Tesouro em Vaso de Barro (1)

Ao longo dos anos, ao ler e estudar a Palavra de Deus, tenho me esforçado para me expor à verdade transformadora. Descobri que os livros de biografias sempre tiveram um efeito profundo em mim, desde quando eu era um estudante do ensino médio.

Ao longo dos anos tive o privilégio de ler biografias de grandes cristãos, pregadores, pastores e missionários, e contínuo fascinado com suas vidas. A vida deles se tornou para mim forte motivação, um catalisador para seguir em frente em minha própria caminhada espiritual.

É notório que a maioria das pessoas  sempre está procurando alguma solução pragmática para as coisas, alguma fórmula fácil ou alguns passos rápidos para alcançar algo. Mas eu fui influenciado por gente que fugiu desse comportamento, desde quando tinha uns 13 anos e comecei a ler biografias.

E digo isso porque quero que você entenda algo sobre 2 Coríntios, que é uma verdadeira biografia de Paulo. E essa biografia foi a que teve maior impacto em minha vida, muito acima de todas que li.

Vemos nesta carta a aparência de um homem quando realmente anda com Deus, quando realmente olha para a face de Jesus Cristo. De como é uma pessoa espiritual e um cristão nobre. É um modelo, um padrão e um exemplo.

E, reconhecidamente, esta é uma biografia, é muito pessoal. Mesmo quando ele usa o pronome “nós”, parece-me que na maioria das vezes ele está falando sobre si mesmo. Ele só não quer que as pessoas presumam que ele fala muito sobre si mesmo, então ele suaviza um pouco usando um pronome no plural. Mas ele é realmente aquele de quem fala, é sobre ele. E realmente não há muitas exortações e instruções práticas nesta carta.

A vida de Paulo é uma referência para que todo cristão possa imitar, porque ele gastou sua vida buscando agradar ao Senhor. Ele disse: “Sede meus imitadores, como também eu, de Cristo” (I Cor. 11:1).

Paulo apresenta um contraste entre o tesouro da verdade do evangelho e o recipiente humano em que ele entra.

Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. (2 Coríntios 4:7)

É um contraste surpreendente entre a glória resplandecente de Deus na face de Jesus Cristo e o recipiente fraco, imperfeito e frágil pelo qual essa glória é carregada e transmitida aos homens.

Paulo havia estabelecido a igreja em Corinto em um período de quase dois anos pregando lá. Não muito depois de sua partida, falsos apóstolos e falsos mestres assediaram aquela igreja ensinando mentiras. Mas para serem ouvidos, eles tiveram que minar a reputação e o ensino de Paulo. Foi um ataque maciço.

Aproveitando a ausência de Paulo, eles tentaram desacreditá-lo de todas as formas. Eles eram emissários de Satanás, desejando ensinar falsas doutrinas, e para isso usaram a tática de desacreditar Paulo para conquistar ouvintes.

O ataque deles envolveu golpes muito baixos, impiedosos e implacáveis. Até mesmo aspectos físicos de Paulo foram usados para ataca-lo, inclusive aparência e fala. Alguns dizem que Paula era corcunda e possuía uma forte deformidade ocular. Eles diziam que as cartas de Paulo eram “graves e fortes; mas a presença pessoal dele é fraca, e a palavra, desprezível” (2 Coríntios 10:10).

Por que alguns pensam que Paulo possuía deformidades que o deixavam com uma má aparência? Eles se fundamentam em Gálatas 4:13-15:

E vós sabeis que vos preguei o evangelho a primeira vez por causa de uma enfermidade física. E, posto que a minha enfermidade na carne vos foi uma tentação, contudo, não me revelastes desprezo nem desgosto; antes, me recebestes como anjo de Deus, como o próprio Cristo Jesus. Que é feito, pois, da vossa exultação? Pois vos dou testemunho de que, se possível fora, teríeis arrancado os próprios olhos para me dar.

Certamente os falsos mestres diziam coisas absurdas com base na aparência de Paulo, como um homem inexpressivo, comum, feio e talvez deformado. Eles também difamaram Paulo como pregador, dizendo que sua fala era desprezível

Eles o difamaram como pregador. Disseram que sua fala era desprezível, seu corpo parecia inexpressivo. Em 1 Coríntios 2: 1-4 Paulo diz que não esteve diante daquela igreja em oratória e discursos carregados de sabedoria humana, “mas em demonstração do Espírito e de poder” (1 Coríntios 2:4). Mas os falsos mestres atacavam Paulo de todas as formas, tentando minar a força de sua pregação e ensino.

Esta foi uma abordagem dolorosa para um homem nobre, e ele precisava reagir a isso. Era uma parte do ataque contra Paulo, e ele não quis se defender por si mesmo, mas pela verdade. Porque se ele fosse totalmente desacreditado e rejeitado naquela igreja, todos ali ficaria à mercê das mentiras e heresias dos falsos mestres. Por isso foi muito importante que Paulo se defendesse para que pudesse continuar a transmitir a verdade.

Como Paulo lidou com isso? Ele estava em uma posição muito difícil. Como todos os nobres pregadores e nobres servos de Deus, ele se encontrava em uma posição muito embaraçosa. Ele está sendo criticado por pessoas muito mais pecaminosas e fracas do que ele, e qualquer defesa sua poderia passar a imagem de orgulho. Como ele vai se livrar desse dilema em que tem que se defender e ao mesmo tempo não se orgulhar?

Paulo tinha ciência de sua fraqueza e problemas físicos. Se, de fato, sua fala era tão inexpressiva quanto diziam, ninguém sabia melhor do que ele. Ele demonstrava espanto pelo próprio fato de estar no ministério, pois reconhecia sua indignidade e que tudo era fruto de grande misericórdia de Deus. Ele declarou a Timóteo:

Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente… Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com a fé e o amor que há em Cristo Jesus. (1 Timóteo 1:12-14)

Ele não discorda de seus acusadores, sobre suas fraquezas, incapacidades, deficiências físicas e falta de atratividade. Mas ele tinha que se defender como um fiel pregador da verdade. Ele tinha que se defender em nome da verdade.

Ele estava muito ciente de que a glória, a majestade e a maravilha da nova aliança, a glória de Deus revelada na face de Jesus Cristo, estava presente em um mensageiro comum, humilde, frágil e imperfeito. Por isso que ele diz: “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós”. (2 Coríntios 4:7)

Nunca deixou de ser surpreendente para Paulo que o tesouro incalculável da verdade do evangelho da nova aliança estivesse contido em um vaso tão desprezível. Ele admite isso. E isso se tornou uma credencial de seu apostolado e não um motivo de rejeição.

É assustador esperar ou exigir um padrão impossível para um vaso de barro. Os pregadores sempre serão, na melhor das hipóteses, frágeis vasos de barro. E se Deus não pudesse usar vasos de barro comuns e frágeis não haveria nenhum ministério, porque Deus não usa pessoas humanamente credenciadas e que se consideram dignas em si mesmo.

Abraão era culpado de duplicidade, mas se tornou um homem de fé e amigo de Deus.

Moisés, outro vaso de barro, tinha sua fala hesitante e temperamento explosivo, ainda assim, ele foi o homem escolhido para conduzir uma nação e ter comunhão com Deus para receber a lei.

Davi, outro vaso de barro, era culpado de adultério e assassinato, mas ele se arrependeu e se tornou um homem segundo o coração de Deus, e compôs belos salmos, que cantamos ao longo dos séculos.

Elias saiu correndo de Jezabel, sentou-se debaixo de um zimbro, e, zangado com Deus, disse: “Basta” (I Reis 19:4). Ele havia subido no Monte Carmelo, desafiou Acabe e todos os profetas de Baal. Mas agora ele afunda a este nível. Mas até Elias ouviu a voz mansa de Deus no Horebe (I Reis 19:8-19) e foi usado poderosamente.

Isaías, na presença de Deus, admitiu que ele era um homem com os lábios imundo. E, no entanto, foi ele que Deus chamou e usou poderosamente (Isaías 6: 1-6).

Pedro, era o líder e porta-voz dos doze apóstolos. Ele falhou tantas vezes, e finalmente, quando tudo estava realmente em risco, negou seu Senhor com maldições e juramentos. Ele foi posteriormente restaurado pela compaixão de Jesus ao ministério mais eficaz e poderoso no início da igreja, ao ponto de 3.000 pessoas se converterem em um sermão dele no Dia de Pentecostes (Atos 2).

João, aquele que esperava apoio de Jesus em querer proibir um homem de expulsar demônios em nome de Jesus, apenas porque não andar junto com ele e os demais apóstolos (Marcos 9:38). Junto com Tiago, queria invocar fogo do céu para destruir toda uma aldeia samaritana (Lucas 9:54). Ele também, junto com seu irmão, pediu a Jesus que lhe desse proeminência no seu reino (Marcos 9: 35-37). Mas João foi usado tremendamente pelo Senhor e talvez aquele que penetrou mais profundamente no mistério de Cristo como o Filho de Deus.

Paulo era apenas mais um vaso de barro. Ele era consciente de que todas as fraquezas pelas quais estava sendo acusado eram, de fato, verdadeiras. Relutantemente por si mesmo, mas com alegria pelo Senhor e pelo evangelho, ele tem que se defender. Mas ele não negou suas fraquezas e limitações humanas. E tudo isso se tornou  verdadeiras credenciais de seu ministério.

2 Coríntios 4
7 Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós.
8 Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados;
9 perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos;
10 levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo.
11 Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal.
12 De modo que, em nós, opera a morte, mas, em vós, a vida.
13 Tendo, porém, o mesmo espírito da fé, como está escrito: Eu cri; por isso, é que falei. Também nós cremos; por isso, também falamos,
14 sabendo que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus também nos ressuscitará com Jesus e nos apresentará convosco.
15 Porque todas as coisas existem por amor de vós, para que a graça, multiplicando-se, torne abundantes as ações de graças por meio de muitos, para glória de Deus.

Esta é uma seção maravilhosa das Escrituras. Apresenta a defesa de um homem que foi acusado de ser inadequado, inepto, inexpressivo e desprezível. Humanamente ele não poderia ocupar qualquer lugar de importância ao evangelho. E esse foi o segredo do impacto de seu ministério: tudo foi feito através da excelência do poder de Deus e não através de recursos humanos.

Nesta porção, podemos destacar alguns pontos que marcaram o caráter espiritual de Paulo. A primeira era a humildade.

Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. (2 Coríntios 4:7)

E aqui está um paradoxo, pois no versículo anterior, Paulo estava tratando da glória incalculável da nova aliança: a iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo (2 Coríntios 4:6).

Ele primeiro falou da Glória de Deus e do tesouro precioso e inestimável do evangelho. E agora fala de si mesmo como um mero vaso de barro, frágil e imperfeito, mas que proclama o tesouro glorioso do evangelho por meio da excelência do poder de Deus.

Ele declarou mais adiante: “as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus…” (2 Coríntios 10:4). E completou;

Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no Senhor. Porque não é aprovado quem a si mesmo se louva, e sim aquele a quem o Senhor louva. (2 Coríntios 10:17,18)

E o Senhor se agrada disso. Quanto mais fraco o vaso se mostra, mais fica evidente que o poder é de Deus.

“Temos este tesouro.” Esse tesouro é o evangelho da nova aliança. Em 2 Coríntios 4:1 ele disse: “Temos este ministério”. Aqui ele diz: “Temos este tesouro”. O ministério e o tesouro realmente se referem à mesma coisa: o conhecimento da glória de Deus na face de Cristo.

Este é o evangelho. O Deus eterno veio ao mundo encarnado em Jesus Cristo. Ele morreu na cruz, ressuscitou, concedeu o perdão dos pecados e a vida eterna. O tesouro é a verdade de que Deus está resplandecendo em Cristo e trazendo a salvação. Esse é o evangelho. Em Cristo estão todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento (Colossenses 2:3). Nele a plenitude da Divindade é revelada corporalmente.

O tesouro da nova aliança é um ministério de vida, poder e glória. Revela as verdades mais grandiosas que o mundo pode conhecer. Produziu os efeitos mais surpreendentes: Libertou pecadores da condenação e do poder do pecado. Isso os transforma na imagem de Cristo. Ele os livra do poder do príncipe deste mundo, do poder da morte e os torna participantes da vida eterna. Esses efeitos extrapolam toda habilidade, técnica e poder humano. Eles são atribuíveis diretamente ao poder de Deus e somente ao poder de Deus.

Então, aqui está esta poderosa, gloriosa e majestosa nova aliança, verdade incalculavelmente e inestimável, um verdadeiro tesouro. E está sendo anunciada em vasos de barro. Um varro de barro assado com as sujeiras. Paulo quis dizer: “Isso é o que eu sou, um vaso feito de sujeira.” A palavra usada no grego se refere ao barro recém assado. Refere-se a vasos muito comuns, baratos, quebráveis, substituíveis, sem valor e simples, mas que cumpriam suas funções.

Ocasionalmente, vasos de barro eram usados como cofres. Joias valiosas, ouro e prata eram colocados em um pote de barro, muitas vezes enterrados no solo para que o vaso de barro servisse como um cofre. Eram também usados para guardar documentos valiosos. Títulos de propriedade e manuscritos importantes eram frequentemente armazenados em vasos de barro.

Os Manuscritos do Mar Morto, que contém manuscritos muito precisos do Antigo Testamento, que são anteriores a Cristo, mostram como as Escrituras foram perfeitamente preservadas desde que foram escritas. Uma descoberta maravilhosa.

E você sabe como eles foram descobertos? Um menino pastor estava brincando na beira de um precipício em um sítio arqueológico próximo da margem noroeste do Mar Morto, a 12 km de Jericó e a cerca de 22 quilômetros a leste de Jerusalém. Há um enorme abismo lá. E ele estava jogando pedras, aparentemente, dentro da caverna, e ele ouviu algo quebrar e foi até a caverna e descobriu os vasos de barro que continham os Manuscritos do Mar Morto.

Esses manuscritos são incalculáveis em seu valor para o estudo bíblico e estão alojados em um belo museu na cidade de Jerusalém. E esse museu foi construído para replicar o design dos vasos de barro em que foram encontrados. E o topo do museu é como a tampa dessas panelas de barro. E quando você passa pela loja de souvenires, no final pode comprar uma réplica em miniatura daqueles vasos.

Os vasos de barro também foram usados para guardar cosias muito valiosas. Mas, normalmente eram usados com mais frequência para as coisas comuns da vida, da mesma forma que você usaria um balde na garagem. Naquela época, eles não havia sistemas de esgoto e, por isso, eram usados para depósito de lixo e para armazenar dejetos humanos. É sobre isso que Paulo trata com Timóteo:

Ora, numa grande casa não há somente vasos de ouro e de prata; há também de madeira e de barro. Alguns, para honra; outros, porém, para desonra. (2 Timóteo 2:20).

Quando Paulo diz: “temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós” (2 Coríntios 4:7), o tipo que vaso que ele se refere são aqueles usados para as coisas mais comuns, desagradáveis e nojentas, ou seja, desonrosas.

Ele quis dizer, em outras palavras:

Não somos nada além de vasos de barro. E você sabe para que eles são usados. O único valor deles tem a ver com a finalidade a que se destinam. Em si mesmos, eles não têm qualquer valor, são dispensáveis e facilmente substituíveis.

E é assim que Paul se vê. Com tantas depreciações que ele sofria, ele quis dizer:

Afinal, o que você espera de um balde de lixo? Isso é tudo que eu realmente sou. Eu sou o pior dos pecadores e não tenho valor algum. Eu sou inútil. E se não fosse o tesouro que carrego, a mensagem do evangelho de Cristo, eu não teria valor algum.

Em 1 Coríntios 1: 26-29 ele declarou:

Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus.

Deus se deleita em escolher os insignificantes, os simples, os comuns e desprezíveis, os vasos de barro, que a sociedade julga que não servem para nada, e coloca o tesouro do evangelho neles. Em 1 Coríntios 2: 1-5, ele diz:

E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado. E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor. A minha linguagem e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do Espírito de poder; para que a vossa fé não se apoiasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.

Deus continua ignorando os sábios e entendidos e usando os vasos de barro para que o poder manifestado seja divino e não de força humana. E assim Paulo diz:

Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção, para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor. (1 Coríntios 1:30,31)

E aqui está a essência da verdadeira utilidade espiritual: Ser humilde. Que o mensageiro reconheça o que ele próprio é: um mero vaso desprezível de barro. Muitos tentaram desabonar Paulo por suas debilidades humanas. E Paulo não se defendeu quanto a isso, ele nem sequer debateu o assunto, ao contrário, usou isso como uma credencial do seu ministério: Tudo era feito pelo poder de Deus e nada vinha dele mesmo. Ele disse:

De tal coisa me gloriarei; não, porém, de mim mesmo, salvo nas minhas fraquezas… Deus me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte. (2 Coríntios 12: 5, 9-10

Quando nos sentimos fracos, abandonamos a autoconfiança. E isso foi tão necessário ao ministério de Paulo, que ele reconhece dizendo:

E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então, ele me disse: A minha graça te basta… (2 Coríntios 12: 7-9)

O mundo está cheio de pessoas muito inteligentes, eruditas  e confiantes em suas próprias habilidades. Mas tudo que precisamos é da graça divina, o poder de Deus é aperfeiçoado na fraqueza. É na fraqueza que temos a profunda necessidade de Deus e buscamos no Senhor tudo que é essencial.

O Novo Testamento não foi escrito por uma elite intelectual grega, romana ou judaica. O Senhor não chamou ao apostolado os eruditos que estudavam na biblioteca de Alexandria, nem filósofos reunidos em Atenas, nem oradores romanos e nem os mestre da lei. Ele foi a Galileia e chamou humildes pescadores.

Deus se agrada disso. Ele escolheu vasos de barro para pregar Sua grande mensagem de salvação. E por último chamou um pequeno judeu corcunda, de rosto deformado e sem grandes habilidades oratórias. E Ele colocou naqueles pequenos vasos de barro um tesouro inestimável. E ele ainda está fazendo isso.

Temos um tesouro nos vasos de barro que Deus tem chamado. O tesouro não é o vaso. E sem o tesouro que é colocado por Deus, o vaso não tem valor. Deus continua deixando de lado aqueles que confiam em suas próprias habilidades e credenciais. Ele continua procurando o quebrantado que carregará o tesouro da verdade salvadora com humildade.

E por que ele faz isso? “para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós” (2 Coríntios 4:7). Ao usar pessoas frágeis, Deus deixa claro que o poder é o Seu poder, não o nosso.

Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo. (2 Coríntios 4:6)

Portanto, o grande poder de Deus supera e transcende o vaso de barro. Supera e transcende a fraqueza do pregador e da testemunha. E você pode se considerar um vaso de barro muito frágil, mas a verdade em você é o poder de Deus. O fato de que Deus pode fazer uma obra tão poderosa e transformadora eternamente por meio de vasos tão frágeis é a prova da grandeza de Seu poder.

É precisamente a completa fraqueza do cristão que permite que ele experimente a maior demonstração do poder de Deus. E Ele quer que você saiba quão grande é esse poder. Não temos nada a oferecer, o poder está em Deus e na verdade que Ele revela.

Sempre houve homens no mundo muito inteligentes, mas Deus não poderia fazer uso deles. Eles nunca poderiam fazer a obra de Deus porque estavam perdidos na admiração de si mesmos. A obra de Deus nunca dependeu deles, e não depende deles agora.

O poder do evangelho não é produto da sabedoria humana, da habilidade humana, da oratória ou de técnicas humanas. O poder vem de Deus. Somos apenas vasos fracos, comuns, simples, frágeis, quebráveis e descartáveis.

E o que é maravilhoso é que toda essa fraqueza não compromete a causa do evangelho. Muito pelo contrário, mostra-se vantajosa, porque nos tira do caminho da autossuficiência e permite que o poder de Deus, por meio da verdade, faça sua obra. Essa fraqueza não é relativa ao pecado, é a própria fraqueza humana.

Paulo, servo do Senhor, foi humilde. E quando foi terrivelmente criticado por suas fraquezas humanas, ele aceitou de bom grado, porque ele sabia que a mensagem do evangelho não dependia do poder do vaso de barro, mas do poder de Deus. Continuaremos na próxima vez. Vamos nos curvar em oração.

Pai, mais uma vez te agradecemos pela riqueza da Tua palavra. Lamentamos nossas fragilidades, mas podemos sentir que, de alguma forma, nossas incapacidades e nossas inaptidões não comprometem a pregação do evangelho. Nossas fraquezas e fragilidades nos lançam sobre Ti. E quando alguma coisa transformadora acontecer ao nosso redor, as pessoas saberão, com certeza, que não fomos nós, mas o Teu poder. E o poder vem de Ti, nada  procede de nós mesmo.

Agradecemos, Senhor, pelo privilégio de termos sidos moldados em um vaso de barro no qual Tu colocaste o evangelho da nova aliança. E que, em nossa fraqueza, Tua força seja aperfeiçoada, e que o Senhor nos use para transformar vidas. Agradecemos por esse privilégio, no querido nome de Cristo. Amém.


Esta série contém 3 sermões:


Leia também: 


Este texto é uma síntese do sermão “Priceless Treasure in Clay Pots, Part 1”, de John MacArthur, em 23/10/1994. 

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/47-27

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


 

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