O Verdadeiro Discipulado

Continuando nossa trilha no Evangelho de Marcos, vamos agora olhar para a última porção do capítulo 9, os versículos de 42 a 50. É uma parte muito fascinante das Escrituras. Tem algumas características que são um pouco desafiadoras para se entender.

Ela foi adulterada ao longo dos anos, porém, nos manuscritos mais antigos que temos são consistentes. Outros posteriores tiveram acréscimo e alterações. Alguns escribas quiseram aumentar a ênfase de uma passagem adicionando algo a ela, ou então, acharam que a passagem não estava muito clara, e assim tentaram esclarecê-la.

Uma das grandes realidades das Escrituras é a preservação do original, que Deus supervisionou para que tenhamos um verdadeiro reflexo do texto original grego e hebraico.

Eu não considero os versículos 44 e 46 de  Marcos 9. Se você usa a versão Almeida Revista e Atualizada (ARA), verá que esses dois versículos estão entre colchetes, o que quer dizer que eles não existem nos manuscritos mais antigos. Presume-se que foram acrescentados por algum escriba.

Marcos 9
42 E quem fizer tropeçar a um destes pequeninos crentes, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse lançado no mar.
43 E, se tua mão te faz tropeçar, corta-a; pois é melhor entrares maneta na vida do que, tendo as duas mãos, ires para o inferno, para o fogo inextinguível
44 [onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga].
45 E, se teu pé te faz tropeçar, corta-o; é melhor entrares na vida aleijado do que, tendo os dois pés, seres lançado no inferno
46 [onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga].
47 E, se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o; é melhor entrares no reino de Deus com um só dos teus olhos do que, tendo os dois seres lançado no inferno,
48 onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga.
49 Porque cada um será salgado com fogo.
50 Bom é o sal; mas, se o sal vier a tornar-se insípido, como lhe restaurar o sabor? Tende sal em vós mesmos e paz uns com os outros.

A linguagem aqui é severa e radical. E isso se encaixa na natureza radical do convite de nosso Senhor ao verdadeiro discipulado. Radical refere-se a algo que é fundamental, intensivo, essencial e extremo. É uma ótima palavra para caracterizar o discipulado. Os fundamentos de ser um discípulo são realmente radicais.

O chamado ao discipulado radical, como acabamos de ler nesta passagem, sempre foi a marca do ministério de Jesus. Ele chamou pessoas para o reino dos céus, e para isso cada um deve deixar tudo e ir a ele, arrepender-se de seus pecados, crer nele, renunciar a tudo, amá-lo acima de qualquer coisa, tomar a cruz e negar-se a si mesmo e estar disposto a ser fiel até se o preço for a morte.

O texto de Marcos 9:42-50 é bastante coerente com tudo o que Jesus disse. Há apelos para quatro aspectos do discipulado radical: amor radical, pureza radical, sacrifício radical e obediência.

Lembre-se que este texto faz parte do treinamento que Jesus estava dando a sós para os apóstolos. Vimos nos sermões anteriores que Ele tratou de oração e fé, e logo depois de humildade. E agora vamos ter uma lição sobre discipulado radical.

1) AMOR RADICAL

Marcos 9
42 E quem fizer tropeçar a um destes pequeninos crentes, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse lançado no mar.

O que o Senhor está pedindo aqui é amor pelos outros crentes, para que não os levemos ao pecado. Ele é zeloso pela justiça de Seus filhos amados, Sua família, Seu reino, Sua igreja.

Ele adverte nesta declaração muito severa que antes de você levar outro crente a pecar, seria melhor você morrer de forma terrível.

Em Gênesis 12:3, quando Deus chamou Abrão para formar uma grande nação, Ele disse: “Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem”. Aqui há um princípio: Se você prejudicar o povo de Deus, o mal virá a você, e se você abençoar o povo de Deus, a bênção virá até você.

Em Mateus 18:7 há uma forte advertência de Jesus: “Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo!”.

Sabemos que o mundo tenta seduzir os crentes, porque é isso que o mundo faz o tempo todo. Mas o julgamento é pronunciado sobre o mundo e estendido a qualquer um, mesmo na casa de Deus, que induza outro crente a pecar.

Em Marcos 9:37 Jesus disse que “qualquer que receber uma criança, tal como esta, em meu nome, a mim me recebe, e qualquer que a mim me receber, não recebe a mim, mas ao que me enviou”.

Aqui está o ponto: Cristo vive em cada crente. Como você trata um crente é como você trata a Cristo, e como você trata a Cristo é como você trata a Deus.

Não podemos isolar o crente de Cristo e de Deus, porque eles habitam em cada crente. Em João 13:20 Jesus disse: “quem recebe aquele que eu enviar, a mim me recebe; e quem me recebe recebe aquele que me enviou”. Como você trata outro crente é como você trata a Cristo.

  • O crente é inseparável de Cristo e do Pai. O verdadeiro convertido diz: “Não vivo eu, mas Cristo vive em mim” (Gálatas 2:20).
  • 1 Cor. 6:17 diz que “aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele”.
  • Quando Paulo perseguia a igreja, Jesus lhe perguntou: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (Atos 9:4).

Em Mateus 25:34-40 Jesus diz àqueles que herdarão o reino:

Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me hospedastes; Estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me. Então, perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar? O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.

E, em Mateus 25: 41-46, Jesus diz para aqueles que irão para a eternidade no inferno:

Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não fostes ver-me. E eles lhe perguntarão: Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, forasteiro, nu, enfermo ou preso e não te assistimos? Então, lhes responderá: Em verdade vos digo que, sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer. E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna.

Voltemos, então, para Marcos capítulo 9:42, onde Jesus diz:

E quem fizer tropeçar a um destes pequeninos crentes, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse lançado no mar.

A ameaça é inconfundível e radical. Ele se refere a quem fizer tropeçar os pequeninos que creem. O Senhor está falando de um amor radical que nunca quer ser fonte de escândalo pecaminoso para outros crentes. Isso é sobre os outros crentes em sua vida: filhos, cônjuges, amigos e conhecidos.

Em 1Pedro 4:8 diz: “Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros”. E esse amor fervoroso buscar ajudar os outros à santidade. É tipo de afeição que pensa mais nos outros do que em si mesmo, conforme Filipenses 2:4. É um amor que nos eleva em direção à justiça.

Como podemos levar outros ao pecado? Posso lhe dar quatro respostas simples e gerais para essa pergunta.

a) Tentação direta: Quando você convida alguém a pecar, influenciando para a mentira, fofoca, trapaça, amor ao mundo etc.

b) Tentação indireta: Quando você os provoca ao ciúme exibindo o que você tem; ou os provoca à ira por indiferença ou indelicadeza. Em Efésios 6:4 ensina os pais a não provocar a ira em seus filhos, e isso por acontecer por desatenção, falta de afeto, falta de perdão, falta de bondade etc.

c) Fazer com que as pessoas tropecem dando um exemplo pecaminoso: Simplesmente fazendo coisas que as pessoas veem que são pecaminosas. Romanos 14:19 nos ensina a seguir as coisas que produzem paz e edificação uns para com os outros.

d) Deixar de encorajar a piedade: O que a igreja deve fazer quando se reúne? Estimular uns aos outros ao amor e às boas obras (Hebreus 10:24-25).

Então, de qualquer uma dessas maneiras podemos levar outros ao pecado. E nosso Senhor diz: “Seria melhor morrer uma morte horrível do que fazer isso”.

Esta é a ameaça mais forte que já saiu da boca de Jesus para Seu próprio povo. Ele exige o amor radical, que busca o melhor para os outros. Efésios 4:15-16 nos chama a seguir a verdade em amor e crescer em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, para edificação da igreja.

2) A pureza radical

Marcos 9
43 E, se tua mão te faz tropeçar, corta-a; pois é melhor entrares maneta na vida do que, tendo as duas mãos, ires para o inferno, para o fogo inextinguível
45 E, se teu pé te faz tropeçar, corta-o; é melhor entrares na vida aleijado do que, tendo os dois pés, seres lançado no inferno
47 E, se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o; é melhor entrares no reino de Deus com um só dos teus olhos do que, tendo os dois seres lançado no inferno,
48 Onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga.

Ninguém é capaz de levar outra pessoa à justiça se ele mesmo não for justo. Ninguém será uma influência purificadora sobre os outros, a menos que seu próprio coração seja puro. O inverso é verdadeiro. Se alguém tem seu próprio coração impuro, levará outros ao pecado. Será um meio de aprisionamento de outras pessoas.

Assim, o perigo de levar outros ao pecado é eliminado quando você lida com o pecado em seu próprio coração. E o que este texto exige é um tratamento radical e severo com o pecado. Pois se tropeçamos, faremos outros tropeçarem.

A linguagem de Marcos 9:43-47 é forte. A primeira coisa que me impressiona é a severidade com que devemos lidar com o pecado. Este é um comportamento extremo. Exige uma ação radical e severa contra todo e qualquer pecado.

As partes do corpo mencionadas aqui são as mãos, os pés e os olhos. E eu acho que a soma disso é simplesmente dizer tudo o que você vê, tudo que você faz, onde quer que você vá – tudo que se relaciona com sua vida, todos os comportamentos. Os verbos estão no tempo presente, enfatizando a luta contínua com a tentação e com o pecado.

E o que nosso Senhor está dizendo é que a salvação e o reino de Deus são tão importantes que você precisa se livrar de qualquer coisa que seja uma barreira para isso. Essa é a questão. Exige uma ação radical e severa contra qualquer coisa que se interponha no caminho da busca da santidade, retidão e pureza.

Obviamente, nosso Senhor não está pedindo mutilação física. Esse tipo de conclusão louca já se desenvolveu na história da igreja, levado alguns à loucura de pensar que mutilação física poderia fazer alguém derrotar o pecado. Esse absurdo desconsidera que a questão do pecado está no interior do homem. Jesus foi muito claro sobre isso:

Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem (Marcos 7:21-23)

Você não pode fazer nada contra o pecado lutando contra ele no corpo exterior. Tiago escreveu:

Cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte. Não vos enganeis, meus amados irmãos. (Tiago 1:14-16).

A chamada em Marcos 9:45, 47 é metafórica (figurativa), tal como o Senhor usou no Sermão do Montanha:

Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela. Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno. E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o inferno (Mateus 5:27-30).

Ele quis dizer que o problema está no interior do homem. Ele está ensinado que devemos lidar seriamente com o pecado. As referências ao inferno indicam que essas declarações são chamadas para um arrependimento genuíno e a fé em Jesus Cristo que acompanha a salvação. É uma libertação do inferno eterno. É um chamado para a salvação.

Jesus disse: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos” (Mateus 5:6). Nenhuma salvação é real a menos que haja um coração que busque a justiça. O verdadeiro novo nascimento é acompanhado de fome e sede de justiça.

A palavra “inferno”, usada por Jesus em Marcos 9:45 e 47, é “gehenna”. É sempre um termo que se refere ao lago de fogo, não apenas o lugar dos mortos (como o “hades”). É por isso que Marcos 9:43 descreve o inferno como o lugar de fogo inextinguível, e o versículo 48 como o lugar “Onde o seu verme não morre e o fogo não se apaga”.

A raiz dessa palavra vem de Vale de Hinom, mencionado em Josué 15:8. Um vale ao sul da cidade de Jerusalém onde Acaz e Manassés ofereciam sacrifícios humanos a Moloque (2 Reis 16 e 21, 2 Crônicas 28 e 33), para pacificar essa divindade maligna e falsa. Ali o povo judeu sacrificou bebês a Moloque.

Foi denunciado pelos profetas, particularmente por Jeremias (Jer. 7:31, 32:35). Ele o chamava de “Vale da Matança” (Jer. 19:6) e “Vale de Tofete” (Jer. 7:32; 19:6). “Tofete” vem de uma palavra hebraica que significa “tambor”. Alguns historiadores dizem que tambores eram batidos para abafar os gritos dos bebês em chamas. Um lugar horrível.

O rei Josias fechou esse vale (2 Reis 23:10) e então aquilo se transformou em depósito de lixo de Jerusalém, que era incinerado e vivia com fogo constante. Não era lixo com papel, plásticos etc., mas de comida podre, dejetos diversos, esgoto e vermes. O fogo lá nunca se apagava. Ele foi usado como uma ilustração do inferno eterno. Esta é a ênfase das Escrituras.

Quando Jesus diz em Marcos 9:48 que o inferno é um lugar “onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga”, Ele está fazendo uma citação do último versículo de Isaías (66:24), onde o profeta escreveu: “Eles sairão e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e eles serão um horror para toda a carne”. Ele trata do julgamento final.

Este é o chamado mais forte para o discipulado, talvez o mais forte que nosso Senhor deu: Você tem que lidar radicalmente com o pecado em sua vida ou restará a escuridão eterna.

O discipulado envolve fugir do pecado, correr na direção do Salvador para que Ele nos salve do pecado. E uma vez salvos, prosseguimos firmes em busca da santidade, tal como 2 Coríntios 7:1 diz:

Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus.

Aquele que nasceu de novo tem fome e sede de justiça, vive na dimensão de Filipenses 4:8, que diz:

Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.

3) Sacrifício radical.

Marcos 9
49 Porque cada um será salgado com fogo.

O que isso significa? Isso é tão enigmático que é muito difícil de entender.

Faço uma pergunta simples: onde nas Escrituras o fogo e o sal se encontram? Por exemplo, em Esdras 6:9 e Ezequiel 43: 23-24. O sal deveria ser armazenado para ser usado em sacrifícios.

E essa é a chave de Marcos 9:49, ou seja, o sal e o fogo se juntam porque os sacrifícios são queimados. O sal era adicionado aos sacrifícios como símbolo da aliança duradoura de Deus. O sal é um conservante.

Em Levítico 2:13 há um sacrifício em particular que se encaixa perfeitamente aqui:

Toda oferta dos teus manjares temperarás com sal; à tua oferta de manjares não deixarás faltar o sal da aliança do teu Deus; em todas as tuas ofertas aplicarás sal.

Ou seja, as ofertas ao Senhor deveriam estar com sal. O sal simboliza a promessa de Deus, a aliança de Deus, a fidelidade duradoura de Deus ao fazer a oferta.

Agora, o que é a oferta de manjares? Havia cinco ofertas. Quatro delas que eram sacrifícios de animais: holocausto, oferta pacífica, oferta pelo pecado, oferta pela culpa (Levítico 1 a 5). Todos eles representam a necessidade de expiação pelo pecado.

Mas Levítico 2:13 não está tratando de uma oferenda de animais pelo pecado, mas de uma oferta de consagração, devoção e dedicação. Simboliza a devoção total ao Senhor.

Isso, então, é coberto com sal que fala da durabilidade, resistência e permanência dessa oferta a Deus. Deus manterá sua parte e, ao salpicar sal sobre ela, sabemos que Deus será fiel. Sua aliança e fidelidade duradoura são simbolizadas no sal e assim deve ser a nossa também.

Estamos fazendo um sacrifício total, uma oferta permanente, duradoura e de longo prazo. Isso é consagração total. Então eu chamo isso de sacrifício radical. O equivalente (ou explicação) de Levítico 2:13 no Novo Testamento seria:

Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. (Romanos 12:1,2).

Isso é o que vemos na oferta de manjares. Equivale ao que Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lucas 9:23). É uma entrega total a Cristo, equivale a um sacrifício duradouro. Você não vai rastejar para fora do altar ao primeiro capricho. Você está salgando isso, é um sacrifício permanente.

Vimos que o discipulado radical exige amor radical um pelo outro, pureza radical em nossas próprias vidas e um sacrifício radical a Deus. E há uma quarta característica: A obediência radical.

4) Obediência radical.

Marcos 9
50 Bom é o sal; mas, se o sal vier a tornar-se insípido, como lhe restaurar o sabor? Tende sal em vós mesmos e paz uns com os outros.

Na ausência de refrigeração, o sal era essencial para conservar os alimentos. Mas se o sal se tornar insípido, ou seja, sem sabor ou desprovido de suas propriedades, como restaurá-lo? O próprio sal insípido terá que ser salgado. Em Mateus 5:13, no sermão da montanha, Jesus disse:

Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens (Mateus 5:13).

Mas o que pode tirar do sal sua salinidade? Em si mesmo não é possível isso acontecer, mas alguns historiadores explicam como acn==.

Plínio, por exemplo, registrou o fato de que havia vários tipos de sais em Israel e muitos deles tinham propriedades que os tornavam impuros, e eram basicamente inúteis. Um tipo que parecia estar em abundância era o sal imperceptivelmente misturado com gesso, tornando-se totalmente inútil.

Então nosso Senhor está falando que o sal é bom, desde que não seja misturado com algo que o torna inútil. E isso é uma ordem para a obediência radical, uma vida sem misturas.

E Jesus conclui dizendo: “Tende sal em vós mesmos e paz uns com os outros” (Marcos 9:50). É uma aplicação prática. Por que Ele disse isso? Porque era isso que eles precisavam ouvir.

Lembre-se que alguns versículos atrás, em Marcos 9:33-34, os discípulos estavam discutindo quem entre eles seria o maior no reino. Quando Jesus lhes perguntou sobre o que eles conversavam, o silencio foi total. Eles sabiam que estavam pecando com seus corações orgulhosos, egoístas, competitivos etc.

E Jesus lhes disse: “Se alguém quer ser o primeiro, será o último e servo de todos” (Marcos 9:35). Ou seja, Jesus quis dizer:

Vocês precisam ser puros em sua obediência, e aqui está a ordem para hoje: Parem de lutar, parem de se elevar, parem a competição, parem de ser a causa de escândalos, amem e vivam em paz uns com os outros, sejam humildes.

Essa é a essência do discipulado radical: amar extremamente, lidar com o pecado com severidade, sacrificar totalmente a própria vida e obedecer incondicionalmente.

E qual é o resultado disso?

“Vós sois o sal da terra … vós sois a luz do mundo” (Mateus 5:13,14). A verdadeira igreja de Deus é a única esperança que o planeta tem para uma influência espiritual. Então o discipulado radical tem como resultado o testemunho radical.

Não há outro sal. Não há outras influências espirituais divinas neste mundo além dos verdadeiros discípulos de Cristo, aqueles que são conhecidos pela natureza radical de seu discipulado. No sermão do monte Jesus conclui:

Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obra se glorifiquem a vosso Pai que está nos céus (Mateus 5:14-16).

O fim de tudo é que Deus seja glorificado. E o que vai atrair as pessoas para glorificar a Deus vai ser o testemunho que você dá porque você é sal e luz em virtude de seu discipulado radical. Vamos orar.

Pai, obrigado por Tua Palavra! Ela é tão viva e tão rica. E, Senhor, só posso falar do que a Tua Palavra diz, só o que for consistente com tudo o que está escrito neste Livro Sagrado.

Queremos ser radicais em nosso amor, pureza, sacrifício e obediência, para que possamos ter um efeito radical e revolucionário sobre o mundo à nossa volta. Que possamos ser essas pessoas, para que Tu seja glorificado. Essa é a finalidade de tudo.

Grato Senhor por nos dar este privilégio incalculável de levar o nome de Cristo. Que possamos cumprir bem nossa missaõ. Para Sua honra e em Seu nome. Amém.


Esta é uma série de  sermões de John MacArthur sobre o Evangelho de Marcos

Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos já publicados desta série


Este texto é uma síntese do sermão “Radical Discipleship”, de John MacArthur em 07/11/2010

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/41-47/radical-discipleship

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


 

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1 Response

  1. Daniel disse:

    Fui muito edificado e desafiado com esse sermão.

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