Quando o Estado Exalta o Mal
A institucionalização do pecado
Este sermão de John MacArthur foi pregado em 13/06/2021, após sucessivas vitórias da Grace Community Church contra o Governo do Estado da Califórnia (EUA), que tentou impedir a comunhão da igreja e até mesmo o louvor, desde o mês de março de 2020. John MacArthur liderou uma árdua e vitoriosa batalha contra a tentativa de interferência do Estado na Igreja. Ele sempre afirmou que a Igreja está sob a jurisdição de Jesus Cristo e não de governos humanos, principalmente quando esses governos funcionam de forma inversa ao propósito que Deus estabeleceu para eles. Neste sermão ele, mais uma vez, fundamenta biblicamente esta conclusão.
Tentei abordar, desde o início de 2020 até hoje (13 de junho de 2021), as questões que nos confrontam no país em que vivemos, no mundo em que vivemos, no tempo em que vivemos. Mas pensei que havia uma mensagem final que eu gostaria de falar, e isso farei agora.
Quando decidimos nos reunir como igreja, mesmo que o governador do estado estivesse tentando nos impor o que fazer, houve muitas críticas. Essas críticas vieram de líderes evangélicos, pastores, blogueiros, escritores, amigos, inimigos – em quase todos os lugares. Mas não ficamos desencorajados de permanecer. E o Senhor demonstrou que o governo mentiu para nós. Quaisquer que sejam os problemas do mundo, a igreja é quem traz a mensagem da única esperança que o mundo possui.
Talvez meu tempo de vida seja o suficiente para ver o resultado da atitude de muitas igrejas permitirem que o governo mande nelas. A proibição de a igreja se reunir virá em nível mais agressivo. Muitas igrejas falharam neste teste agora, e haverá muitos que falharão no próximo.
Quando o Estado deve ser obedecido e quando não deve ser obedecido
A verdadeira igreja segue a Cristo, não o governo. O atual presidente dos Estados Unidos tenta convencer a nação de que sofremos várias ameaças internas, mas, na realidade, a maior ameaça a esta nação é o governo. E eu quero mostrar como devemos entender isso.
Romanos 13
1 Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas.
2 De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação.
3 Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela,
4 visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal.
O papel do governo é conter o mal, e quando ele funciona para conter o mal, está cumprindo seu propósito ordenado por Deus. Observe nos versículos 1 e 2 que o governo vem de Deus, por Deus. É projetado como uma restrição necessária em um mundo de pecadores. Os versículos 3 e 4 nos dizem que o governo não deve ser uma ameaça para aqueles que praticam o bem.
O governo deve ser um terror para os que praticam o mal. O governo deve louvar os que praticam o bem e trazer ira para os que praticam o mal. E os governantes, na verdade, de acordo com o versículo 6, são servos de Deus, dedicados a esse serviço.
Esse é o desígnio de Deus para o governo. O problema é que, quando o governo deixa de funcionar de acordo com o desígnio de Deus, ele cede sua autoridade. O mesmo aconteceria em uma família. O desígnio de Deus é que o pai conduza a família. Quando o pai lidera de maneira destrutiva e maligna, ele renuncia ao direito de exercer a autoridade dada por Deus.
O homem que escreveu Romanos 13, o apóstolo Paulo, violou as ordens do governo com mais frequência do que qualquer outra pessoa em todo o Novo Testamento. E quando ele ia pregar o evangelho, muitas vezes era jogado na prisão, e, por fim, ele foi executado pelo governo, porque se recusou a obedecê-lo, quando este não funcionava para proteger o bem e punir o mal. Ouça o que Pedro diz:
I Pedro 2
13 Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor, quer seja ao rei, como soberano,
14 Quer às autoridades, como enviadas por ele, tanto para castigo dos malfeitores como para louvor dos que praticam o bem.
Pedro repete o mesmo teor das palavras de Paulo: o governo foi constituído por Deus para o castigo dos malfeitores e o louvor dos que praticam o bem. Agindo assim, o governo está fazendo o que o Senhor planejou que ele fizesse. Quando o governo inverte tudo, protegendo os que praticam o mal e amedrontando os que praticam o bem, ele perde seu propósito divino.
O que estamos vendo atualmente? Os governantes estão alimentando uma cultura anti-Deus para proteção do mal. Chegou-se até ao ponto em que deseja proteger os criminosos e aterrorizar quem pratica o bem. Quando os criminosos estão sem freios, eles não mais temem as consequências de seus atos, e então o mal avança de forma tenebrosa. Nosso novo governo [dos EUA] é uma fonte de mentiras, é protetor dos mentirosos e inimigo daqueles que falam a verdade.
Portanto, o desígnio de Deus para o governo foi totalmente corrompido. À medida que essas esferas de controle divinamente projetadas na sociedade humana descem ao caos, o governo deixará de funcionar da maneira que Deus o projetou e, de fato, se tornará o inimigo do desígnio divino.
Estamos vendo as coisas invertidas: o governo protege os que fazem o mal e persegue os que fazem o bem. Vimos, recentemente, no Canadá, que o Estado mandou um pastor para a prisão, pelo “crime” de pregar a verdade, mas, no mesmo momento, libertou criminosos. O mundo virou de cabeça para baixo.
As razões pelas quais o Estado passou a proteger o mal e perseguir o bem
Precisamos entender que existem algumas razões sobrenaturais para que isso esteja acontecendo. Elas não são políticas e nem sociais. Vamos ver isso na Palavra de Deus. Ouça o que diz o apóstolo João:
I João 2
15 Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele;
16 porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo.
17 Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente.
O mundo é inimigo de Deus, das Escrituras, do evangelho e da igreja. O que queremos dizer com mundo? Não é uma referência ao mundo físico e material, mas ao sistema invisível do mal, dominado por Satanás. Mundo aqui é a palavra grega “kosmos”, que significa “sistema”. O mundo é um complexo de sistemas do mal que trabalha contra o que é justo.
O governo é um desses sistemas do mundo, e ele é voltado para restringir o mundo do qual faz parte. O complexo do mal funciona em todos os lugares, e o governo não é exceção. O governo é constituído por pessoas más que receberam a responsabilidade de conter o mal, mas elas mesmas são incapazes de viver sem o mal.
Temos um sistema humano feito de pessoas más e pecadoras tentando controlar uma cultura de pessoas más e pecadoras. O potencial colapso é inevitável e tem sido demonstrado historicamente. Por isso a Bíblia diz que “os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados” (II Tim. 3:13). E são homens maus que dominam historicamente os governos.
O complexo humano de pecadores tentando conter o pecado é, no final, um esforço perdedor. Há algo mais que temos que enfrentar: “Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno” (1 João 5:19).
O mundo inteiro está sob o controle do Maligno. Não é apenas que todo mundo é pecador, é que existe um poder sobrenatural maligno que domina o mundo. E quem é este dominador?
Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso (João 12:31).
Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais Andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência (Efésios 2:1-2)
Satanás é o governante deste mundo. Ele opera no sistema, ou seja, nas pessoas. O mundo inteiro está em seu reino. Satanás leva seu engano diabólico e maligno para promover a concupiscência dos olhos, a concupiscência da carne e soberba da vida, e, dessa forma, exerce domínio sobre os ímpios.
O deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo (2 Coríntios 4:4)
Nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. (Efésios 6:12)
Não se trata apenas de um complexo humano do mal. Além disso, por trás dele toda a força do inferno opera. O inimigo não é apenas pessoas pecadoras, é o sistema do mal por trás desse mal visível, um sistema invisível sob o controle do príncipe dos demônios, o próprio Satanás.
E qual o objetivo de Satanás?
O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar (1 Pedro 5:8).
Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira (João 8:44)
Satanás lidera um sistema fundamentado em mentira, divisão, destruição, sedução, opressão, distração, imposição, homicídio, roubo, difamação e calúnia. Ele é o ladrão que veio para roubar, matar e destruir (João 10:10). Ele é o sedutor de todo o mundo (Apocalipse 12:9). E para isso ele se camufla, disfarçando-se até de anjo de luz (2 Coríntios 11:14).
O objetivo final de Satanás é impedir as pessoas de virem a Cristo, assumir o controle de tudo e governar no lugar de Deus. Ele é um usurpador que almeja o lugar de Deus (Ezequiel 28:17-18). Ele está conduzindo a história humana em direção ao seu reino, e ele trabalha sistematicamente para isso. E para tanto, ele trabalha para retirar todos os elementos da lei divina e da verdade divina na sociedade.
Descrição do reino satânico no livro do Apocalipse
No capítulo 13, temos uma incrível imagem desta revolução que ele pretende.
Apocalipse 13
1 Vi emergir do mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças e, sobre os chifres, dez diademas e, sobre as cabeças, nomes de blasfêmia.
2 A besta que vi era semelhante a leopardo, com pés como de urso e boca como de leão. E deu-lhe o dragão o seu poder, o seu trono e grande autoridade.
3 Então, vi uma de suas cabeças como golpeada de morte, mas essa ferida mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou, seguindo a besta;
4 e adoraram o dragão porque deu a sua autoridade à besta; também adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem pode pelejar contra ela?
5 Foi-lhe dada uma boca que proferia arrogâncias e blasfêmias e autoridade para agir quarenta e dois meses;
6 e abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para lhe difamar o nome e difamar o tabernáculo, a saber, os que habitam no céu.
7 Foi-lhe dado, também, que pelejasse contra os santos e os vencesse. Deu-se-lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação;
8 e adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.
Essa é a besta que consolidará o poder e a liderança mundiais. Todas as coroas estão em sua cabeça, e todas elas têm o nome de blasfêmia, porque esse é o reino que Satanás está formando para tentar destronar Deus. Esse reino será dotado de poderes como um leopardo, um urso e um leão.
Esse é o Anticristo final, sucedendo muitos anticristos que já existiram (I João 2:18). Ele será o último. Ele se levantará do mar, das nações. Ele consolidará todo o poder mundial. Esse é o globalismo simbolizado por dez chifres, um número de conclusão, assim como sete cabeças. Ele terá o poder consolidado e a autoridade consolidada.
Ele é um blasfemador poderoso. E o dragão é Satanás, que deu ao Anticristo seu trono e sua autoridade. Em algum ponto no futuro, o mundo ficará maravilhado com esse monstro. E como resultado de sua influência, eles adorarão o diabo, o dragão, porque ele dará sua autoridade à besta. Eles adorarão a besta (o Anticristo), dizendo: “Quem pode pelejar contra a besta?
Toda a história humana está progredindo em direção a esse reino global sob o poder de Satanás, que terá um monstro governando o mundo inteiro. Esse monstro fará guerra contra os santos para vencê-los e terá domínio sobre todas as tribos, povos, línguas e nações. O mundo inteiro irá atrás dele, exceto os escolhidos de Deus, aqueles que foram escritos no livro do Cordeiro desde a fundação do mundo.
Apocalipse 13
11 Vi ainda outra besta emergir da terra; possuía dois chifres, parecendo cordeiro, mas falava como dragão.
12 Exerce toda a autoridade da primeira besta na sua presença. Faz com que a terra e os seus habitantes adorem a primeira besta, cuja ferida mortal fora curada.
13 Também opera grandes sinais, de maneira que até fogo do céu faz descer à terra, diante dos homens.
14 Seduz os que habitam sobre a terra por causa dos sinais que lhe foi dado executar diante da besta, dizendo aos que habitam sobre a terra que façam uma imagem à besta, àquela que, ferida à espada, sobreviveu;
15 e lhe foi dado comunicar fôlego à imagem da besta, para que não só a imagem falasse, como ainda fizesse morrer quantos não adorassem a imagem da besta.
16 A todos, os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres e os escravos, faz que lhes seja dada certa marca sobre a mão direita ou sobre a fronte,
17 Para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tem a marca, o nome da besta ou o número do seu nome.
O líder político, o Anticristo, terá o auxílio de um líder religioso. É outra besta que tem dois chifres, parecendo cordeiro, mas falando como dragão. Esse é o falso profeta. É o líder religioso que, acompanhando o líder político, o auxilia. Ele exerce toda a autoridade do primeiro monstro.
A marca do Anticristo permitirá as pessoas se envolverem com comércio diário, inclusive para compra de itens básico necessários. Sem essa identificação, as pessoas ficarão privadas de acessar até as coisas mais básicas.
Apocalipse 13
18 Aqui está a sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Ora, esse número é seiscentos e sessenta e seis.
A besta terá um nome inerente em algum sistema numérico. O número 666 é um número essencial de um homem. Ao número 6 falta uma unidade para perfazer o número 7, que representa a perfeição de Deus. Então, o número 6 diz respeito à imperfeição do homem. O triplo 6 reitera que o Anticristo, embora seja o mais poderoso humano que o mundo conhecerá, será apenas um homem com todas as suas imperfeições.
Então, estamos caminhando para um tempo em que haverá um reino satânico global. Ele consolidará todos os reinos do mundo, que estará sob o governo do Anticristo final, projetado pelo próprio diabo, e o mundo inteiro o seguirá. Junto com esse líder político, haverá um líder espiritual, o falso profeta. Ele será aquele que atrairá e seduzirá o mundo religioso para adorar o Anticristo. Então, o Anticristo se tornará um deus, mesmo sendo apenas um fantoche de Satanás.
Apocalipse 17
1 Veio um dos sete anjos que têm as sete taças e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas,
2 com quem se prostituíram os reis da terra; e, com o vinho de sua devassidão, foi que se embebedaram os que habitam na terra.
A religião mundial é o alvo de julgamento em Apocalipse 17. Essa religião, consolidada pelo Anticristo e pelo falso profeta, é chamada de “a grande meretriz”, que se assenta sobre muitas águas, ou seja, sobre toda a terra. E nela se prostituíram os governantes da terra, consolidando seu poder. Temos aqui uma unificação de todo o mundo sob o domínio do Anticristo, com um componente religioso nisso, liderado pelo falso profeta.
Apocalipse 17
3 Transportou-me o anjo, em espírito, a um deserto e vi uma mulher montada numa besta escarlate, besta repleta de nomes de blasfêmia, com sete cabeças e dez chifres.
4 Achava-se a mulher vestida de púrpura e de escarlata, adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas, tendo na mão um cálice de ouro transbordante de abominações e com as imundícias da sua prostituição.
5 Na sua fronte, achava-se escrito um nome, um mistério: Babilônia, a Grande, a Mãe das Meretrizes e das Abominações da Terra.
6 Então, vi a mulher embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus; e, quando a vi, admirei-me com grande espanto.
João descreve o Anticristo como uma besta escarlate cheia de nomes blasfemos, tendo sete cabeças e dez chifres. Então, descreve a prostituta, a falsa religião, que exibe um cálice cheio de abominações e imundícias de sua prostituição. Essa mãe das prostitutas e abominações está embriagada com o sangue dos santos. Ao longo da História, a falsa religião sempre perseguiu e matou os santos, e isso será ainda mais intenso nesse período.
É para esse cenário que Satanás está movendo e unindo o mundo. É para onde a história está indo. Não se surpreenda com os esforços globalistas e dos governos em banir a verdade divina. Esse é o plano de Satanás. Mas sabemos que o desfecho final será a destruição dos ímpios e do reino satânico.
Falamos sobre perseguição, e às vezes a experimentamos no sentido de que alguém nos odeia por causa de nosso testemunho cristão. Podemos ter problemas com um professor, no emprego etc. É uma medida de perseguição.
Mas marque isto: a perseguição, que significa prisão ou execução, só pode ser feita pelo governo. Deus deu ao governo a espada e o poder, mas quando ele prostitui esse poder e começa a punir os que fazem o bem e a proteger os que praticam o mal, ele exerce esse poder contra o povo de Deus.
Satanás sabe que para matar os santos, ele deve ter o único poder terreno legítimo, que é o poder do governo. Portanto, o governo é, sempre foi e sempre será o perseguidor final da igreja. É o governo que essencialmente causou todos os danos à igreja ao longo de sua história.
A maior ameaça à verdade e à virtude é o governo, que prostitui totalmente os desígnios ordenados por Deus. Ao longo da História, o governo sempre foi o perseguidor final dos santos. Satanás tem que se apoderar do governo para executar seus intentos. Esse é um objetivo central em sua estratégica.
O rei da Babibônia e de Tiro como meros fantoches de Satanás
Isaías 14 trata de um julgamento contra o rei da Babilônia (v. 4). Nesse julgamento, há algo mais do que apenas o rei da Babilônia, que podemos ver a partir do versículo 12.
Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo. Contudo, serás precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo do abismo (Isaías 14:12-15)
O rei da Babilônia caiu do céu? Não, mas quem caiu do céu? Lúcifer. Então, quem está por trás do rei da Babilônia? Lúcifer. Isaías descreve a rebelião de Satanás e nos mostra que é o próprio Satanás, o caído, é quem está energizando o rei da Babilônia, controlando o rei da Babilônia.
Da mesma forma, o profeta Ezequiel faz a mesma abordagem sobre o rei de Tiro.
Filho do homem, levanta uma lamentação contra o rei de Tiro e dize-lhe: Assim diz o Senhor Deus: Tu és o sinete da perfeição, cheio de sabedoria e formosura. Estavas no Éden, jardim de Deus […] no dia em que foste criado, foram eles preparados. Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo de Deus, no brilho das pedras andavas. (Ezequiel 28:12-14)
O rei de Tiro não estava no Éden. Quem estava no Éden? Quem era o querubim da guarda ungido? Satanás. Em Isaías 14, Satanás está trabalhando por trás do rei da Babilônia. Em Ezequiel 28, Satanás está trabalhando por trás do rei de Tiro. Isso ocorre porque Satanás faz sua grande obra contra o povo de Deus usando líderes políticos (reis e governantes).
Satanás sempre opera por meio de governantes malignos para perseguir o povo de Deus. No livro do Êxodo, era o Faraó. Quando os filhos de Deus deixaram o Egito, foram os chefes dos cananeus e filisteus, governantes da Assíria e da Babilônia. E no Novo Testamento, os perseguidores do povo de Deus eram os líderes oficiais de Israel e o Império Romano. Destruir o povo de Deus é sempre um empreendimento governamental.
Nabucodonosor usou seus poderes para tentar matar aqueles que rejeitaram a idolatria
Temos outra ilustração em Daniel, capítulo 2. Daniel, embora fosse um judeu no exílio na Babilônia, junto com todos os judeus que foram levados para lá, Deus o elevou porque ele interpretou o sonho de Nabucodonosor.
Daniel 2
46 Então, o rei Nabucodonosor se inclinou, e se prostrou rosto em terra perante Daniel, e ordenou que lhe fizessem oferta de manjares e suaves perfumes.
47 Disse o rei a Daniel: Certamente, o vosso Deus é o Deus dos deuses, e o Senhor dos reis, e o revelador de mistérios, pois pudeste revelar este mistério.
48 Então, o rei engrandeceu a Daniel, e lhe deu muitos e grandes presentes, e o pôs por governador de toda a província da Babilônia, como também o fez chefe supremo de todos os sábios da Babilônia.
48 A pedido de Daniel, constituiu o rei a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego sobre os negócios da província da Babilônia; Daniel, porém, permaneceu na corte do rei.
Por ter decifrado os mistérios, o rei da Babilônia engrandeceu a Daniel e o colocou como governador e chefe supremo dos sábios da Babilônia. Também atribuiu cargos importantes aos amigos de Daniel. Isso foi resultado de o rei verificar que os tolos da Babilônia, disfarçados de homens sábios, não sabiam responder a nenhum de seus dilemas.
Algum tempo se passou, provavelmente alguns anos. E o cenário mudou.
Daniel 3
1 O rei Nabucodonosor fez uma imagem de ouro que tinha sessenta côvados de altura e seis de largura; levantou-a no campo de Dura, na província da Babilônia.
4 Qualquer que se não prostrar e não a adorar será, no mesmo instante, lançado na fornalha de fogo ardente.
A imagem era do próprio rei, que deveria ser adorada como um deus. Nabucodonosor colocou-se como Deus, e qualquer um que o desafiasse estaria condenado à morte. E não tardou para que Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, denunciados pelos caldeus, fossem acusados de desobedecer às ordens do rei, por se recusarem a adorar aquela imagem
Daniel 3
14 Falou Nabucodonosor e lhes disse: É verdade, ó Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que vós não servis a meus deuses, nem adorais a imagem de ouro que levantei?
16 Responderam Sadraque, Mesaque e Abede-Nego ao rei: Ó Nabucodonosor, quanto a isto não necessitamos de te responder.
17 Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei.
18 Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste.
Essa foi uma desobediência civil, dos que recusavam se dobrar a uma ordem de idolatria do rei. E, claro, isso enfureceu a Nabucodonosor, que os lançou amarrados na fornalha ardente, tendo antes mandado que ela fosse tornada sete vezes mais destruidora, a ponto de matar os homens que executaram a ordem do rei (Daniel 3:19-23). Mas, então vem a cena que estarreceu ao rei (Daniel 3:24-26):
- O rei pergunta a seus conselheiros: Não lançamos nós três homens atados dentro do fogo
- Eles respondem: É verdade, ó rei.
- O rei, estarrecido, exclama: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante a um filho dos deuses.
- E o rei diz: Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, servos do Deus Altíssimo, saí e vinde.
Isso foi tão impactante a Nabucodonosor, que ele decreta:
Daniel 3
28 Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que enviou o seu anjo e livrou os seus servos, que confiaram nele, pois não quiseram cumprir a palavra do rei, preferindo entregar o seu corpo, a servirem e adorarem a qualquer outro deus, senão ao seu Deus.
29 Portanto, faço um decreto pelo qual todo povo, nação e língua que disser blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego seja despedaçado, e as suas casas sejam feitas em monturo; porque não há outro deus que possa livrar como este.
Essa história mostra que quando lhe parece útil, o governo pode tolerar o povo de Deus, mas isso pode mudar a qualquer momento, se ele for contrariado, e assim eles usam o poder da morte que está em suas mãos.
O Capítulo 4 de Daniel descreve uma possível conversão de Nabucodonosor, onde ele reconhece a soberania de Deus. E tem um sonho, que é interpretado por Daniel, que trata de um juízo de Deus sobre a soberba do rei, que duraria “até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer” (Daniel 4:25). Mas, doze meses depois, Nabucodonosor diz:
Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder e para glória da minha majestade? (Daniel 4:30)
Imediatamente, o juízo divino declarado por Daniel, na interpretação do sonho, se abate sobre o rei. E após o tempo do juízo, o rei declara:
Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, exalço e glorifico ao Rei do céu, porque todas as suas obras são verdadeiras, e os seus caminhos, justos, e pode humilhar aos que andam na soberba. (Daniel 4:37)
Ele aprendeu isso. Parece ser uma verdadeira história de conversão. Mas o que quero deixar claro é que os governos estão sempre em poder de causar danos ao povo de Deus, sempre.
- Em Atos 4:17, os oficiais dos judeus disseram: “Parem de pregar o Evangelho!”.
- Em Daniel 3, Nabucodonosor disse: “Pare de adorar o Deus verdadeiro! Se você adorar, eu lhe matarei no fogo”.
- Em Daniel 6, Dario, o rei da Pérsia, decreta: “Pare de orar ao Deus verdadeiro ou vamos jogá-lo na cova dos leões.”
- O governador da Califórnia diz: “Pare de louvar! Pare de ter comunhão uns com os outros! Pare de se congregar!”
Mas o povo de Deus não para, porque nenhuma autoridade humana é absoluta. E fique bem claro isto: nenhuma autoridade humana é absoluta. Todas as autoridades humanas são apenas autoridades enquanto funcionarem da maneira que Deus as designou. Quando elas não funcionam mais dessa forma, cedem a autoridade dada por Deus. Obviamente, as consequências são horríveis.
Doug Wilson, falando sobre Pedro, disse:
O homem que nos disse para nos submetermos ao governo logo seria executado pelo magistrado como uma grave ameaça à ordem civil. Esse é o mesmo homem que foi libertado da prisão por um anjo, tendo desaparecido, como o livro de Atos relata, como um homem procurado. Os guardas que o perderam foram executados devido ao seu desaparecimento.
Este era o homem que estava na prisão porque ele era um líder da igreja e porque havia dito ao Sinédrio que ele não iria parar de pregar, não importasse o que eles dissessem. E ele era o homem que estava escrevendo essa carta para preparar os cristãos respeitadores da lei para o tempo de perseguição que se aproximava, quando seriam acusados de serem rebeldes. Portanto, seja o que for que suas palavras no capítulo 2 signifiquem, elas tinham que ser consistentes com a vida do homem que as escreveu.
Devemos submissão ao governo quando ele funciona da maneira que Deus o planejou. A perseguição do governo contra a igreja vai se agravar muito. E tudo será motivo para isso, até mesmo uma doença. Mas a perseguição contra a igreja é para tentar desviá-la da verdade bíblica, e se a igreja resiste a isso, ela se torna inimiga do governo. O governo quer assumir o controle de tudo, inclusive de nossas mentes, e aí a igreja se torna o principal inimigo do governo.
Tim Cantrell escreveu:
Em julho de 1933, durante o primeiro verão de Hitler no poder, um jovem pastor alemão, da igreja mais importante de Berlim, usou Romanos 13 para lembrar aos cristãos a importância da obediência às autoridades. A igreja estava toda enfeitada com bandeiras nazistas e seus bancos lotados com os nazistas.
No início do mesmo ano, um renomado bispo protestante da Alemanha também pregou sobre Romanos 13 para justificar a tomada de poder e as políticas brutais dos nazistas.
Três dias após este sermão, o parlamento alemão foi dissolvido e Hitler assumiu como ditador. Em poucos anos, seis milhões de judeus foram massacrados e o mundo devastado pela Segunda Guerra Mundial.
Ao longo da história, mesmo no mundo ocidental, as pessoas viveram sob o que foi chamado de direito divino dos reis. Acreditava-se que os reis tinham um direito divino. Essa foi a monarquia absolutista. O que quebrou isso foram basicamente os reformadores, que diziam: “a lei é o rei e não o homem”. Por causa do mito do direito divino dos reis, tornou-se justificável a matança e massacre de incontáveis filhos de Deus.
Um escritor disse que o uso equivocado de Romanos 13 serviu para justificar tiranos sobre uma série de abusos horrendos, como o Holocausto de Hitler, o racismo no Apartheid da África do Sul. Tanto os judeus na Alemanha, quanto os negros na África do Sul, eram vistos como uma ameaça à saúde pública e à segurança nacional. Mas o governo dizia: ‘Confie em mim, eu sei o que é melhor para você, eu quero apenas te ajudar e te manter seguro’.
O Estado já se tornou provedor da maldade. Ele se tornou um assassino, massacrando milhões de crianças através do aborto e favorecendo agendas sexuais para afrontar a Deus. O governo patrocina a cultura da anti-verdade.
William Pitt, nome bem conhecido na história da Inglaterra, disse:
A necessidade, ou seja, saúde pública e bem comum, é o fundamento de toda violação da liberdade humana: é o argumento de tiranos. Deixe as pessoas com medo e elas farão o que você quiser. Uma sociedade temerosa sempre obedecerá, pessoas em pânico acreditarão em qualquer coisa.
Um escritor disse:
Os governos agora são eleitos prometendo supervisionar a moradia, educação, medicina, a economia, a moeda, renda mínima, comida, água, terra etc. O governo se torna pai e os cidadãos são dependentes. O governo, nesse papel, torna-se um monstruoso rolo compressor da burocracia, devorando impostos e tentando regular cada detalhe da vida. E o governo, definitivamente, quer regular a igreja e silenciar sua proclamação.
Em seu livro O Corpo Glorioso de Cristo, Kuiper escreveu:
Nossa época é de lideranças cristãs passivas. Quando uma igreja deixa de ser militante, também deixa de ser uma igreja de Jesus Cristo. Uma igreja verdadeiramente militante se opõe ao mundo. Vez após vez em sua história, a igreja achou necessário afirmar sua soberania contra usurpações pelo estado. Quando o rei Saul e o rei Uzias usurparam o sacerdócio, foram severamente punidos por usurpar algo que não estava sob a autoridade deles.
Nossa era é de totalitarismo estatal. Em todo o mundo, o estatismo está crescendo. Em muitos países a igreja se encontra totalmente à mercê do Estado. Cresce a ideia de que a igreja existe e opera com a permissão do Estado. Mas a igreja não opera com a permissão do Estado, mas sob a ordem do Senhor.
Francis Schaeffer, que morreu em 1984, disse:
Se não houver um lugar final para a desobediência civil, então o governo se tornou autônomo e, como tal, foi colocado no lugar do Deus vivo. E esse ponto é exatamente quando os primeiros cristãos realizaram atos de desobediência civil, mesmo quando isso lhes custou a vida. Atos de Estado que contradizem as leis de Deus são atos de tirania e são ilegítimos. A tirania afronta o designo de Deus para o governo. Resistir à tirania é honrar a Deus. O ponto principal é que em determinado momento não existe apenas o direito, mas o dever de desobedecer ao Estado.
G. K. Chesterton disse:
É somente por acreditar em Deus que podemos criticar o governo. Depois de abolir Deus, o governo se torna Deus. Se as pessoas não acreditam em algo além do governo, elas irão adorar o governo, por considerarem como a coisa mais poderosa do mundo.
João Calvino disse:
Estamos sujeitos aos homens que nos governam, mas totalmente submissos apenas no Senhor. Se eles comandam algo contra Deus, não lhes damos a menor atenção.
Andrew Melville foi preso porque confrontou o rei James (da Bíblia King James). Ele foi preso por ter dito isto:
Há dois reis e dois reinos na Escócia: há o Rei James, o chefe da Comunidade, e há o Rei Jesus, o Cabeça da Igreja. O rei James não é o cabeça e nem senhor da igreja, mas apenas um membro.
O governo vencerá? Satanás vencerá? Não. Sabemos que o Senhor executará o juízo e glorificará os santos. Todos os reinos deste mundo serão destruídos. Um aviso aos líderes desta nação e de todas as nações: o Rei está vindo! Ele esmagará toda oposição.
Satanás persegue a igreja por meio de governos. Mas o Filho de Deus veio para destruir o Diabo. Em conclusão, Romanos 8:31 diz: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” Vamos orar.
Pai, estamos muito gratos pela confiança que temos, transmitida às nossas almas por Tua preciosa verdade: Tua Palavra. Obrigado por essas pessoas queridas. Obrigado por sua fidelidade, por seu amor por Ti, pelo amor operado em seus corações, por Ti. Obrigado pela alegria da comunhão. Dá-nos tanta alegria, pois entendemos que tudo o que está por vir será para a Tua glória.
Tudo na História está se desenrolando no plano que o Senhor projetou. Teus propósitos não podem ser frustrados. Tu vais triunfar. Cristo virá. Ele destruirá Seus inimigos. Ele destruirá todos os reis e governantes e reinará sozinho em Seu reino glorioso, do qual nós, que O amamos, faremos parte. Ansiamos por esse dia! Até lá, podemos comemorar com alegria e gratidão por ainda sermos cidadãos daquele reino; e nós, que O conhecemos e O amamos, reinaremos com Ele. Agradecemos por essa promessa.
Que nunca fiquemos desanimados com o que está acontecendo no mundo. Que possamos entender que é exatamente o que as Escrituras dizem que esperaríamos. Ajude-nos a não cair na política dessas coisas, mas sim a vê-las através das lentes da Sagrada Escritura.
Sabemos que o Diabo tem um plano, mas Tu também; e Tu vais triunfar. O Senhor está triunfando agora mesmo na Grace Church, e estamos nos deleitando com uma prévia de Teu triunfo final. Agradecemos por esse doce dom da graça. Tragas hoje para Ti alguém que não conhece a Cristo. Atraia essa alma para o Teu reino. Para Tua glória nós oramos. Amém.
Este texto é uma síntese do sermão “When Government Rewards Evil and Punishes Good”, de John MacArthur em 13/6/2021
Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:
https://www.gty.org/library/sermons-library/81-117/when-government-rewards-evil-and-punishes-good
Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno