O Maior Mandamento

Amar o Deus trinitário, verdadeiro e único é o que significa ser um cristão, é a atitude mais definidora de quem o redimido é. Se alguém perguntar o que significa ser um cristão, a resposta é simples: alguém que ama a Deus acima de tudo.

Seguindo nossa trilha no Evangelho de Marcos, vamos agora olhar para Marcos 12: 28-34. O assunto desta porção é a verdadeira expressão de amor a Deus.

Marcos 12
28 Chegando um dos escribas, tendo ouvido a discussão entre eles, vendo como Jesus lhes houvera respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o principal de todos os mandamentos?
29 Respondeu Jesus: O principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor!
30 Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força.
31 segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.
32 Disse-lhe o escriba: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que ele é o único, e não há outro senão ele,
33 e que amar a Deus de todo o coração e de todo o entendimento e de toda a força, e amar ao próximo como a si mesmo excede a todos os holocaustos e sacrifícios.
34 Vendo Jesus que ele havia respondido sabiamente, declarou-lhe: Não estás longe do reino de Deus. E já ninguém mais ousava interrogá-lo.

INTRODUÇÃO

O tema aqui é amar a Deus, o começo da verdadeira vida espiritual. O redimido, mesmo em sua imperfeição, se esforça em amar ao Senhor nesta vida e anela pelo dia em que, em Sua presença, o amará perfeitamente.

Amar o Deus trinitário, verdadeiro e único é o que significa ser um cristão, é a atitude mais definidora de quem o redimido é. Se alguém perguntar o que significa ser um cristão, a resposta é simples: alguém que ama a Deus acima de tudo.

Mas amar a Deus é também uma ordem divina, cuja desobediência povoa o inferno para sempre. O mundo, desde o passado e aos dias de hoje, sempre está cheio de pessoas que se recusam a amar a Deus, e, por consequência, estão sob o juízo eterno.

Este é um assunto tão grande, não poderemos ver tudo, apenas o suficiente para entendermos o sentido do que nosso Senhor disse em Marcos 12:28-34.

CONTEXTO DE MARCOS 12:28-34

É a quarta-feira na semana da cruz. Como vimos em sermão anterior (1), na segunda-feira Jesus entrou triunfalmente em Jerusalém, aplaudido por uma multidão superficial, a mesma que clamou por sua morte na sexta-feira.

Como vimos em sermão anterior (2), na terça-feira Jesus entrou no templo e expulsou os mercadores e corruptos de lá, que transformaram o templo em covil de ladrões. Jesus havia repetido o mesmo ato que fez no início de seu ministério (João 2: 13-17), conforme vimos em sermão sobre aquele incidente.

Como vimos em sermão anterior (3), o ato de Jesus no templo o colocou em confronto direto e mortal com a liderança religiosa. E como vimos em sermão anterior (4), em face disso Jesus proferiu a parábola dos lavradores maus, onde ficou claro o juízo divino sobre a liderança religiosa de Israel e a transferência da mordomia confiada a eles para os apóstolos.

O Sinédrio, espécie de tribunal judaico composto por 70 anciãos e o sumo sacerdote, com fariseus, saduceus e alguns escribas, nutria um ódio mortal contra Jesus. Não podia suportar os ensinos, sinais e a popularidade momentânea de Jesus naquela semana da cruz. Os líderes religiosos viam aquilo como uma ameaça à posição deles.

Então o Sinédrio, em reunião (Mat. 22:34), decidiu desacreditar Jesus para então matá-lo, mas temiam o povo entusiasmado. Eles pensaram em algumas armadilhas contra Jesus através de perguntas públicas. Foi um cumprimento do Salmo 2:2, conforme Atos 4:23-28.

Como vimos em sermão anterior (5), na primeira tentativa o Sinédrio enviou os fariseus e herodianos. A questão foi sobre pagamento de tributos a Cesar. Foi um fracasso.

No último sermão (6), vimos que a segunda tentativa foi através dos saduceus, e a questão foi a ressurreição. O fracasso foi humilhante. Mas os líderes religiosos não desistiram, agora seria a vez dos escribas.

A 3ª TENTATIVA DA LIDERANÇA RELIGIOSA EM DESACREDITAR JESUS: A VEZ DOS ESCRIBAS

Marcos 12
28 Chegando um dos escribas, tendo ouvido a discussão entre eles, vendo como Jesus lhes houvera respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o principal de todos os mandamentos?

Mateus 22
34 Entretanto, os fariseus, sabendo que ele fizera calar os saduceus, reuniram-se em conselho.
35 E um deles, intérprete da Lei, experimentando-o, lhe perguntou:
36 Mestre, qual é o grande mandamento na Lei?

Entre os escribas prevalecia a condição de juristas, estudiosos da lei e teólogos do legalismo farisaico. Certamente ali estava diante de Jesus um fariseu estudioso da lei. Ele estava ali como um emissário e porta voz dos escribas.

E Mateus deixou claro que os fariseus, sabendo que Jesus calou os saduceus, reuniram-se e enviou um escriba para experimentar Jesus. O objetivo era mais uma armadilha contra Jesus.

Ele não estava ali sozinho, era apenas o porta-voz de um grupo de fariseus. Ele já havia ouvido as respostas de Jesus aos fariseus e saduceus, e certamente avaliou que Jesus respondeu muito bem. E faz sua pergunta: “Qual é o principal mandamento”?

Você questiona: O que eles estão procurando? Parece uma pergunta bastante inofensiva. Por que uma armadilha está ligada a esta pergunta? Onde está a armadilha potencial aqui?

Os fariseus achavam que o evangelho que Jesus pregava era contrário ao ensino da Lei. Esse foi o clamor deles contra Jesus. Fizeram o mesmo contra os apóstolos. Ele acusavam Jesus de ataques a Moisés e à Lei do Antigo Testamento.

Para os fariseus, a verdade era a soma de suas interpretações do Antigo Testamento e as tradições que eles acrescentaram.

Os rabinos haviam decidido que havia 613 leis, não apenas leis bíblicas, mas interpretações bíblicas que se tornaram leis e tradições. Por que 613? É o número de letras dos dez mandamentos em hebraico. Eram 248 ordens e 365 proibições. Sobre isso, conforme vimos em sermão anterior (7), Jesus confrontou os fariseus e escribas, dizendo:

Em vão, porém, me honram, ensinando doutrinas que são mandamentos de homens. Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens; como o lavar dos jarros e dos copos; e fazeis muitas outras coisas semelhantes a estas. E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição. (Marcos 7:7-9)

Os saduceus rejeitavam todas as tradições e só consideravam os livros de Moisés. A pergunta sobre o grande mandamento estava dentro do pentateuco, então os fariseus, saduceus, escribas e rabinos poderiam concordar nesse ponto.

E a esperança deles é que Jesus diria algo que contrariasse Moisés, de quem eles se consideravam zelosos. E se Jesus contrariasse Moisés publicamente o povo se afastaria Dele.

Moisés teve algumas experiências únicas com Deus. Uma delas está em Êxodo 33: 11-23, onde relata que Deus falava com Moisés face a face (v.11), mas sem ver a face de Deus (v.20), e que Moisés viu a glória de Deus sendo refletida para ele (v.22-23). Foi a Moisés que Deus deu os Dez Mandamentos e depois os restaurou (Êxodo 20 e Deuteronômio 5).

A ideia dos rabinos e do povo era que ninguém poderia ser superior a Moisés, e que seria impossível alguém estar mais próximo de Deus do que Moisés esteve. Nada poderia ser mais puro e verdadeiro do que aquilo que veio de Moisés.

O intento daquele escriba era fazer com que Jesus colocasse seu ensino acima de Moisés, tornando-se um herege, blasfemador e apóstata perante o povo. Assim o povo o rejeitaria como o Messias, e, então, eles o denunciaram à Roma como um perigoso rebelde.

Eles queriam Jesus morto, mas para conseguir este intento, era preciso colocar o povo contra Jesus. E a importância disso podemos ver no julgamento de Jesus, quando a Multidão pressionou Pilatos a crucificar Jesus.

Então, o escriba pergunta a Jesus: “Qual é o principal de todos os mandamentos?” (Marcos 12:28). Jesus, de forma precisa, responde a partir do Pentateuco, o único ponto de convergência entre fariseus e saduceus.

Marcos 12
29 Respondeu Jesus: O principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor!
30 Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força.
31 O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.

OBEDIÊNCIA COMO EXPRESSÃO DE AMAR A DEUS

Deuteronômio 6 registra uma cenário muito importante. Moisés tinha cerca de 120 anos e estava perto do final de sua vida, após liderar o povo pelo deserto por 40 anos.

Uma geração se levantou no deserto, e esta geração entraria na terra prometida. O livro de Deuteronômio ocorre em um mês (Dt. 1:3; 34:8 e Js. 5:6-12) e em um só lugar: Na região conhecida como campinas de Moabe, do outro lado do Rio Jordão e de Jericó (Dt 1:1; 34:8), A hora de entrar na terra prometida havia chegado.

Não houve nenhuma história cronológica real em Deuteronômio, nele Moisés entregou uma série de mensagens ao povo. De acordo com o capítulo 31, ele escreveu essas mensagens, que se tornaram o livro de Deuteronômio, para que todas as gerações vindouras tivessem essas mensagens.

Olhai, pois, que façais como vos mandou o Senhor, vosso Deus; não declinareis, nem para a direita, nem para a esquerda. Andareis em todo o caminho que vos manda o Senhor, vosso Deus, para que vivais, e bem vos suceda, e prolongueis os dias na terra que haveis de possuir. (Deuteronômio 5:32,33)

Isso se tornou o tema de todo o livro de Deuteronômio: Obediência. Sempre há resultados, efeitos e implicações para a obediência e consequências para a desobediência.

Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou o Senhor, vosso Deus, para se vos ensinar, para que os fizésseis na terra a que passais a possuir; para que temas ao Senhor, teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos, que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida; e que teus dias sejam prolongados. Ouve, pois, ó Israel, e atenta que os guardes, para que bem te suceda, e muito te multipliques, como te disse Senhor, Deus de teus pais, na terra que mana leite e mel. (Deuteronômio 6:1-3)

Novamente, toda a ênfase aqui é um chamado à obediência, e isso é repetido por todo o livro. Se o povo obedecesse haveria as bênçãos de Deus. Onde está o motivo para isso? Os versículos seguintes dizem:

Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder. (Deuteronômio 6:4,5).

Em outras palavras, você nunca conseguirá ser obediente se não amar ao Senhor intensamente. Não é uma questão do exterior mas do interior do homem.

Havia falsos deuses por toda a parte, mas Israel deveria reconhecer o Senhor como Deus único e verdadeiro, e amá-lo intensamente de todo coração, força e alma. Isso é o que impulsiona essa obediência.

A palavra “amor” que Jesus usou em Marcos 12:30 é do grego ágape, que significa amor sacrificial e incondicional. O amor mais puro, mais nobre, mais elevado, mais abrangente, mais exaustivo e mais completo é dado ao único Deus verdadeiro. Existe apenas um único Deus e, portanto, você pode dar a Ele todo o seu amor.

E nos dez mandamentos Deus disse: “Não terás outros deuses diante de Mim” (Deuteronômio 5:7). Esse é o primeiro mandamento. A verdade mais básica do Antigo Testamento é que existe um únido Deus.

O dever supremo e mais abrangente do homem é amar o Deus único por aquilo que Ele é e por suas obras. É por isso que devemos amá-lo de todo o coração, alma e mente, como Moisés colocou em Deuteronômio.

JESUS: AS QUATRO DIMENSÕES DO AMOR A DEUS  

E nosso Senhor, no Novo Testamento, em Marcos 12:30, acrescentou outra dimensão, “força”. Ele disse: “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força” (Marcos 12:30)

1) Amar o Senhor de todo o teu coração: No entendimento hebraico, o coração é o cerne da sua identidade, a fonte de todos os seus pensamentos, palavras e ações.

Por isso Provérbios 4:23 diz: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida”. É o núcleo do nosso ser. Devemos amar a Deus com a nossa parte mais profunda, pura e verdadeira.

2) Amar o Senhor de toda a tua alma: A alma tem a ver com suas emoções. Jesus disse: “minha alma está profundamente triste” (Mateus 26:38). Ele estava falando da alma como a sede da emoção.

♦ 3) Amar o Senhor de todo teu entendimento: A mente pode ser melhor vista como a vontade, o poder da intenção, o poder do propósito.

♦ 4) Jesus acrescentou: Amar o Senhor de toda a tua força. É uma referência à energia física.

Assim, os elementos intelectuais, emocionais, volitivos (da vontade) e físicos da personalidade se combinam para amar o único Deus verdadeiro. É um amor inteligente, é um amor emocional, é um amor voluntário e é um amor ativo. É um amor que tudo consome.

Tudo isso retrata a natureza consistente desse amor. Podemos dizer que o amor sincero de Deus por nós não deve ser retribuído com um amor indiferente de nossa parte.

MOISÉS: O SIGNIFICADO DE AMAR A DEUS

Voltando a Deuteronômio, vemos essa ordem se repetindo várias vezes:

E será que, se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje te ordeno, de amar o Senhor , teu Deus, e de o servir de todo o teu coração e de toda a tua alma, então, darei a chuva da vossa terra a seu tempo, a temporã e a serôdia, para que recolhas o teu cereal, e o teu mosto, e o teu azeite. E darei erva no teu campo aos teus gados, e comerás e fartar-te-ás. (Deuteronômio 11:13-15)

Porque, se diligentemente guardardes todos estes mandamentos que vos ordeno para os guardardes, amando o Senhor, vosso Deus, andando em todos os seus caminhos, e a ele vos achegardes, também o Senhor de diante de vós lançará fora todas estas nações, e possuireis nações maiores e mais poderosas do que vós. (Deuteronômio 11:22,23)

Não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos, porquanto o Senhor, vosso Deus, vos prova, para saber se amais o Senhor, vosso Deus, com todo o vosso coração e com toda a vossa alma. Após o Senhor, vosso Deus, andareis, e a ele temereis, e os seus mandamentos guardareis, e a sua voz ouvireis, e a ele servireis, e a ele vos achegareis. (Deuteronômio 13:3,4)

E o Senhor, teu Deus, circuncidará o teu coração e o coração de tua semente, para amares ao Senhor, teu Deus, com todo o coração e com toda a tua alma, para que vivas. (Deuteronômio 30:6)

Porquanto te ordeno, hoje, que ames o Senhor, teu Deus, que andes nos seus caminhos e que guardes os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juízos, para que vivas e te multipliques, e o Senhor, teu Deus, te abençoe na terra, a qual passas a possuir. (Deuteronômio 30:16)

Amando ao Senhor, teu Deus, dando ouvidos à sua voz e te achegando a ele; pois ele é a tua vida e a longura dos teus dias, para que fiques na terra que o Senhor jurou a teus pais, a Abraão, a Isaque e a Jacó, que lhes havia de dar. (Deuteronômio 30:20)

Se alguém lhe pergunta: “O que significa ser um cristão?” Você deve responder: Significa amar o Senhor Deus de todo o nosso ser. Nós conhecemos a quem amamos, Deus se revelou a nós através das Escrituras. Ele é digno de todo nosso amor. Ele é digno de um amor sublime que nós, como pecadores, jamais poderemos lhe dar nesta terra.

Sobre isso Josué disse ao povo:

Tende cuidado de guardar com diligência o mandamento e a lei que Moisés, o servo do Senhor, vos mandou: que ameis ao Senhor, vosso Deus, e andeis em todos os seus caminhos, e guardeis os seus mandamentos, e vos achegueis a ele, e o sirvais com todo o vosso coração e com toda a vossa alma. (Josué 22:5)

Na mesma linha, Paulo escreveu:

E peço isto: que o vosso amor aumente mais e mais em ciência e em todo o conhecimento. Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros e sem escândalo algum até ao Dia de Cristo, cheios de frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus. (Filipenses 1:9-11)

Nosso amor por Deus está ligado ao conhecimento que temos de Deus. Quanto mais conhecemos Deus, mais o amamos. Nosso amor por Deus tem uma relação direta com nosso conhecimento de Deus.

Os fariseus, escribas e saduceus estavam muito longe de um amor verdadeiro e intenso por Deus. Eles bem sabiam que a ordem de amar a Deus intensamente estava nos escritos de Moisés.

Mas ninguém pode amar a Deus por conta própria. O legalismo religioso não pode produzir esse amor. Na verdade, os escritos de Moisés, em si mesmo, era um ataque ao legalismo e a hipocrisia dos líderes de Israel.

Antes de subir ao monte para receber a lei, Deus disse a Moisés:

Agora pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes o meu concerto, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha. E vós me sereis reino sacerdotal e povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel. (Êxodo 19:5,6)

Qual foi a resposta do povo? “Tudo o que o Senhor tem falado faremos” (Êxodo 19:8). Mas Deus sabia que eles não obedeceriam. Logo após Moisés receber a lei no monte, Deus lhe disse:

Vai, desce; porque o teu povo, que fizeste subir do Egito, se tem corrompido, e depressa se tem desviado do caminho que eu lhes tinha ordenado (Êxodo 32:7,8).

O fracasso de Israel, que se achava capaz em si mesmo, foi rápido. E assim como o povo não caiu de joelhos antes de Moisés subir ao monte, reconhecendo sua incapacidade e clamando misericórdia, do mesmo jeito reagiram diante das palavras de Moisés em Deuteronômio.

A nação inteira poderia ter caído de joelhos ali mesmo nas planícies de Moabe, naqueles 30 dias em que Moisés estava falando com eles, e reconhecesse como o Publicano “Ó Deus, tem misericórdia de mim, um pecador” (Lucas 18:13). “Como posso amar assim? Não termos forças em nós mesmos”. Mas não fizeram assim, e fracassaram novamente.

O FALSO AMOR DOS LÍDERES DE ISRAEL

Da mesma forma que Israel não se inclinou perante Deus, reconhecendo sua incapacidade, os fariseus também não agiam assim. Eles se consideram prontos. Eles eram hipócritas da pior espécie. Enquanto Jesus estava ali pregando o Evangelho da salvação, eles estavam em volta armando ciladas para matá-lo.

Mateus 23 registra a reação de Jesus a essas investidas dos líderes religiosos de Israel, chamando-os de filhos do inferno, hipócritas, sepulcros caiados, assassinos, condutores cegos etc. E tudo que eles podiam fazer era produzir filhos do inferno duas vezes piores que eles mesmos (Mat. 23:15).

Eles estavam longe de amar a Deus, viviam apenas de aparência religiosa. Se eles ouvissem o que Moisés escreveu sobre amar a Deus de todo o coração, seriam muito diferentes. Na verdade eles odiavam ao Deus verdadeiro que diziam amar, por isso mataram o Deus encarnado na cruz.

Todas as pessoas no mundo estão em uma dessas duas categorias: Ou você odeia a Deus ou você verdadeiramente o ama. O que define o regenerado é que ele ama a Deus. O que define o ímpio é que ele odeia o Deus da Bíblia. E Jesus definiu a marca daqueles que amam a Deus:

Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele. (João 14:21)

O SEGUNDO GRANDE MANDAMENTO

Amar a Deus é o que define os redimidos. Mas Jesus prosseguiu, agora falando do segundo mandamento mais importante:

Marcos 12
31 E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.

E Jesus, mais uma vez, fez uma citação do pentateuco:

Não te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor. (Levítico 19:18)

Muitas pessoas dizem: “Ah, isso significa que você precisa se amar, ter autoestima”. Não, não se trata disso. Você precisa se amar menos. Você já se ama o bastante.

O que nosso Senhor está dizendo: “Trate as outras pessoas com o mesmo cuidado detalhado com que você trata a si mesmo”. Não é um apelo ao amor-próprio, é um apelo para amar os outros da maneira que você já ama a si mesmo.

Jesus respondeu à pergunta do escriba sobre o maior dos mandamentos: o primeiro é amar a Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; e o segundo é amar ao próximo como a ti mesmo. E Ele concluiu:

Mateus 22
40 Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.

Ou seja, todo o Antigo Testamento depende desses dois mandamentos. Jesus agrupa toda a obrigação moral sob duas categorias: amor a Deus e amor ao próximo. Os Dez Mandamentos estão ligados a esses dois mandamentos.

Os 4 primeiros mandamentos são sobre amar a Deus: não ter outros deuses diante dele; não fazer imagens de escultura e nem se curvar a elas; não tomar o nome de Deus em vão e guardar o dia do sábado para o Senhor (Êxodo 20: 2-11).

Os 6 últimos mandamentos estão relacionados com amar o próximo: honrar o pai e a mãe; não matar; não adulterar; não furtar; não proferir falso testemunho contra o próximo e não cobiçar nada que é do próximo (Êxodo 20: 12-17).

A primeira metade tem a ver com o homem para Deus, depois o homem para com o homem, de modo que amar a Deus e amar ao próximo são simplesmente um resumo de toda a lei.

A REAÇÃO DO ESCRIBA E A RESPOSTA FINAL DE JESUS

Bem, o escriba ficou desconcertado com a resposta de Jesus. Ele não podia fazer nada a não ser concordar.

Marcos 12
32 E o escriba lhe disse: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que há um só Deus e que não há outro além dele;
33 e que amá-lo de todo o coração, e de todo o entendimento, e de toda a alma, e de todas as forças e amar o próximo como a si mesmo é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios.

A resposta do escriba revela que ele compreendia o ensino do Antigo Testamento de que as preocupações morais eram mais importantes do que as práticas cerimoniais.

E aquela era a semana da Páscoa, onde os sacrifícios estavam a todo vapor, mas ele reconhece que amar a Deus e ao próximo era mais importante do que todos os sacrifícios. Mas ele não passava de um inimigo que estava ali fazendo parte de uma trama para matar Jesus.

Marcos 12
34 E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do Reino de Deus. E já ninguém ousava perguntar-lhe mais nada.

Jesus tanto elogiou como desafiou o escriba. Ele reconheceu a percepção do escriba em relação ao amor. Contudo, ao declarar que o escriba não estava longe do reino, ele enfatizou que aquele homem não estava no reino.

Ele entendia as exigências do amor, mas precisava a amar e obedecer àquele que era o único que poderia garantir sua entrada no reino.

Marcos conclui dizendo que ninguém ousava perguntar-lhe alguma coisa. Ninguém se atreveu a fazer mais perguntas a Jesus. O plano do Sinédrio fracassou: os fariseus, saduceus e escribas sucumbiram diante da sabedoria divina.

Mas os líderes religiosos não desistiram. Aquela era a quarta-feira. Jesus estava sendo aceito pelo povo. Mas, na sexta-feira, a multidão estará gritando por Sua crucificação.

Vamos orar.

Pai, nós Te agradecemos pelo tempo que tivemos em Tua Palavra. Como sempre, tão profundamente rica. Sele-a em nossos corações e use-a, Senhor, para trazer honra ao Teu nome. Queremos amá-lo perfeitamente. Capacita-nos a fazer isso pelo Teu poder. Oramos em nome de Cristo. Amém.


Esta é uma série de  sermões de John MacArthur sobre o Evangelho de Marcos.

Clique aqui e veja o índice com os links dos sermões traduzidos já publicados desta série.


Este texto é uma síntese do sermão “Loving God”, de John MacArthur em 06/03/2011.

Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:

https://www.gty.org/library/sermons-library/41-63/loving-god

Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno.


 

 

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1 Response

  1. Patrícia disse:

    Muito bom este sermão. É tão bom conhecer a Palavra de Deus profundamente.

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