O Poder da Verdade

O correto entendimento da Escritura nos leva a conhecer a Deus, e então seu plano e propósito nos são revelados. E então descansaremos em sua soberana vontade, nossos corações são incendiados com alegria e desejo de compartilhar e testemunhar a verdade. Essa ardente chama moveu os servos do Senhor ao longo dos séculos.

A realidade mais importante no mundo é a verdade de Deus. A Palavra de Deus é a palavra da verdade.

As tuas palavras são em tudo verdade desde o princípio, e cada um dos teus justos juízos dura para sempre (Sl 119:160);
Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade (Jo 17:17);
Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa (Ef 1:13).

A Palavra de Deus é provada, reta e fiel, permanece para sempre no céu, ilumina nossos caminhos, liberta e santifica, e é a espada do Espírito.

O caminho de Deus é perfeito; a palavra do Senhor é provada; ele é escudo para todos os que nele se refugiam (Sl 18:30);
Porque a palavra do Senhor é reta, e todo o seu proceder é fiel (Sl 18:30);
Para sempre, ó Senhor,
está firmada a tua palavra no céu (Sl 119:89);
Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos (Sl 119:105);
Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (Jo 8:31-32);
Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus (Jo 17:17).

Somente aquele que crê e entende as Escrituras Sagradas pode saber a verdade sobre a salvação e o juízo eterno. Somente aquele que obedece às Escrituras Sagradas pode experimentar as bênçãos celestiais da obediência.

Compreender e crer nas Escrituras é entender tudo da perspectiva de Deus, que é a única verdadeira visão. Todos os propósitos de Deus para a humanidade só podem ser conhecidos por aqueles que entendem as Escrituras Sagradas. Portanto, o maior serviço que podemos prestar é proclamar e ensinar a Palavra de Deus.

Em Lucas 24:13-32 temos uma grande ilustração disso. Na sua primeira aparição após a ressurreição (no evangelho de Lucas) Jesus confrontou dois de seus seguidores que eram ignorantes em relação às Escrituras e estavam confusos. Eles criam nas Escrituras, mas tinham um entendimento deficiente e insuficiente delas. E isso é um grande perigo.

Jesus abriu e explicou as Escrituras do Antigo Testamento para eles e dissipou as trevas e confusão com a luz da verdade.

A história deste encontro pode ser visto a partir de três perspectivas: a necessidade de entendimento das Escrituras; a fonte de entendimento; e a resposta em virtude da compreensão das Escrituras.

A necessidade de compreensão das Escrituras Sagradas

Lucas 13
13 Naquele mesmo dia, dois deles estavam de caminho para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios.
14 E iam conversando a respeito de todas as coisas sucedidas.
15 Aconteceu que, enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e ia com eles.
16 Os seus olhos, porém, estavam como que impedidos de o reconhecer.
17 Então, lhes perguntou Jesus: Que é isso que vos preocupa e de que ides tratando à medida que caminhais? E eles pararam entristecidos.
18 Um, porém, chamado Cleopas, respondeu, dizendo: És o único, porventura, que, tendo estado em Jerusalém, ignoras as ocorrências destes últimos dias?
19 Ele lhes perguntou: Quais? E explicaram: O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que era varão profeta, poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo,
20 e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram.
21 Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o terceiro dia desde que tais coisas sucederam.
22 É verdade também que algumas mulheres, das que conosco estavam, nos surpreenderam, tendo ido de madrugada ao túmulo;
23 e, não achando o corpo de Jesus, voltaram dizendo terem tido uma visão de anjos, os quais afirmam que ele vive.
24 De fato, alguns dos nossos foram ao sepulcro e verificaram a exatidão do que disseram as mulheres; mas não o viram.
25 Então, lhes disse Jesus: Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram!
26 Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória?

Logo após algumas mulheres terem visto o túmulo vazio e Pedro ter ido lá confirmar (Lc 24:1-12), dois discípulos de Jesus que não eram apóstolos (cf. Lc 24:9), estavam a caminho de uma aldeia chamada Emaús (cerca de 11 Km de Jerusalém).

Esses dois discípulos estavam devastados e confusos. Todas as suas esperanças e sonhos a respeito de Jesus tinham sido frustrados. A crucificação do Messias era algo incompatível com aquilo que eles foram ensinados desde criança.

Eles imaginavam que o Messias iria se manifestar glorioso para reinar absolutamente, destruindo todos os inimigos de Israel. Qualquer coisa diferente disso seria intolerável para eles.

Eles se questionavam: Como poderia ser o Messias alguém que se permitiu ser pego pelas autoridades judaicas, entregue aos romanos e crucificado antes mesmo de ter começado a organizar quaisquer movimentos para tomar o poder absoluto na Terra?

Para eles Jesus foi desqualificado como Messias, portanto era irrelevante pensar em ressurreição. O fato de os apóstolos e outros discípulos terem ouvido o testemunho das mulheres sobre a ressurreição, eles não acreditaram, eles pensaram que tudo aquilo eram meras especulações.

Durante a caminhada eles estavam conversando sobre o que tinha acontecido nos últimos dias: a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, seguida de sua rejeição nacional, prisão, humilhação pública, condenação e crucificação.

Tudo aquilo foi inimaginável e devastador. Eles haviam colocado suas esperanças em Jesus, e agora estavam desnorteados. Foram eventos desastrosos para eles, o mundo deles havia virado de cabeça para baixo.

Era comum encontrar pessoas caminhando pelas estradas. E, de repente, alguém que eles não reconheceram se aproximou deles e passou a andar com eles. Era o Senhor ressurreto, mas eles não o reconheceram.

O corpo ressurreto de Jesus estava glorificado e alterado em relação à sua aparência anterior (Ap 1:13-16) e isso certamente explica a razão de muitos não o terem reconhecido após a ressurreição (Mt 28:17; Jo 20:14-15; 21:4). Ninguém reconheceu o Senhor ressurreto, exceto aqueles a quem ele quis se revelar.

A aparência de Jesus não estava deslumbrante como os anjos que anunciaram às mulheres sobre sua ressurreição (Lc 24:4) e nem como na transfiguração (Lc 9:29). Para aqueles viajantes ele parecia ser apenas uma pessoa qualquer na estrada.

E como eles estavam frustrados e totalmente incrédulos acerca da ressurreição de Jesus, seus olhos estavam completamente vendados para o reconhecer. Jesus teve que expor e explicar as Escrituras para que seus olhos fossem abertos.

Em outras palavras, Jesus lhes perguntou:

Você estão muito abatidos! Sobre o que vocês estão conversando e que tem produzido essa tristeza e inquietação?

E um deles, Cleopas, em outras palavras, respondeu?

Ué! Você não soube das últimas notícias? Será que você é a única pessoa que estava em Jerusalém e está tão desinformado sobre o que aconteceu esses dias?

Em outras palavras, Jesus lhe perguntou:

“Quais são as últimas notícias?”

E isso é tremendo. A última notícia do céu era a ressurreição do Senhor, mas para aqueles homens era a sua morte. Uma diferença abismal.

Eles então tentaram “atualizar” o “desconhecido” viajante “desinformado” sobre os últimos acontecimentos. E, em outras palavras, disseram:

Houve entre nós um profeta, que parecia ser aquele profetizado por Moisés (Dt 18:15), poderoso em palavras e em obras diante de Deus e de todo o povo. Ele demonstrou de forma convincente ser alguém enviado por Deus. Mas nossas autoridades religiosas o entregaram para ser preso, condenado e crucificado. Nós havíamos crido que ele era o Messias prometido que traria redenção a Israel. Em vez de derrubar o Império Romano, ele foi humilhando e crucificado pelos romanos. E Já se passaram três dias de sua morte, algumas mulheres dizem que o túmulo ficou vazio e que viram anjos dizendo que ele ressuscitou, mas ninguém achou provas de que isso é uma verdade.

A execução do Senhor Jesus tinha criado uma crise existencial e teológica naqueles homens. Um Messias crucificado era algo inconcebível para eles. Para eles, o Messias viria para cumprir as alianças Abraâmica e Davídica imediatamente, libertar Israel da opressão romana e estabelecer logo o reino messiânico prometido no Antigo Testamento.

Eles disseram: “nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel” (Lc 24:21). O verbo grego traduzido como “redimir” ou “resgatar” aparece somente aqui no evangelho de Lucas, embora a forma substantiva é usado no primeiro capítulo para falar da redenção de Israel, quando Zacarias, em seu cântico, disse: “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo” (Lc 1:68).

Eles falaram que Jesus foi rejeitado pelos líderes religiosos. Mas sabemos que toda a nação o rejeitou, a exceção de uma minoria. Diante de Pilatos a multidão bradou: “Fora! Fora! Crucifica-o! Não temos rei, senão César!” (Jo 19:15).

Todos sabiam que para resgatar algo era exigido o pagamento de um preço (cf. Lv 27:13, 15, 19, 27, 31). E eles tinham acabado de celebrar a Páscoa, quando os animais eram sacrificados como o preço para o perdão. Mas, ainda que eles entendessem que a redenção requisitava a morte, eles nunca foram ensinados que também exigiria a morte do próprio Messias, conforme por exemplo, Isaías 53.

Passaram-se três dias desde a crucificação de Jesus, e eles não tinha visto nenhuma evidência convincente de que Jesus havia ressuscitado. Ele disseram que algumas mulheres que andavam com eles foram ao túmulo e o encontraram vazio, e que viram anjos afirmando que ele havia ressuscitado.

Mas, de forma incrédula, também disseram que “alguns dos nossos foram ao sepulcro e verificaram a exatidão do que disseram as mulheres; mas não o viram” (Lc 24:24). Eles foram incapazes de crer que o Messias poderia morrer e ressuscitar.

Na parte final de seu ministério, Jesus afirmou que, em Jerusalém, ele seria entregue aos principais sacerdotes e aos escribas, seria condenado a morte, entregue nas mãos dos gentios, seria escarnecido, açoitado e morto, mas que ressuscitaria ao terceiro dia (Mc 8:31; 9:31; 10:33-34; Mt 12:40; 16:21; Lc 9:22). E isso incomodava e entristecia muito seus discípulos, que não podiam entender o Messias sendo morto.

E essa incompreensão das profecias do Antigo Testamento e das próprias palavras de Jesus Cristo levou aqueles homens a uma terrível incredulidade e um profundo desânimo. Jesus havia dito: “Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus” (Mt 22:29).

A fonte de entendimento

Lucas 24
25 Então, lhes disse Jesus: Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram!
26 Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória?
27 E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras.

Eles precisavam saber não só que Jesus havia ressuscitado dos mortos, mas também que a sua morte e ressurreição eram características essenciais do seu messianismo. Eles precisavam entender que tudo que havia acontecido fazia parte do plano de Deus para a redenção de Israel e do mundo.

Antes de ensinar àqueles homens, Jesus os repreendeu primeiro por serem “néscios e tardos de coração” (ou seja, “indolentes” ou “estúpidos”) “para crer em tudo o que os profetas disseram”. Toda a confusão naqueles homens era resultado da incapacidade deles em entender e crer em tudo que o Antigo Testamento ensinou a respeito do Messias.

Eles estavam corretos em esperar o Messias para reinar, governar e estabelecer o seu reino aqui na terra a partir de Jerusalém. Isso vai acontecer no reino milenar de Cristo, Mas isso era apenas uma parte da verdade. Por isso Jesus os questionou: “Não era necessário que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória?”.

Após sua rejeição pela nação, Jesus deixou muito claro que o reino seria algo futuro. E antes de sua ascensão, Lucas registrou:

Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel? Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade. (At 1:6-7).

Aqueles dois homens, assim como todo o povo judeu, estavam procurando um Messias que venceria seus opressores e não um Messias para ser morto por eles. Eles tentaram apagar a verdade de que o Messias, antes de estabelecer seu reino, teria que sofrer para redimir um povo para Deus.

Não havia desculpa para a falta de compreensão deles, o Antigo Testamento era claro sobre isso. Por isso Jesus desafiou repetidamente seus adversários dizendo: “vocês não leram?” (Mt 12:3,5; 19:4; 22:31; Mc 12:10). E dizia que a teologia errante deles resultava na incapacidade de compreender a Escritura, e que isso conduzia a um tremendo erro (Mt 22:29).

Não havia desculpa para deixar de reconhecer a necessidade de o Messias sofrer a morte. Eles sabiam que o pecado deveria ser pago com a morte de um substituto.

Depois que Adão e Eva pecaram no Éden, Deus matou um animal para fornecer vestimentas para eles, retratando a morte de um substituto inocente para cobrir a culpa do pecador (Gn 3:21).

Deus aceitou o sacrifício de Abel porque foi um sacrifício de sangue, e rejeitou o de Caim porque não foi um sacrifício de sangue (Gn 4: 3-5). Depois do dilúvio, Noé construiu um altar e ofereceu sacrifícios (Gn 8:20).

O sistema sacrificial estabelecido no Pentateuco, incluindo o Dia da Expiação (Lv 16) e a Páscoa (Nm 9:1-14), envolvia a morte de milhares de animais inocentes.

Era evidente, porém, que esses sacrifícios não satisfaziam a justiça de Deus, caso contrário eles não teriam sido constantemente repetidos, como o escritor de Hebreus explica:

Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente, eles oferecem. Doutra sorte, não teriam cessado de ser oferecidos, porquanto os que prestam culto, tendo sido purificados uma vez por todas, não mais teriam consciência de pecados? (Hb 10:1-2)

Jesus havia dito aos discípulos: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim” (Jo 5:39). E agora, depois de exortar aqueles dois seguidores pela ignorância acerca das Escrituras, ele passou a ensiná-los.

Lucas registrou que Jesus expôs o que Moisés e os Profetas escreveram a seu respeito. E isso constava em toda a Escritura. Certamente, entre outras coisas, Jesus deve ter falado, entre outars verdades, sobre:

O “protoevangelho” (Gn 3:15): o primeiro anúncio do evangelho, apresentando a maldição sobre a humanidade devido ao pecado de Adão e a providência de Deus através de um Salvador que tomaria a maldição sobre si.

Os Sacrifícios de Noé (Gn 8:20-22) e de Abel (Gn 4:1-7);

A arca, que o retrata como a verdadeiro arca na qual os pecadores devem entrar e navegar com segurança através das águas do juízo divino (Gn 6:11-22 cf. Hb 11:7);

O cordeiro oferecido como um substituto no lugar de Isaque (Gn. 22:13 cf. Hb 11:17-19, 39-40);

Os cordeiros pascais, que retratavam Jesus como o sacrifício final (Ex 12; cf. 1 Co 5: 7.);

O maná no deserto (Ex 16), que o retratava como o verdadeiro pão do céu (Jo 6: 32-35);

O Dia da Expiação, onde Jesus é retratado tanto pelo sacrifício no altar e o bode expiatório que levava o pecado (Lv 16);

As rochas que forneciam água no deserto (Ex 17:1-7), que o retratava como fonte de provisão espiritual para o seu povo (1 Co 10:4);

O profeta de quem Moisés escreveu (Dt 18:18-22; cf. At 3:22), que era o Messias;

Os detalhes de sua crucificação dadas no Antigo Testamento (Salmos 22; 41: 9; 69:21; Is 50:5-7; 53; Zc 11:12-13; 12:10);

A profecia de Daniel das setenta semanas (Dn 9:24-26), que previu o dia exato de sua entrada triunfal e de sua morte.

A previsão da Sua ressurreição dada no Salmo 16: 8-10 (cf. At 13: 34-37).

Foi sobre essas verdade que o escritor aos Hebreus se referiu:

Por isso mesmo, Jesus é o Mediador da nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados. Porque, onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador […] Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue, não há remissão […] assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação (Hb 10:15-16, 22,28).

A resposta à compreensão correta das Escrituras

Lucas 24
28 Quando se aproximavam da aldeia para onde iam, fez ele menção de passar adiante.
29 Mas eles o constrangeram, dizendo: Fica conosco, porque é tarde, e o dia já declina. E entrou para ficar com eles.
30 E aconteceu que, quando estavam à mesa, tomando ele o pão, abençoou-o e, tendo-o partido, lhes deu;
31 então, se lhes abriram os olhos, e o reconheceram; mas ele desapareceu da presença deles.
32 E disseram um ao outro: Porventura, não nos ardia o coração, quando ele, pelo caminho, nos falava, quando nos expunha as Escrituras?

A exposição graciosa das Escrituras Sagradas colocou em chamas os corações daqueles homens. Compreender o significado da Escritura satisfaz o anseio mais profundo do verdadeiro crente, pois ela sustenta a fé em realidade, produzindo profunda alegria.

O correto entendimento das Escrituras Sagradas nos leva a conhecer a Deus e então seu plano e propósito soberanos nos é revelado, bem como descansar quanto ao cumprimento deles dentro do tempo soberanamente determinado por Deus.

Ao se aproximarem de Emaús, Jesus fez como quem ia mais adiante, mas aqueles dois homens lhe pediram: “Fique conosco, pois a noite já vem; o dia já está quase findando”. Eles queriam ouvir mais sobre aquelas verdades que faziam seus corações arderem.

O sentido do verbo grego é que eles pediram com veemência que Jesus não fosse embora. O convite não foi motivado pela hospitalidade, o que eles queriam era mais compreensão da revelação de Deus. Para a grande alegria daqueles homens, Jesus os atendeu e permaneceu mais um pouco.

E, no meio da conversa, quando Jesus estava à mesa com eles, ele tomou o pão, deu graças, partiu-o e o deu a eles. Esse gesto deveria ter sido feito por quem convidou e não pelo convidado. Mas aqueles homens estavam tão impactados pelas palavras de Jesus, que se esqueceram da alimentação.

E então os olhos daquele homens foram abertos. Deus os havia impedido de reconhecer Jesus (Lc 24:16) até aquele momento.

E após Jesus ter se revelado àqueles homens, ele desapareceu da vista deles. Em vez de se maravilharem com o súbito desaparecimento de Cristo, eles disseram um ao outro: “Não estavam ardendo os nossos corações dentro de nós, enquanto ele nos falava no caminho e nos expunha as Escrituras?”.

O que fez o coração deles ficar em chamas foi a compreensão das Escrituras que eles haviam recebido de Jesus. A alegria foi tão grande que eles foram imediatamente para fora no campo naquela noite escura e voltaram para Jerusalém para compartilhar com os outros (Lc 24:33).

E em Jerusalém eles foram informados que o Senhor ressurreto havia aparecido a Pedro, e então “os dois contaram o que lhes acontecera no caminho e como fora por eles reconhecido no partir do pão” (Lc 24:34-35). Certamente eles bradaram: “Ele vive! Nosso Redentor vive”.

Quando a verdade das Escrituras fica clara, o coração é incendiado com alegria e o desejo de compartilhar e testemunhar a verdade. Foi essa ardente chama que moveu tantos servos do Senhor ao longo dos séculos. Vamos orar.

Pai, a Tua Palavra é descrita pelos profetas como um fogo, um fogo de julgamento. Mas não é apenas um fogo de julgamento; é um fogo ardente, estimulante, alegre, aquecedor, acendendo a secura. Ela incendeia o coração em amor por Cristo, e amor pelos perdidos, e amor pela verdade.

Ela nos torna alegres, e nos motiva ao ministério, à proclamação do evangelho, para dizer como estes disseram, “Ele está vivo, Ele está vivo. É verdade. A Escritura é verdadeira. Ele é nosso Redentor.”

Senhor, encha-nos com esse mesmo fogo, essa mesma alegria emocionante, essa alegria absorvente que nos define. Nós Te agradecemos por Tua verdade. Nós Te agradecemos que ela foi escrita para ser entendida, que podemos abraçá-la, confiantes de que ao buscarmos a Escritura conheceremos a verdade; e essa verdade virá para nós a chama de nossos próprios corações que nos leva a adorar, louvar, agradecer e testemunhar também.

Senhor, oramos para que aqueles que, talvez estejam apenas começando a ter seus corações aquecidos pela verdade do evangelho, oramos, Senhor, para que Tu tragas isso à sua plenitude. Dê-lhes vida em Cristo, oramos em Seu nome. Amém.


Veja outros sermões sobre o Evangelho de Lucas


Este texto é uma síntese dos sermões “Christ: The Living Expositor, Part 1” e “Christ: The Living Expositor, Part 2”, de John MacArthur, em 23/11/2008 e 30/11/2008.

Você pode ouvi-los integralmente (em inglês) nos links abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/42-293/christ-the-living-expositor-part-1
https://www.gty.org/library/sermons-library/42-294/christ-the-living-expositor-part-2

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno


 

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