Vítimas de Falsos Mestres
Tudo que não é verdadeiro é falso. Tudo que não é de Deus é de Satanás. Não há meio termo. Se alguém defende algo não verdadeiro, é uma mentira satânica destinada a enganar e condenar almas. Há apenas um caminho: o verdadeiro evangelho. Todos os outros caminhos são falsos e condenatórios.
Seguindo nossa trilha no Evangelho de Marcos, vamos olhar agora para Marcos 12:38-44. Essa porção é dividida em duas partes.
• Marcos 12: 38-40 registra o alerta do Senhor em relação aos falsos mestres (também registrado em Mateus 23).
• Marcos 12: 41-44 registra a oferta da viúva pobre, vítima de falsos mestres (também registrado em Lucas 21:1-4)
OS FALSOS MESTRES
Vemos nas Escrituras o fato de que sempre houve e sempre haverá os falsos mestres, profetas mentirosos e hipócritas, enganadores religiosos e pregadores corruptos que afirmam representar Deus, mas na verdade representam Satanás.
Eles afirmam trazer o caminho do céu, mas, na verdade, pavimentam o caminho para o inferno. Afirmam falar a verdade divina, mas, na verdade, falam mentiras satânicas e doutrinas de demônios.
A Escritura nos adverte sobre isso: Satanás é um mentiroso e o pai da mentira (João 8:44). Ele contou sua primeira mentira no Éden, o que levou à queda da raça humana (Gênesis 3). Ele continua a perpetrar mentiras através de demônios e seus agentes (1 Timóteo 4).
Tudo que não é verdadeiro é falso, e tudo que não é de Deus é de Satanás. Não há meio termo. Se uma pessoa, mesmo que religiosa, está defendendo qualquer coisa que não seja verdadeira, é uma mentira satânica destinada a enganar e condenar as almas de suas vítimas.
Há apenas um caminho: o verdadeiro evangelho. Todos os outros caminhos são caminhos falsos e condenatórios, que fazem parte do caminho largo que leva ao inferno. No tempo de nosso Senhor em Israel, os agentes do inferno estavam no comando da religião judaica.
Era uma forma apóstata de judaísmo, como qualquer forma de judaísmo é hoje. Essa forma apóstata de judaísmo estava sob o controle de Satanás e nas mãos de hipócritas, que eram meros instrumentos de Satanás e representantes humanos de poderes demoníacos (João 8:42-44, Mateus 23 etc.).
Mas o povo não enxergava isso. O povo via os saduceus, os fariseus, os escribas, os sacerdotes e os rabinos como os representantes de Deus, os agentes de Deus, os árbitros divinamente designados e implantados da verdade divina para o povo.
O povo os via como pastores de Israel, devotos e dignos de respeito. E esses líderes queriam ter certeza de que o povo os via assim, porque isso satisfazia seus desejos de popularidade, poder, prestígio e, principalmente, dinheiro. Os falsos mestres sempre fazem o que fazem por dinheiro, eles estão nisso por causa do lucro imundo (2 Pedro 2:1-3; Lucas 16:13-14; 1 Tim. 6:5 etc.).
Aqueles líderes fingiam adorar, servir e honrar a Deus, e, consequentemente produziam filhos do inferno duas vezes pior que eles mesmos (Mat. 23:15). Enquanto eles afirmavam honrar a Deus, eles estavam empenhados em assassinar o Filho de Deus.
Todos os falsos mestres e todos os líderes da falsa religião são inimigos de Jesus Cristo, inimigos da verdade, inimigos do evangelho e inimigos das almas.
Os líderes religiosos de Israel eram um conglomerado que compunha um grupo chamado Sinédrio, o conselho governante com 70 membros mais o Sumo Sacerdote. O Sinédrio era formado pelos saduceus (liberais religiosos) e fariseus (conservadores religiosos que dominavam a religião da época). Entre os fariseus havia os escribas, que eram especialistas, intérpretes e aplicadores da lei.
Havia também vários mestres e rabinos, e eles variavam em seus pontos de vista. Os rabinos e mestres se apegavam a outros rabinos do passado, então havia diferenças na maneira como eles viam as coisas. Eles estavam divididos em muitas coisas.
Os fariseus e os saduceus eram inimigos teológicos, mas, no entanto, foram capazes, apesar de suas enormes diferenças, de se reunirem em um esforço universal, coeso e unido para matar Jesus. Eles concordavam que Jesus era uma ameaça a seus poderes, proeminência, prestígio e posições.
CONTEXTO DE MARCOS 12: 37-40
Era a quarta-feira da semana da cruz. Na sexta Jesus seria crucificado. Eles fizeram isso apenas porque era a vontade predeterminada de Deus. Aparentemente era a vontade deles contra Deus, mas, em seus esforços vis e malignos, eles apenas estavam cumprindo a vontade eterna de Deus.
Aquela quarta-feira foi um dia muito longo:
1) Começou quando Jesus entrou na cidade com Seus discípulos e viu a figueira amaldiçoada morta ao longo da estrada [leia o sermão]. Foi um símbolo da maldição sobre o templo, sobre o povo e sobre a nação.
2) Jesus foi direto ao templo e passou a quarta-feira inteira pregando o evangelho (Lucas 20:1), e ensinando coisas a respeito da salvação e do reino.
3) O Sinédrio resolveu confrontar Jesus por três vezes. Eles precisavam desacreditá-lo perante o povo, minar sua popularidade, para o prendê-lo e convencer os romanos a crucificá-lo como um criminoso. Foram três ondas:
• Fariseus: experimentaram Jesus sobre o pagamento de tributos a César [leia o sermão]
• Saduceus: experimentaram Jesus sobre a ressurreição [leia o sermão]
• Escribas: experimentaram Jesus sobre o maior mandamento [leia o sermão]
4) Jesus frustrou todos os planos do Sinédrio. Suas respostas deixaram os fariseus e saduceus em silêncio e em estado de choque. E então “ninguém ousava perguntar-lhe mais nada” (Marcos 12:34).
5) Jesus então fez uma pergunta e deixou sua última palavra para os líderes religiosos. O assunto foi o que eles pensavam ser o Filho de Davi [leia o Sermão]
Os líderes religiosos concluíram então que precisavam mudar de estratégia. Eles tinham que difamar, caluniar, levantar falsas testemunhas etc.tal como fizeram com Judas, fato que veremos mais adiante.
Parece ser um fato que muitos enxergavam a corrupção dos líderes religiosos. Quando Jesus expulsou os ladrões do templo, ele atraiu muita gente (Marcos 11:18), porque as muitos conheciam a corrupção naquele local.
Muitos sabiam que estavam pagando dez vezes mais por um animal sacrificado. Eles sabiam que estavam sendo enganados pelos cambistas. Quando Jesus disse que a liderança religiosa tinha transformado o templo em covil de ladrões (Marcos 11:17), penso que muita gente concordou com suas palavras.
Com tantas ocorrências nesta mesma quarta, Marcos 12:37 registra que “a grande multidão o ouvia de boa vontade”. Lucas 20:45 registra: “ouvindo-o todo o povo”. Havia ali uma multidão atenta a tudo, algo que incomodou e enfureceu os líderes religiosos.
A PALAVRA FINAL DE JESUS PARA A MULTIDÃO
Após dar sua palavra final aos líderes religiosos, quando falou sua condição de filho de Davi e Filho de Deus, ou seja, de sua divindade, Jesus dá sua palavra final para as multidões.
Marcos 12
37 […] E a grande multidão o ouvia de boa vontade.
38 E, ao ensinar, dizia ele: Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes talares e das saudações nas praças;
39 e das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos primeiros lugares nos banquetes;
40 os quais devoram as casas das viúvas e, para o justificar, fazem longas orações; estes sofrerão juízo muito mais severo.
Em sua palavra final para a multidão, Jesus denunciou os líderes religiosos, retratando-os como hipócritas, corruptos e que geravam uma influência condenatória. Em Mateus 15:13-14, referindo-se aos fariseus, Jesus disse à multidão:
Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada. Deixai-os; são condutores cegos; ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova.
Os fariseus e escribas eram os principais provedores da religião em Israel. Aqui Jesus voltou a fazer duro ataque contra eles perante a multidão. Marcos 12:37-40 registra em poucas palavras, mas Mateus 23 registra a denúncia completa de Jesus.
Jesus começa sua advertência dizendo: “Guardai-vos” ou “tome cuidado” com os escribas. Eles não apenas sustentavam ensinos falsos e heresias, como os propagavam por toda a nação. Jesus disse o que pensa dos falsos mestres. Sua tolerância para com eles foi zero.
Se alguém nega o verdadeiro significado das Escrituras, nega a verdadeira identidade de Cristo e nega o verdadeiro evangelho, sua fé não pode ser tolerada no meio da igreja. Não nos reunimos com eles para descobrir o que temos em comum. É inconciliável.
Não podemos buscar pontos de convergência quando são inconciliáveis questões fundamentais. Qualquer comunhão com aqueles que negam as verdades fundamentais das Escrituras é danosa. Engajamento com pessoas que deturpam as Escrituras e pregam mentiras é totalmente antibíblico.
ADVERTÊNCIA DE JESUS
Então, vamos olhar para a advertência de Jesus: “Guardai-vos dos escribas” (Marcos 12:38), ou seja: “Cuidado com eles”. Os escribas eram, em sua maioria, fariseus.
Os fariseus eram muito preocupados com a lei do Antigo Testamento e as tradições que eles acrescentaram. Essas tradições eram, para eles, tão importantes quanto a Palavra de Deus.
Os judeus até tinham um ditado que dizia: Moisés recebeu a lei e a deu a Josué; Josué recebeu a lei e a deu aos anciãos; os anciãos receberam a lei e a deram aos profetas; os profetas receberam a lei e a deram aos escribas.
Eles se consideravam guardiões de tudo o que deveria ser verdade sobre a Palavra de Deus. Eles eram os especialistas em questões religiosas, civis e sociais. Portanto, sua responsabilidade não era apenas a interpretação da lei, mas a aplicação da lei. Eles eram a força dominante no judaísmo.
Eles deveriam ser os protetores do povo, mostrar ao povo a vontade de Deus, manter o povo sob a lei de Deus para que o povo pudesse ser conformado às promessas de Deus para bênção sobre obediência.
Esse deveria ser o papel deles. No entanto, eles fizeram o oposto. Jesus disse: “Cuidado com eles”. Quando o povo tem que tomar cuidado com quem deveria ser seus protetores, ele está em terríveis apuros. Quando você não pode confiar nas pessoas que deveriam lhe mostrar a verdade, você está realmente com graves problemas.
Mas não havia alternativas para o povo, por isso ele tendia a confiar nos escribas e fariseus, e assim o povo foi sugado pelo engano. E qual foi o resultado?
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós. (Mateus 23:15)
O Senhor então diz: “Cuidado com eles”. Ou seja, “proteja-se contra seus protetores, proteja-se contra seus pastores”. A última coisa que Jesus faria era encorajar as pessoas a estabelecer um diálogo com eles.
Por que eles eram uma ameaça? Porque eram hipócritas. Eles não eram o que pareciam ser. Eles eram filhos do inferno e produziam filhos do inferno.
Qualquer um que tenha uma visão corrompida de Cristo e do evangelho precisa ser exposto da maneira como Jesus expôs aqueles líderes hipócritas. Isso é um ato misericordioso. E isso deve ser feito sem rodeios contra aqueles que são fraudes espirituais.
Mateus 23
5 E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens, pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes,
6 e amam os primeiros lugares nas ceias, e as primeiras cadeiras nas sinagogas,
Eles eram imundos interiormente mas procuravam manter uma aparência exterior de falsa santidade. Eles buscavam glorificação dos homens através de suas roupas e ocupação dos primeiros lugares mas sinagogas.
Os judeus deveriam colocar pequenas franjas azuis na parte inferior de suas vestes (Nm. 15:38-40; Dt. 22:12), para se identificarem como judeus. Para lembrar a quem usava que deveria obedecer aos mandamento de Deus. Jesus usava essa franja em seu manto (Mt. 9:20).
Com o passar dos séculos, os líderes religiosos decidiram que essas franjas poderiam ser os símbolos de sua glória e, assim, ampliaram muito o tamanho delas. Isso fez com que as pessoas olhassem para as vestes deles e assumissem que eles eram sagrados. Suas franjas eram muito maiores do que as de qualquer outra pessoa.
As franjas nas vestes usadas pelo escribas eram apenas simbologia externa, eles não tinham verdadeira santidade de coração. Eles não se importaram em obedecer a Deus e eram apenas enganadores mentirosos. Mas queriam parecer homens santos e, assim, aumentaram as franjas de suas vestes.
Marcos 12
38 E, ao ensinar, dizia ele: Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes talares e das saudações nas praças;
39 e das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos primeiros lugares nos banquetes;Mateus 23
6 Amam o primeiro lugar nos banquetes e as primeiras cadeiras nas sinagogas,
7 As saudações nas praças e o serem chamados mestres pelos homens.
Eles amavam ser chamados de mestres e ocupar os primeiros lugares nas sinagogas e nos banquetes. Os falsos mestres nunca são humildes, eles sempre almejam as posições mais elevadas. A falsa religião não pode conter a carne, e não pode conter seu orgulho, por isso os falsos mestre buscam a autopromoção.
Em Lucas 14 Jesus propôs uma parábola sobre aqueles que procuram os primeiros lugares e correm o risco de ser considerados indignos da posição e passarem ocuparem os últimos lugares, e disse: “Todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado” (Lucas 14:11).
A falta de essência espiritual produz tudo isso. Quanto menos realidade espiritual maior será a busca de aparência externa. Quanto uma religião estiver longe da realidade espiritual, mais se apegará aos símbolos e externalidades.
A FRAUDE CONTRA AS VIÚVAS
Marcos 12
40 os quais devoram as casas das viúvas e, para o justificar, fazem longas orações; estes sofrerão juízo muito mais severo.
Jesus expôs as práticas gananciosas e inescrupulosas dos escribas e fariseus. Eles atuavam como inventariantes de viúvas, convencendo as incautas a lhes dar bens sob o argumento de servirem a Deus, ao apoiar o templo ou o trabalho deles. Eles se apropriavam do legado que os maridos deixavam para as viúvas.
Eles tentavam ostentar uma suposta espiritualidade orando por longos períodos. Mas a motivação deles não era devoção a Deus, mas o desejo de serem reverenciados pelas pessoas, inclusive as viúvas, que eram persuadidas a doar seus bens.
A ganância é uma característica dos falsos mestres. De forma totalmente diferente, a Palavra de Deus ensina o verdadeiro cuidado para com as viúvas. Por exemplo:
Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas. (Isaías 1:17)
Maldito aquele que perverter o direito do estrangeiro, do órfão e da viúva (Deuteronômio 27:19)
A nenhuma viúva nem órfão afligireis. (Êxodo 22:22)
Eis que os príncipes de Israel, cada um segundo o seu poder, nada mais intentam, senão derramar sangue. No meio de ti, desprezam o pai e a mãe, praticam extorsões contra o estrangeiro e são injustos para com o órfão e a viúva. (Ezequiel 22:6,7)
A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo. (Tiago 1:27)
Honra as viúvas verdadeiramente viúvas. Mas, se alguma viúva tem filhos ou netos, que estes aprendam primeiro a exercer piedade para com a própria casa e a recompensar a seus progenitores; pois isto é aceitável diante de Deus. (1 Timóteo 5:3,4)
Mas, de forma contrária, os falsos mestres pediam dinheiro às viúvas para si mesmos, embora isso fosse proibido. Eram verdadeiros estelionatários de viúvas, almejando seus bens, sob argumento de oferecerem proteção legal.
Eles administravam mal os bens da viúvas, abusavam da hospitalidade delas, ocupando espaço em suas propriedades, faziam exigências excessivas e usufruíam de tudo, inclusive satisfazendo suas glutonarias. Pior ainda se a viúva tivesse alguma deficiência mental ou fosse cega, surda etc.
Eles tomavam a casa de uma viúva como penhor da dívida por seus serviços jurídicos. Quando a viúva morria, eles eram os donos da casa. Nada sobraria se ela tivesse filhos. As viúvas davam como se estivessem comprando a bênção de Deus, elas eram enganadas pelo sistema religioso falso.
As pessoas tinham que trazer seu dinheiro para o templo. Havia treze receptáculos no Pátio das Mulheres para colocar o dinheiro. Elas eram ensinadas pelos rabinos que, com as doações, compravam sua redenção. Quanto mais dinheiro as pessoas davam, mais ricos os líderes religiosos ficavam.
Esse foi um dos motivos da indignação de Jesus ao expulsar os corruptos do templo:
A minha casa será chamada casa de oração para todas as nações? Vós, porém, a tendes transformado em covil de ladrões. E os principais sacerdotes e escribas ouviam estas coisas e procuravam um modo de lhe tirar a vida. (Mc. 11:17,18)
Eles viviam de fingimentos. Eles eram apenas uma farsa. Jesus combateu suas fraudes e hipocrisias durante todo seu ministério. No sermão do monte, Jesus disse:
E, quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos dos homens. (Mateus 6:5)
Por isso Jesus disse: “estes sofrerão juízo muito mais severo” (Marcos 12:40). O inferno será mais terrível para as pessoas que vivem uma religiosidade vazia, especialmente os falsos mestres, que são agentes de Satanás que produzem mais filhos do inferno.
Deus rejeita o ecumenismo. Só há uma verdade e um caminho e um evangelho. Aqueles líderes religiosos diziam crer no Deus único, mas perverteram seus caminhos e viviam muito distante da verdade revelada. Eles ficaram sob duro juízo.
Não há posição pior que ficar sob o juízo de Deus. Em Mateus 23 Jesus repete várias vezes: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas.” Terrível situação. E em Mateus 23:33 ele diz: “Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?”.
Se os líderes religiosos já estavam com máximo ódio contra Jesus, buscando oportunidade de matá-lo, você pode imaginar a explosão desse ódio após esse juízo público de Jesus contra eles em pleno templo.
A OFERTA DA VIÚVA POBRE
Então, de repente, há uma virada aparentemente estranha na cena. Jesus estava sentado em frente ao tesouro do templo, onde as pessoas davam seu dinheiro, e faz uma declaração.
Marcos 12
41 Assentado diante do gazofilácio, observava Jesus como o povo lançava ali o dinheiro. Ora, muitos ricos depositavam grandes quantias.
42 Vindo, porém, uma viúva pobre, depositou duas pequenas moedas correspondentes a um quadrante.
43 E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta viúva pobre depositou no gazofilácio mais do que o fizeram todos os ofertantes.
44 Porque todos eles ofertaram do que lhes sobrava; ela, porém, da sua pobreza deu tudo quanto possuía, todo o seu sustento.
Jesus fala da oferta de uma viúva pobre em contraste com os ladrões e corruptos líderes religiosos de Israel. A única informação sobre ela é que se tratava de uma viúva pobre que deu todo seu sustento.
Ela deu tudo o que tinha. Não se trata de um ensino para fazermos o mesmo para demonstrar nossa confiança para com Deus. Não há respaldo bíblico para alguém dar tudo e viver dependendo dos outros.
O texto sequer fala sobre a fé dela, se cria ou não em Cristo. Ela era uma vítima do sistema que devorava as casas das viúvas (Marcos 12:40). Essa é a conexão.
Qual era o possível pensamento daquela desamparada viúva? “Ou eu pego meus dois centavos e compro minha última refeição, ou faço o que eles me dizem – envio o dinheiro e Deus me abençoará”. Isso não parece o teor da mensagem de um moderno pregador de TV?
Esse era o sistema: envie-me seu dinheiro e você será abençoado. Era um covil de ladrões sem misericórdia. Isso nos ensina sobre a religião corrupta. Cuidado com os falsos pastores e falsos mestres. Eles fazem da fé um negócio maligno, tal como no falso evangelho da prosperidade.
Jesus não fez qualquer referência quanto a fé daquela viúva. Ele não tratou aquela cena como algo a ser imitado pelos discípulos. Ele jamais ensinaria que as pessoas colocassem seu dinheiro em um covil de ladrões. O contexto desse incidente foi em meio aos duros juízos contra a liderança religiosa e não se ensino sobre doação.
E todos os juízos que Jesus proferiu sobre os líderes são literalmente justificados e validados pelo ato dessa mulher. Ela era uma pobre cativa de um falso sistema religioso, despejando suas duas últimas moedas naquele sistema sob a promessa de que era o caminho para a bênção.
Ao falar sobre aquela viúva, Jesus estava assentado diante do gazofilácio ou arca do tesouro (Marcos 12:41), que ficava no pátio das mulheres. Ele havia ensinado lá antes (João 8:20). E naquela ocasião ele proferiu dura confrontação aos líderes religiosos, chamando-os de filhos de inferno (João 8:44).
O pátio da mulheres era um lugar aberto para todos. Chamava-se Tesouro, porque lá havia os treze receptáculos em forma de trombetas, onde as pessoas davam seu dinheiro. Em cada uma daquelas trombetas era depositado dinheiro para propósitos diferentes.
Este era o verdadeiro batimento cardíaco da religião falsa. Os falsos mestres enganam as pessoas com falsas promessas em troca de dinheiro. Eles são movidos pela ganância. Os fariseus e escribas eram avarentos (Lucas 16:14).
Você pode imaginar a dor que Jesus sofreu ao ver dinheiro sendo depositado para aquele sistema miserável, apóstata e corrupto, sob o argumento de receber bênçãos divinas em troca.
E, em meio a muitos ricos que doavam, apareceu aquela viúva pobre. Ela deu tudo quanto tinha, ao passo que os demais deram sobras. E logo após esse incidente, Jesus profere outro juízo contra a religião falsa:
E, saindo ele do templo, disse-lhe um dos seus discípulos: Mestre, olha que pedras, e que edifícios! E, respondendo Jesus, disse-lhe: Vês estes grandes edifícios? Não ficará pedra sobre pedra que não seja derrubada. (Marcos 13:1,2)
Jesus repugnou o sistema religioso que se valia de uma falsa fé para conquistar poder. Ele sabia que aquele sistema podre estava sobre juízo de Deus. Todos os ladrões e falsos mestres seriam julgados.
Tudo aquilo veio abaixo no ano 70 d.C., e não ficou pedra sobre pedra. Isso deveria ser uma passagem de advertência para os pregadores contemporâneos que fazem coisas semelhantes.
Os líderes religiosos pensaram que iam julgar Jesus. Ele foi para a cruz porque era o plano divino, mas saiu da tumba no terceiro dia e quarenta anos depois tudo aquilo veio abaixo, aquele sistema religioso foi completamente destruído e nunca mais se recuperou.
Você não está agradecido por fazer parte da verdade? Você não é grato por fazer parte da verdadeira igreja – por conhecer e amar o Senhor Jesus Cristo, crer no evangelho, estar no lugar de bênção e não no lugar de julgamento – Deus é gracioso. Vamos orar.
Pai, nós Te agradecemos por este registro bíblico. Obrigado pela verdade que trouxe aos nossos corações e mentes. Obrigado por nos amar quando éramos teus inimigos, salvando-nos quando éramos pecadores perdidos. Obrigado por tornar justos os injustos somente pela graça.
Obrigado pelo dom da salvação. Obrigado pela verdade, a verdadeira compreensão da Tua Palavra. Ajude-nos a manter a verdade e a não fazer tréguas, alianças ou pazes com o erro, mas a ser protetores da verdade e protetores de Tua igreja.
Ajude-nos a ser protetores das pessoas vitimadas por esses sistemas e enfrentá-los corajosamente ao proclamar o que a Tua Palavra diz.Tem sido tão maravilhoso adorar-Te neste dia, mas sabemos que o trabalho não está terminado quando o culto termina, porque é um trabalho de coração, um trabalho de alma que Tu fazes. Então, nós oramos, Senhor, se há aqueles aqui que não conhecem a Cristo – que ainda estão no lado do julgamento, que serão condenados por rejeitar o Filho de Deus e o evangelho da graça – eu oro hoje, Senhor, que eles se convertam de seu pecado e rejeição, eles se arrependam e creiam em Cristo como Senhor e Salvador.
Nós oramos, Senhor, que Tu nos dês um compromisso renovado de andar com Cristo em obediência, aqueles de nós que Te conhecemos, para sermos fiéis; amar-Te com todo o nosso coração, alma, mente e força, amar-nos uns aos outros; ser servos em todos os sentidos, escravos de Cristo, que proclamarão as glórias do evangelho por toda parte.
Senhor, somos tão abençoados, e não devido a nada nosso, pois antes da fundação do mundo, o Senhor nos escolheu e colocou seu amor sobre nós, e seu filho morreu para pagar por nossos pecados, e o Senhor nos concedeu a justiça. Que tremendo presente!
Que, em gratidão por isso, possamos colocar nossas vidas no curso da obediência e serviço a Ti com todas as nossas forças. Nós Te agradecemos pelo maravilhoso privilégio de Te louvar. Estamos ansiosos pelo nosso tempo juntos esta noite. Em nome do seu filho. Amém.
Esta é uma série de sermões de John MacArthur sobre o Evangelho de Marcos.
Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos já publicados desta série.
Este texto é uma síntese do sermão “Religion and Its Victims”, de John MacArthur em 20/03/2011.
Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:
https://www.gty.org/library/sermons-library/41-65/religion-and-its-victims
Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno.