Das Profundezas Eu Clamo
“Das profundezas a ti clamo, ó Senhor. Senhor, escuta a minha voz! Sejam os teus ouvidos atentos à voz das minhas súplicas. Se tu, Senhor, observares as iniqüidades, Senhor quem subsistirá? Mas contigo está o perdão, para que sejas temido” (Salmos 130:1-4)
Davi sofreu incrivelmente sob a vara corretiva do Senhor. As coisas iam terrivelmente mal em todas as áreas de sua vida. Ele enfrentou quantidades massacrantes de aflições, enfermidades, tragédia atrás de tragédia, um reinado tumultuado. Os problemas eram tão grandes, que ele não acreditava que iria sobreviver. E clamou: “Livra-me, ó Deus, pois as águas entraram até a minha alma. Atolei-me em profundo lamaçal, onde se não pode estar em pé; entrei na profundeza das águas, onde a corrente me leva” (Salmos 69:1-2).
Na verdade os problemas exteriores não o molestavam tanto quanto seus horrores internos. Ele temia que o Senhor o tivesse abandonado por completo. Ele escreve: “Puseste-me no mais profundo do abismo, em trevas e nas profundezas” (88:6). “Sobre mim pesa a tua cólera…” (vers. 7). “…sofro os teus terrores…” (vers. 15). “a tua ardente indignação me cobriu…” (vers. 16).
Davi acreditava que Deus o havia abandonado por causa do pecado – o que era um pensamento insuportável. Suplica ao Senhor: “Não me leve a corrente das águas e não me sorva o abismo, nem o poço cerre a sua boca sobre mim” (Salmos 69:15). Ele estava dizendo, “Ó Senhor, por favor não permita que eu desça tão fundo a ponto de lá não poder mais sair!”
Davi sofria também com o escândalo que havia causado a Israel. Seu pecado fora descoberto, era de conhecimento público. Seu pesar e sua vergonha eram tão sufocantes que roga a Deus: “…não me faças o opróbrio dos loucos.” (Salmos 39:8)
Davi até tinha medo de Deus lhe tirar a vida como julgamento dos pecados. Todo dia despertava achando que poderia ser abatido em meio á ira. Ele clama: “Ó Senhor, não me repreendas na tua ira…” (Salmo 38:1).
À medida que todas estas ansiedades caíam sobre Davi, seu coração se enchia do temor de Deus. Ele confessa: “Lembrava-me de Deus… e o meu espírito desfalecia…” (77:3). Esta é uma declaração embaraçosa. Por que deveria Davi estar tão preocupado, se todas as lembranças das obras de Deus em sua vida lhe haviam dado alegria e felicidade? O que poderia, agora, lhe preocupar?
Davi estava angustiado porque todos seus pensamentos estavam concentrados em como Deus iria tratar seu pecado. Ele sentia a vara do Senhor sobre a carne, as flechas da verdade penetrando na alma com ferocidade: “Porque as tuas flechas se cravaram em mim…” (38:2).
A consciência deste homem se convertera em carga pesada. Ele sabia que havia pecado contra todo o amor e luz que havia recebido dos céus. O Senhor em Sua misericórdia o havia livrado uma e outra vez de suas faltas do passado. E desta vez, Davi sabia que merecia ser deixado de lado. E assim caiu na mais profunda tristeza e confusão, escrevendo “Porque males sem número me têm rodeado; as minhas iniqüidades me prenderam, de modo que não posso olhar para cima; são mais numerosas do que os cabelos da minha cabeça…” (40:12).
Conheço inúmeros cristãos iguais a Davi. Amam a Jesus – mas assim mesmo têm pecado horrivelmente contra a luz que lhes foi dada. Escutaram milhares de sermões de justiça, por anos leram diariamente a Bíblia, e passaram horas em oração. Porém têm pecado contra as bênçãos de Deus. Como? Porque têm um pecado que os assedia e que nunca foi tratado.
Com o passar do tempo, o pecado lhes corta a comunhão com Jesus. E agora o Espírito Santo está apontando seu hábito, trazendo-o à tona diante deles. E está avisando: “Basta! Este pecado tem que sair. Não aceitarei que permaneças nele. A partir de agora te darei um prazo-limite. Estou te expondo o teu pecado – mas logo poderá ser exposto ao mundo!”
Quando estes cristãos entram na Casa do Senhor, eles não conseguem sequer levantar o rosto. E choram como Davi chorava: “Meus pecados são tão numerosos que não podem ser contados! A iniqüidade se apoderou tanto de mim, que não consigo levantar meu rosto aos céus!”
Perderam toda a alegria, o entusiasmo e a liberdade de que um dia desfrutaram. Não conseguem sequer orar, nem cantar com vida e poder. E deixam ao redor uma grande sensação de fracasso. Estão debilitados, com as almas enfermas, encurvados, prontos para desfalecer. E sabem que tudo se deve ao fato de o pecado ter interrompido sua comunhão com Deus!
Será esta a situação da sua alma neste momento? Se é assim, dê graças a Deus por Sua misericórdia. Ele está implantando em você o Seu temor santo! É porisso que você está mergulhando fundo nas profundezas da condenação. Você está sob o peso de uma consciência atribulada!
Muitos Crentes Sinceros Se Esforçam Para Não Transformar a Graça de Deus em Permissividade – Contudo Se dão Conta que Seu Caminhar Não se Coaduna com o Padrão Santo de Deus. Muitos cristãos sentem-se aliviados ao saber que não estão incluídos na lista de condenados, trazida por Paulo:
“Não sabeis que os injustos não hão de herdar o Reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.” (1 Coríntios 6:9-10)
Mas quando lêem o versículo seguinte, sentem a penetrante flecha da verdade: “E é o que alguns têm sido, mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito do nosso Deus” (vers.11). Repentinamente se lembram de um pecado que os assedia e do qual nunca foram capazes de se libertar. Pensam: “Espere um minuto – fui liberto e santificado. Por que então não consigo deixar este mau hábito? Não estou verdadeiramente livre!”
Quem sabe você recentemente tenha retornado à uma velha luxúria. Talvez tenha acessado um site pornográfico na Internet, ou esteja envolvido em algum pecado de adultério ou de homossexualismo. Ou talvez tenha roubado o chefe, ou está bebendo furtivamente no caminho de volta do trabalho. Qualquer que seja o hábito, você sabe que não é liberto nesta área. Contudo Deus disse claramente: “Não entrarás no Meu reino se permaneceres em pecado!”
Não se surpreenda se começar a sentir-se como Davi. Cada vez que o Senhor vê um de Seus filhos lutando com a luxúria ou a escravidão, Ele se move rapidamente para nos trazer de volta ao caminho da obediência, da paz e do descanso. Como Ele faz isto? Ele traz situações à nossa vida que nos obrigam a confrontar o nosso pecado!
Freqüentemente isto significa nos levar às profundezas, como Deus fez com Jonas. Ele permite que sintamos Sua repreensão e que sejamos tragados por nossas circunstâncias. E foi quando estava na mais negra das profundezas que Jonas clamou a Deus. E o Senhor respondeu rapidamente ao clamor do Seu servo, lhe restaurando Sua benção e Sua vontade!
Foi nas Profundezas Que A Oração de Davi Se Tornou Mais Intensa ! Desesperado, Davi clama:
“Senhor, escuta a minha voz! Sejam os teus ouvidos atentos à voz das minhas súplicas” (Salmos 130:2). Tal clamor me soa como o pedido de um moribundo. É óbvio que Davi não estava simplesmente orando “em pensamento.”
Ele estava com o rosto em terra – quebrantado, contrito, rogando a Deus desde o mais profundo do coração:
“Ó Santo Deus Jeová – precisas ouvir meu clamor! Meu pecado está sempre diante de mim, estou desfalecendo em temor e pavor. Por favor Senhor, tenha misericórdia de mim!”
Davi sabia que sua alma precisava de libertação. E se voltou unicamente a Deus para encontrar este livramento. Ele conclui: “Estou tão desesperado que somente o Senhor pode me ajudar. Não posso depender de conselheiros, de amigos e nem de minha família. Minha única esperança está na oração. Então vou clamar dia e noite até que Deus escute minha súplica!”
Muitos casamentos cristãos precisam desesperadamente do livramento que Davi buscava. Por toda a terra, vejo casais mergulhados no desespero. Cônjuges que dizem amar um ao outro, mas não são sequer civilizados quando falam entre si. Demonstram mais amabilidade com estranhos do que com o cônjuge. Com o tempo, seus lares se tornam um congelador de absoluta baixeza. Não se dão conta, mas estão em queda livre rumo à destruição, e perdendo todo o controle da relação.
Talvez seu casamento tenha chegado ao nível mais profundo que podia chegar. Você e seu cônjuge bateram lá embaixo no fundo, e você acorda todos os dias se perguntando se ainda há esperança. Ultimamente, você até tem sido tentado a abandonar o relacionamento por completo.
Amado, é preciso que você acorde para a situação! Você caiu num buraco negro, cheio de atitudes ímpias. E a situação não desaparecerá sozinha. Se você não agir, ela irá se agravar até que um de vocês finalmente mate o casamento.
Desperte agora para a voz do Espírito Santo! Há pecado no seu casamento – e está sendo cometido tanto por você quanto por seu cônjuge. Isto terá que ser cuidado, ou permanecerão no fundo do abismo para sempre!
Então, a quem você está levando suas dores? Está desabafando com seu melhor amigo? Se é assim, não estará você apenas levantando um dossiê contra seu cônjuge? Se procurou um conselheiro, não estará você na verdade buscando uma justificativa para terminar tudo?
Por favor, não me interprete mal – eu creio no aconselhamento matrimonial. Mas se você na verdade deseja chegar à raiz do problema, só existe um lugar para ir. Você não precisa olhar mais longe do que o próprio coração! O pecado está bem ali, dentro de você. E, como Davi, você precisa clamar ao Senhor por misericórdia!
Está você se desesperando como Davi? Tem se fechado com o Senhor, se prostrado e chorado diante dEle? Uma oração maçante, silenciosa, preguiçosa não adiantará de nada. Se não está derramando seu coração diante de Deus, você na verdade não quer cura – você quer é afastar-se dEle!
Davi testificou, “… tenho rugido por causa do desassossego do meu coração…e o meu gemido não te é oculto” (Salmos 38:8-9). Você tem que clamar à toda voz, como Davi, “Senhor, escuta minha súplica! Não Te deixarei até que me responda!”
Deixe-me ilustrar o tipo de desespero que Davi experimentou. Suponha que você esteja indo para casa um dia. Ao dobrar a esquina da sua rua, vê caminhões do corpo de bombeiros estacionados na frente da sua casa. Uma fumaça negra sai das janelas, as chamas estão a ponto de surgir. E você sabe que seu cônjuge e filhos estão lá dentro.
Diga-me – você ficará calmo e calado nesta hora? Quanto tempo ficaria parado sem fazer algo? Esperaria que o fogo se apagasse sozinho? Você sentar-se-ia ali silenciosamente orando “Jesus, espero que o Senhor apague o fogo…” Não! Se tiver um pouco de amor no coração, correrá até sua casa através da fumaça e tentará fazer algo!
Se o seu casamento está com problemas, então sua casa está se incendiando – e sua relação está virando cinza! E se você permitir que o fogo continue, irá perder tudo! Você possui, então, o temor de Deus no seu casamento? Está carregado de culpa e condenação acerca da sua responsabilidade na desintegração do casamento? Se é assim, não tente acalmar sua consciência. Deus está enviando Sua palavra forte porque lhe ama. De forma misericordiosa, Ele está lhe advertindo, tentando lhe despertar antes que você se autodestrua. Assim corra até Ele, e ore com diligência. É aí que começa toda cura – invocando com urgência Seu nome!
Davi sabia que não podia permanecer nas profundezas do desespero por muito tempo, Ou seria destruído.
Davi sabia que precisava de uma palavra que salvasse sua vida. Assim clamou, “Se tu, Senhor, observares as iniqüidades, Senhor, quem subsistirá?” (Salmos 130:3).
Se eu interpretasse as palavras de Davi no linguajar corriqueiro, elas soariam assim: “Ó Senhor – sempre Te vi apenas como o grande detetive do céu – espreitando todos os meus movimentos diários, tomando nota de todas as minhas falhas, gravando minhas chamadas telefônicas, sondando cada um dos meus pensamentos, gravando em vídeo cada um dos meus passos, formando um dossiê de provas contra mim a cada dia. E reunistes provas suficientes para me condenar para sempre.”
“Senhor, com todas as evidências que acumulastes, que chances eu teria? Como posso agüentar, quando minhas próprias palavras más e meus atos secretos testificam contra mim? Que outra coisa posso esperar senão ser julgado e condenado?”
“Todo dia desperto temendo Tua terrível ira contra meu pecado. Quem pode subsistir diante de um Deus que castiga a iniqüidade? Nem sequer as almas mais santificadas, mais humildes e confiantes podem escapar do Teu juízo. E se elas não estão à altura da Tua lei, que chances tenho eu? Pequei mais que todos elas!”
“Eu sei que meu pecado Te desagrada, Senhor. E sei que não permitirás que continue. Mas se eu não vir nem que seja um sinal de Tua misericórdia logo, serei destruído. Minha alma está arruinada, sem esperanças. Não dá para continuar!”
Muitos cristãos lutam como Davi. Quando o temor santo e justo de Deus é plantado em suas almas, Sua terrível majestade constantemente se agiganta diante deles. Torrentes vindas de Sua ardente lei apontam diretamente aos seus corações, e eles começam a enfraquecer, em agonia. Como Davi clamam, “Senhor, quem é que pode estar diante de Ti? Quem pode suportar Tua santidade?”
Nosso ministério recebe regularmente cartas de cristãos sinceros que lutam contra a homossexualidade. O tom de seus escritos soa como a agonia de Davi. Muitas destas preciosas pessoas cresceram na igreja, e amam Jesus de todo coração. Mas não conseguem libertar-se de sua concupiscência homossexual. Terminam desesperados, destroçados, debaixo de culpa e condenação. Um jovem angustiado escreveu: “Pastor David, se eu não achar rapidamente libertação desta escravidão, não terei outra opção. Vou tirar a minha vida.”
Tragicamente, multidões de homossexuais, lésbicas, alcoólatras e drogados tiraram suas vidas porque caíram nas profundezas do abismo. Eles não conseguiram libertar-se do sentimento de que estavam constantemente em falta com Deus. E constantemente pensavam: “Eu deveria ter o poder de vencer isto, mas não tenho. Como posso me libertar?”
Jonas se fez a mesma indagação. Ele estava literalmente nas profundezas do abismo, no fundo do oceano, incapaz de escapar do dilema. Ele também clamou: “Porque tu me lançaste no profundo, no coração dos mares, e a corrente das águas me cercou; todas as tuas ondas e as tuas vagas têm passado por cima de mim… Eu desci até aos fundamentos dos montes…” (Jonas 2:3-6)
Segundo Jonas, quem o lançou no profundo abismo negro? Foi o Senhor! Certamente foi Deus que levou o profeta até o fundo do abismo, e preparou a baleia para engoli-lo. Quando Jonas denomina os problemas de “seus vagalhões, suas ondas,” estava se referindo ao Senhor.
Contudo, Deus não estava furioso com Jonas, simplesmente fazendo contagem dos pecados. Então, por que permitiu que aquilo acontecesse com Jonas? Por que o levou às profundezas? Porque Ele queria impedir que Seu servo fugisse da Sua vontade! Ele queria que Jonas seguisse Seu plano, e assim fosse abençoado. Em resumo, Deus levou Jonas às profundezas para restaurá-lo!
Jonas 2:2 nos diz exatamente o que Deus buscava: “…Na minha angústia, clamei ao Senhor, e ele me respondeu; do ventre do inferno gritei, e tu ouviste a minha voz.” O Senhor estava esperando que Jonas se voltasse para Ele – que clamasse unicamente a Ele! “E eu disse: Lançado estou de diante dos teus olhos; todavia, tornarei a ver o templo da tua santidade” (vers. 4). “Quando desfalecia em mim a minha alma, eu me lembrei do Senhor…” (vers.7)
Hoje, o Senhor faz o mesmo conosco: Ele nos resgata ao permitir que desçamos às profundezas. Ele deixa que nos afundemos no desespero pelo nosso pecado, até que não tenhamos outra saída senão recorrer a Ele. E finalmente, fora do ventre do nosso inferno, clamamos: “Ó Senhor, por favor me escutes! Eu cheguei ao fundo, sem esperança. Tens de me libertar!”
Quem sabe você atingiu o fundo do poço por causa do pecado. Parece que você não consegue mesmo obter vitória contra aquela lascívia que lhe assedia, ou contra a amargura. E agora Deus permite que você desça às profundezas. Porém tudo isto tem um propósito. Ele espera que como Jonas, você “torne a olhar para Ele.”
Tenha certeza: quando Jonas clamou ao Senhor, Deus resgatou-o rapidamente. “Falou, pois, o Senhor ao peixe, e ele vomitou a Jonas na terra” (vers. 10). Deus disse ao peixe: “Basta! Vomite-o agora. Meu servo clamou a Mim, e vou lhe responder!”
Seu Pai celestial não quer que você permaneça nas profundezas, definhando sob uma pesada carga de culpa e condenação. O desejo dEle é que você aprenda a lição lá – e ponha toda sua dependência nEle!
Um número excessivamente grande de cristãos permanece nas profundezas, em total desalento
Para muitos crentes, chegar ao fundo significa o fim. Ele ficam tão desesperados com as suas faltas, que desenvolvem um sentimento de que são indignos. E com o tempo sentem que caíram numa armadilha, sem esperança de ajuda. Isaías escreveu sobre tais crentes: “Ó oprimida, arrojada com a tormenta, descontrolada…” (Isaías 54:11).
Alguns, com o tempo, se enfurecem com Deus. Se cansam de esperar pelo Seu mover. Então clamam acusando: “Senhor, onde estavas quando precisei de Ti? Clamei a Ti por livramento, mas nunca me respondestes. Eu fiz tudo que sabia, contudo ainda não estou liberto. Estou cansado de me arrepender e clamar, sem contudo ver mudança!” Muitos crentes simplesmente desistem de tentar, e se entregam à luxúria.
Outros caem num nevoeiro de apatia espiritual. Ficam convencidos de que Deus não se importa mais com eles. Eles se dizem: “…O meu caminho está encoberto ao Senhor, e o meu juízo passa despercebido ao meu Deus?” (Isaías 40:27). “…Já me desamparou o Senhor; o Senhor se esqueceu de mim” (Isaías 49:14).
Alguns outros acabam focalizando toda atenção no pecado, tentando manter-se em um constante estado de autocondenação. De fato, isto só faz com que fiquem desnorteados, clamando: “…Nossas prevaricações e nossos pecados estão sobre nós, e nós desfalecemos neles. Como viveremos então?” (Ezequiel 33:10).
O fato é que sentimento de condenação não é um fim em si mesmo. Quando somos rebaixados pela culpa e tristeza devido ao pecado, não devemos descansar nestes sentimentos. Na verdade eles têm o objetivo de nos conduzir para dentro de nós mesmos – e à vitória da cruz!
Davi foi tirado das profundezas ao se lembrar da natureza perdoadora de Deus!
Depois de muito chorar e clamar ao Senhor, Davi terminou testificando “Mas contigo está o perdão, para que sejas temido” (Salmos 130:4). O Espírito Santo começou a fluir em sua alma com lembranças da misericórdia de Deus. E repentinamente, Davi se lembrou de tudo que havia aprendido acerca da natureza perdoadora do Pai. “…porém tu, ó Deus perdoador, clemente e misericordioso, tardio em irar-te, e grande em beneficência…” (Neemias 9:17).
Logo Davi começa a regozijar-se, recordando-se: “Pois tu, Senhor, és bom, e pronto a perdoar, e abundante em benignidade para com todos os que te invocam” (Salmos 86:5). “É ele que perdoa todas as tuas iniqüidades…” (103:3).
Esta é uma das promessas fundamentais da Nova Aliança. Jeremias declara: “porque perdoarei a sua maldade e nunca mais me lembrarei dos seus pecados” (Jeremias 31:34). E Paulo acrescenta no Novo Testamento: “…perdoando-vos todas as ofensas” (Colossenses 2:13). Deus prometeu perdão para todo pecado!
No entanto, esta promessa de perdão está limitada à certas pessoas. Somente se aplica àqueles que foram quebrantados e enfermados pelo pecado…que chegaram às profundezas da culpa… que suportaram o exame da alma pelo Espírito Santo…e que se arrependeram e se voltaram a Cristo em fé!
O próprio Jesus afirma que nem todo aquele que diz, “Senhor, Senhor,” entrará no reino de Deus. Tristemente, multidões de cristãos não estão incomodados nem um pouco pelo pecado. Aquele hábito insidioso não os preocupa em absoluto. Eles convenceram a si mesmos que Deus é misericordioso e tão cheio de graça, que os perdoará ainda que continuem obstinadamente em pecado.
Não – nunca! Eles se apropriaram de uma falsa paz! Eles abafaram a condenação, o exame, e o procedimento vindos do Espírito Santo. Buscaram o perdão antes que a culpa amadurecesse e se convertesse em devota tristeza!
Ao mesmo tempo, ainda, o perdão de Deus só pode ser obtido pela fé. Não podemos racionalizá-lo. A dádiva do sangue expiatório de Cristo é tão profunda, tão cheia de graça, tão misteriosa, que está muito além da capacidade de entendimento humano. Podemos ver a lei claramente aplicada ao nosso pecado. Podemos sentir condenação, temor e culpa por nossas transgressões. Mas nosso Pai celestial se mantém amorosamente ao nosso lado o tempo todo, pronto para perdoar. O sangue de Cristo, o amor do Pai, o desejo de perdoar do Senhor – todas estas bençãos são conhecidas somente pela fé: “… porque o justo viverá pela fé” (Gálatas 3:11).
Você pode se perguntar – quantas vezes o Senhor o perdoará por cometer o mesmo pecado repetidamente? Esteja seguro, Seu incrível perdão é ilimitado. Cada vez que peca, você pode ir a Jesus e encontrar livramento. Não obstante, o perdão de Deus não é insensato ou cego. Esteja certo que nosso Pai celestial nos perdoa – mas chega uma hora em que nos pune para que não continuemos em pecado.
Quando meus quatro filhos estavam crescendo, tive que castigá-los por comportarem-se mal. Eu os chamava até o meu quarto para lhes aplicar uma surra – assim que viam a correia na minha mão, começavam a chorar. Gritavam, “Não papai! Sinto muito. Perdoe-me, por favor!”
Eu os perdoava. Mas isto não me impedia de usar a correia. Eu sabia que se não a usasse, ela perderia o significado para eles – se tornaria uma brincadeira em vez de um recurso disciplinador. De igual forma, a lei de Deus existe para que recordemos do Seu santo padrão. É a viga mestra de Sua santidade, relembrando-nos Seus caminhos – e que Ele fala sério!
Permita que eu deixe uma palavra de esperança. Se você está nas profundezas agora mesmo por causa do pecado – se está chorando porque a vara do Senhor está no seu dorso – anime-se. Ele está lhe castigando por causa do Seu terno amor; está lhe levando para baixo porque quer que você conheça Seu temor!
O que, exatamente, significa temer ao Senhor? Significa poder dizer: “Sei que meu Pai me ama. Estou seguro, Lhe pertenço, e sei que nunca me abandonará. Ele sente minha dor sempre que luto. E é paciente comigo enquanto guerreio contra o pecado. Ele está sempre pronto a perdoar-me a cada vez que O chamo. Mas também sei que Ele jamais irá permitir que eu continue desobedecendo Sua palavra. Meu Pai celestial não me livrará da correção – porque Ele me ama profundamente!”
Este é o ponto de tudo isto. Deus quer que aceitemos Seu perdão para que O temamos. “Mas contigo está o perdão, para que sejas temido.” (Salmos 130:4). Uma vez que temamos ao Senhor, iremos querer mais do que simplesmente obedecê-Lo. Desejaremos agradá-Lo, pôr um sorriso no Seu rosto. Este é o abençoado resultado do temor santo de Deus!
David Wilkerson (fonte: http://www.tscpulpitseries.org/multilan.html)