A insignificância do consolo humano
Dá-nos auxílio para sair da angústia, porque vão é o socorro da parte do homem. (Salmo 108:12)
Filho se puseres tua paz em alguma pessoa, por andar contigo, achar-te-ás inconstante e embaraçado.
Mas, se recorreres à verdade sempre viva e permanente, não te entristecerás pela ausência de um amigo.
Deves estar morto para semelhantes afeições dos amigos.
Quanto mais se chegar o homem para Deus, tanto mais se afastará de todo alívio terreno.
Ai dos filhos rebeldes, diz o Senhor, que tomam conselho, mas não de mim; e que se cobrem, com uma cobertura, mas não do meu espírito, para acrescentarem pecado sobre pecado. (Is. 30:1)
Não faças depender tua paz da boca dos homens; porque, quer julguem bem, quer mal de ti, não serás por isso homem diferente.
Onde está a verdadeira paz e a glória verdadeira? Porventura não está em mim?
Quem não procura agradar aos homens, nem teme desagradar-lhes, esse gozará grande paz.
É do amor desordenado e do vão temor que nascem o desassossego do coração e a distração dos sentidos.
Não te julgues inteiramente desamparado diante de alguma tribulação…
Ou quando privado de alguma consolação desejada…
Porque é este o caminho por onde se vai ao reino dos céus.
Convém mais a ti ser exercitado nas adversidades, do que se tudo vos sucedesse à vossa vontade.
Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti; porque ele confia em ti. (Is. 26:3)
Conserva-te firme e espera em Deus, pois palavras são palavras; ferem os ares, mas não quebram a pedra.
Temes ser desprezado, e por isso não queres ser repreendido de tuas faltas e procuras defender-te com desculpas.
Mas examina-te melhor e verá que vive ainda em ti o mundo e o vão desejo de agradar aos homens.
Pois, já que foges de ser abatido e confundido por causa dos teus defeitos…
Mostras claramente que não és verdadeiramente humilde, nem inteiramente morto ao mundo…
E que o mundo não está de todo crucificado para ti.
Diz um velho hino:
À sombra de tuas palavras descansa minha alma
No rio de suas promessas libero a fé
Tu és soberano nos céus e poderoso na terra
O único Deus em quem confia meu ser.
Em ti espero Senhor jamais serei confundido
Pois tua palavra destrói todos os meus inimigos
Texto sintetizado, com adaptações, de Tomas Kempis (1379-1471)