O Perigo da obsessão
Realidade espiritual é veracidade, é a verdade que nos liberta. Frequentemente, o cristão falha em trocar a veracidade e cai na falsidade.
Ele é enganado e preso pela falsidade; ele não vê claramente o verdadeiro caráter de certo fato, mas mesmo assim se considera esclarecido; o que pensa e faz é errado, mas ele entende que está muitíssimo certo. A essa condição chamamos de obsessão. A pessoa obcecada precisa da luz de Deus; caso contrário, não poderá sair da sua obsessão.
A obsessão é evidente quando alguém peca e ainda pensa tão bem de si mesmo a ponto de crer ser sem pecado. O mentiroso conhece seu pecado, mas procura enganar os outros; o obsessionado, embora em pecado, crê e diz aos outros que não tem pecado. Em outras palavras, enganar os outros é mentira e enganar a si mesmo é obsessão.
Estar obsessionado é muito trágico e triste. O obsessionado cai num estado bastante anormal.
Alguém pode mentir e enganar cinco ou mesmo dez irmãos. Essas pessoas, sem dúvida, sofrem perda, mas o preço pago pelo que mente é muitíssimo mais alto, pois suas trevas conduzirão à obsessão. Ele mente até isso se tornar um hábito. Por fim, ele acreditará que sua mentira é verdade. As mentiras começam enganando os outros e terminam em obsesso para o que mente.
O mentiroso é duro por fora, mas seco por dentro; quanto mais confiante exteriormente, mais vazio se torna interiormente. O obsessionado é duro por fora e por dentro, sendo confiante no interior e no exterior, pois até mesmo sua consciência é usada para justificá-lo.
Algumas vezes, cristãos admiram certa coisa e secretamente almejam consegui-la. No início sentem-se um pouco incomodados sobre seu desejo, mas à medida em que continuam pensando naquela direção, pouco a pouco e de forma crescente, ficam convencidos da legitimidade e realidade de sua cobiça. Finalmente recebem-na como verdade e passam a propagá-las como verdade. Nessa altura, é muito difícil alguém convencê-las do seu erro, mesmo que seja pela Palavra de Deus.
Alguém pode ficar tão obsessionado a ponto de chamar o mal de bem e o bem de mal, de fazer da escuridade luz e da luz, escuridade e pôr o amargo por doce e o doce por amargo (Is. 5:20). Ele está totalmente errado, mas tem confiança que está certo. Quão lamentável é tal condição.
A condição para sermos iluminados é genuinamente querer a vontade de Deus. Cuidemos para não decidir, de maneira rápida e confiante, sobre qualquer assunto que chegue a nós. Pelo contrário, peçamos a Deus para nos dar um coração perfeito para fazer Sua vontade.
Se não quisermos ficar obsessionados devemos viver na luz de Deus. Nossa maior tentação é acender nossas próprias tochas. Sempre que enfrentamos um problema, imediatamente procuramos as respostas em nós mesmos. Passamos a decidir o que é certo e o que é errado. Isto não é o caminho que Deus quer que sigamos.
Com isto corremos um sério perigo de confundir a luz com as trevas e as trevas com a luz. Substituir a direção de Deus pela direção maligna e de nossa carne.
Peçamos a Deus para nos libertar, a fim de que diariamente vivamos em Sua luz e, assim, sejamos capacitados a conhecer o que é veracidade e realidade. Devemos corrigir palavras inexatas pronunciadas de forma incorreta. Se usarmos palavras inexatas visando a enganar as pessoas, estaremos nós mesmo nos enganando.
Que Deus nos livre da falsidade e da obsessão.
Nota: Este texto é atribuído a Watchman Nee (1903-1972). Embora ele tenha escrito apenas um livro, há diversos livros com coletâneas de textos atribuídos a ele. Alguns realmente duvidosos, pois também existem réplicas de textos atribuídas a outros autores. Há pontos doutrinários heréticos em alguns textos atribuídos a Watchman Nee, como, por exemplo: o Pai, o Filho e o Espírito Santo como sendo uma mesma pessoa. Porém, não sabemos se, de fato, foi ele quem defendeu tais ensinos.