Santificado Seja Teu Nome

O maior desejo de um verdadeiro cristão é ver Deus santificado em sua vida. Ele ora: “Deus, seja eu um veículo para a tua santidade?” É aí que começa a oração. Antes de começar a pedir algo para si, você precisa pedir a Deus para que se cumpra em sua vida o que ele quer de você. Como o nome de Deus é santificado entre nós? Quando tanto a nossa doutrina como a nossa vida são verdadeiramente cristãs. Quando temos os pensamentos corretos de Deus e praticamos a sua vontade.

Vamos olhar neste momento para a oração que Jesus ensinou no sermão do monte.

Mateus 6
Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
¹⁰ venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu;
¹¹ o pão nosso de cada dia dá-nos hoje;
¹² e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores;
¹³ e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal [pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém]!

A maioria entende que a oração é um meio para se conseguir algo, geralmente para si mesmo, não entendendo a finalidade primordial da oração.

Podemos transformar a oração em uma espécie de último esforço. É como um “paraquedas espiritual”, você está contente por ele estar lá, mas você espera que nunca precise usá-lo.

Podemos ver a oração segundo nossa própria perspectiva e não sob a perspectiva de Deus. A oração não é primariamente para nós, é para Deus, para ele manifestar sua glória. Somente incidentalmente é para nós.

Se nunca obtivemos nada da oração senão a comunhão com Deus, já foi bastante, isso deve ser suficiente para sermos constantes em orar. Entrar na sala do trono e ter comunhão com o Deus vivo é suficiente para orarmos sem cessar (1 Tess. 5:17).

A oração é mais do que o privilégio de se comunicar com Deus, é um momento em que Deus mostra Sua glória, para que ele se revele quem ele é.

Um velho santo disse: “A verdadeira oração traz a mente à contemplação imediata do caráter de Deus e a mantém ali até que a alma do crente seja devidamente impressionada.”

Não oramos para impressionar Deus, para que ele pense que somos santos ou para conseguir algo que desejamos, oramos, antes de qualquer coisa, para Deus exibir sua glória.

Jesus disse: “Se pedirdes alguma coisa em meu nome eu o farei para que o Pai seja glorificado no Filho” (João 14:13). Por que Deus ouve a sua oração? Para que o Pai seja glorificado. A oração é sempre e sempre em primeiro lugar um reconhecimento da glória majestosa de Deus e um ato de submissão a ela.

Todas as nossas petições, súplicas, pedidos, necessidades, provações e problemas não se constituem a maior prioridade da oração. Jesus começou o Pai Nosso dizendo: “santificado seja o teu nome”; “venha o teu reino”; “faça-se a tua vontade”. É aqui que começa a oração. Somente depois dizemos: “dá-nos”; “perdoa-nos”; “livra-nos”.

A verdadeira oração começa com Deus, é esquecer-se de si mesmo e glorificar a Deus. Infelizmente muitos pensam que a oração é um esforço para que Deus satisfaça seus próprios desejos.

A oração se tornou um meio de reivindicar aquilo que as pessoas pensam que Deus tem que fazer. A oração se tornou uma lista de exigências e reinvindicações de supostos direitos. E é assim que muitas vezes oramos. E isso não é novidade. Veja a oração que Jacó fez:

Fez também Jacó um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta jornada que empreendo, e me der pão para comer e roupa que me vista, de maneira que eu volte em paz para a casa de meu pai, então, o Senhor será o meu Deus; (Gn. 28:20,21)

Ou seja, em outras palavras Jacó quis dizer: “Se o Senhor seguir meu caminho, fazendo o que eu quero, então Tu serás meu Deus! Se o Senhor fizer o que eu quero, então eu vou permitir que Tu sejas meu Deus”. E muitos oram assim, ainda que não admitam.

Não podemos ir a Deus em oração exigindo alguma coisa e dando ordens a Deus. Isso é uma tentativa de usurpar a soberania  e a glória de Deus. A oração tem como propósito principal a exaltação de Deus, a glória de Deus, a manifestação de sua majestade e de sua vontade soberana. O resto vem depois disso. A oração é para Deus. E assim é o Pai Nosso:

• “Pai nosso que estás nos céus”: essa é a paternidade de Deus.
• “Santificado seja Teu nome”: essa é a prioridade de Deus.
• “Venha o teu reino”: esse é o programa de Deus.
• “Tua vontade seja feita”: esse é o propósito de Deus.
• “Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia”: essa é a provisão de Deus.
• “E perdoa-nos as nossas dívidas”: esse é o perdão de Deus.
• “E não nos deixes cair em tentação”: essa é a proteção de Deus.
• “Pois Teu é o reino o poder e a glória para sempre. Amém”: essa é a preeminência de Deus.

Os líderes religiosos usavam suas orações hipocritamente para alegar que eram espirituais (Mt. 6:5-6). Eles pensavam que estavam informando a Deus de coisas que Deus não sabia e faziam vãs repetições como se pudessem importunar Deus até serem atendidos em suas exigências (Mt. 6:7-8). Em Mateus 6 Jesus reprovou as esmolas, jejuns e oração deles.

A oração deve começar com o reconhecimento de que Deus é nosso Pai.

Deus não é um ser distante e indiferente, Ele é um pai amoroso, terno e atencioso. “Pai nosso que estás nos céus” significa que Deus vai ouvir, porque Ele se importa. Ele tem recursos eternos ilimitados. Toda oração deve começar assim.

Na parábola chamada de “filho pródigo” (Lucas 15:11-32), quando na verdade se trata da “história de dois filhos e um pai amoroso”, o pai perdoou o filho que ficou em casa para agradá-lo, bem como aquele que saiu em para viver pecando e terminou em um chiqueiro.

O pai amoroso perdoou a ambos e ofereceu-lhes tudo o que possuía. E essa é a história de que Deus é o Pai que cuida incondicionalmente de seus filhos. Ele se importa com seus escolhidos. Ele é um pai amoroso. Começamos a orar reconhecendo o cuidado de Deus e de que ele tem os recursos para cumprir seu cuidado.

A Bíblia tem diversas genealogias, e as pessoas sempre se perguntam por que todas essas listas de nomes? Um dos propósitos é que Deus quer que saibamos que ele nos conhece pelo nome. O Senhor disse que o Pai celeste sabe do que cada filho dele necessita (Mt. 6:32).

A prioridade de Deus na oração

E é isso que queremos ver agora. A oração começa com “santificado seja Teu nome”. Essa é a primeira petição. E é um pedido a favor de Deus antes de qualquer coisa. Esse é o primeiro pedido. A segunda petição é “venha o teu reino”. A terceira petição é “seja feita tua vontade”.

E então podemos dizer “dá-nos”; “perdoa-nos”; “livra-nos”. E então fechamos tudo dizendo: “pois Teu é o reino e o poder e a glória para sempre. Amém.” A oração sempre começa com a prioridade de Deus, nossas necessidades vem em segundo plano. O Senhor tem preeminência, e tudo é para sua glória.

“Santificado seja Teu nome” coloca Deus em primeiro lugar. Mesmo sendo Deus um Pai amoroso, minha primeira petição não é em meu próprio favor, mas em favor dele. “Santificado seja Teu nome” no início da oração é uma advertência contra a oração interesseira. Deus tem a prioridade.

Os nomes de Deus nas Escrituras demonstram dimensões de sua glória

Jesus tratou de algo tão pleno e tão rico, que é não podemos compreender tudo que essa frase significa. Ela abrange toda a natureza de Deus e abre toda uma dimensão de respeito, reverência, admiração, apreciação, honra, glória, adoração e louvor a Deus.

Temos que ver “Teu nome” como um hebreu via. Os judeus, mesmo desonrando a Deus com suas vidas, tinham uma tremenda reverência ao nome de Deus, ao ponto de não mencionarem o nome de Deus. O nome de Deus diz respeito a tudo que ele é.

No Antigo Testamento temos a palavra Jeová. Não há tal palavra Jeová em hebraico, embora apareça em todo o Antigo Testamento. Você diz: “bem, de onde vem essa palavra?

Quando Moisés perguntou a Deus sobre seu nome, ele respondeu: “Eu Sou o Que Sou…. Assim dirás aos filhos de Israel: Eu Sou me enviou a vós outros” (Ex. 3:14). “Eu Sou o que Sou” é o Senhor Javé (Yahweh). Um outro nome para Deus é “Adonai”, que significa “O Senhor”.

Os judeus não falavam Javé e nem Adonai, por considerá-las sagradas. Eles então tiraram as consoantes de Javé e as vogais de Adonai, formando a palavra “Jeová”, que se tornou um nome alternativo de Deus. O objetivo era não falar o verdadeiro nome de Deus.

Mas isso não significava que eles glorificavam o nome do Senhor com suas vidas. Embora tivessem o cuidado de não dizer o nome de Deus, eles blasfemavam constantemente sobre quem Deus é. Por isso, o Senhor Jesus nos ensinou a santificar seu nome, não apenas seu nome como um nome, mas por quem Deus é. É um conceito abrangente.

Moisés queria ter certeza de que Deus estava com ele, e pediu para contemplar sua glória (Ex. 33:18). O Senhor acatou o pleito de Moisés.

Êxodo 34
Tendo o Senhor descido na nuvem, ali esteve junto dele e proclamou o nome do Senhor.
E, passando o Senhor por diante dele, clamou: Senhor, Senhor Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade;
que guarda a misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocenta o culpado, e visita a iniquidade dos pais nos filhos e nos filhos dos filhos, até à terceira e quarta geração!
E, imediatamente, curvando-se Moisés para a terra, o adorou;

O Senhor proclamou seu nome. E Moisés bradou: “Deus compassivo, clemente, longânimo, misericordioso, fiel” etc. O nome de Deus é o composto de todos os Seus atributos.

O nome de Deus encarna tudo o que Deus é. Santificar seu nome não é ter algum tipo de fetiche por falar a palavra Deus ou Senhor, é santificar tudo o que Deus é em termos de sua natureza e de seus atributos.

O Salmo 9:10 diz: “Em ti, pois, confiam os que conhecem o teu nome.” Aqueles que conhecem seu nome, percebem a plenitude de quem Deus é e entendem o caráter de Deus, confiarão Nele.

O Salmo 7:17 diz: “renderei graças ao Senhor, segundo a sua justiça, e cantarei louvores ao nome do Senhor Altíssimo”. O nome de Deus diz respeito a tudo o que Deus é.

O Salmo 102:15 diz: “Todas as nações temerão o nome do Senhor, e todos os reis da terra, a sua glória”. As nações não temerão as letras do nome do Senhor, mas tudo o que o nome Deus incorpora, toda sua glória, tudo que Deus é.

Aleluia! Louvai, servos do Senhor, louvai o nome do Senhor. Bendito seja o nome do Senhor, agora e para sempre. Do nascimento do sol até ao ocaso, louvado seja o nome do Senhor. Excelso é o Senhor, acima de todas as nações, e a sua glória, acima dos céus. Quem há semelhante ao Senhor, nosso Deus, cujo trono está nas altura. (Salmo 113:1-5).

Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome do Senhor, nosso Deus. (Salmo 20:7)

Em outras palavras, tudo o que Deus é motiva Seu louvor. Isso é verdade em muitas outras passagens nas Escrituras.

Jesus é o maior nome de Deus

Ele disse: “Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo” (João 17:6). O que Ele quis dizer? “Eu revelei quem Tu és”. E o que Jesus revelou?

E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. (João 1:14)

E João 14:9 Jesus diz a Filipe: “Quem me vê a mim vê o Pai”. Jesus é a encarnação do nome de Deus, ele é a manifestação, a revelação humana de tudo o que Deus é. Isso é o que seu nome significa.

Um nome não é um título, é a pessoa inteira. Quando Jesus disse “santificado seja o teu nome”, ele não estava falando uma mera frase por repetição, ele estava falando sobre tudo o que Deus é: A identidade, o caráter, a natureza, os atributos e o ser de Deus. Não se trata de um mero ritual de palavras em uma oração.

Há muitos nomes de Deus na Escrituras. O primeiro está em Gênesis 1:1, que diz: “No princípio, criou Deus os céus e a terra”. Aqui o nome de Deus é “Elohim”, que significa “Deus Criador”. Deus deve ser santificado como um Criador. O Salmo 19:1 diz: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos”.

Outro nome de Deus é “El Elyon”, que significa “Deus Altíssimo”. Em Gênesis 14:19 Melquisedeque diz: “Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra”. Ele é o Deus Criador , o Altísismo, Ele é o Deus possuidor dos céus e da terra. Ele é o governante soberano sobre todo o universo.

O Antigo Testamento tem outros nomes para Deus:

Jeová Jireh: o Senhor proverá (do original Yahweh-yir’eh).

E pôs Abraão por nome àquele lugar — O Senhor Proverá. Daí dizer-se até ao dia de hoje: No monte do Senhor se proverá. (Gn. 22:14)

Jeová Nissi: O Senhor é a nossa bandeira (do original Yahweh-nisi)

E Moisés edificou um altar e lhe chamou: O Senhor É Minha Bandeira. (Ex. 17:15)

Jeová Rafah: O Senhor que cura, que sara. (do original Yahweh Raph’eka)

Se ouvires atento a voz do Senhor, teu Deus, e fizeres o que é reto diante dos seus olhos, e deres ouvido aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma enfermidade virá sobre ti, das que enviei sobre os egípcios; pois eu sou o Senhor, que te sara (Ex. 15:26)

Jeová Shalom: O Senhor é nossa paz (do original Yahweh-shalom)

Então Gideão edificou ali um altar ao Senhor e lhe deu o nome de “O Senhor É Paz”. (Juízes 6:24)

Jeová Tsidkenu: O Senhor é nossa justiça (do original Yahweh-tsidqenu)

Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e executará o juízo e a justiça na terra. Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que será chamado: Senhor, Justiça Nossa (Jer. 23:5-6)

Jeová-Sabaoth: O Senhor dos Exércitos (do original Yahweh-tseva’ot)

O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio. (Salmo 46:7)

Jeová- Shammah: O Senhor está próximo, está presente (do original Yahweh-shamah)

O contorno será de nove quilômetros. E o nome da cidade desde aquele dia será: “O Senhor Está Ali” (Ezequiel 48:35)

Os nomes de Deus falam de seus atributos e glória. A Bíblia o chama por vários nomes, mostrando a plenitude de quem Ele é. Mas o maior nome de Deus é o nome do Senhor Jesus Cristo, que significa o Senhor Salvador e Rei. Esse é o seu maior nome.

E Senhor Jesus Cristo designou para si muitos outros nomes: o Pão da Vida (João 6:35); a Fonte de Água Viva (João 4:10); o Caminho, a Verdade e a Vida (João 14:6); a Ressurreição e a Vida (João 11:25); o Bom Pastor (João 10:11); a Videira Verdadeira (João 15:1); a Brilhante Estrela da Manhã (Ap. 22:16); A Luz do Mundo (João 8:12) etc.

Quando falamos de Deus e seu nome estamos falando sobre a plenitude de quem Ele é. Isaías 9:6 diz: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu. O governo está sobre os seus ombros, e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”. São designações de Sua natureza.

Assim entendemos “Teu nome” para ser tão completo como Deus está em Seu próprio ser, santificar Seu nome é percebê-Lo na plenitude de quem Ele é.

O significado de “Santificado Seja Teu Nome”

A construção no grego quer dizer: “Santo seja o teu nome”. Santificar tem duas ideias básica no grego: A primeira é “tornar algo ímpio em santo”, tal como 1 Pedro 1:16 diz: “sede santos”, aplicando a nós como pecadores.

Na segunda, que é o caso do Mateus 6:9, a ideia é “tratar como santo, sagrado e separado”.  E somente Deus é assim na sua essência. Isaías 6:3 diz: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.”

Nós não tornamos Deus santo, pois ele é essencialmente santo. Apenas pedimos que o Senhor seja reverenciado e reconhecido como santo em sua natureza e na essência de sua pessoa.

A ideia básica de “ser santo” é “ser diferente”. Muitas pessoas diferentes não são santas, mas as pessoas santas são diferentes. É por isso que Deus é chamado de “o Santo”. Isaías 48:17 diz: “Assim diz o Senhor, o seu Redentor, o Santo de Israel”.

O Senhor santificou o dia de sábado (Ex. 20:8), que deveria ser diferente dos outros dias. Ela mandou que os sacerdotes fossem santos, então eles deveriam ser diferentes dos outros homens. Mas ser santo em sua essência diz respeito apenas a Deus, ele é “santo, santo, santo”. Deus é digno de toda reverência.

O erro de Moisés ao não santificar o nome do Senhor em Meribá

Israel estava murmurando no deserto, duvidando da provisão divina de água e alimento. Muitos se juntaram contra Moisés e Arão, dizendo: “E por que vocês nos tiraram do Egito, para nos trazer a este lugar horrível, onde não há cereais, nem figos, nem vinhas, nem romãs, nem água para beber?” (Números 20:5).

Moisés e Arão se afastaram do povo e foram buscar ao Senhor. A glória do Senhor lhes apareceu e Deus disse a Moisés: “Pegue o seu bordão e ajunte o povo, você e Arão, o seu irmão. E, diante do povo, falem à rocha, e ela dará a sua água. Assim vocês tirarão água da rocha e darão de beber à congregação e aos animais” (Números 20:8).

E então, “Moisés levantou a mão e feriu a rocha duas vezes com o seu bordão, e saíram muitas águas; e a congregação e os seus animais beberam” (Números 20:11). Moisés não fez como Deus lhe instrui. Ele e Arão deveriam falar à rocha e dela sairia água, mas Moisés feriu a rocha duas vezes com o seu bordão.

O Senhor imediatamente disse a Moisés e a Arão: “Porque não creram em mim, para me santificarem diante dos filhos de Israel, vocês não farão entrar este povo na terra que lhe dei”. E ambos não entraram na terra prometida.

O que estava na cabeça de Moisés? Ele deve ter se lembrado que, no início da saída do Egito, quando o povo também estava murmurando, o Senhor disse para ele ferir a rocha em Herobe com seu bordão, que dela sairia água (Êxodo 17:1-7).

Mas agora Deus mandou que ele falasse à rocha, mas ele bateu na rocha com seu bordão não somente uma, mas duas vezes. Parece que ele pensou: “na outra vez eu bati na rocha, eu acho que preciso fazer isso novamente para sair água”. E não somente ele não creu e não obedeceu, mas quis se afirmar como um herói diante do povo.

Apenas falar com a rocha seria glorificar a Deus, mas Moisés quis associar o poder com sua vara e seu braço. Ele usurpou a glória de Deus, desobedeceu a ordem de Deus, não reverenciou a Deus, não santificou a Deus e não prestou a Deus sua honra devida. Ele foi movido por incredulidade, desobediência e irreverência.

Santificar o nome de Deus significa manter seu inigualável ser em reverência, para você creia no que Ele diz, veja seu nome como tudo que ele é, obedeça ao que Ele diz. Infelizmente muitos cristãos rebaixaram Deus a um mero amiguinho, um pai sentimental pronto para nos dar tudo que queremos.

1 Pedro 3:15 diz “santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração”, o apóstolo usou a palavra grega que significa reverência a Deus. Ele quis dizer: “Trate Deus como santo, separado, extraordinário, digno de ser adorado, louvado e glorificado”.

Santificar é separar de tudo que é comum e ímpio, honrar, reverenciar e adorar como o Deus verdadeiro e único. Não podemos tentar tratar Deus de qualquer forma. Deus tem títulos apropriados para Seu poder e Sua santidade.

Podemos repetir a vida toda “Santificado seja Teu nome” e não fazer ideia do que estamos dizendo. Deus deve ter o lugar de prioridade legítimo. Meu coração anseia por ter Ele glorificado e honrado em cada situação, cada circunstância e cada relacionamento.

Perto de consumar sua obra na cruz, Jesus disse: “Pai, glorifica o teu nome” (João 12:28). Essa foi a missão de vida de Jesus. E o Pai lhe respondeu: “Eu já o glorifiquei e ainda o glorificarei” (João 12:28).

Jesus se humilhou e foi obediente até à morte e morte de cruz. Ele glorificou o Pai com sua vida e obra. Por isso “Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp. 2:9-11).

Como o nome de Deus pode realmente ser santificado em nossas vidas?

1) Deus é santificado através de nossas vidas quando cremos que Ele existe 

“Sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Heb. 11:6).

É aqui que tudo começa. Deus não precisa ter sua existência provada pelos raciocínios humanos. A Bíblia não faz qualquer esforço nesse sentido. Ele já se manifestou à humanidade de forma suficiente.

Os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. (Rm. 1:20)

Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. (Salmo 19:1)

O astrônomo James Jeans disse: “Nenhum astrônomo jamais poderia ser ateu”. O filósofo Kant escreveu: “A lei dentro de nós e os céus estrelados acima de nós nos levam a Deus”. Deus se evidenciou sufucientemente. Nós começamos a santificar Deus quando cremos que Ele existe.

2) Deus é santificado através de nossas vidas quando o conhecemos como ele realmente é.

Não é simplesmente “crer em Deus”. Podemos crer em Deus e não santificar o seu nome, porque não o vemos como Ele é. O falso ensino sobre Deus é uma irreverência contra Deus.

Tomamos o nome de Deus em vão sempre que temos um pensamento sobre Deus que não é verdadeiro sobre sua Pessoa, seu caráter, sua glória e seus atributos revelados nas Escrituras.

Santificamos o nome de Deus quando cremos nele como Deus único e com os atributos já revelados a nós. Pensamentos errados e ilícitos sobre Deus não santificam Seu nome.

No período grego foram criados diversos falsos deuses: Eles eram depravados, imorais, sanguinários, iracundos etc. Os homens criavam deuses espelhando como eles se viam. Dizer a um grego para santificar, exaltar e reverenciar seus deuses seria ridículo. Eles sabiam que seus falsos deuses eram tão vis quanto eles mesmos.

Alguns tentaram fazer a mesma coisa com o verdadeiro Deus. Usando fontes pagãs, tentaram dizer que Deus é cruel e vingativo por ter afogado exército de Faraó no mar, por ter julgado e punido nações e mandar pessoas para o inferno eterno. Até mesmo Jó cometeu tal pecado ao dizer que Deus estava sendo cruel com ele (Jó 30:21).

Esses são pensamentos que vagam por aí por quem não sabe quem Deus realmente é. Por isso Jó, quando conheceu o Senhor como Ele realmente é, disse:

Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado. Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento encobre o conselho? Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia. Escuta-me, pois, havias dito, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza. (Jó 42:2-6).

Quando ignoramos como Deus realmente é, então duvidaremos dele quando Ele fizer as coisas. Iremos questioná-lo segundo nossos raciocínios humanos e não confiaremos nele. Paulo interroga: “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?!” (Rm. 9:20).

Se pensarmos errado a respeito de Deus, seremos desobedientes e faremos com que os outros sejam afastados de Deus. O Senhor não é comparável a nada, Ele é único. 

Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos. (Isaías 55:8,9)

Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém! (Rm. 11:33-36)

3) Deus é santificado através de nossas vidas quando vivemos constantemente cientes da Sua presença.

No Salmo 16:8 Davi disse: “Eu sempre ponho o Senhor diante de mim.” Ou seja, eu vejo tudo através de Deus. Deus é a minha visão. Essa é a chave.

Reverenciar a Deus é pensar em Deus o tempo todo, ver todas as coisas sob a ótica de Deus. Santificar o nome de Deus é ter pensamentos conscientes de Deus o tempo todo, em cada palavra diária e em cada ação diária.

Você vê Deus em toda parte? Você santifica Seu nome em sua vida? Ele é manifesto constantemente em tudo que você faz, em tudo que você diz e em toda parte que você vai? Não podemos pensar em Deus de vez em quando, mas o tempo todo. É dizer: “já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl. 2:20).

Uma vida consciente de Deus não pode ser eventual, mas constante. Santificar a Deus significa que devemos: crer que Ele existe; crer que Ele é quem Ele realmente é; e estar constantemente conscientes de Sua presença.

Mas poderíamos fazer todas essas três coisas e ainda assim não reverenciar a Deus. Há uma quarta condição que devemos considerar.

4) Deus é santificado através de nossas vidas quando vivemos em total  obediência a ele.

Essa é a chave final. Você não pode chegar à plenitude de santificar o nome do Senhor a menos que você o obedeça. A desobediência é um ato de falta de amor e de inimizade contra Deus (João 14:21 e 15:14).

O maior desejo de alguém que nasceu de novo é ver Deus santificado em sua vida. Alguém assim ora: “Deus, seja eu um veículo para a tua santidade!” É aí que começa a oração. Antes de começar a pedir algo para si, você precisa pedir a Deus para que se cumpra em sua vida o que ele quer de você.

Como o nome de Deus é santificado entre nós? Quando tanto a nossa doutrina e a nossa vida são verdadeiramente cristãs. Quando temos os pensamentos corretos de Deus e praticamos a sua vontade.

Devemos orar dizendo: “Deus, ensina-me a verdade e ajuda-me a vivê-la! Santificado seja Teu nome!” É por isso que 1 Coríntios 10:31 diz: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”. É assim que devemos viver.

Jesus disse: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mt. 5:16). “Santificado por Teu nome” significa que Deus está em exposição através de mim.

Como você realmente deixa Deus ser manifestado? Vivendo em obediência à Sua Palavra. A Bíblia diz que glorificamos a Deus: Pela fé; dando fruto; pela pureza; pelo louvor; pelo contentamento; proclamando sua verdade; pelo evangelismo; confessando-o como Senhor; confessando nossos pecados etc.

Essas são as maneiras que podemos demonstrar a majestade e a glória de Deus para que outros, ao nos verem, façam o julgamento correto sobre quem é Deus e sejam atraídos por Ele.

Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-aventurados sois. Não vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados; antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo (1 Pedro 3:14-16).

Gregório de Nissa (330-395) orou isso:

Que eu possa ser, por meio de tua ajuda, irrepreensível, justo e santo. Que eu me abstenha de todo mal e fale a verdade e o faça justamente. Que eu ande nos caminhos retos, brilhando com temperança, adornado com retidão, embelezado pela sabedoria e prudência. Que eu medite sobre as coisas que são de cima e despreze o que é terreno, pois um homem não pode glorificar a Deus de nenhuma outra maneira senão pela sua virtude que testemunha que o poder divino é a causa de sua bondade.

O nome de Deus é santificado em você? Por aqui você deve começar suas orações. Vamos orar.

Pai, eu me lembro das palavras do salmista “Oh engrandecei o Senhor comigo e exaltemos o seu nome”. Que possamos, oh Senhor, santificar o Teu nome. Que possamos manifestar tua vida em nós e Te glorificar. Oramos em nome do Senhor Jesus Cristo. Amém.


Esta é uma série de  sermões de John MacArthur sobre o Sermão da Montanha

Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos já publicados desta série

Clique aqui e veja também o índice com os links dos sermões traduzidos sobre o Evangelho de Mateus


Este texto é uma síntese do sermão “The Priority of Prayer”, de John MacArthur, em 25/11/199.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/2235/the-priority-of-prayer

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


 

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