre.
E assim, Jesus Cristo não é apenas a glória de Deus revelada, Ele é Deus em essência e natureza.
QUINTA EXCELÊNCIA DE CRISTO: SUA ADMINISTRAÇÃO
Isso também se encontra no verso 3 de Hebreus 1: “sustentando todas as coisas pela palavra do Seu poder”. Esse dever de Jesus Cristo é muito, muito fascinante. Ele não apenas criou todas as coisas, Ele não apenas um dia herdará todas as coisas, mas Ele as mantém todas juntas nesse meio tempo.
A sustentação do mundo significa apoiar, manter. E o verbo está no tempo presente, indicando ação contínua: “sustentando todas as coisas”. Tudo no Universo está sendo sustentado, neste momento, por Jesus Cristo.
E você sabe, é interessante, porque baseamos toda a nossa vida na continuidade ou na constância das leis físicas, não é? Quando algo acontece, como um terremoto, e apenas muda um pouco as coisas, causa uma situação de pânico.
Você pode imaginar o que aconteceria se Jesus Cristo entregasse Seu poder de sustentação às leis da Terra e do Universo, e tudo perdesse sua órbita e tudo fosse violado? Nós deixaríamos de existir. Se Ele simplesmente parasse de manter a lei da gravidade, teríamos sérios problemas.
As coisas não acontecem em nosso Universo por acaso, nem quando ele foi criado, nem no futuro, quando ele deixar de existir, nem agora. Jesus Cristo está sustentando o Universo. Ele é o princípio da coesão. Ele não é como os deístas alegam. Ele não é um relojoeiro que faz o relógio, vende e nunca mais o vê.
A razão pela qual o Universo é um “kosmos” em vez de um caos, a razão pela qual ele é uma unidade ordenada e confiável, em vez de uma confusão errática e imprevisível, é porque Jesus Cristo o sustenta.
E os cientistas, sempre que descobrem princípios científicos, pensando que estão descobrindo grandes e fantásticas verdades, não estão fazendo nada além de descobrir as leis de sustentação que Jesus Cristo usa para controlar o mundo. Nenhum cientista ou matemático, nenhum astrônomo ou físico nuclear poderia fazer qualquer coisa sem o poder sustentador de Jesus Cristo.
Se as leis físicas variassem, teríamos uma bagunça inacreditável. Nós não poderíamos existir. Aquilo que você come poderia se transformar em veneno. Você não poderia ficar na terra, seríamos afogados pelo oceano periodicamente. Coisas tremendas aconteceriam.
Todo o Universo está pendurado no braço de Jesus. Sua sabedoria insondável e poder ilimitado se manifestam no governo do Universo, e Ele o faz pela palavra de Seu poder, sem esforço. A chave para a Criação em Gênesis é: “e disse Deus”. Por todo o caminho através de Gênesis, Deus disse, e aconteceu.
- Considere, por exemplo, se a rotação da Terra diminuísse um pouco, nós congelaríamos e queimaríamos alternadamente. O Sol tem uma temperatura de superfície de 5.505 graus Celsius. Se estivesse mais perto ou mais longe da Terra, acabaríamos congelando ou queimando.
- Nosso globo está inclinado em um ângulo exato de 23°26′ [22 graus e 26 minutos], o que nos permite ter quatro estações. Se não estivesse inclinado assim, os vapores do oceano se moveriam para o Norte e para o Sul e teríamos continentes monstruosos de gelo. Se a Lua não mantivesse sua distância exata da Terra, a maré do oceano inundaria os continentes completamente, duas vezes por dia.
- Se o leito do oceano fosse alguns metros mais fundo do que é, o dióxido de carbono e o oxigênio na atmosfera da Terra seriam completamente absorvidos e nenhuma vida vegetal poderia existir na Terra.
- Se a atmosfera não permanecesse constante, mas diminuísse, muitos dos meteoros que agora são inofensivos, queimados quando atingem nossa atmosfera e que nos bombardeiam constantemente, impediriam nossa vida na superfície terrestre.
Quem mantém tudo nesse equilíbrio fantástico e delicado? Eu lhe direi quem: Jesus Cristo, que monitora e sustenta os movimentos e os desenvolvimentos do Universo. Cristo, o poder preeminente, sustenta tudo.
Seu poder de sustentar se aplica diretamente à minha vida, porque Filipenses 1:6 traz esta tremenda promessa: “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo”.
Quando Cristo começa uma obra em seu coração, Ele não apenas começa, mas termina, Ele se apega a ela no meio do processo. É por isso que, em sua carta, Judas ficou tão animado, quando disse “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória” (Jd. 1:24),
Jesus Cristo pode possuir sua vida, quando você a entrega a Ele, e Ele pode levar você no final de sua vida à presença de Deus, porque o tempo todo Ele sustenta sua vida. Ele te sustenta. E uma vida não sustentada por Cristo é um caos.
SEXTA EXCELÊNCIA DE CRISTO: SEU SACRIFÍCIO
Ainda no versículo 3, e eu amo isto: “havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados…”. Que declaração tremenda é essa! Sozinho, por Si mesmo, Ele purificou nossos pecados. A Bíblia diz: “O salário do pecado é…” – o quê? – “…a morte” (Rm 6:23).
Jesus Cristo, então, foi para a cruz, morreu nossa morte e, consequentemente, suportou a nossa penalidade, o que nos liberta. Se aceitarmos Sua morte e acreditarmos que Ele morreu por nós, isso nos libertará da penalidade do pecado. Ele fez isso por Si mesmo.
E, meus amigos, foi um trabalho maravilhoso quando Ele criou o mundo. É uma obra maravilhosa o fato de que Ele sustenta o mundo. Mas, uma obra maior do que essas é a obra de purificar os pecados dos homens. Hebreus 7:27 diz o seguinte:
Não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo.
No Antigo Testamento, os sacerdotes tinham que fazer sacrifício após sacrifício. Jesus fez um, uma vez por todas. Ele não é apenas o sacerdote, mas também o sacrifício. E assim, Ele purificou nossos pecados, algo que todos os sacrifícios do Antigo Testamento não podiam fazer.
Hebreus 9:12 traz esta declaração que eu amo: “Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção.” Os versos 13 e 14, 26, continuam:
13 Porque, se o sangue dos touros e bodes, e a cinza de uma novilha aspergida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne,
14 Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?
26 De outra maneira, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo. Mas agora na consumação dos séculos uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo.
Jesus Cristo lidou com o problema do pecado. Tinha que ser feito. Deus não poderia se comunicar conosco. Não poderíamos entrar em comunhão com Deus, a menos que o pecado fosse tratado.
E assim, Cristo foi para a cruz, carregou a pena do pecado e, para todos os que aceitam Seu sacrifício, creem Nele e O recebem, o pecado é purgado, apagado. É algo tremendo o que o escritor de Hebreus diz aqui.
Porque, veja, ele está escrevendo para o povo judeu, para quem a cruz era uma pedra de tropeço. E ele não pede desculpas pela cruz, mas a torna uma das sete glórias excelentes de Cristo. Com o sangue de Jesus Cristo, Ele nos comprou. Em 1 Pedro 1:18-19, lemos:
18 Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais,
19 Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado
Um homem só pode ter os pecados perdoados através de Jesus Cristo. Em 1 João 1:7, lemos: “Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.”
Jesus veio como o sacrifício perfeito. Você é um pecador, eu também. Assim, ou pagamos por nosso próprio pecado, ou permitimos que Jesus Cristo pague por ele. E Deus disse: “Vou enviar meu Filho para morrer e purificar o pecado”. Se o seu desejo em seu coração é receber Jesus Cristo como Salvador, crer e aceitar Seu sacrifício, seus pecados serão lavados no exato momento em que você crer.
A Bíblia diz: “Sem derramamento de sangue não há remissão de pecados” (Hb 9:22). E o sangue de Jesus Cristo nunca será aplicado a você, a menos que você, pela fé, receba Cristo em sua vida. Assim, a base da salvação é o sangue derramado de Cristo, que purifica o pecado.
Mas, você sabe, há pessoas que O rejeitam. Há um aviso para estes, em Hebreus 10, verso 26: “Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados”.
Pecar voluntariamente no texto se refere a rejeitar Cristo. Se você rejeitar Jesus Cristo, não há mais nada no Universo que possa tirar o seu pecado. E você morrerá em seu pecado, conforme disse Jesus, em João 8:24: “Por isso, Eu vos afirmei que morrereis em vossos pecados. Se vós não crerdes que Eu Sou, certamente morrereis em vossos pecados.”
SÉTIMA EXCELÊNCIA DE CRISTO: SUA EXALTAÇÃO
O texto de Hebreus 1:3 termina afirmando que Jesus, após ter feito a purificação dos nossos pecados, “assentou-se à destra da majestade nas alturas”. Jesus tomou Seu lugar, à direita de Deus.
A parte maravilhosa dessa declaração é que Ele se sentou, porque isso é uma contradição de tudo o que o sacerdócio levítico representava no Antigo Testamento. Não havia assentos no santuário. O trabalho do sacerdote nunca terminava, então ele nunca se sentava.
Ele nunca teve nenhum lugar para sentar, porque Deus sabia que nunca haveria tempo para ele se sentar. Sacrifício, sacrifício, sacrifício, sacrifício, de novo e de novo e de novo. Seu trabalho nunca findava. Diariamente, dia após dia, o sacerdote oferecia sacrifícios. E nunca se sentava.
Mas Jesus entrou, ofereceu um sacrifício, fez tudo, disse “está consumado”, foi ao Pai e se sentou. Sua obra foi consumada. E o que não poderia ser realizado através de todos os sacrifícios do Antigo Testamento, foi realizado uma vez por Jesus Cristo para sempre.
Você diz: “Bem, o que significa que Ele se sentou ‘à destra da majestade nas alturas’?” Significa que Ele foi exaltado. Há pelo menos quatro indicações no fato de Jesus ter se sentado à direita do Pai:
- É um sinal de honra – Estar sentado à direita do Pai é uma honra. Filipenses 2:9-11 diz:
9 Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome;
10 Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,
11 E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.
- É um sinal de soberania – Em 1 Pedro 3:22, lemos: “O qual está à destra de Deus, tendo subido ao céu, havendo-se-lhe sujeitado os anjos, e as autoridades, e as potências.” Jesus se sentou como governante.
- É um sinal de descanso – Ele se sentou para descansar. Hebreus 10:12-13 declara: “Mas este, havendo oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus, daqui em diante esperando até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés.” Seu trabalho foi feito e Ele se sentou para descansar, aguardando para pisar Seus inimigos.
- É um sinal de Seu papel como intercessor – Ele se sentou para interceder por nós. Romanos 8:34 diz: “Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e o que também intercede por nós.” Ele está sentado à direita do Pai, intercedendo por nós.
Agora, aí está o retrato de Deus em Jesus Cristo. Você viu o Cristo preeminente em todos os Seus ofícios. Você O viu como profeta, o porta-voz final de Deus. Você O viu como sacerdote, expiando e intercedendo. Você O viu como Rei, controlando, sustentando e sentado no trono. Este é o nosso Senhor Jesus Cristo.
E o homem que vem e diz que Jesus Cristo é qualquer coisa menos do que tudo isso é um tolo, pois Deus diz que Jesus é preeminente sobre todas as coisas.
Você diz: “Agora, o que isso significa para mim?” Isso significa tudo para você, pois receber Jesus Cristo é entrar em tudo o que Ele é e tem, e rejeitá-Lo é ser excluído de Sua presença em um inferno eterno. Fora Dele não há nada mais.
Vamos orar.
Nosso Pai, nós Te agradecemos novamente esta noite pela clareza da Tua Palavra sobre este assunto. Amém.
Leia também:
Esta é uma série de sermões de John MacArthur sobre a carta aos Hebreus.
Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos já publicados desta série.
Este texto é uma síntese do sermão “The Preeminence of Christ”, de John MacArthur em 30/01/1972.
Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:
http://www.gty.org/library/sermons-library/1601
Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno