Testemunhos da Encarnação
Que criança era aquela no colo de Maria? Fazer essa pergunta e responder corretamente é a realidade mais gloriosa e graciosa que qualquer ser humano possa conhecer. O Filho de Deus, o Salvador, o Senhor do céu e da Terra. Simeão declarou: “Eis que este menino está destinado tanto para ruína como para levantamento de muitos em Israel e para ser alvo de contradição” (Lucas 2:34).
Os pensamentos de muitos corações seriam revelados. O que uma pessoa faz em resposta a Jesus Cristo revela seu coração. Revela o coração de uma maneira tão imensa, pois revela o destino desse coração. O destino de uma pessoa no tempo e na eternidade é determinado por sua resposta a Jesus Cristo.
Todos nós estamos familiarizados com a história do nascimento de Jesus Cristo. Sabemos sobre Zacarias e Isabel, que geraram milagrosamente João Batista, o precursor de Jesus Cristo. Sabemos do encontro entre Maria e Isabel, quando Maria viu a conformação de tudo que lhe fora anunciado pelo anjo. Sabemos sobre os anjos que anunciaram tudo aos pastores, e como eles foram ver a criança, atentando para tudo o que tinham ouvido. Estamos familiarizados com o relato dos sábios que vieram do Oriente, bem como da matança que Herodes promoveu para tentar ceifar a vida daquela criança.
Mas, há uma parte importante da história que muitas vezes é esquecida, e essa é a história que eu quero que você leve em consideração agora.
Sim, vieram os sábios, mas não sabemos nada do que eles disseram. Os pastores vieram. Nós também não sabemos nada sobre eles. Sabemos que eles estavam glorificando e louvando a Deus, mas não sabemos nada específico sobre o que eles disseram. Temos, então, declarações não especificas de que aquela Criança era o Deus Eterno encarnado. Temos apenas o registro de que eles glorificaram a Deus.
Em Deuteronômio 19, Deus disse que todo testemunho válido deve ser confirmado na boca de duas ou três testemunhas. Bem, isso é verdade para o nascimento de Cristo? Isso seria necessário para afirmar que Ele era Deus em carne humana? Que Ele era o Filho de Deus? Que a Palavra Eterna tornou-se carne? Se assim for, nós realmente não temos registrado testemunho específico dos sábios e dos pastores.
Encontramos, a partir do versículo 21 de Lucas 2, três testemunhos que confirmam a verdade de que ali se achava Deus em carne humana: José e Maria (juntamente), Simeão e Ana. Eles eram santos do Velho Testamento, pessoas confiáveis e piedosas que declararam que aquela criança era o Filho de Deus, o Messias, o Redentor. Essas pessoas fazem parte do remanescente judeu dos verdadeiros crentes em Israel.
Naquela época, Israel era quase exclusivamente apóstata. Após três anos do ministério de Cristo, havia apenas 120 almas reunidas em Jerusalém. Apenas 500 pessoas O viram ressuscitado na Galileia. O remanescente era de fato pequeno. Mas, no meio do judaísmo legalista hipócrita apóstata, havia alguns crentes reais, alguns crentes verdadeiros, e eles eram testemunhas de confiança.
As características de seus testemunhos eram robustecidas com o entendimento do Antigo Testamento. Eles conheciam o que Deus disse no passado. Eram crentes do Antigo Testamento, dedicados e obedientes ao Deus verdadeiro. Criam na revelação no Messias, conforme o Senhor havia dito.
O primeiro testemunho é de um casal: José e Maria. Mateus 1:19 diz que José era um homem justo. O que isto quer dizer? Deus o declarou justo. Não foi algo que ele obteve com sua própria justiça, mas aquela imputada por Deus. Em Lucas 1:30, o anjo diz a Maria: “Não temas, porque achaste graça diante de Deus”. A justiça lhe havia sido creditada pela fé. Era um jovem casal comprometido com a lei do Senhor, justificados e santificados. Lucas 2:21-24 diz:
21 Completados oito dias para ser circuncidado o menino, deram-lhe [José e Maria] o nome de Jesus, como lhe chamara o anjo, antes de ser concebido.
22 Passados os dias da purificação deles segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentarem ao Senhor,
23 conforme o que está escrito na Lei do Senhor: Todo primogênito ao Senhor será consagrado;
24 e para oferecer um sacrifício, segundo o que está escrito na referida Lei: Um par de rolas ou dois pombinhos.
Eles testemunham duas coisas: a circuncisão e a nomeação da criança. Textos como em Gênesis 17: 1-4 e Levítico 12 falam da necessidade da circuncisão. Havia uma série de razões para isso. Uma delas era preservar a nação Israel de doenças que eram mitigadas com a circuncisão. Mas, mais do que isso, era um símbolo da necessidade de limpeza espiritual no coração.
Começando com Abraão sendo circuncidado quando era adulto, pela vontade de Deus e, desde então, todo menino judeu seria circuncidado como um sinal da aliança de Deus com Abraão, esse era um sinal de ser um filho de Abraão, sendo judeu. Mas, por que esse sinal? Essa era a maneira de Deus lembrar ao povo de Israel que cada vez que uma criança nascia, mais um pecador entrava no mundo: um pecador que precisava de um coração circuncidado, um pecador que precisava de uma operação espiritual em seu interior.
Não somos pecadores por causa do que fazemos, dizemos ou pensamos. A prova mais profunda do nosso pecado é a nossa procriação, porque só podemos produzir mais pecadores. É aí que você vê a profundidade da miséria e da pecaminosidade. Tão agradável quanto você possa ser, você produzirá pecadores e nada mais. O pecado é tão sistêmico e endêmico na natureza humana caída, que a procriação é a melhor maneira de Deus nos dizer: “Você é pecaminoso e isso é evidenciado na medida que você produz mais pecadores”. Este é um lembrete para toda pessoa em Israel através de toda a sua história: eles são pecadores e produzem pessoas pecadoras que precisam de salvação e de um coração purificado.
Mas, você diz: “Por que Jesus precisou ser circuncidado? Ele não era santo?”. Antes de tudo, esse era o sinal de ser filho de Abraão, um filho do sexo masculino na linhagem de Abraão. Porém, mais do que isso, quando João Batista disse “Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim?”, Jesus respondeu: “Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça” (Mateus 3:15). Se a circuncisão era o que o Antigo Testamento exigia para os meninos, então Jesus cumpriu isto. Ele cumpriu toda a justiça.
Outra maneira de vê-lo é em Gálatas 4:4, onde Paulo diz: “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei”. Jesus não precisava do batismo nas águas e nem de qualquer coisa que simbolizasse purificação. Mas, Ele sempre foi obediente à lei.
Mesmo quando bebê, Seus pais obedeciam a lei por Ele. Não há discussão entre José e Maria: “Bem, olha, este é o Filho de Deus…”. José sabia sobre a concepção sobrenatural em Maria, mas em nenhum momento deixou de cumprir tudo que a lei dizia que era para fazer. Era um casal muito devoto, justificado e declarado santo por Deus. Era no momento da circuncisão que se nomeava a criança, tal como foi com João Batista (Lucas 1:59). Então, Lucas 2:21 diz: “E, quando os oito dias foram cumpridos, para circuncidar o menino, foi-lhe dado o nome de Jesus, que pelo anjo lhe fora posto antes de ser concebido”.
O anjo havia dito a José: “[Maria] dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mateus 1:29). Jesus significa “Jeová salva” ou “Deus salva”. Este é um lembrete do que o Antigo Testamento diz, que Deus é, por natureza, um Salvador. I Crônica 16:35 diz: “Deus da nossa salvação”. José e Maria obedeceram e sabiam que haviam recebido o privilégio de educar o Filho de Deus.
Lucas 2:22 diz: “E, cumprindo-se os dias da purificação dela, segundo a lei de Moisés, o levaram a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor”. Este é um ponto muito importante que você precisa entender. Em Levítico 12, Deus diz:
2 Fala aos filhos de Israel, dizendo: Se uma mulher conceber e der à luz um menino, será imunda sete dias, assim como nos dias da separação da sua enfermidade, será imunda.
3 E no dia oitavo se circuncidará ao menino a carne do seu prepúcio.
4 Depois ficará ela trinta e três dias no sangue da sua purificação; nenhuma coisa santa tocará e não entrará no santuário até que se cumpram os dias da sua purificação.
5 Mas, se der à luz uma menina será imunda duas semanas, como na sua separação; depois ficará sessenta e seis dias no sangue da sua purificação.
O que a lei mosaica pretendia fazer? Não era salvar, porque ninguém podia cumprir a lei. Assim, pelas ações da lei, ninguém é justificado. Ela foi projetada para apontar o pecado pela lei moral e pela lei cerimonial. Então, os pais precisavam perceber que acabavam de trazer um pecador ao mundo que transmitiram sua própria natureza à criança recém nascida.
Então, quando um filho do sexo masculino nascia, os pais, reconhecendo que acabaram de trazer um pecador para o mundo, passavam por um período de tempo em que a mãe era considerada impura. Isso era uma lei cerimonial apenas. A mãe nessas condições não poderia ir ao templo e não poderia tocar nada sagrado por quarenta dias. Isto era para dar a ela, novamente, a plena consciência de que havia acabado de trazer outro pecador para o mundo. Se fosse uma menina, como não poderia haver circuncisão, o tempo de purificação era duplicado, para deixar clara a ênfase.
Lucas 2:23 diz: “Segundo o que está escrito na lei do Senhor: Todo o macho primogênito será consagrado ao Senhor”. Um referência a Êxodo 13:12. O primogênito de todas as famílias pertencia ao Senhor. Era como dedicar a próxima geração ao Senhor.
Você tem uma ilustração disso com Ana, sobre Samuel, seu primogênito, ela disse: “Quando o menino for desmamado, então o levarei, para que apareça perante o Senhor, e lá fique para sempre” (I Samuel 1:22). E quando este dia chegou, ela foi ao templo e disse:
Ah, meu senhor, viva a tua alma, meu Senhor; eu sou aquela mulher que aqui esteve contigo, para orar ao Senhor. Por este menino orava eu; e o Senhor atendeu à minha petição, que eu lhe tinha feito. Por isso também ao Senhor eu o entreguei, por todos os dias que viver, pois ao Senhor foi pedido. E adorou ali ao Senhor (I Samuel 1:26-28)
Então, José e Maria foram ao templo “para darem a oferta segundo o disposto na lei do Senhor: Um par de rolas ou dois pombinhos” (Lucas 2:24), conforme Levítico 12:6-8. Novamente, vemos a devoção deles à lei do Senhor. Eles a seguiram passo a passo. A lei mandava “trazer um cordeiro de um ano por holocausto, e um pombinho ou uma rola para expiação” (Levítico 12:6), mas se casal fosse pobre, poderia substituir o cordeiro por mais uma rola ou pombinho (Levítico 12:8). Como José e Maria eram pobres, trouxeram o sacrifício alternativo. Os sábios trouxeram ouro, mirra e incenso (Mateus 2:11), assim eles poderiam comprar uma ovelha, mas isso foi posterior à oferta no templo.
O sacrifício de aves significava que eles reconheciam sua pecaminosidade. Esta é uma bela imagem. É impressionante pensar em jovens de 13 e 14 anos com esse tipo de compreensão. Eles foram justificados, santificados. Eles eram devotos em sua obediência à Palavra de Deus. Havia um arrependimento em seus corações, eles reconheciam a necessidade de purificação do pecado, e eles trouxeram uma oferta pelo pecado. Maria havia dito: “Meu espírito se alegra em Deus meu Salvador” (Lucas 1:47). José e Maria eram remanescentes de Israel, eram verdadeiros crentes do Antigo Testamento, justificados e declarados santos por Deus.
O segundo testemunho, dos três que são dados aqui, é o de Simeão. Neste exato momento, em uma área do templo que era cheia de dezenas de milhares de pessoas que se deslocavam, o Senhor cria um encontro. Lucas 2:25 diz: “Havia em Jerusalém um homem cujo nome era Simeão; e este homem era justo e temente a Deus, esperando a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele”. Este é Simeão, um homem justificado por Deus.
Por sinal, em Lucas 1:6, o mesmo é dito em relação a Zacarias e Isabel: “E eram ambos justos perante Deus, andando sem repreensão em todos os mandamentos e preceitos do Senhor”. Ali estava uma comunidade remanescente: Zacarias, Isabel, José, Maria. E aqui vem este homem Simeão, também parte do pequeno remanescente. Ele é justificado e santificado. Ele está olhando esperançoso em relação a chegada do Messias.
Simeão estava “esperando a consolação de Israel”. O Messias, como consolador, é um título claramente derivado de textos como Isaías 40:1-2 e 66:1-12. Os rabinos ensinavam que o consolo de Israel seria o Messias, aquele que cumpriria todas as promessas da aliança abraâmica, davídica e até os termos da Nova Aliança em Jeremias 31. Ele traria a salvação pessoal e da nação. Simeão tinha uma verdadeira esperança em seu coração. Ele cria nas promessas de Deus.
Lucas 2:25 diz que “Espírito Santo estava sobre ele”. O Espírito Santo teria que estar com ele, caso contrário, ele não poderia ter sido justificado, santificado e não poderia ser iluminado para entender a Escritura e ter a esperança do Messias. Então, há um sentido em que isso é óbvio. Isso também era verdadeiro no Velho Testamento. Qualquer pessoa justificada, santificada, edificada estava sob o ministério do Espírito Santo. Porém é mais do que isso. O Espírito Santo estava sobre ele de uma maneira única, pois em Lucas 1:26 é dito: “E fora-lhe revelado, pelo Espírito Santo, que ele não morreria antes de ter visto o Cristo do Senhor”.
Na encarnação de Cristo, tudo se desenrolou sob a influência do Espírito Santo. Em Lucas 1:15, o anjo diz a Zacarias que João Batista “será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe”. Lucas 1:41 diz que “ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre; e Isabel foi cheia do Espírito Santo”. Maria ficou cheia do Espírito quando proclamou o hino da encarnação a partir de Lucas 1:46. Lucas 1:67 diz que Zacarias foi cheio do Espírito Santo. Em Lucas 2:25 é dito que o Espírito Santo estava sobre Simeão e, então, no verso seguinte, que o Espírito Santo lhe revelou que veria o Messias antes de morrer.
Não sabemos quando ele recebeu esta revelação, mas podemos imaginar a grande esperança que havia em seu coração, ao saber que ele veria o Messias, o Cristo do Senhor. Então, aqui temos o testemunho confirmante de Simeão, um homem justificado, santificado, cheio de espírito, um homem justo. Lucas 1:27 diz que Simeão “pelo Espírito foi ao templo”. Aí está a providência de Deus. Ele é conduzido pelo Espírito Santo e entra no templo. Lucas 2:27-32 diz:
27 Pelo Espírito foi ao templo e, quando os pais trouxeram o menino Jesus, para com ele procederem segundo o uso da lei,
28 Ele, então, o tomou em seus braços, e louvou a Deus, e disse:
29 Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, Segundo a tua palavra;
30 Pois já os meus olhos viram a tua salvação,
31 A qual tu preparaste perante a face de todos os povos;
32 Luz para iluminar as nações, E para glória de teu povo Israel.
Simeão tomou a criança em seus braços e olhou para o rosto humano do Deus eterno. Ele sabia quem era aquela criança. Ele diz: “agora, Senhor… meus olhos viram a tua salvação”. Este é o momento exato em que a salvação chegou a Israel e ao mundo. Este é o momento da história redentora. A promessa que o Espírito Santo havia lhe revelado estava cumprida. Ele disse que poderia morrer, a paz inundou seu coração, ele desejou profundamente a glória do Senhor.
Nós não sabemos nada sobre Simeão após isto. Mas, sabemos seu encanto diante da salvação, prometida não somente a Israel, mas a todos os povos (Lucas 2:31-32). Simeão entendia o Antigo Testamento o suficiente para saber que uma luz veio às nações. Simeão, então, é usado como um testemunho fiel, um homem justificado, santificado, cheio de esperança, cujo coração pertencia a Deus e que vivia para um propósito: ver a chegada do Salvador. E quando Ele o vê, fica plenamente satisfeito e declara: “Este é o Salvador do mundo”.
Lucas 2:33 diz: “E José, e sua mãe, se maravilharam das coisas que dele se diziam”. Eles sabiam que aquele menino era o Salvador, o Santo de Deus, o produto do Espírito Santo nela, o Filho de Davi, o Rei Eterno. Simeão fez a primeira declaração nesse sentido vinda de uma fonte não angélica. Tudo confirmava o que o anjo havia dito a José e Maria. Lucas 2:34-35 diz:
Simeão os abençoou e disse a Maria, mãe do menino: Eis que este menino está destinado tanto para ruína como para levantamento de muitos em Israel e para ser alvo de contradição, (também uma espada traspassará a tua própria alma), para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.
Esta é a primeira vez que a cena inteira se tornou negativa. Esta é a parte que eles não queriam ouvir, mas eles precisavam ouvir isso de uma fonte inspirada pelo Espírito. Eles precisavam saber disso antes das dores chegarem. Para muitos, Ele seria o Salvador e, para outros, uma pedra de ofensa. Sobre isto João 1:10-12 diz:
Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome.
Simeão falou da realidade maravilhosa da obra de Cristo. A condição eterna de um homem é conhecida por sua posição diante de Cristo. Mas, Simeão falou também da rejeição e oposição. Jesus seria executado. E, durante toda História, Ele seria rejeitado.
Pessoalmente, ele disse para Maria: “Uma espada deve perfurar até sua própria alma”. O que é isso? Eu acho que talvez possamos entender da maneira mais completa. Antes de o capítulo 2 ter terminado, Jesus disse a sua mãe: “Por que você está me procurando? Você não sabe que devo tratar dos negócios de Meu Pai?”, afastando-a. Ele quis dizer: “Você não está no comando de minha vida”.
O primeiro milagre que Ele fez foi em Caná, em um casamento de pessoas que eles conheciam e provavelmente se relacionavam. E sua mãe vem a Ele pedindo um favor, ao que Ele diz: “Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora” (João 2:4). E a afasta. Em outra ocasião, quando anunciaram que Sua mãe Lhe procurava, Jesus disse: “Quem é minha mãe e meus irmãos? Qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe” (Marcos 3:31-35).
Mas, isso nem sequer está perto da espada que a atravessou em João 19:25, enquanto ela estava ao pé da cruz; e enquanto Jesus estava sendo perfurado, ela estava sofrendo como se estivesse sofrendo aquelas perfurações. Ela se alegrou com a Sua chegada, por tudo que foi anunciado, mas agora estava sendo alertada das fortes dores que viriam.
Há mais um testemunho, o de uma senhora chamada Ana, e seu papel é dar a terceira e última palavra de testemunho e falar da esperança, apesar da rejeição. Lucas 2:36-38 diz:
36 E estava ali a profetisa Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Esta era já avançada em idade, e tinha vivido com o marido sete anos, desde a sua virgindade;
37 E era viúva, de quase oitenta e quatro anos, e não se afastava do templo, servindo a Deus em jejuns e orações, de noite e de dia.
38 E sobrevindo na mesma hora, ela dava graças a Deus, e falava dele a todos os que esperavam a redenção em Jerusalém.
Muitas pessoas dizem que as dez tribos do reino do norte estavam todas perdidas. Elas não estavam. Ana conhecia sua tribo 700 anos após o cativeiro – a tribo de Aser. Ana era uma mulher que falava a Palavra de Deus. Era uma professora do Antigo Testamento, e não uma fonte de revelação. Ela era uma viúva de 84 anos. Seu marido morreu após 7 anos de casamento. Ela dedicou sua vida a Deus. Havia apartamentos que cercavam o pátio do templo, onde as pessoas podiam viver e servir no templo, acompanhar os levitas e os sacerdotes. Ela servia noite e dia em jejuns e orações.
Uma crente preciosa: caráter, credibilidade, espiritualidade. Aqui está outro santo da Antiga Aliança, justificado e santificado. Ela encontrou José, Maria e Simeão, e começou a dar graças a Deus, anunciando Jesus a todos que esperavam a redenção em Jerusalém.
Esse é o remanescente. Eles estavam procurando a redenção de Jerusalém, o que significa que eles estavam procurando o Redentor. Estavam se alegrando antecipadamente com a salvação. Eles eram os verdadeiros judeus que sabiam que precisavam de um remanescente divino do Salvador. Temos, assim, o testemunho de José e Maria, um casal piedoso; o testemunho de um homem piedoso, Simeão; o testemunho de uma mulher piedosa, Ana.
E há uma última palavra de testemunho para terminar a passagem, versículo 39: “quando acabaram de cumprir tudo segundo a lei do Senhor, voltaram à Galileia, para a sua cidade de Nazaré”. José e Maria voltaram para a Galileia, para a sua própria cidade de Nazaré. “E o menino crescia, e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele” (Lucas 2:40).
O maior testemunho sobre Cristo foi dado por Deus: “Este é o meu filho amado; a ele ouvi” (Marcos 9:7). Jesus é a Palavra feita carne: Cristo, Filho do Deus vivo, o Santo Menino, o Santo de Deus, Deus encarnado.
Pai, agradecemos a oportunidade de ouvir de novo a Tua Palavra que fala em honrar a Cristo. Obrigado, Senhor. Obrigado por este testemunho. Que possamos ser tão ousados quanto a querida Ana, para irmos a toda parte e falarmos com todos sobre Jesus. Que possamos ser como os pastores, dizendo a todos, com admiração, sobre o nascimento do Filho de Deus. Usa-nos mesmo nestes dias, para esse fim, oramos. Amém.
Esta é uma série de diversos sermões sobre a encarnação de Cristo. Segue links dos que já foram publicados.
- Jesus, o Verbo Eterno!
- A Maior Criança que Nasceu
- O Início da Maior Ação de Deus
- O Cântico de Maria
- Testemunhos da Encarnação de Cristo
Este texto é uma síntese do sermão “Testimonies to the Incarnation “, de John MacArthur em 20/12/2015.
Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:
https://www.gty.org/library/sermons-library/80-427/testimonies-to-the-incarnation
Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno