O Falso Evangelho Social – 2
Este é o segundo de uma série de 4 sermões de John MacArthur sobre o falso evangelho social, conforme links no final do texto.
2º SERMÃO: O FALSO EVANGELHO DA JUSTIÇA SOCIAL – Parte 2
Eu não gosto de batalhas. Especialmente de batalhas com outros cristãos. Mas, elas parecem ser necessárias para a proteção da verdade. O apóstolo Paulo advertiu os anciãos efésios de que, do meio deles mesmo, homens se levantariam para desencaminhar as pessoas. A igreja tem sofrido, através dos séculos, ataques do lado de fora, ou seja, feitos pelos incrédulos. Mas, os ataques mais devastadores sempre vêm de dentro da igreja.
E em todos os anos da minha vida – agora muitos, e anos no ministério – parece que nunca houve um tempo em que não estivéssemos engajados em alguma batalha por proteger a verdade, esclarecer a verdade numa batalha travada como um tipo de guerra civil, dentro da igreja. De fato, realmente nunca houve uma época, em toda a história da igreja, em que o evangelho não esteve sob ataque, geralmente sob ataque vindo de dentro da igreja.
A verdade é que esses ataques são de se esperar, porque o evangelho é o único caminho para a salvação. É o evangelho que liberta os homens do reino das trevas para o reino do querido Filho de Deus. E, naturalmente, Satanás, como o príncipe do poder do ar, como o governante do reino das trevas, usa tudo o que está a seu alcance para travar guerra interminável contra o evangelho.
Agora, às vezes, há ataques diretos contra o evangelho. Porém, os ataques mais formidáveis e os mais sutis são aqueles que parecem bastante inocentes e vêm geralmente do interior da igreja. O apóstolo Paulo, como você se lembra em nosso estudo de Gálatas, foi muito claro ao dizer que, se alguém prega outro evangelho, se alguém altera o evangelho, seja condenado, e ele repete isso duas vezes. Judas nos lembra que temos que lutar fervorosamente pela fé de uma vez por todas entregue aos santos.
Paulo chega ao fim de sua vida e diz: “Combati o bom combate”. Ele disse aos coríntios que havia uma grande porta aberta e que havia muitos adversários. Proclamar, proteger e defender o evangelho é o dever de todo pregador e de todo cristão. O evangelho está sob ataque em todos os momentos. O atual ataque perigoso tem o potencial de causar mais danos do que qualquer outro ataque ao evangelho que vi em toda a minha vida.
É o retorno de um velho inimigo, um antigo inimigo que basicamente dizimou igrejas em toda a Europa, em toda a América e até mesmo em todo o mundo. A velha forma desse inimigo nos levaria de volta ao começo do século XX aqui nos Estados Unidos. Isso nos levaria de volta ainda mais cedo para a Europa. Cantamos um hino nesta manhã escrito por Martinho Lutero, aquele que provocou a grande Reforma e atraiu a igreja no século XVI, após mil anos de trevas católicas romanas, redescobrindo e reafirmando o evangelho.
As igrejas se desenvolveram e floresceram nos primeiros anos da Reforma. Mas não demorou muito para que grandes igrejas estatais, grandes denominações em toda a Europa começassem a ser atacadas por assuntos afeitos às questões sociais. Isso acabou se tornando conhecido como o Evangelho Social.
O mesmo aconteceu no início do século XX nos Estados Unidos, quando as principais denominações desse país começaram a entrar em colapso e a morrer. Este evangelho corrompido – o evangelho social – conduziu igrejas inteiras, denominações inteiras, com todas as suas escolas, todos os seus pastores e todo o seu povo para, essencialmente, a escuridão da morte. Dezenas de milhares de igrejas não são nada além de pilhas de rochas em toda a Europa e até mesmo em toda a América.
Agora estamos vendo outra versão deste evangelho social, e as pessoas o estão abraçando sem nenhum pensamento crítico, sem discernimento bíblico. Assim estamos prestes a reviver outro desastre de proporções épicas. Infelizmente, muitos evangélicos receberam esse falso evangelho como se fosse um amigo necessitado. O inimigo seduziu a atual geração a segui-lo pela mesma trilha, o mesmo sumidouro novamente.
Se você não conhece a história, não tem como aprender muito com a história, é claro. Desta vez, esse falso evangelho não é chamado de evangelho social, mas de justiça social. E, como lhes falei da última vez, ele é baseado em algumas questões legítimas da sociedade que provocam preocupação e compaixão e um desejo de justiça. Estas são preocupações legítimas da sociedade. Os defensores da justiça social têm o direito de se preocupar com as desigualdades na sociedade.
É correto demonstrar compaixão, preocupação e cuidado por pessoas que sofrem e são tratadas injustamente. Mas, o esforço agora é fazer disso uma parte essencial do evangelho ou, em alguns casos, substituir o evangelho por essa preocupação com a justiça social. Como tentei esclarecer da última vez, o problema de vincular a justiça social ao evangelho é o mesmo problema de vincular o evangelho social ao evangelho.
O evangelho social, a forma anterior desse falso evangelho chamado agora de evangelho da justiça social, floresceu no início do século XX na América, e no final do século XIX na Europa. Nessa época, havia pessoas sofrendo, pessoas pobres, necessitados, e a igreja precisava cuidar disso. A igreja precisava fazer o trabalho social. O problema foi que, finalmente, o trabalho social substituiu o evangelho.
Bem, agora estamos vendo uma outra formatação desse evangelho social. Nós não negamos que existem necessidades sociais. Eu não negaria por um momento que existem injustiças, pois elas estão em todo lugar, em um mundo caído. Mas, a questão é: “Isso faz parte do evangelho?”A História nos diria que quando adicionamos ao evangelho aquilo que não é parte dele, no final desaparecemos com o verdadeiro evangelho.
Eu direi novamente: a justiça social adicionada ao evangelho prejudica gravemente os esforços genuínos do evangelho. E você diz: “Por quê?” E eu vou tentar ajudá-lo a entender isso a partir de Ezequiel 18 novamente, nesta manhã. A ideia de justiça social reside em que certos grupos de pessoas, devido a raça, sexo, preferência sexual, status econômico, escolhas pessoais, ideologia pessoal, foram e ainda são abusados por nossa sociedade. Isso exige um realinhamento em nossa sociedade, porque isso é injusto. Então, precisamos de justiça social.
O pensamento é de que precisamos ajustar nossa sociedade para que as pessoas de todas as raças, todos os gêneros, preferências sexuais, condições econômicas, ideologias, sejam tratadas igualmente. Em particular, há uma preocupação com aqueles que são fracos, aqueles que foram e ainda são oprimidos por aqueles que estão no poder. Esse é o discurso em nome da justiça social.
“Mas o homem nasce para a tribulação, como as faíscas voam para cima”, diz a Bíblia em Jó 5:7. Você nunca estará em um mundo perfeito, justo, um mundo de justiça, até que Cristo venha e estabeleça Seu reino. Mas, a ideia envolvida nessa questão de justiça social é que aqueles que são definidos como sendo desapossados ou oprimidos, ou que foram tratados de alguma maneira injustamente por causa de cor, raça, sexo, etnia etc, formam a classe das vítimas. Eles são vítimas da injustiça social.
E a classe de “vítimas” continua crescendo cada vez mais. Toda vez que eu me viro, há uma nova classe de vítimas. A última sobre a qual ouvi é a que é chamada de “vítimas do privilégio cristão”. Se você é cristão, faz parte de uma classe privilegiada que há séculos oprime os não-cristãos. Não-cristãos tornaram-se vítimas dos cristãos. Esta é uma nova classe de vítimas. Qualquer um que se ofenda com as palavras de alguém ou com a aparência, ações, roupa, opinião de alguém pode designar essa ofensa como uma micro agressão e pode alegar que está sendo vitimado a partir dessa micro agressão. Isso domina os campus universitários de maneira massiva.
Todos na nossa cultura estão querendo se encaixar em alguma categoria de vítima. Isso porque na nossa cultura as vítimas têm o status de possuírem autoridade moral. Se você não é uma vítima, não tem autoridade moral. Então, quase todo mundo tem que encontrar um status de vítima.
É a coisa mais natural para os pecadores se autodenominarem como vítimas. Esta é a posição padrão de todos os seres humanos caídos. É a coisa mais natural para nós culparmos alguém pela nossa condição, culparmos alguém por nossos problemas.
Isso é exatamente o que aconteceu no começo de tudo, no início da história humana. No capítulo 3 de Gênesis, o Senhor confronta Eva por causa do seu pecado. E o que Eva diz? “A serpente me enganou e eu comi”. E o homem defendeu-se, quando Deus o confrontou, Gênesis 3:12: “A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi.” Apenas duas pessoas existiam, cada uma transferiu sua culpa para alguém. Mas, no fim das contas, eles estavam culpando Deus, pois Ele havia criado a mulher e a serpente. A culpa final foi Dele.
Essa é a posição padrão do pecador. Os pecadores naturalmente culpam as outras pessoas e acabam culpando suas circunstâncias. E, como Deus é o soberano sobre toda a História, eles culpam Deus. As pessoas acreditam que são boas, mas são as outras pessoas que as fazem errar e pecar. Ser uma vítima é uma necessidade do homem caído, porque o pecador precisa transferir a culpa, porque isso é uma maneira superficial de apaziguar sua consciência culpada.
Então, os homens se apegam firmemente ao engano de que são bons, mas alguém mau os influenciou, ou algum grupo ruim os influenciou, ou alguma raça opressiva, ou todos os homens, ou todas as pessoas heterossexuais, ou todas as pessoas ricas, ou o que for. Aqui está o problema de nós, a igreja de Cristo, deixarmos os pecadores pensarem dessa maneira, pois estaremos ajudando e incentivando a negação de sua pecaminosidade.
É por isso que a mensagem do evangelho agride o pecador, porque o homem não ouvirá o chamado do evangelho sem que antes chegue à plena percepção de que ele mesmo é a razão pela qual tem problemas e de que ele é quem é, pertence à raça à qual pertence, que seu gênero e até mesmo o seu status econômico são o que são porque Deus providencialmente estabeleceu. E a razão pela qual o homem tem problemas é porque não apenas há pecadores ao seu redor, mas ele é um pecador tão culpado quanto os que lhe cercam.
O problema em deixar as pessoas se redefinirem como vítimas é porque isso as leva a negar a responsabilidade por seus próprios pecados e assim, não chegam à verdadeira salvação. Repito: o pecador não chega à verdadeira salvação sem compreender que a salvação é a libertação de seus próprios pecados.
Agora, entendo que essa geração de evangélicos mutilou o evangelho de maneira realmente séria ao dizer: “o evangelho é projetado para fazer você feliz” ou “o evangelho é projetado para fazer você se sentir melhor consigo mesmo” ou “o evangelho é destinado a te dar um propósito em sua vida.” Não! Mas, “o evangelho é projetado para salvá-lo de seus pecados, que vão te levar ao inferno eterno!”. Isso é o que o evangelho foi projetado para fazer. Não é projetado para ajustar a vida do pecador e torná-lo melhor sucedido ou mais próspero. Isso é uma mentira. Ele é projetado para resgatar o homem do inferno e levá-lo para a glória celestial.
Se aceitarmos a ideia de que as pessoas são vítimas e, em seguida, aceitarmos a amargura e a raiva delas por serem vítimas, estaremos concordando que elas empurrem a responsabilidade por seu pecado para outra pessoa.
Fazer isso é concordar com a ilusão confortável do pecador: de que ele é uma vítima. As pessoas hoje se justificam dizendo: “alguém me fez alguma coisa” ou “algum grupo me fez algo” ou “o governo fez algo contra mim” ou “minha escola fez alguma coisa contra mim” ou “o mundo fez algo contra mim”. Eu já ouvi isso muitas vezes.
A próxima constatação nesse raciocínio de “vítima” é: “sou uma vítima, não sou responsável pelo meu pecado… mas, se Deus governa os mundos, então foi Ele que me colocou nessa situação… por que eu iria a esse Deus para me tirar disso quando foi Ele que me colocou nisso? Se Deus é responsável pela bagunça em que estou, então por que eu iria a Ele? Ele já demonstrou Sua injustiça. Por que eu olharia para Ele como um Salvador?”. Assim, concordar com pecadores de que eles são vítimas é algo muito perigoso de se fazer.
E eu não estou dizendo que eles não estejam, em um sentido humano, lutando em um mundo muito difícil e caído. Todos nós estamos. Mas, quando se trata do pecado, cada um de nós é pessoalmente responsável por nossos pecados e pela complicada bagunça que eles fazem em nossas vidas. A conversão dos pecadores depende do reconhecimento de que eles não são vítimas de outra pessoa e não são vítimas de um Deus indiferente ou hostil.
Quando você reconhece aos pecadores o status de vítimas dos erros de outras pessoas, você coloca uma barreira entre eles e a sua responsabilidade total pelo pecado, sendo que o reconhecimento dessa responsabilidade é necessário para que o pecador seja conduzido a Deus para a libertação do pecado, da morte e do inferno. O evangelho não se abre antes de o pecador assumir total responsabilidade por seu pecado. É aí que o evangelho começa.
Agora, começamos a ver a semana passada a mensagem de Ezequiel, e ela é fundamental para nossa compreensão desse assunto. Ele era um pregador de julgamento e o fundamento de sua mensagem é o fato do pecado pessoal e da culpa pessoal. Ele prega sobre responsabilidade, sobre culpa, sobre punição, morte e, particularmente, faz isso no capítulo 18. Então, veja agora o capítulo 18. Esta é uma mensagem evangelística. Isto é o evangelho do Antigo Testamento.
É verdade, como eu disse da última vez, que nossas vidas são afetadas pelos pecados dos outros. Sim, é verdade. Adão pecou e todos nós caímos na morte. Sim, nossos antepassados pecaram certos pecados e nos deixaram certas corrupções características em nossa sociedade. Sim, estamos vivendo agora uma cultura vil e isso deixará marcas para os que virão depois de nós. Mas, pecados coletivos, embora criem corrupção, não são a causa de nosso julgamento. Deus não pune nenhum pecador pelos pecados de outra pessoa, sejam os de Adão ou de qualquer outra pessoa.
Aqui está o ponto: todos nós pagaremos pelos nossos próprios pecados, e é hora de a igreja deixar isso claro para esta sociedade. À medida em que os pecadores são autorizados a culpar alguém por suas vidas, eles são cortados do ponto de partida do evangelho; e todos os pecadores fazem isso naturalmente. Então aqui temos uma mensagem que eles vão amar, para não dizer o contrário…
Olha, o mundo gostou quando mudamos o estilo da igreja para dar a ele o que ele queria, estilisticamente falando. E agora, o mundo quer que mudemos a substância da igreja, a mensagem da igreja, para lhe oferecer o que ele quer. E, o que homens perdidos sempre querem, mais do que qualquer outra coisa, é que reconheçamos que todos são vítimas, embora Deus os defina como pecadores e culpados.
A igreja tem que pregar uma mensagem desagradável à lógica humana: “Você não é uma vítima, você é um pecador voluntário, culpado”. A igreja não pode criar esse status de vítima e trazer isso para a mensagem do evangelho, pois isso fará com que tenha que pregar um evangelho superficial para atrair essas pessoas. Todos os pecadores merecem a morte; todos os pecadores morrerão. Espiritualmente, já estão mortos; fisicamente, eles vão morrer e irão viver no inferno em uma espécie de morte eterna e viva.
Para escapar disso, o pecador deve ser confrontado com o pecado de seu próprio coração, arrepender-se, buscar misericórdia de Deus, antes que seja tarde demais. E quando a morte chega, já é tarde demais. Não podemos consertar a sociedade, ela está caída. Nós não podemos consertar o mundo. Mas, devemos advertir os pecadores. É por isso que a igreja existe.
Agora, aqui no capítulo 18, o ponto principal está no final do versículo 4: “A alma que pecar morrerá.” Essa é a nossa mensagem. Aqui em Ezequiel 18, vamos ver pecadores orgulhosos e impenitentes alegando que são inocentes, alegando que estão sendo punidos por Deus pelos pecados de outras pessoas, ou seja, de uma geração anterior. Eles vão querer transferir sua culpa para outra pessoa. Eles são tão bons nisso, que endureceram seus corações. Eles estão delirando em suas mentes, e sua ilusão os coloca contra Deus. Eles estão lutando pelo falso conforto de culpar alguém.
E Ezequiel está tentando passar a mensagem de que Deus não vai aceitar que eles tirem a própria culpa ou se coloquem num status de vítimas. E neste grande sermão do evangelho, Ezequiel retira do pecador que se vitimiza a falsa cobertura protetora.
Agora, apenas uma palavra sobre o contexto. Judá, o reino do sul, foi levado em cativeiro através da deportação dos anos 605, 597, 586 a.C.. A terceira deportação, em 586 a.C., juntamente com a destruição de Jerusalém e do templo, ainda não aconteceu nesse tempo. Ezequiel e sua esposa foram levados pelos babilônios na segunda deportação. Eles eram agora, por assim dizer, escravos na Babilônia. É de lá que Ezequiel profetiza aos cativos, aos exilados, e os adverte sobre o julgamento de Deus por seus próprios pecados, porque pensavam que Deus os estaria punindo pelos pecados que seus pais, pelos pecados que as gerações anteriores cometeram. Essa é a configuração do cenário.
E, ao invés de olharem para os seus próprios pecados, eles estão com raiva de Deus, estão culpando Deus, eles estão acusando Deus. “Nossos pais pecaram e sofremos… nossos pais são culpados e nós é que estamos sendo punidos… nós somos vítimas dos pecados de outras pessoas…”. Então, Ezequiel desencadeia uma advertência poderosa, e divinamente inspirada, de que Deus julga cada pessoa individualmente com base em sua própria vida. Vou dividir o assunto em três partes:
NÚMERO UM: A ILUSÃO DOS PECADORES E A VERDADE DE DEUS.
Ezequiel 18
1 E veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
2 Que pensais, vós, os que usais esta parábola sobre a terra de Israel, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram?
3 Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que nunca mais direis esta parábola em Israel.
4 Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá.”
Agora, quero que você olhe para esse versículo de introdução: “E veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo”, e isso é característico de Ezequiel. Essa afirmação é repetida por ele algumas vezes, começando com seu chamado no capítulo 3. Assim, sabemos que o que está vindo na profecia de Ezequiel é da própria boca de Deus. No versículo 16, do capítulo 3, ele diz: “No final de sete dias a palavra do Senhor veio a mim, dizendo”. No versículo 27, no final do capítulo: “Mas, quando eu falar contigo, abrirei a tua boca, e lhes dirás: Assim diz o Senhor DEUS: Quem ouvir ouça, e quem deixar de ouvir, deixe; porque eles são casa rebelde.”
E é assim o fluxo do livro: nos capítulos 6:1, 7:1, 11:14, 12:1, 13:1, 14:2, 15: 1, 16: 1, 17: 1, 18: 1, enfim, todos começam com a mesma afirmação: “Veio a mim a palavra do Senhor.” Então, estamos ouvindo a palavra vinda do céu. E Deus faz uma pergunta, no verso 2 do capítulo 3: “Que pensais, vós, os que usais esta parábola sobre a terra de Israel, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram?”
Sabe o que Deus está dizendo a eles? “Vocês estão me atacando. Pensem nisso”. Os pais comem as uvas azedas, mas os dentes dos filhos estão embotados é um provérbio. Hoje diríamos que é um meme. É repetido tantas vezes que se torna uma crença. E essa era a crença deles. Uvas verdes podem fazer com que seus dentes se embotem, que fiquem bem sensíveis, doloridos. É um gosto amargo e azedo. O que é que isso quer dizer? É a maneira de eles dizerem: “Estamos sofrendo por algo que outra geração fez… temos todo esse problema por causa do que aconteceu há cem anos, há duzentos anos, trinta anos atrás, cinquenta anos atrás, seja o que for… ”.
O tom é cínico, definitivamente cínico. Isso é sarcástico. O tom deste meme ou deste provérbio é fatalista. É um tipo de mantra determinista e fatalista. Acusa Deus de injustiça cruel. Há uma espécie de inevitabilidade nisso. É como se eles dissessem: “bem, o que poderíamos fazer sobre isso? Nossos pais comeram as uvas azedas e nossos dentes estão doendo….”. E, a propósito, não foram apenas os exilados que estavam dizendo isso. Jeremias, o profeta, estava de volta à terra de Judá, quando Ezequiel estava na Babilônia. Jeremias também estava pregando para as pessoas que ainda estavam em Judá.
Ouça o que ele diz: “Naqueles dias nunca mais dirão: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram.” (Jr 31:29). Eles estavam dizendo isso em Judá, assim como na Babilônia. Mas, diz Jeremias, versículo 30: “Mas cada um morrerá pela sua iniquidade; de todo o homem que comer as uvas verdes os dentes se embotarão”. Aquele provérbio era uma maneira cínica de zombar de Deus e do Seu sistema de julgamento. A acusação sutil é de que Ele pune as pessoas por pecados que elas não cometeram. Uma geração é julgada pelas iniquidades de uma geração anterior.
A propósito, esse pensamento de que Deus julga uma geração pelos pecados de seus antepassados era uma noção comum na religião pagã. Os judeus estavam tão envolvidos com a idolatria que absorveram esse fatalismo pagão. Era uma noção comum do paganismo antigo do Oriente Médio. Um documento datado do século XIV a.C., sobre um rei hitita, registra que tal rei estava reclamando com o deus das tempestades. E esta é uma citação deste documento: “Meu pai pecou e transgrediu contra a palavra do deus da tempestade, meu senhor. Mas eu não pequei. O pecado do meu pai caiu sobre mim.”
Isso está na religião pagã. Os judeus, em seu apego à idolatria, haviam adotado a teologia pagã e viam Deus como esse tipo indiferente de força, esse tipo imóvel de objeto insensível com o qual estavam ligados, numa ilusão perniciosa e herética que os fazia tratar Deus com cinismo. Eles se tornaram vítimas de Deus. Estavam pensando como todos os pagãos pensavam: “Somos vítimas dessas divindades insensíveis!”. Eles acusaram Deus de ser injusto, vingativo, preocupado apenas em derramar o Seu juízo, sem levar em conta as pessoas contra as quais Ele estava trazendo seus julgamentos.
Você deveria ler o livro de Lamentações, se você acha que você é maltratado. Leia o livro inteiro de Lamentações e você sentirá que nunca foi maltratado como Jeremias foi. Lamentações 5:7, diz assim: “Nossos pais pecaram, e já não existem; e nós levamos as suas maldades.” Veja, novamente, que isso era uma ideia comum naquele tempo e hoje também. Há uma ideia fatalista de que somos vítimas, de que Deus só quer vingança, e Ele lança seu juízo em quem estiver por perto. João Calvino disse o seguinte: “Desejamos jogar fora a nossa própria culpa o quanto pudermos”.
Isto é um ato direto contra Deus, um ataque direto contra Deus, o Deus santo e justo. Se você olhar o verso 25 de Ezequiel 18, verá o que aquelas pessoas estavam dizendo sobre Deus: “O caminho do Senhor não é direito.” Versículo 29: “Contudo, diz a casa de Israel: O caminho do Senhor não é direito.” Não há dúvida de que eles estavam culpando Deus. E, hoje o pensamento é o mesmo: “Se Deus é o Criador, como dizem os cristãos, e se Deus é soberano sobre tudo, como a Bíblia diz, se Deus é o autor da História, se tudo o que acontece na História está dentro do propósito soberano de Deus, então Deus deve ser culpado pelo meu problema. Não me diga que Deus é bom. Olhe para este mundo confuso. Por que eu iria a esse Deus para libertação ou salvação? Eu já sou vítima desse Deus!”
Então, a ilusão dessas pessoas é a de que o que eles enfrentam em suas vidas é culpa das gerações passadas. Mas, além disso, é duplamente culpa de Deus, pois Ele deixou tudo isso acontecer. E agora, Ele as está punindo pelo que outras pessoas fizeram. Este não é um Deus para o qual essas vítimas querem ir para encontrar paz, alegria e conforto. Enquanto as pessoas sentirem que foram vitimadas pela História, e aí dizemos a elas que Deus é o soberano sobre a História, elas estarão em uma posição de não querer chegar perto do Deus de quem elas precisam.
Assim, a ilusão em que tais pessoas creem consiste em transferir sua culpa para outras pessoas e sentir que estão inevitavelmente sob uma lei divina, de um Deus que nem se importa com elas.
Provérbios 19:3 diz: “A loucura do homem perverterá o seu caminho, e o seu coração se irará contra o Senhor.” Você entendeu isso? Essa é a posição padrão do pecador. E se você reconhecer a raiva do pecador contra Deus como algo nobre que merece sua atenção e sua compaixão, você o impediu de progredir em direção à porta do evangelho.
Outra ilustração disso está em Êxodo 32. Isso é tão típico, que é quase engraçado. Moisés está voltando ao acampamento, descendo a montanha, e Arão guiou o povo enquanto ele estava fora obtendo a Lei. Mas, aí eles fizeram um bezerro de ouro, certo? Então, Moisés chega perto do acampamento, versículo 19, vê o bezerro de ouro e as danças. Sua raiva queima. Ele joga as tábuas no chão, nas quais Deus havia escrito os Dez Mandamentos, despedaçando-as ao pé da montanha. Moisés ordena que o bezerro seja queimado, transformado em pó, misturado com a água e que os filhos de Israel o bebessem. Uau, muito dramático.
E, então, Moisés disse a Arão, verso 21: “Que te tem feito este povo, que sobre ele trouxeste tamanho pecado?” Arão responde, versos 22 a 24 :
22 Não se acenda a ira do meu senhor; tu sabes que este povo é inclinado ao mal;
23 E eles me disseram: Faze-nos um deus que vá adiante de nós; porque não sabemos o que sucedeu a este Moisés, a este homem que nos tirou da terra do Egito.
24 Então eu lhes disse: Quem tem ouro, arranque-o; e deram-mo, e lancei-o no fogo, e saiu este bezerro.
E saiu este bezerro? Dá para acreditar? Mas, essa é a posição padrão do pecador-vítima: “Não me culpe, eu apenas joguei um pouco de ouro e saiu este bezerro…”. As pessoas agem assim o tempo todo. E, se você, cristão, acredita nisso e deixa as pessoas culparem alguém, você faz com que elas fiquem zangadas com Deus, porque Deus, se Ele é soberano, as colocou neste mundo, nesta situação, e, assim, você tornou impossível que elas queiram vir ao Deus com o qual estão zangadas, para receberem graça e ajuda quando precisam, pois Ele é a única fonte desta graça.
Então, voltando ao verso 3, de Ezequiel 18: “Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que nunca mais direis esta parábola em Israel.” Em outras palavras: “Não mais blasfêmia contra o Meu nome, não mais deturpação!”. A expressão “vivo eu”, no início do verso, tem o sentido de um juramento decisivo, isto é, Deus jurando por Si mesmo. Como se Ele dissesse: “Juro por Mim mesmo, estou absolutamente determinado a impedir as acusações comuns lançadas contra Mim. Parem de me acusar! Vocês não vão mais usar esse provérbio em Israel”.
Os pecadores não são vítimas de um Deus soberano e injusto. Eles não são vítimas de um Deus indiferente. Eles não são vítimas de outra geração. Eles não são vítimas de Deus, como se Deus tivesse adulterado a genética ou Deus tivesse mexido na História para torná-los quem eles são, transformando-os em vítimas. Mas, novamente, sempre os pecadores querem se ver como estas vítimas. A igreja não pode abraçar e concordar com essa ideia, pois ela faz com que Deus seja visto como um grande inimigo.
Os homens arruinarão suas próprias vidas e se enfurecerão contra Deus. Deus não tolerará a ilusão que nega responsabilidade pessoal e culpa pessoal do pecador. Nenhum de nós é inocente, nenhum de nós. Todos nós merecemos o que? Morte. Todos nós deveríamos estar mortos. Você diz que tem problemas; mas, você deveria estar morto. E é apenas por causa – escute isso – das misericórdias do Senhor é que não somos consumidos, Lamentações 3:22. Grandes são Suas misericórdias.
Então, essa é a ilusão do pecador. Aqui está a realidade de Deus, no versículo 4: “Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá.“. Literalmente, o texto quer dizer “toda pessoa é Minha, conheço todo ser humano, todos os seres humanos pertencem a Mim, são Minha possessão”.
Ninguém é vítima do destino. Ninguém é vítima de algumas leis cósmicas inexoráveis. Ninguém é. Ninguém é tratado injustamente por Deus. Ninguém é ignorado por Deus. Ninguém está fora do conhecimento de Deus. Cada ser humano pertence a Deus. Toda pessoa é conhecida por Deus. Cada pessoa será tratada por Deus individualmente. E a alma que pecar morrerá. Ninguém é uma vítima aleatória dos pecados históricos. Ninguém é uma vítima aleatória da genética.
Deus não fez de você um homem que sente ser uma mulher em sua cabeça e, então, você precisa ser um transgênero. Deus não errou com você. Se você é uma mulher, você é uma mulher. Se você é um homem, você é um homem. Se você é asiático, você é asiático. Se você é hispânico, você é hispânico. Tudo isso pelo design de Deus. Se você é europeu, você o é pelo plano de Deus. Se você é afro-americano, é pelo design de Deus. Tudo maravilhoso; é tudo design de Deus.
Ele fez você exatamente da maneira que Ele queria que você se encaixasse em Seus propósitos para a História. Você pertence a Ele, e tudo que você precisa saber é: se você pecar e morrer em seus pecados, você vai perecer para sempre no inferno. Todos nós morremos, porque todos pecamos. Esse é o argumento final que ninguém pode negar. Mas, as pessoas dizem: “Bem, eu não acredito em pecado”. A Bíblia diz: “O salário do pecado é a morte”. Se você morrer, isso prova que você é um pecador. E você vai morrer. Todos nós morremos. Todos pecamos.
“A alma que pecar morrerá.” Todos nós morremos porque todos pecamos e recebemos o julgamento por nossas próprias transgressões. Seja qual for a sua identidade racial, o seu sexo – e isso é muito simples, existem apenas dois – seja qual for o seu status econômico, quaisquer que sejam os seus desafios sociais, agradeça por não estar morto e julgado. E reconheça sua própria miséria e o perigo em que você está; e você está indo para um castigo justo, porque você violou a lei de um Deus Santo.
Você é um perpetrador, é um criminoso, você cometeu crimes contra o único Deus verdadeiro a quem você pertence. Você é um pecador rebelde que rejeita seu Criador e seu único Salvador. Pare de culpar os outros; enfrente seu próprio pecado. Não viva mais na ilusão de que você é uma vítima. Pare de dizer isso. Deus diz: “Não mais você dirá isso. A alma que pecar morrerá. Não culpe ninguém, além de você.”
NÚMERO DOIS: A REALIDADE DE DEUS É ILUSTRADA, MAS O PECADOR SE MANTÉM EM SUA ILUSÃO
Deus dá ilustrações a Ezequiel para mostrar exatamente o que Ele quer dizer, e então vemos como o pecador defende sua ilusão mesmo diante das ilustrações claras de Deus. Os pecadores, a propósito, não são facilmente convencidos de que são responsáveis, de que são culpados. Eles vão lutar até a morte para culpar alguém. Mas o Senhor dá a Ezequiel uma ilustração de três partes. E é uma ilustração interessante. Começa com um avô, depois um pai e depois um filho; então, três gerações. É uma reminiscência, na verdade, de três reis de Judá que seguem esse padrão: Ezequias, Manassés e Josias.
Começamos afirmando que Deus julga cada pessoa pelo seu próprio pecado. Ouça atentamente agora: o julgamento do pecador, diante de Deus, será baseado em sua conduta, ok? Isso porque todos nós seremos julgados de acordo com nossas obras. Você diz: “Bem, eu não creio que fui salvo por obras”. Sim, ninguém é salvo por suas próprias obras, mas será julgado por suas obras. Qual é a diferença? Se você for salvo, suas obras atestarão sua salvação. Deus ordenou que você andasse em boas obras, Efésios 2:10.
Então, você será julgado por suas obras. Romanos 2:5 a 11 estabelece especificamente que seremos julgados por nossas obras. Deus está mantendo um registro de nossas obras. Deus está mantendo um registro de todas as obras dos não salvos, dos não convertidos e dos incrédulos, e eles serão julgados por suas obras, que são a manifestação de sua natureza não convertida. Seremos julgados pelas nossas obras, que são as evidências da nossa conversão, da nossa transformação, da nossa regeneração.
Portanto, não se surpreenda com o fato de que a Bíblia define uma pessoa justa por suas obras. De que outra forma você poderia conhecer uma pessoa justa, certo? “Pelos frutos se conhece a árvore”. É assim que você conhece pessoas regeneradas, pessoas justas, por causa de sua conduta. Então, vamos conhecer um avô justo, versos 5 a 9, um avô honesto. Verso 5: “Sendo, pois, o homem justo, e praticando juízo e justiça…”. Amo essa afirmação. Você não pode praticar ou fazer justiça e retidão a menos que você seja justo, certo? Então, a suposição é de que estamos falando de um homem justo.
Como um homem era justo no Antigo Testamento? Como alguém se tornava justo? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi contado como justiça. Pela fé em Deus, a justiça de Deus foi imputada a ele, creditada a ele. Então, ele é um homem justo e, portanto, pratica justiça e retidão. Um homem justo faz o que é justo, faz o que é reto. A propósito, essas duas virtudes, justiça e retidão, são apresentadas juntas nove vezes neste capítulo. Alguém é justo pela fé e imputação divina e, como resultado, vive uma vida justa. Pessoas justas praticam justiça e retidão.
E Deus apresenta a Ezequiel onze exemplos dessa vida justa e reta. Veja o versículo 6: “Não comendo sobre os montes, nem levantando os seus olhos para os ídolos da casa de Israel, nem contaminando a mulher do seu próximo, nem se chegando à mulher na sua separação…”. Comer nos santuários dos montes e levantar os olhos para o ídolos da casa de Israel significava praticar idolatria. Santuários foram criados nos montes para a adoração de falsos deuses.
Havia apenas uma montanha para adorar a Deus e era o Monte Moriá, à direita, em Jerusalém. Havia apenas um santuário ou um altar para adorar a Deus, e esse era o templo em Jerusalém. Havia apenas um lugar para fazer sacrifícios e isso era em Jerusalém. Mas, os judeus instalaram ídolos em todo o lugar em todos os tipos de montanhas, à medida que foram engolidos pelo paganismo. E levantar ou erguer os olhos para os ídolos (v. 6) significa procurar a ajuda deles. Erguer os olhos para o céu é, simbolicamente, buscar a ajuda de Deus. Havia aquelas pessoas que levantavam os olhos para ídolos, buscando ajuda neles.
A palavra “ídolo”, a propósito, vem de uma palavra hebraica que se relaciona com a palavra “excremento”. Essa foi a palavra usada por Deus para se referir a um ídolo. Há apenas um lugar para adorar, apenas um Deus para adorar, apenas um lugar para sacrificar. Se você é justo, só irá ao lugar onde Deus diz para adorá-Lo, e você O adora da maneira que Ele quer ser adorado. Assim, um homem justo não se envolve em religião falsa.
O verso 6 também nos informa que um homem justo é puro em sua vida sexual. Diz o texto: “nem contaminando a mulher do seu próximo…”. Significa adultério. Ele não comete adultério. E, então, acrescenta: “nem se chegando à mulher na sua separação…”, qualquer mulher, durante seu período menstrual. E isso inclui até mesmo a esposa. Você pode ler sobre isso em Levítico 15, 18 e 20.
A propósito, há uma discussão interessante sobre não ter um relacionamento com uma mulher durante seu período menstrual e uma literatura bastante interessante de médicos judeus no passado. Eles escreveram extensivamente sobre o fato de que esse ato aumentaria a possibilidade de infecção; e alguns deles diriam que isso poderia levar ao câncer do colo do útero. Essa proibição da Lei possuía uma qualidade preventiva semelhante à circuncisão, o que também fazia com que os cancros do colo do útero fossem mínimos entre as mulheres judias.
E, vale lembrar, aqueles eram tempos em que não existiam os antibióticos modernos, não havia qualquer maneira de lidar com as infecções. E, assim, essa proibição de ter relações sexuais durante o período menstrual era uma maneira de proteger as mulheres. Essa era uma maneira de os maridos cuidarem carinhosamente das mulheres, protegerem suas esposas. Então, este homem justo segue a lei de Deus no sentido moral, e até mesmo no sentido de cuidar de sua própria esposa.
Esta pessoa justa, no verso 7, “Não oprimindo a ninguém, tornando ao devedor o seu penhor, não roubando, dando o seu pão ao faminto, e cobrindo ao nu com roupa”. Estas são virtudes sociais de amor e misericórdia, compaixão, generosidade. Quando você pede dinheiro emprestado a alguém, você dá àquela pessoa de quem você emprestou o dinheiro algo como uma garantia. E eu posso te dizer o que eles faziam nos tempos antigos. Eles usavam jóias como garantia, às vezes perfume ou ferramentas e até gado. Um homem justo, uma vez que o seu devedor lhe pagou o dinheiro emprestado, devolveria a garantia ao devedor. Ele não iria retê-la para si. Isso era uma coisa honrosa de se fazer.
Você pode ver aqui que esse tipo de vida, a vida de um homem justo, aborda questões sociais, certo? Essas são todas questões sociais. Aborda questões sociais de forma absoluta. O homem justo não pratica o adultério, presta o mais alto nível de cuidado à sua esposa, não oprime ninguém, devolve o penhor ao devedor quando este lhe paga o devido, não rouba, dá pão aos famintos, cobre os nus com roupas. Isso é o que uma pessoa justa faz. Este é o resultado da salvação. Este é o resultado do evangelho mudar uma vida.
Os amigos de Jó inicialmente não disseram nada durante sete dias, mas quando abriram as suas bocas, toda a sabedoria se foi. Eles eram mais espertos quando estavam em silêncio. Eles acusaram Jó de todo tipo de coisas. E assim, Jó se defende. Escute como ele se defende, Jó 31:16 a 21:
16 Se retive o que os pobres desejavam, ou fiz desfalecer os olhos da viúva,
17 Ou se, sozinho comi o meu bocado, e o órfão não comeu dele
18 (Porque desde a minha mocidade cresceu comigo como com seu pai, e fui o guia da viúva desde o ventre de minha mãe),
19 Se alguém vi perecer por falta de roupa, e ao necessitado por não ter coberta,
20 Se os seus lombos não me abençoaram, se ele não se aquentava com as peles dos meus cordeiros,
21 Se eu levantei a minha mão contra o órfão, porquanto na porta via a minha ajuda.
Jó defende sua justiça baseando-a nos atos que ele fez em favor das pessoas que estavam sofrendo. Sim, claro, preocupamo-nos com as pessoas dessa maneira. Sim, claro, movemo-nos em amor, alimentamos os pobres, vestindo aqueles que estão nus. Claro que fazemos isso.
Verso 8: “Não dando o seu dinheiro à usura, e não recebendo demais…”. Era proibido na lei do Antigo Testamento emprestar dinheiro a um judeu e cobrar juros. O texto está caracterizando uma pessoa justa a partir do que ela faz. Se alguém vive esse tipo de vida, é uma pessoa justa e está atendendo a todas as necessidades das pessoas carentes. Isso é o que as pessoas justas fazem.
E tudo é resumido no versículo 9: “Andando nos meus estatutos, e guardando os meus juízos, e procedendo segundo a verdade, o tal justo certamente viverá, diz o Senhor DEUS.” Quão óbvio é isso?
Resumindo a conduta do homem justo: ele anda nos estatutos do Senhor e nas Suas ordenanças. Ele lida fielmente com eles. Isso significa que ele tem integridade, agindo de maneira justa com todos, de acordo com a Palavra de Deus. Porque ele faz isto? Porque ele é justo, o versículo 9 declara isso. Sua conduta prova que ele é um homem justo e certamente viverá. Ele escapará do julgamento divino. Ele viverá na bênção de Deus na Terra no Reino Eterno.
Agora você percebe o que nosso Senhor disse a Ezequiel. E o que Ezequiel nos diz é que esse homem viverá por causa de sua justiça, que a sua justiça manifesta a justiça que Deus lhe concedeu pela fé. Então, este homem é julgado a partir de sua própria vida. Toda pessoa é julgada por sua própria vida. Este homem não é outra coisa senão responsável perante Deus por sua própria vida. Ele veio a Deus; clamou a Deus; buscou a Deus em seu pecado. Ele foi declarado justo pela fé e vive uma vida justa.
O enredo de Ezequiel 18 complica no versículo 10, porque esse homem justo gera um filho violento. E nós vamos falar sobre isso da próxima vez. Oremos.
Pai, mais uma vez fomos tão abençoados. Tua palavra é luz. É verdade. É alegria. Obrigado por tudo o que o Senhor nos deu em Cristo. Nós possuímos a vida eterna; nos regozijamos nisso com corações agradecidos. Eu oro para que Tu trabalhes em cada vida aqui, especialmente naqueles que ainda estão culpando alguém por suas transgressões. Liberte-os disso, Senhor. Traga-os para a plena consciência de que eles são culpados diante de Ti, de que eles serão julgados para sempre sem misericórdia se eles rejeitarem o evangelho, o perdão que o Senhor oferece àqueles que se arrependem e depositam sua confiança no Senhor Jesus Cristo. Trabalhe uma obra de salvação nos corações agora. Oramos em nome de Cristo. Amém.
Esta é uma série de 4 sermões sobre a heresia do Evangelho Social, conforme textos listados abaixo.
- O Falso Evangelho Social (Parte 1)
- O Falso Evangelho Social (Parte 2)
- O Falso Evangelho Social (Parte 3)
- O Falso Evangelho Social (Parte 4)
Este texto é uma síntese do sermão “Social Justice and the Gospel, Part 2″, de John MacArthur em 02/09/2018.
Você pode ouvi-lo integralmente (em inglês) no link abaixo:
https://www.gty.org/library/sermons-library/81-22
Tradução e síntese feitos pelo site Rei Eterno